Testamos…
Introdução
A escolha de cabos para um sistema de som é algo sempre cheio de mistérios.
Muitas marcas, modelos, cada fabricante com a sua “formulação especial”, “geometria específica”, “isolantes mágicos”, etc.
Cada um quer vender o seu peixe induzindo o comprador a acreditar que existe um “universo mágico” por trás da fabricação de seus cabos, com ganhos que ninguém consegue medir, que não é possível ver e só restam as opiniões subjetivas com os mais curiosos adjetivos tentando mostrar que cada novo cabo avaliado é o mais novo milagre do momento.
Há quase duas décadas vejo avaliadores dizendo que seus sistemas ganharam um maior silêncio de fundo, que este silêncio ora torna-se “sepulcral”, além de outros adjetivos ainda mais curiosos. Se formos ler com cuidado avaliações feitas há décadas pelo mesmo avaliador, encontraremos referências contínuas do grande silêncio de fundo que um cabo testado causou. Como pode isso? Que tanto ruído de fundo tem seu sistema que a cada novo cabo a atenuação deste ruído é substancial mas ele nunca acaba? Eu não tenho qualquer ruído em meus sistema, seja de qualquer espécie. O pior é que tem quem acredita nestes milagres da inúmeras atenuações significativas de ruído e agradece o “serviço prestado”.
Pior do que este engodo é a tentativa de fazer o consumidor acreditar que poderá ajustar o seu sistema de som com cabos. Eu já desisti dessa idéia. Nenhum cabo até hoje inventado no mundo consegue “ajustar” um sistema, mesmo alguns cabos apresentando-se como “equalizadores passivos”. É impossível utilizá-los para corrigir todas as variações de qualquer espectro de frequência de áudio. Isso é remendo, e mal feito. Um dispositivo DSP pode custar muito menos e proporcionar resultados muito superiores, como o Anti-Mode já testado por nós.
Faço esta introdução apenas para alertar o leitor que as bobagens que o mercado cultivou ao longo dos últimos anos sobre o “poder mágico” dos cabos, devem agora dar lugar ao bom senso na escolha deste componente para o nosso sistema.
Um cabo honesto e bem construído, com componentes bastante comuns de mercado é perfeitamente capaz de cumprir o seu mais básico papel, o de conduzir com toda a eficiência qualquer sinal elétrico de áudio. Quem diz o contrário, precisa estudar um pouco mais do assunto e parar de confiar apenas em seus ouvidos, e tentar não ser tão “gentil” com terceiros interessados na boa divulgação de seus produtos, seja comerciante ou fabricante.
Apresentação do Produto
O cabo de interconexão RCA DNM aqui testado por nós se encaixa perfeitamente na idéia que queríamos dar na introdução acima.
Não pense que este cabo vai corrigir problemas de outras partes de seu sistema, que vai “aumentar de forma sepulcral” o silêncio de fundo, ou que vai melhorar o equilíbrio tonal ou mostrar mais detalhes que o necessário.
Trata-se de um cabo honesto, que cumpre perfeitamente o seu papel, e é produzido por quem conhece do assunto e utiliza técnicas do mundo real (e não fantasiosas) para produzir os seus cabos.
Sua aparência lembra bastante o cabo de ligação de caixas acústicas do mesmo fabricante, também já testado aqui no Hi-Fi Planet e que nunca mais saiu do meu sistema pela suas ótimas qualidades.
Trata-se de um cabo de condutores sólidos, de cobre, montados em configuração de “fita”. Esta técnica foi desenvolvida pela DNM em 1984, e foi aprimorada e testada ao longo destes últimos 30 anos.
No site da DNM (www.dnm.co.uk) podemos encontrar uma ampla explicação dos conceitos científicos e de seus resultados no desenvolvimento destes cabos.
Os conectores utilizados pelo cabo DNM são os conhecidos Eichmann Bullet, que particularmente aprecio muito pela forma de contato pontual que utilizam.
São conectores que fazem enorme sucesso entre os audiófilos, que muitas vezes compram seus cabos preferidos e trocam os conectores originais por este modelo.
Num primeiro momento, fiquei muito desconfiado dos resultados deste cabo em meu sistema, já que ele não utiliza a tradicional construção de “blindagem” por malha ou fita, nem o cancelamento de interferências pelo “trançado” dos condutores. Acreditei que sua rejeição contra interferências poderia ser um problema. Mas, os testes mostraram uma curiosa e diferente realidade.
Avaliação
Utilizei o cabo DNM em várias posições de meu sistema, entre o pré e o amplificador de potência, na saída do DAC, na saída do Anti-Mode e diretamente ligado na saída do player.
Em todas as experiências realizadas o cabo manteve o total silêncio de fundo característico do meu sistema, sem demonstrar qualquer problema de captação de interferências eletromagnéticas ou outros ruídos indesejados. Buscando “forçar” uma situação mais severa para este cabo, eu o enrolei em forma de uma bobina, passei ele junto de outros cabos (inclusive de força) e busquei outras condições sabidamente favoráveis para a captação de interferências, e em nenhum momento notei qualquer problema.
Sua neutralidade no sistema foi muito grande, sem causar qualquer perda de resolução ou qualquer outro efeito colateral. Já testei cabos famosos e muito caros que faziam o oposto, e na tentativa de mostrar mais do que deveriam, acabavam prejudicando o resultado sonoro.
Não vou dizer aqui que este cabo melhorou o equilíbrio tonal de meu sistema, que reduziu ruídos de fundo, que aumentou o detalhamento, ou ainda cair no erro de tentar valorizar este cabo desnecessariamente já que o meu sistema está perfeitamente equilibrado, e apresenta todas estas virtudes depois dos últimos ajustes que fiz nestes últimos anos. Portanto, a única obrigação deste cabo era de não prejudicar este resultado, e foi o que ele fez com bastante competência.
Como os nossos ouvidos podem facilmente nos enganar, até porque não são instrumentos precisos, analisei o comportamento do cabo em todo o espectro de frequências utilizando o XTZ Room Analyzer e também as ferramentas de teste do Anti-Mode Dual Core.
Realmente o cabo DNM apresentou um resultado livre de comportamentos indesejados, que é o que espero de um componente que tem como único papel e obrigação apenas conduzir os sinais elétricos de áudio com precisão, sem alterar as suas características de funcionamento através da inclusão de capacitâncias, indutâncias ou resistências que não interessam nem um pouco nesta sua simples mas importante função.
Já testei inúmeros cabos, modelos caríssimos, feitos com tecnologia para uso em naves espaciais, com condutores “especiais”, formatos dos mais bizarros possíveis, com plugs de “alta precisão” ou banhado por todo tipo de metal nobre, e posso afirmar categoricamente que quase sempre não oferecem nada demais, e em muitos casos, até decepcionam.
O cabo DNM aqui testado é capaz de oferecer tudo o que um sistema de áudio hi-end necessita, desde a mais simples até a mais sofisticada configuração independente de preços, e recomendo este cabo sem receio de errar.
Suas qualidades são muito parecidas com os cabos de caixa do mesmo fabricante e que testamos aqui.
Como não preciso me preocupar em causar qualquer mal-estar com qualquer anunciante ou patrocinador, já que o Hi-Fi Planet não permite esse tipo de interferência, posso recomendar este cabo para qualquer um que busque um cabo correto, bem construído, e com todas as qualidades desejada de um bom cabo de interconexão de áudio. Não importa se você pode gastar 1 mil, 5 mil ou 10 mil dólares num cabo. O cabo DNM fará o mesmo ou muito mais pelo seu sistema que qualquer outro cabo mais “chique” ou hipervalorizado pelo mercado.
Pontos Fortes
– Neutralidade absoluta, não provocando qualquer alteração do sinal
– Por conta de sua neutralidade, conduz o sinal elétrico sem interferências, eliminando o “fator cabo” no correto ajuste posterior do sistema
– Preço muito abaixo de outros cabos “famosos” que mais atrapalham os resultados do que ajudam
– Utilização de um excelente conector bastante apreciado pelo mercado de áudio de qualidade
Pontos Fracos
– Nenhum. Repetindo o que já disse em outra oportunidade, este cabo pode apenas desagradar aqueles que adoram aparências esotéricas, e apreciam caixinhas de madeira nobre com veludo vermelho, como se estivessem adquirindo uma jóia rara.
Recomendado
Pelo seu preço e suas qualidades, pode ser utilizado em sistemas de Home Theater de bom nível, instalações hi-end do menor ao mais elevado nível, onde cabos de boa qualidade podem ter os seus benefícios percebidos.
Um produto indicado para todas as instalações de qualidade, como raramente estamos acostumados a ver.
Conclusão
Um excelente cabo recomendado para qualquer sistema sério, independente de preço, superando ou mantendo-se no mesmo nível de cabos muito mais caros.
É bom saber que hoje, com US$ 500,00 podemos equipar um bom sistema de áudio, mesmo o mais exigente, com um excelente cabo de caixas (DNM Resolution) e mais um cabo de interconexão como este testado, sem receio de errar na escolha, e podendo finalmente fugir das armadilhas dos cabos caríssimos que hoje infestam o mercado hi-end audiófilo.
Avaliação Final
Produto de desempenho excepcional e preço honesto.
Preço
US$ 200 / 1 metro com conectores Eichmann Bullet
Distribuidor no Brasil
Sound Stage High End Audio
soundadv@terra.com.br
moyses@soundstage.com.br
Tel: (61) 3225 3229
www.soundstage.com.br
Fotos exclusivas do Hi-Fi Planet
Fotos originais do cabo testado, sem manipulações ou reprodução imprecisa de cópias encontradas na internet.
Sempre admirei o design dos conectores Eichmann, o famoso artesão brasileiro Paulo Ramos o utilizava alguns anos atrás na produção de seus cabos, lembro-me bem porque tenho um e sempre o considerei top dos meus cabos rca, todavia, há um grande inconveniente em terminações do tipo “one pin” quando se usa condutores coaxias, pois vai contra a teoria eletromagnética convencional, gerando distorção na propagação do sinal, há um interessante artigo sobre isso escrito pelo Carlos Alberto Santos Camardella. Felizmente o cabo da DNM, por utilizar condutores rígidos paralelos, sua marca registrada, serve como uma luva nestes conectores, evitando a distorção do sinal, gostei muito da sugestão.