Teste (Review) do Cabo Óptico Digital QED Performance Graphite

Mais um teste de cabo para você.

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Introdução

Por conta de muitas pesquisas e de uma nova necessidade que surgiu no meu sistema, acabei optando pela aquisição de um cabo óptico digital para realizar uma interligação entre dois equipamentos.

Há muita discussão entre os utilizadores de cabos digitais, alguns optando pelo coaxial digital, outros pelo óptico, cada qual com suas próprias razões para justificar as suas escolhas.
Nas experiências que já realizei, concluí que o desempenho está mais condicionado à qualidade da respectiva etapa do circuito digital dos equipamentos do que da opção escolhida. Em outras palavras, a escolha deve ser individual, pois uma saída coaxial digital mal implementada pode favorecer a escolha pela óptica, e o contrário também é possível.
Então, aqui teríamos a primeira regra: teste as duas opções e identifique aquela que melhor desempenho lhe apresente.

Mas, e se as duas saídas forem compatíveis em termos de qualidade de projeto? Novamente, aqui, sugiro uma comparação, pois podem haver surpresas.
Em meus testes, utilizando equipamentos bem projetados e com ótimo desempenho das duas saídas, achei a opção óptica sempre levemente superior, mas nada que obrigue necessariamente utilizar esta ou aquela opção. A maior imunidade as interferências eletromagnéticas dos cabos ópticos me pareceu um ponto de destaque bastante interessante.

Depois de muito pesquisar junto a publicações sérias internacionais, e depois de consultar alguns amigos e fabricantes nos quais confio bastante, optei pela aquisição do cabo óptico QED Performance Graphite, motivo deste teste.
Consegui alguns cabos de várias marcas para algumas comparações, inclusive alguns da Monster, AR e outros que eu já possuo.
A idéia foi tentar obter o melhor desempenho possível na transmissão do sinal, sem nunca perder o objetivo de sempre, pagar pelo preço justo não importa quanto, mas não gastar mais do que o necessário para um ótimo resultado.

Vejamos como se saiu o QED Graphite neste teste.

Apresentação

O cabo Optical Digital Graphite da QED foi adquirido em uma loja da Inglaterra, novo e em sua embalagem original.

A embalagem é bastante simples, do tipo “embalagem para expositor”, mas feita com um plástico bastante espesso, resistente e firme, de excelente qualidade, proporcionando adequada proteção ao cabo. Aqui não vemos caixinha de madeira nobre forrada de veludo vermelho ou preto, com fechos e dobradiças douradas, muito usadas para dar mais “glamour” a alguns produtos. Ponto positivo: não estamos pagando por algo que não precisamos, e que muitas vezes sai mais caro que o próprio cabo apesar de normalmente fazer seu preço final subir nas nuvens, o que é bom para o fabricante e péssimo para o consumidor.

Na época da compra, optei pelo cabo de 1 metro de comprimento que, porém, estava em falta, o que me fez substituí-lo pelo de 1,5 m.

Não se trata de um cabo de grosso diâmetro (a maioria dos cabos ópticos não são grossos), e, portanto, também não existe o artifício aqui de impressionar pelo tamanho.
O cabo é muito bem construído. O condutor óptico é feito de uma fibra de elevada qualidade, ou ainda “carefully selected, medical grade fibre optic cable”, como prefere o fabricante (traduzido como: cabo de fibra óptica da classe médica cuidadosamente selecionado no sentido exato), com capa de PVC e conector banhado a ouro de 24K.

O cabo é bem maleável e seus conectores são bastante precisos.

Desempenho

É aqui que precisamos ter bastante atenção.

Para entender como esse cabo desempenha a sua função e avaliar com cuidado os resultados obtidos, primeiro foram realizados vários testes comparativos com um excelente cabo coaxial digital para entender as diferenças entre as opções, e depois comparados estes resultados com a entrada balanceada do M1DAC da Musical Fidelity, antes de testá-lo nos componentes finais.
Ainda, foram feitas diversas comparações com outros cabos ópticos disponíveis, desde modelos mais baratos até outros mais caros, e em seguida com dois outros DACs diferentes (DacMagic e LF DAC II).

Comparativamente, em geral o cabo da QED forneceu um maior detalhamento, graves precisos e profundos, médios e agudos corretos e bastante agradáveis, com excelente dinâmica e muita naturalidade, isso em relação aos cabos que tiveram um desempenho inferior, um deles inclusive mais caro.
Em relação aos demais, os resultados foram semelhantes, com uma leve tendência ao maior detalhamento do QED em algumas passagens mais complexas dos discos utilizados para os testes.
Em outras palavras, ele foi melhor ou igual ao restante do grupo.

O cabo se mostrou perfeito nos testes, capaz de proporcionar um resultado de elevado nível hi-end, ou seja, o melhor que se poderia esperar. Tudo apresentado de forma correta, sem qualquer ponto negativo.
Os resultados obtidos coincidiram com as opiniões obtidas inclusive junto à um importante fabricante de cabos: não é preciso mais do que isso para se atingir o resultado necessário para o melhor desempenho do sistema. Ou seja, não é preciso gastar mais com cabos mais caros que prometem muito e não fornecem mais do que isso, senão uma grife bem trabalhada.

Cabos comparados e resultados:

– Cabinho genérico sem marca
Custou na época ( há uns 2 anos)  R$ 25,00 no Extra Supermercados.
Mostrou menor detalhamento, graves incômodos com pouca precisão, e agudos desagradáveis (levemente estridentes).

– Cambridge Audio DIG300 2,25m
Preço médio no exterior: 30 libras
O primeiro produto da Cambridge que me decepcionou.
Menor detalhamento e precisão dos graves. Idêntico nas demais características.

– Wireworld Supernova 6 1m
Preço médio no exterior: 220 dólares
Emprestado para o teste.
Teve exatamente o mesmo desempenho do QED.

– Van Den Hul Optocoupler MKII 1m
Adquirido há algumas semanas pelo preço de 90 dólares em uma loja inglesa.
Teve um ótimo desempenho também, mas o QED apresentou uma precisão ligeiramente maior nos graves.

– Audioquest Diamond OptiLink 1,5m
Em média 560 dólares no exterior.
O mais caro do comparativo emprestado para teste.
Muito parecido com o QED, apresentou um detalhamento ligeiramente menor, mas perdeu um pouco de dinâmica.

Conclusão

Um cabo adequado para utilização em sistemas de áudio mais modestos e também de nível hi-end.
Pelo preço bastante acessível, pode ser a opção ideal para todas as aplicações onde o cabo óptico é desejável.

Importante ressaltar aqui que, por diversas razões comerciais, há uma supervalorização das verdadeiras qualidades de um cabo para aplicação em áudio, mesmo entre os digitais, como se realmente esta fosse a aplicação mais crítica, o que é um grande absurdo já que muitas aplicações são muito mais exigentes em relação a cabos.
É preciso mudar esta idéia, e entender que o preço de um cabo não está obrigatoriamente ligado ao seu desempenho, e que nem sempre um cabo barato é a opção de menor desempenho.
Existem muitas opções de cabos no mercado com preço bem mais baixo que alguns modelos de “grife”, e que são plenamente adequados para as mais exigentes configurações de equipamentos. A idéia de que existe uma proporção entre o valor do equipamento e o valor dos cabos a serem utilizados também está, finalmente, sendo abandonadas até por aqueles que já a defenderam um dia. Além disso, expressões como “somente gastando muito mais para conseguir um desempenho superior” devem ser banidas definitivamente do áudio, pois apenas servem para representar a falsa idéia germinada de que o produto bem mais caro é superior, o que tem deixado uma porta aberta a inúmeros oportunistas do mercado.
O cabo QED, testado aqui, representa fielmente o grupo de produtos que apresentam desempenho do mais alto nível hi-end, sem o obrigatoriedade de custar caro como muitos querem fazer acreditar.

Preço

US$ 53,69 no site futureshop.co.uk
Frete para o Brasil: US$ 4,49

Fotos exclusivas do Hi-Fi Planet

Como todos os produtos avaliados aqui são realmente testados por nós, apresentamos fotos exclusivas do teste.

Cabo ainda na embalagem original. O fundo foi parcialmente eliminado para melhor destaque do objeto.
Cabo ainda na embalagem original. O fundo foi parcialmente eliminado para melhor destaque do objeto.

 

Destaque do conector muito bem construído e bastante preciso.
Destaque do conector muito bem construído e bastante preciso.

 

Durante a avaliação, em mais um teste de desempenho.
Durante a avaliação, em mais um teste de desempenho.

 

 

6 Comentários

  1. Caro Eduardo.
    Mas um ótimo review, objetivo e completo no que se propõe: elucidar o consumidor de áudio. Parabéns!

  2. Olá Eduardo!

    Amigo, seu review me deixou com uma dúvida…
    Entendo perfeitamente a interferência da qualidade do cabo em sinais analógicos (ou mesmo digitais coaxiais). Afinal, as frequências podem ser muito alteradas de acordo com várias variáveis de cada cabo.
    Mas no digital também há essa diferença? Questiono isso por que pelo que entendo, os sinais digitais são sempre 0’s e 1’s e se há deterioração deste sinal, ela seria diferenciada mesmo para graves, médios e agudos (havendo erros em uma faixa e não em outra, por exemplo)?
    Afinal, o que viaja por este tipo de cabo (principalmente o ótico) como dados, não importando a frequência, certo? Ou estou errado?
    Se estou errado, como se daria esses erros?

    Um abraço!

  3. Alex,

    Todo e qualquer produto com melhor qualidade pode apresentar melhor desempenho.
    No meu conceito de engenheiro e em meus testes com áudio, desde quando ainda era um garoto, aprendi que tudo tem um limite.
    Num exemplo bastante simples, se você fizer uma prateleira de madeira com 4mm de espessura, ela pode suportar uma TV sobre ela (dependendo o modelo e a sustentação), mas uma prateleira com 10mm de espessura certamente será bem mais segura para suportar o peso. Já uma prateleira com 100mm de espessura é uma grande bobagem, desnecessária, muito mais cara e nenhuma vantagem vai lhe trazer, podendo até se tornar uma desvantagem.

    Sua idéia está perfeita. Existe sim um grande exagero com cabos digitais.
    Cabos de melhor qualidade vão proporcionar melhor transferência do sinal digital, mas há um limite, como na prateleira. Se um cabo de boa qualidade consegue transferir perfeitamente os sinais digitais, porque usar um cabo caríssimo e cheio de soluções “esotéricas” e tecnologias com os mais bonitos nomes em inglês se nada vai acrescentar?

    Há um exagero quanto a cabos no mercado. Um cabo ruim que transfira os sinais com imprecisão, como você de forma correta e interessante levantou, vai prejudicar qualquer sinal 1 ou 0, não interessando para ele se é na faixa de graves, médios ou agudos.
    Mas, como o mercado hipervaloriza esta questão de cabos, muitas lendas se criam e permanecem alimentadas por aqueles que faturam alto com este acessório.

    Abraços,

    Eduardo

  4. Boa tarde, Eduardo.

    Estou pensando em comprar esse cabo, mas tenho uma dúvida que gostaria que me esclarecesse.Cabos digitais seja ótico ou coaxial, trafegam sinais em alta resolução, como 96Khz/24bit ou 192khz/24bit?

    Obrigado

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