É lamentável como aqueles que deveriam compartilhar o conhecimento adquirido ao longo de anos de experiência num hobby justamente são os que mais deturbam a realidade.
Eu confesso que durante algum tempo eu acreditei (ou tentei acreditar) que algumas pessoas, que fazem parte do universo audiófilo e dele participam efetivamente como formadores de opinião, tinham envelhecido as suas idéias, se desatualizados ou simplesmente se cansaram de aprender.
Mas, com o tempo, depois de participar do mercado editorial e de ver como as coisas funcionam numa publicação especializada mantida por anunciantes e patrocinadores, concluí que muitos acabam optando em construir um periódico para os seus anunciantes, e não para os seus leitores.
Raras são as exceções onde algumas publicações especializadas em áudio têm a coragem de falar mal de um produto, sugerir outras marcas similares ou afirmar que um modelo não é uma boa compra, ou ainda que outra opção seria mais vantajosa.
Uma destas publicações sérias que não se escondem atrás de anunciantes é a inglesa What Hi-Fi. Parece que os europeus estão quase sempre nos dando bons exemplos.
A Hi-Fi Choice e a Absolute Sound são dois outros exemplos bem parecidos.
Lamentável é ver uma publicação dizer que já testou mais de 200 produtos, que eram puro placebo ou não tinham boa qualidade, nunca ter citado um deles em suas páginas.
Triste é ver manipulação de fotos para induzir uma realidade que não existe, ou ler repetidamente os elogios exagerados sobre cada produto testado, apresentado como a grande novidade “incrível” do mês. Ou, ver equipamentos sem a menor qualidade, que chegaram a sair de linha de tão ruins que eram, serem elogiados e receberem as melhores classificações.
Tão ruim quanto é ver elogios a recursos que o equipamento nem possui, exaltação de marcas e modelos oferecidos por lojas pessoais ou de seus colaboradores.
É muito chato ver como muitas publicações trocam os mais justos interesses de seus leitores pelo lucro de seus negócios e de seus anunciantes.
Eu já cansei de ver isso. Chego a guardar publicações antigas, para mostrar para quem duvide como as coisas funcionam neste nosso hobby.
Quando eu colaborava com uma publicação impressa, levei uma bronca por ter apontado os defeitos de um lançamento de baixa qualidade de um fabricante asiático de blu-ray player, sendo o mesmo aparelho elogiado por outra publicação concorrente, e que saiu de linha poucos meses depois embaixo de uma chuva de críticas de outras publicações internacionais e de vários consumidores muito insatisfeitos.
Fui intimado a refazer a minha avaliação numa edição seguinte da revista. Recusei imediatamente, e deixei de colaborar para a publicação da qual eu nem estava sendo pago porque eu não me preocupava em cobrar pelo meu trabalho, já que ele era uma extensão do meu hobby, uma diversão.
O pior é que esse modelo continuou sendo vendido aqui por meses, aproveitando-se da “gentil” avaliação feita por outra publicação, e desovando seu estoque encalhado.
Cansei de receber ofertas para “ganhar” equipamentos e acessórios se eu elogiasse o produto, ou de ver descontos enormes se eu seguisse o mesmo caminho.
Depois entendi porque muitos avaliadores aparecem nas seções de classificados das próprias publicações vendendo vários dos produtos testados por eles.
Me acostumei a ser criticado pela minha postura em não admitir que a informação correta seja sufocada pelos interesses pessoais, ou ao denunciar quando um produto é vendido por um preço exorbitante apenas porque é colocado numa caixinha bonita com enfeites banhados a ouro (e alguns avaliadores ainda conseguem “sentir” diferenças absurdas do mesmo aparelho com roupagens diferentes). Fui criticado também ao denunciar vantagens falsas quanto a resultados de avaliações de acessórios inúteis, além de outros tantos absurdos que muitas vezes são alimentados por quem sequer tem conhecimento específico do assunto, e tentam convencer que o subjetivismo é mais preciso do que toda a ciência desenvolvida e aplicada pelos engenheiros, médicos, técnicos e tantos outros profissionais que, no conceito destes, são uns infelizes por não acreditarem em quem tem “ouvidos de ouro”.
E é sobre este ponto que quero conversar hoje: a desinformação à serviço da audiofilia
Por sorte, os críticos são em números quase insignificantes. São alguns poucos que se sentem incomodados quando a verdade é exposta e contraria os seus interesses.
Felizmente, a maioria quase absoluta das manifestações que recebo vem de pessoas satisfeitas com os resultados alcançados com as nossas orientações, ou felizes por terem acesso a informações honestas.
Não conheci o universo do áudio de alta-fidelidade ontem, e nem caí de para-quedas num território estranho.
Minha formação científica tecnológica com especialização em elétrica e eletrônica, e dezenas de cursos de aperfeiçoamento, me colocaram ainda criança neste hobby, e não só como ouvinte.
Desde cedo, aos meus 12 anos, eu já montava pequenos circuitos eletrônicos, inclusive com válvulas, entre eles amplificadores, rádios, transmissores (eu me tornei radioamador muito cedo), caixas acústicas e outros.
Meu hobby não era só usar, mas também montar, testar, aprimorar e aprender.
Eu tive em mãos muitos equipamentos de alta-fidelidade de marcas conceituadas e muito respeitadas pela qualidade sonora oferecida, fruto de alta tecnologia japonesa, americana e européia da época.
Os aparelhos eram vendidos por preços honestos, mais acessíveis, e ninguém precisava vender um rim para comprar um amplificador ou um toca-discos de elevado desempenho.
Os componentes foram muito mais aprimorados do que as próprias técnicas em si. Muitas filosofias empregadas no projeto de “modernos” amplificadores high-end caríssimos de hoje são utilizadas há décadas.
Era natural que eu me interessasse cada vez mais por tecnologia e buscasse os melhores produtos para os meus hobbies, fosse o áudio, o vídeo, a fotografia ou a radiocomunicação.
Eu nunca me contentei em comprar um aparelho novo e usá-lo. A primeira coisa que eu fazia ao desembalar um novo produto era abrí-lo para conhecer o seu interior, a qualidade da montagem, os componentes empregados e a filosofia de projeto utilizada. Eu tinha uma estante exclusiva de desenhos esquemáticos de equipamentos, e muitas vezes ficava horas, dias, semanas ou meses com algum esquema passeando pela minha mesa de trabalho, pela minha oficina, entre meus livros e cadernos escolares e por outros lugares próximos para decifrá-lo, chegando mesmo a decorar alguns projetos.
Além do aspecto técnico e científico, eu apreciava as músicas e os filmes bem reproduzidos. Eu sempre fui um usuário crítico e exigente.
Lembro que, ainda adolescente, virei motivo de críticas de meus jovens amigos, que acharam um absurdo me pegarem ouvindo um concerto de Tchaikovsky.
Não, eu não era um nerd de óculos gigantes, de topete bem feito e arrumadinho que apreciava coisas além da minha idade.
Minha vida profissional me levou para dois caminhos distintos e paralelos, a atividade com equipamentos automatizados de produção industrial e os trabalhos na área de direito. Pois é, ainda arrumei tempo na vida para estudar direito e me tornar advogado também.
Mas, jamais abandonei o interesse por áudio e vídeo, e pela fotografia que se juntou depois aos meus hobbies.
Como costumo dizer sobre o áudio, este é um “hobby sério” para mim, uma diversão, mas que estudo, conheço, pesquiso e aprendo a cada dia.
Valorizo o que ouço e considero as minhas percepções subjetivas, mas, jamais abandonei o conhecimento científico que sustenta toda a tecnologia a qual temos acesso.
Esta é uma diferença que existe entre aquele que sabe que um bom equipamento é projetado por engenheiros e aplicadores de tecnologia, e aquele que acredita que tudo que ouvimos é resultado de um segredo de bruxaria guardado a sete chaves (ou sete caldeirões mágicos).
Toda essa minha história, passando pelas minhas formações técnicas prematuras, ou como usuário exigente, experimentador, estudioso, avaliador de equipamentos para algumas publicações, e por tudo que já vivi no universo do áudio de alta-fidelidade, reforçam esta aproximação íntima que tenho pelo áudio.
Foi a partir daí que surgiram algumas conclusões importantes que foram tratadas por mim com bastante profundidade, tanto no âmbito subjetivo como na esfera científica, pois ambos se completam, apesar de alguns “especialistas” deste hobby acreditarem que as bases científicas têm pouco valor.
O conceito de “upgrade horizontal” fui o primeiro a defender, e hoje é utilizado até por aqueles que discordaram dele um dia.
Vieram experimentos para comprovar a mentira criada sobre os caríssimos cabos exotéricos de áudio, e que desmascararam muitos defensores de que cabos caríssimos deveriam ser empregados em equipamentos de som para garantir o “nível high-end”.
Provei que cabos não são acessórios para ajustar sistemas, pois não se prestam para esta finalidade já que seus parâmetros de interação não podem ser controlados.
E, mais tarde, mostrei que a referência ao vivo não poderia ser absoluta, pois uma série de fatores interferiam numa audição precisa do som ao vivo, fazendo com que estes desvios acabassem reproduzidos como corretos pelo nosso sistema de som caseiro.
A partir desta última constatação foi fácil desenvolver um estudo que culminou com a sugestão do sistema customizado como a solução para extrair o “som real”, com as nuances que mesmo ao vivo não são percebidas.
Este foi um momento difícil, pois causou profunda irritação daqueles favorecidos pela confusão gigante criada em torno de tabus e fantasias dos “equipamentos e acessórios audiófilos”. Todos se preocuparam tanto com os equipamentos que se esqueceram de seus próprios ouvidos.
Vieram as críticas por conta de uma resistência muito grande do mercado, principalmente daqueles que faturavam alto com a confusão instalada, vendendo ilusões, apregoando o subjetivismo como a base de suas metodologias de ensaios de equipamentos e, principalmente, daqueles que produziam as suas “bruxarias” e tiveram os seus negócios afetados. .
Nunca fui ingênuo ao ponto de acreditar que estas reações não ocorreriam, mas o consumidor audiófilo (sim, o audiófilo também é um consumidor de tecnologia) amadureceu, percebeu que algumas coisas não estavam certas e cheiravam mal, e foi buscando por respostas, inclusive reproduzindo com sucesso as experiências que relatávamos aqui e abrindo os olhos para as pilantragens criadas pelo mercado, onde um mesmo equipamento era vendido por 10 vezes mais que outro idêntico idêntico apenas por conta de uma grife bem trabalhada.
Este público passou a ler mais, a assinar publicações internacionais mais dirigidas aos seus leitores e abandonar velhos veículos de “desinformação” que aos poucos foram perdendo sua força no mercado, e este mesmo público se tornou mais exigente pela informação correta, cansado de gastar muito dinheiro nas sugestões equivocadas que alguns insistiam em apresentar.
Mas, infelizmente, alguns resistentes passaram a não concordar com esse novo mundo real, insistindo nas fantasias, desmerecendo o conhecimento científico, valorizando aqueles que investiam em suas publicações, e chegando ao ponto de tentar criar mais confusão na cabeça do consumidor com informações ainda mais confusas veiculadas em suas velhas publicações.
Uma publicação em especial parece ter encontrado muita dificuldade para se adequar aos novos tempos, e tenta lutar para defender a sua ultrapassada e ineficiente metodologia de testes. Sofre de problemas com erros de informação de seus colaboradores que escrevem as coisas mais contraditórias e absurdas possíveis.
Já foi desmascarada aqui mesmo no Hi-Fi Planet ao tentar manipular uma foto de uma sala “visitada” pela revista. Já avaliou recursos de equipamentos que sequer tinham este recurso, entre outras escorregadas não menos lamentáveis, como a apresentação da avaliação de um equipamento que não corresponde à foto do suposto equipamento testado !!!
Como “donos da verdade”, seus articulistas já menosprezaram engenheiros, médicos, técnicos, participantes de fóruns, e criticaram até a internet de um modo geral, e é onde tentam agora resgatar seu antigo público, com muitos revoltados, porque relatam que pagaram pela assinatura de um periódico impresso e não viram mais nem o periódico nem o valor pago, apesar das promessas de ressarcimento.
Desesperada com seus conceitos já ultrapassados, com uma visão do áudio high-end que morreu há décadas depois que os consumidores começaram a se informar mais, tentam agora desmerecer trabalhos importantes feitos por quem está se atualizando e pesquisando para não difundir mais bobagens como já se fez nesse hobby.
Desde quando defendemos aqui que o som ao vivo não era referência absoluta, fato este já cientificamente comprovado e até confirmado em algumas passagens desta contraditória publicação, como já inclusive mostrado aqui por muito leitores, e com a sequência desse trabalho com nossos artigos sobre customização de sistemas, já que ouvimos diferente, a referida publicação não parou mais de atacar estas idéias que já se tornaram fatos.
Primeiro, distorcem a conclusão apresentada por nós ao dizerem que na internet tem quem diz que o “som ao vivo não é referência”, inclusive nos criticando diretamente aos seus conhecidos mais próximos, não sei se é falta de um desenvolvimento intelectual mais adequado ou se é por má fé.
O que sempre dizemos aqui, e que eles se recusam a aceitar, é que já foi provado que nossos ouvidos apresentam desvios de sensibilidade ao longo das frequências audíveis, fato este que já é conhecido da ciência há muito tempo, e nos leva a conviver com audições quase tão individuais quanto as nossas impressões digitais.
Se ouvirmos o som ao vivo com estes desvios, obviamente teremos uma referência errada para o ajuste do nosso sistema caseiro ao tentar imitar o que ouvimos. Para corrigir isso, podemos ajustar o nosso sistema para compensar estas variações auditivas e assim termos o que chamo de som real, ou seja, aquele que não é igual ao som a vivo mas é o que deveríamos estar escutando se tivéssemos um ouvido “ideal”.
Simples, não? Que parte desse conceito eles não conseguem entender? Eu já até desenhei isso…
Mas, eles recheiam seus testes subjetivos feitos só com ouvidos (e, portanto, pouco precisos) de indiretas sobre o tema. Ironizam ao dizer que quem não experimenta uma fruta não pode saber o sabor dela para compará-la ao suco… ou seja, as mais ridículas e distorcidas retóricas para tentar desmerecer um trabalho sério e responsável, feito por quem não vive de agradar anunciantes, no interesse de lojas próprias ou de qualquer outro recurso econômico oriundo do áudio.
Como parece faltar assunto, a referida publicação repetiu em suas páginas mais um de seus artigos publicados no século passado, não tendo nem o cuidado de atualizá-lo com as novas descobertas sobre o tema.
Em nova contradição ao que eles vêm defendendo, o artigo aborda, justamente… o fato de ouvirmos diferente e o quanto isso prejudica a referência auditiva ao vivo.
Pode parecer cômico, mas foi isso mesmo que fizeram no periódico digital que colocaram em circulação em novembro do ano passado, e que me chegou às mãos através de um leitor indignado e inconformado com esta postura.
Com o título se referindo à percepção musical, o artigo, publicado por este periódico que tanto afirma que não ouvimos diferente e o som ao vivo é a única referência admissível, apresenta alguns trechos curiosos:
“Será que duas ou mais pessoas, em igual situação – quanto à sala, equipamento, discos etc. – perceberão (ouvirão) o som (a música) da mesma forma?”
E continua…
“as formas das orelhas das pessoas, se bem que pareçam iguais, são entretanto diferenciadas e próprias e individuais, tão próprias e individuais quanto nossas impressões digitais. Outra curiosidade: o som que nos chega aos ouvidos, inclusive o som musical, é alterado pelos sulcos e dobras do ouvido, os quais intensificam algumas freqüências e diminuem outras, resultando em sutis alterações no som original.”
“Um teste curioso e que nos fará aceitar a diversidade da escuta: peça a alguém para assobiar próximo de você, coloque em seguida sua mão em concha perto do seu ouvido, e alterne os movimentos da mão, aproximando-a e afastando-a do ouvido. Ao mesmo tempo, com a outra mão bata em uma mesa repetidas vezes a fim de criar um som grave. Aí perceberá que os
sons de alta freqüência do assobio flutuam enquanto os de baixa freqüência não.”
“O desgaste da cóclea é inevitável com o passar dos anos, e tal desgaste é chamado presbiacusia. As células ciliadas responsáveis pelas freqüências elevadas vão, por sua vez., perdendo a sensibilidade até que não encontram sons suficientemente intensos (fortes) para estimulá-las. Por isso, aos 40 anos de idade nossa sensibilidade às freqüências altas já foi reduzida para um décimo de sua capacidade; para ser percebida como antes dos 40 anos, a freqüência terá de ter uma intensidade dez vezes maior. Os registros explicam que perdemos cerca de meio (0,5) hertz a cada dia de nossa vida, e após os 40 anos a perda anual começa a acentuar-se. Afortunadamente, o que se perde não são as notas e sim a riqueza tonal, os harmônicos, como se se operasse um amortecimento; o som dos instrumentos vão-se “apagando”.”
Acham pouco? tem mais…
“Não existem duas orelhas iguais e, por conseguinte, nem duas iguais percepções. Porquanto as reflexões nas dobras de cada orelha, e os atrasos entre cada reflexão, são diferentes de orelha para orelha.”
Se buscarmos edições antigas desta finada revista impressa, como já fizeram irritados alguns de nossos leitores, encontraremos inúmeras referências onde, sem saber porque, o mesmo editor e os articulistas citavam inúmeras vezes que ouvíamos diferente e que o som ao vivo não era imune aos nossos problemas de audição.
Numa destas referências (edição 35, pág.55), o então sócio da revista, um médico, cita:
“…a referência à musica original não sempre serve como comparação…”
O enunciado acima surgiu numa comparação entre a música gravada e a audição ao vivo de uma banda, onde ele escolhe a gravação como mais precisa do que a sonoridade real da banda, depois de mostrar os aspectos envolvidos nas duas situações.
Na edição 160, página 59, o articulista afirma com todas estas letras:
“o fato de que os ouvidos não são iguais”
Comentário acima extraído justamente em referência às diferenças de sensibilidade auditiva.
Tudo isso vindo da mesma publicação que, ao testar um TV de um de seus anunciantes, elogiou tanto o produto que chegou a afirmar que a imagem do TV foi considerada melhor que a imagem ao vivo por todos os presentes ao teste !!!
Mas, e a conversa de que a referência ao vivo é perfeita??? Só é válida quando lhes interessa?
E não foi somente isso que a referida publicação já se manifestou sobre o assunto. Vejam mais:
” E ninguém – por mais experiente que seja – conhece como a outra pessoa ouve… às vezes, nem ela própria…
Bato constantemente nesta tecla, pois muitos não acreditam que cada indivíduo ouça de maneira diferente.”
“.. até que eu a tranquilizei afirmando que conheço inúmeros casos semelhantes. Aliás, minha esposa tem a mesma sensibilidade nas altas frequências, não de forma tão acentuada como essa moça, mas o suficiente para evitar ouvir algumas gravações mais brilhantes que contenham trompete com surdina e picollo.
Como disse, casos de sensibilidade a determinadas regiões não são exceções, muito pelo contrário. (grifo meu)
Se fosse exigido exame audiométrico para se associar ao mundo da alta fidelidade, muitos audiófilos se surpreenderiam com as diferenças existentes.”
Publicado por esta revista na edição de Maio de 2002 nas palavras do próprio editor.
“Seguramente, a ciência também vem colocando nova luz na discussão ao apresentar dados concretos de como a caixa craniana, o tamanho do rosto e as orelhas influem no que se escuta.
Moral da história (que todo mundo já suspeitava): seu amigo audiófilo chega a conclusões muitas vezes opostas às suas, sobre determinadas configurações, pode ser devido à sua constituição física”
Escrito pelo mesmo editor que hoje nega estas diferenças, na edição número 62 da revista.
“Ao envelhecermos progressivamente perdemos a capacidade de ouvir as mais altas frequências. Na verdade, podemos ouvir uma ampla faixa de frequências , mas será que as ouvimos igualmente? Claro que não.”
Publicado na edição de número 60 ainda desta mesma publicação.
“já ouvi de um otorrinolaringologista que não existem dois ouvidos que funcionem iguais, cada ouvido ouve diferente e, ainda, conforme a intensidade da fonte sonora”
Publicado ainda nesta mesma revista na Edição de número 48.
“É preciso saber que nenhum ouvido é igual ao outro, ou seja, como eu escuto é diferente de como você escuta, amigo leitor”
Parece mentira, mas está publicado na página 112 da edição de número 94.
Esta publicação já criticou o fato de termos comparado a diversidade de audições às impressões digitais, esquecendo que ela mesma já havia escrito isso !!!
Mas, o maior problema talvez seja a conclusão lógica de que, ao ouvirmos diferente, estamos colocando em xeque toda e qualquer avaliação de um equipamento, ou seja, isso explica porque “experientes” avaliadores de várias revistas no mundo inteiro chegam a conclusões tão distintas sobre um mesmo equipamento. Aliás, a própria revista aqui mencionada já testou duas vezes a mesma caixa acústica e lhe atribuiu diferentes resultados com conclusões distintas, usando a sua própria “metodologia infalível”.
Mas, criticar nossos estudos para tentar salvar suas já desgastadas teses e sei lá quantos interesses, fez com que o periódico juntasse forças com outro “articulista”, que adotou a mesma postura de sempre criticar com suas cutucadas aqueles que defendem o fato de que a música ao vivo não é uma referência fiel.
Nesta última edição de número 226, o “articulista” afirma que:
E a patacoada de que tudo é diferente de tudo no áudio porque cada pessoa ouve de um jeito, é imperdoável! Por quê? Voltemos ao cobalto: não importa se cada pessoa enxerga de um jeito, o que que importa é que cada pessoa veja como é a cor de um cobalto de verdade e, assim, saiba se algo que se diz ‘azul cobalto’ está próximo ou não. Isso se chama ter “Referência”, ou seja, a pessoa tem referência de como é um cobalto, então pode julgar a veracidade de uma cor azul cobato ou não. A mesma coisa se aplica ao áudio, à ter Referência no áudio. Não acho que quem acredite que o som do instrumento acústico ao vivo não seja a Referência para o som de um sistema de áudio esteja pensando direito. Acho que não está pensando mesmo. Seria uma distorção de valores, só para começar.
(mantive os erros de escrita pois se a publicação não se importa com eles, não sou eu que vou me importar)
O articulista responsável por mais esta provocação à nossa inteligência é conhecido pelas suas constantes contradições de opiniões, e pelo sua vontade em querer falar sobre temas que não conhece, como quando afirmou que “as gravadoras em busca de maior qualidade investiram em selos audiófilos com arquivos em formato digital de 24 bit / 19 KHz”
Tenho certeza que o leitor do Hi-Fi Planet sabe que a afirmação de formato digital audiófilo de 24bit / 19 kHz é ridícula.
Esta é a triste realidade de nosso hobby.
Este “vale-tudo” que se criou para defender interesses pessoais ou para justificar conceitos ultrapassados que ainda norteiam velhas e envelhecidas publicações nos levou ao caos que hoje estamos conseguindo sair graças aos fóruns, ao conhecimento de especialistas em áreas científicas que buscaram compreender os fenômenos, e aos raros veículos de informação mais sérios que adotam posturas exemplares em respeito aos seus leitores, como citei ao iniciar este artigo.
O Brasil vive hoje o pior e o melhor momento de sua história.
O pior porque, no interesse de atender aos seus anseios econômicos pessoais, muitos migraram para um lado negativo da ética e do respeito ao próximo, e o caos que vivemos hoje é o cume desta canalhice que tomou conta de nossa classe política.
O melhor momento acontece também porque tudo isso veio a tona, acordamos, e estamos conhecendo e rejeitando esse tipo de comportamento.
Costumo dizer que não é a política a responsável por tudo isso.
Não existe a profissão de político. Ninguém fica 6 anos numa faculdade para sair como “Político Profissional”.
Nossos políticos vieram da sociedade de uma forma geral. São engenheiros, médicos, advogados, cantores, atores, índios, sindicalistas, metalúrgicos, farmacêuticos e toda espécie de categoria profissional.
A falta de caráter é uma coisa pessoal, e apenas se amplia quando o sujeito encontra as facilidades que a vida política lhe oferece com as suas leis protecionistas e a desordem com o dinheiro alheio.
Acredito que a audiofilia também está expondo a grande confusão que se criou em torno deste hobby, onde a idéia do “riquinho que compra hi-end” prosperou de tal forma que abriu espaço para uma exploração comercial sem fim.
Inventou-se os cabos caríssimos que conseguem “ajustar os sistemas”, fusíveis “audiófilos”, acessórios mágicos que mudam completamente o som e ninguém consegue explicar como (só o bruxo que o criou sabe – e sem nenhum conhecimento científico !!!), voodoos que nada provam mas fazem milagres, a mágica dos cabinhos que transportam “sinais de áudio” e que custam dezenas de milhares de dólares, e tantas outras fantasias que, ao final, empobreceu o audiófilo e pouco lhe fez no campo do desempenho sonoro.
Espero que essa triste realidade mude.
Espero que o referido periódico, que já foi uma importante revista, mude e adote uma postura mais condizente com a realidade que vive hoje o consumidor de áudio de qualidade.
Para tanto, ofereço a minha ajuda.
Coloco à disposição a minha vontade em explicar como funcionam os conceitos desenvolvidos neste site, e que tem mudado a vida de inúmeros leitores que aplicaram as minhas idéias, aqui e no exterior, onde também tem ganhado destaque.
Aliás, odeio em falar na primeira pessoa. Para mim o Hi-Fi Planet é muito maior do que eu, representa muito mais do que o Eduardo, e por isso jamais deve sofrer qualquer grau de contaminação comercial.
Coloco, ainda, à disposição os meus testes feitos, as minhas medições e “audições cegas” que realizei em muitos experimentos com amigos e especialistas da área.
Ofereço os estudos que fiz com “fusíveis audiófilos” (em breve vou publicar mais essa surpreendente matéria e provar que com menos de 1 real pode-se obter o mesmo resultado de muitos fusíveis “hi-end”).
Coloco, também à disposição, todos os estudos que fiz, as pesquisas no exterior, as conversas que tive com fabricantes e técnicos da área, e as piadas que fazem daqueles que testam o mesmo cabo apenas com capas de cores diferentes e apresentam resultados distintos, sempre enaltecendo as “virtudes” do mais caro.
Disponibilizo as medições que fiz para provar que o tal de “silêncio sepulcral”, exaustivamente elogiado a cada equipamento, era o mesmo em cada produto testado.
Enfim, coloco-me à disposição para quem realmente queira ajudar a construir um novo universo audiófilo, pois este já deu o que tinha que dar, e está sufocado com tantas bobagens que o contaminou.
Mas, em troca, peço apenas que parem de agir desta forma tão mesquinha, e acreditem sempre que o leitor merece muito respeito e consideração, porque os leitores somos todos nós, e o que lemos é o que nos faz gastar tempo e dinheiro sonhando com a alegria e a felicidade, mas que nos traz somente prejuízos e aborrecimentos.
Antes de consumidores, somos pessoas que merecem respeito.
Olá Sr Eduardo
O Sr chama isso de contradições? Não viu nada.
Em qual endereço de email eu posso te enviar uns scanners que fiz?
Queria que voce visse umas coisas que separei que num primeiro momento parece engraçado, mas depois você fica revoltado.
Me passa um email para eu te enviar. Grato. Wilson
A arrogância deles não tem limites. Se acham donos da verdade, mas da verdade deles.
Ignore isso, meu amigo. É o que eles merecem e o que estão tendo.
Estamos aqui para apoiá-lo. Conte conosco.
Forte abraço
Tenho acompanhado essas provocações e acho lamentável.
Para mim esta revista era uma referência de mercado até que priorizou o comércio e colocou o leitor em segundo plano.
Percebi isso um dia quando li uma avaliação e o editor comentou em uma seção de cartas depois que ele tinha colocado sua opinião nas “entrelinhas” de sua conclusão para “evitar mal-estar”.
E o resultado da avaliação, também estava nas entrelinhas? E o parecer final com a classe do aparelho, nas entrelinhas também?
Desanimei.
Eu continuo achando que juntos vocês poderiam bem mais, porém eles teriam que ser mais acessíveis e mais descompromissados com os interesses comerciais.
Torço por essa aproximação um dia.
Amigos,
Obrigado a todos pelas considerações e apoio.
Wilson,
Eu recebi o seu e-mail. Era este endereço mesmo.
Obrigado pela colaboração.
Abraços
Eduardo
Olá,
conheci este site recentemente e estou bastante surpreso com a qualidade das informações e com o conteúdo bem diversificado e explicativo.
Uma pena estes aborrecimentos mas isso faz parte.
Atuo na área de farmácia natural e há algum tempo vivemos uma situação semelhante ao mostrar que um produto natural seria tão eficaz quanto um tradicional produto do mercado. Fomos perseguidos e criticados pelo fabricante que não se conformou com essa revelação, chegando ao ponto de termos até nosso estabelecimento vasculhado na provável tentativa de achar algo errado.
A concorrência hoje é brava e não perdoa.
Parabéns pelo site e continuem nesta direção que vocês já são vencedores.
Deixo o meu email para colaborar de alguma forma ao meu alcance.
Atenciosamente
Marco Afonsino
Olá Marco,
Obrigado pelos elogios.
Porém, gostaria apenas de fazer um esclarecimento.
Não somos concorrentes de ninguém, pois não competimos em nenhum mercado específico.
O Hi-Fi Planet não tem qualquer braço comercial, não admite anunciantes e não vende produtos.
Até as avaliações de equipamentos nos preocupa, diante de tudo aquilo que nós mesmos já mostramos aqui, que cada um ouve de um jeito e qualquer avaliação subjetiva carece da precisão necessária para que uma conclusão seja suficientemente segura. Mesmo quando se tenta convencer que uma avaliação subjetiva pode ser objetiva ao mesmo tempo. Isso não existe. Até discos de referência sofrem com esta subjetividade avaliativa, e o fato de ouvir alguns detalhes de uma gravação não pode nos garantir que um produto seja mais ou menos preciso do que o outro, pois, pode-se estar apenas evidenciando algo que não deveria estar tão audível assim, como já cansei de ver.
Portanto, não existe uma “concorrência”. O Hi-Fi Planet é um veículo de informação, e não tem qualquer objetivo econômico.
No exemplo que você citou, houve uma disputa de mercado, onde vocês competiram com produtos naturais contra um fabricante de produtos industrializados. Duas situações bem distintas.
Na verdade, no nosso caso, não existe sequer nenhum tipo de divergência de opiniões, até porque aqueles que nos criticam já afirmaram no passado exatamente a mesma coisa que nós dizemos. Eles apenas não tinham avançado no entendimento das causas e efeitos, e é isso que lhes incomoda hoje.
O problema de mudar de opinião conforme os interesses do momento é que você acaba deixando um grande rastro de contradições, e elas ficam registradas.
Não devemos ter medo do conhecimento. Essa recusa sistemática em admitir o óbvio apenas tumultua a evolução, mas não a impede. A história já nos deu inúmeros exemplos disso.
Agradeço a sua oferta em colaborar e já anotei o seu e-mail, que foi excluído de sua mensagem para evitar exposição desnecessária (os spams estão cada vez mais intensos).
Abraços
Eduardo
Muito interessante este site. Amei de verdade.
Vejo que temas difíceis são abordados com coragem, muita clareza, sensatez e sabedoria.
Amo a música, sou pianista e não abro mão de ouvir som com qualidade de reprodução. Sou muito exigente e me sentia perdida nestes fóruns de machos brigões, pessoas egoístas e exibidas que medem a qualidade pelo número de $$$$.
Assinei algumas revistas estrangeiras, mas sentia a falta do “calor” de nossa gente para enriquecer o conhecimento audiófilo brasileiro.
Me sinto bem servida agora com o Hi-Fi Planet.
Algumas postagens eu até imprimi para ler em minhas folgas.
O visual também é demais, muito moderno e bem organizado.
Valeu gente !!!!
Beijos para todos.
Cátia Oliveira
Obrigado, Cátia.
Seja bem-vinda !!!
Já li tantas bobagens que há muito tempo deixei de acreditar nesta publicação.
O Editor não é de todo ruim tecnicamente, apenas colocou o seu interesse financeiro em primeiro lugar. Mas aquele outro colaborador é realmente dispensável. Além de sua típica arrogância o seu conhecimento é muito fraco e ele se atrapalha demais com as informações. É mais um curioso do que alguém que realmente possa assumir uma função de colaborador.
Felicidades
Takaesu
Já tive algumas oportunidades de ler alguns destes desaforos.
O melhor é ignorar. Eles não merecem sequer atenção.
Dentro da arrogância deles e do mundinho que vivem isso é o melhor que eles podem fazer. Criticam tudo e todos, recusam enxergar a nova realidade e se fecham nos seus conceitos que aos poucos vão sendo derrubados.
Não se aborreçam com isso. Não vale a pena.
Cada um colhe o que planta.