Trondheim Solistene – Divertimenti

Uma avaliação do disco híbrido CD/SACD/Blu-ray.

Navegando por um dos meus sites favoritos www.elusivedisc.com, onde compro há 8 anos os melhores discos que tenho, sem nunca ter tido qualquer problema, me deparei com o disco Trondheim Solistene – Divertimenti, que foi a primeira gravação a incluir a reprodução em blu-ray, além de SACD e CD.
Como sempre tive vontade comparar estes formatos, adquiri o produto.

A caixinha contém dois discos, um híbrido CD/SACD e outro com a mesma gravação em blu-ray.
Nestes formatos, não faltam opções:
CD: 16-bit/44.1kHz  Red Book
SACD: Resolução DSD de 2.8224Mbit/s 2 canais
SACD: Resolução DSD de 2.8224Mbit/s 5.1 canais
Blu-ray: LPCM dois canais
Blu-ray: LPCM 5.1 canais
Blu-ray: Dolby Digital 5.1 canais
Blu-ray: Dolby TrueHD 5.1 canais
Blu-ray: DTS HD Master Audio 5.1 canais

É realmente impressionante a quantidade de opções, e por isso esse disco me chamou tanto a atenção.
Sou um apreciador do SACD, e acho que este formato supera muito o tradicional CD em sistemas de nível hi-fi e hi-end. Minha coleção de SACDs é muito extensa, contendo muitas opções de vários gêneros.

Por essa razão, ouvir uma gravação em uma resolução tão alta como as oferecidas pelo padrão blu-ray foi algo que aguçou a minha curiosidade.

A 2L, empresa norueguesa que lançou este disco, uma compilação de peças de diversos compositores clássicos, defende o formato blu-ray na reprodução de música audiófila, e investe muito nesse conceito com outros títulos disponíveis, inclusive com o rótulo audiófilo.

Mais detalhes sobre as faixas, ou mesmo para adquirir o disco, acesse:
http://www.elusivedisc.com/prodinfo.asp?number=2LSAM50 (link funcionando até esta data)

A gravação ganhou muitos elogios no meio audiófilo, levando, inclusive, os títulos de Melhor Gravação Audiófila em 2009 pela The Absolut Sound, e Escolha do Editor da edição de 2008 da Gramophone.

Na parte de vídeo, este disco está restrito às opções de configuração e seleção das músicas. Ou seja, não espere por nenhum show em alta resolução na sua tela. Escolha a faixa e simplesmente aprecie com os ouvidos.

Testes Comparativos

Não vou me estender aqui nos detalhes do teste, até mesmo porque seus resultados são bastante conclusivos.

Para SACD, utilizei meu confiável Marantz SA-8001, que hoje também é minha fonte para CDs através de um DAC externo (somente para o CD).
Para blu-ray, utilizei outras opções, um Oppo BD-83 (já quase aposentado), um outro Oppo BD-83SE NuForce Edition (emprestado para comparação com o BD-83) e um Marantz BD7004 (meu player principal que está sendo substituído pelo UD8004).
O restante do sistema não é obstáculo para nenhum formato, cumprindo as mais rigorosas exigências de qualquer fonte de nível hi-end.

Depois dos testes, continuo um fã apaixonado pelo SACD. Este formato foi quem me fez desistir do vinil, pois reuniu muitas qualidades deste com as facilidades e o apreciado silêncio de fundo do padrão digital.
Se o aúdio hi-end tivesse permanecido no Super Audio, eu já estaria bastante satisfeito. Mas, por sorte, a tecnologia na reprodução de áudio com qualidade não para de evoluir.
O blu-ray “audio” é prova disso.

Obviamente o SACD já supera o CD nos detalhes, numa “suavidade” de reprodução mais natural e num palco que sempre foi o que mais me impressionou no formato.
Ouvir este disco (na verdade são dois como já foi dito) em SACD, já bastaria até para o gosto mais exigente.

A gravação em blu-ray me surpreendeu, tanto quanto da primeira vez que ouvi um SACD.
Os níveis de detalhes e realismo estão em outro patamar. O palco sonoro pouco muda em relação ao SACD, mas é perceptível.
A naturalidade da reprodução deste disco é muito grande. Facilmente alguém poderia confundir sua reprodução com aquela ao vivo.
Foi um salto significativo, e agora, além do SACD, minha coleção receberá os discos de áudio blu-ray com bastante satisfação.

Importante ressaltar, apenas, que os resultados podem variar de equipamento para equipamento. Nas configurações que testei, sempre mantendo amplificadores e caixas, apenas trocando os players, essa variação já foi bem sentida.

Blu-ray Oppo BDP-83

Os resultados ficaram abaixo do Marantz SA8001 e do Marantz Bd7004, como já era esperado. Mas a comparação é um pouco injusta, já que o 8001 é de nível hi-end e dedicado, reproduzindo CD e SACD em dois canais somente.
O Oppo é um player “multi-função”, mais “popular”, e apesar de fazer bem tudo a que se propõe, não se compara a um equipamento dedicado e do nível de um Marantz.
Nunca vi um player de áudio e vídeo com o mesmo desempenho de outro dedicado, já que a existência de uma etapa de vídeo e a necessidade de compartilhar diversos circuitos não proporciona o desempenho de um player projetado e construído especificamente para reprodução de áudio.

De qualquer forma, o player seguiu a lógica, sendo o CD superado pelo SACD, que por sua vez fica abaixo da reprodução em blu-ray.

Mesmo neste modelo, é possível identificar a vantagem clara da gravação em blu-ray das demais.

Oppo BDP-83 SE NuForce Edition

Este aparelho foi levado ao teste pelo amigo Newton, emprestado para esta comparação.

Esperávamos um resultado muito superior em termos de áudio, mas o que ouvimos foi uma ligeira melhora em relação ao modelo standard, e em algumas passagens percebemos uma estranha compressão de sinal. A impressão que ficou, e onde eu arriscaria a culpa,  é que a fonte do player, visivelmente bastante reduzida, poderia ter causado essa compressão nestas passagens.
O próprio Newton não sentiu muita diferença em seu sistema, que é de bom nível.
Novamente, um player híbrido continua sendo um equipamento compartilhado, e com as suas limitações naturais.

O resultado foi uma reprodução boa em CD, mas em blu-ray foi ligeiramente melhor que em SACD. A impressão que ficou é de que o blu-ray estava mais limitado, aproximando-se muito do SACD.
Neste caso, o SACD seria uma opção aceitável, mas o blu-ray seria uma escolha para quem não se importar de pagar mais por um resultado ligeiramente superior.

Marantz SA8001 / BD7004

Foi com esta dupla que obtivemos os melhores resultados.

O SA8001 reproduz CD com um DAC externo, ou seja, foi usado apenas como transporte neste caso.
Esta opção foi adotada pois acho a reprodução do CD do SA8001 ligeiramente inferior ao que poderia ser, o que se mostrou verdade com a inclusão do DAC.
Em SACD o SA8001 trabalha sozinho, e continua insuperável neste papel, mesmo diante de players inexplicavelmente bem mais caros do que ele.
A gravação em SACD se mostrou muito mais detalhada que aquela em CD, com ganhos em todos os aspectos.

A reprodução da gravação em blu-ray foi decisiva aqui, e mostrou que este formato, por tudo que vi (ou ouvi) até hoje, pode encerrar definitivamente com o vinil, mesmo com todo o carinho e respeito que o velho “bolachão” merece.

O ganho sobre o SACD, utilizando o BD7004, foi claramente de melhor detalhamento, palco bem mais realista e uma dinâmica realmente surpreendente em blu-ray. Em outros aspectos os resultados também foram merecedores de elogios, e coloca o SACD “em xeque”, mostrando nítida superioridade ao já excelente formato que até então eu tinha como referência. Isto considerando ainda que não se trata de um player dedicado para áudio blu-ray. Se os fabricantes investirem nessa idéia, certamente o universo audiófilo agradecerá muito.

Teste que fiz com o UD8004 de mostruário já me empolgou muito pelos resultados superiores ao BD7004. Logo que receber a unidade definitiva e amaciá-la adequadamente, repetirei os testes com esse modelo.

Conclusão

O objetivo aqui não foi realizar uma crítica das qualidades artísticas das gravações, mas estabelecer as diferenças que o formato blu-ray, reproduzindo áudio, consegue proporcionar em relação aos demais.

Não importando qual o modo de decodificação usado em blu-ray, os resultados foram bem otimistas em relação ao futuro do áudio hi-end diante das mais novas tecnologias de reprodução em alta resolução.

É importante estar ciente que, conforme vimos nos testes, o equipamento utilizado também interfere nos resultados, e por isso vale a pena investir num bom player para esta finalidade.
Vamos torcer para que o mercado acabe por oferecer um player de blu-ray voltado ao áudio, com um projeto e uma construção dedicada à esta aplicação.

Uma dica: aprecie com calma a reprodução multicanal. Ela realmente surpreende quando comparada ao aúdio estéreo. Faça isso dando uma atenção especial para o LPCM.

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