Apresentamos aqui uma avaliação (review) do amplificador integrado estéreo Accuphase E-600.
O que mais recebo hoje são broncas pela falta de atualização do site.
Confesso que até fico feliz em ver quantos leitores sentem falta de novidades em nosso site, e também de sentir a confiança que sentem no que publicamos.
Mas, infelizmente, as minhas atividades profissionais exigem muito mais de mim em alguns períodos, e aí a falta de tempo me impede de publicar as novidades.
Recentemente, busquei alguns nomes para me ajudar na atualização do Hi-Fi Planet, mas são pessoas ligadas diretamente ao mercado de áudio e que só aceitam participar se for para divulgar os seus produtos ou marcas.
Vou continuar fazendo o que posso, tentando simplificar um pouco os textos para aumentar a quantidade de assuntos tratados, mas não sei se vou conseguir fazer isso sem prejudicar a qualidade da informação. Se for para trocar qualidade por quantidade, sinto muito, mas aí não vai ter jeito mesmo.
Sobre o Accuphase E-600
Este é um daqueles produtos que quando chegam às minhas mãos me deixam muito feliz.
Trata-se de um “peso pesado” (em todos os sentidos) da indústria eletrônica, que carrega uma marca muito respeitada pelo mercado.
A Accuphase é uma empresa bastante séria e competente. Aqui não se valoriza uma tecnologia “XTR Super” apenas para criar a idéia de um diferencial sobre outra marca e muitas vezes levar o preço à irracionalidade.
O diferencial aqui fica por conta da competência do fabricante em produzir produtos de excelente qualidade, com componentes bem selecionados (nada de “audiophile series” ou outras bobagens do ramo), usando as técnicas convencionais de forma inteligente, criativa e séria.
A Accuphase é uma empresa japonesa, e quem quiser associar a competência dos japoneses com suas respeitadas marcas de carros, pode fazê-lo sem medo.
Assim como os automóveis e utilitários japoneses (que nada têm a ver com o lixo que vem sendo produzido por outros fabricantes de veículos em nosso território), os equipamentos Accuphase são muito bem construídos, com uma precisão de montagem típica de nossos amigos orientais, com muita robustez e durabilidade que colocam os seus produtos em elevados patamares de confiabilidade.
Sempre comentei que os japoneses podem fabricar os melhores equipamentos de som hi-end do mundo, o problema é fazê-los investir nesse segmento. Competência não lhes falta.
O Accuphase é mais um claro exemplo dessa filosofia de qualidade japonesa.
Pesando quase 25kg, o gabinete deste equipamento é uma amostra de como fazer as coisas bem feitas.
Perdi um bom tempo para abrir as suas tampas laterais para descobrir que existia mais um conjunto de fechamento interno. Tudo fabricado em alumínio extrudado e chapas espessas de aço.
Todo o acabamento de montagem merece aplausos. Uma precisão que não vejo em muitos equipamentos mais “famosos”.
É possível reconhecer a qualidade de construção dos circuitos eletrônicos até sob o olhar mais leigo.
O Accuphase E-600 é o topo da linha de integrados da marca, e fornece 30 watts por canal em 8 ohms, ou o dobro em 4 ohms.
Não pense que isso é pouco. A força deste integrado impressiona quando o volume é exigido.
Muitos integrados podem fornecer mais potência, mas com a impressão de menos força sentida na intensidade sonora.
Não há qualquer vestígio de distorção em toda a faixa de potência, e os níveis de detalhamento e velocidade deste integrado são realmente impressionantes.
Mas, deixando a empolgação do teste um pouco de lado, vamos continuar com a apresentação do E-600.
O painel frontal é muito bonito, acompanhando a perfeição de construção de todo o conjunto.
Os dois medidores VU´s de barra dividem o espaço central com o indicador digital de volume, formando uma composição muito bonita e moderna.
Uma tampa abaixo destes mostradores pode ser aberta pelo acionar de um botão, suavemente e amortecida, dando acesso a controles como balanço, tonalidade (graves e agudos) entre outros.
A Accuphase não se rende aos apelos dos audiófilos “conservadores” que torcem o nariz ao ver controles de tonalidade em um equipamento.
O fabricante japonês acerta em cheio ao permitir que os usuários do equipamento possam fazer ajustes de tonalidade aos seus gostos pessoais ou às suas características de audição, provando, definitivamente, tratar-se de mais uma “lenda” o fato destes controles prejudicarem a “pureza sonora do hi-end”.
Mas, para quem assim o desejar, estes controles podem ser excluídos do circuito através de um interruptor específico, acionado neste mesmo compartimento.
Mas, para quem quiser ir mais longe, o E-600 ainda oferece uma opção para compensação de “loudness”.
O E-600 possui, ainda, saída para fones de ouvido, inclusive uma das melhores que já provei até hoje em amplificadores integrados.
Dois grandes botões giratórios servem para selecionar as entradas e controlar o volume.
Um controle remoto acompanha o equipamento, e oferece a mesma qualidade vista no integrado.
No painel traseiro encontramos entradas e saídas para as mais variadas necessidades, inclusive para gravador externo (acesso controlado pelo painel frontal).
As etapas de pré amplificação e de potência são independentes, permitindo maior versatilidade nas conexões.
Todas estas conexões estão disponíveis também em modo balanceado.
O cabo de força é destacável, permitindo o uso de cabos de todos os gostos, até daqueles que gostam de pagar uma pequena fortuna por um cabo que não acrescenta nenhum benefício real, mas que ele jura que percebeu (e acreditem… existem muitos cabos assim…).
Os plugs para conexão das caixas (saídas A e B) são um dos melhores que já vi até hoje. Bem espaçados, possuem um diâmetro bem avantajado, facilitando muito as operações de rosquear e desrosquear os cabos, permitindo inclusive o uso de cabos de grandes bitolas.
O cuidado do fabricante é tão grande que todas as conexões RCA e balanceadas possuem capas protetoras individuais.
Também no painel traseiro encontramos dois slots (compartimentos) para instalação de cartões opcionais, como pré de fono, DAC, etc. Porque nem todos os fabricantes fornecem essa opção?
Desta forma, fica fácil instalar opcionais e atualizar equipamentos.
Avaliação Auditiva
Recentemente, conversando com um editor internacional de uma revista especializada em áudio hi-end, ele me comentou que existia uma grande diferença entre “avaliação subjetiva” e “avaliação auditiva”, e que eu estava certo em diferenciar estas duas condições.
Segundo ele, a avaliação subjetiva, como o próprio nome diz, é algo que se refere unicamente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas com as mesmas características de percepção auditiva.
Ou seja, “o que eu ouço não é o que você ouve”. A subjetividade abrange as nossas variações perceptivas e o nosso gosto. Por essa razão, encontramos com frequência opiniões distintas de avaliadores sobre um mesmo produto, onde um afirma que “faltam agudos” e o outro diz que “sobram agudos”, por exemplo.
Isso faz sentido, até porque já restou comprovado que ouvimos de forma diferente.
Já a avaliação auditiva é um retrato fiel daquilo que ouvimos, e não pode jamais fugir desse campo.
Mas, como fazer isso? Como afastar a subjetividade de nossa percepção pessoal?
Antes de iniciar este teste, configurei o meu sistema para as minhas condições pessoais auditivas, e também de forma a ajustar as variações provocadas pelos equipamentos, sala, elétrica, etc.
Desta forma, pude me colocar numa condição de total isenção quanto a fatores que pudessem (e realmente o fazem) interferir na forma como ouço.
Acredito que assim consegui uma avaliação auditiva com o sentido mais fiel da expressão.
O integrado foi instalado numa bancada móvel auxiliar na própria sala de audição.
Como eu já disse antes, o nível geral de qualidade do som deste integrado é muito elevado, com graves muito controlados, agudos perfeitos e médios também precisos. E isso em minhas caixas, que são bastante exigentes e apontam tudo o que está errado.
A velocidade deste integrado também é referência. O som tem “força”, presença e é sempre oferecido com muita nitidez e fidelidade.
A separação entre canais é perfeita, e o ruído de fundo totalmente inaudível em uso normal.
Coloquei muitos discos de teste, a maioria em alta-definição, pois considero um grande erro avaliar um equipamento com CDs comuns. Diante das próprias limitações deste formato, não podemos traçar uma conclusão precisa ou poder avaliar todo o desempenho do equipamento em uma faixa mais ampla do espectro sonoro. Mesmo a dinâmica fica muito comprometida com a utilização dos CDs convencionais.
Reproduzi o CD Come Away With Me, de Norah Jones, e o resultado foi bem distante daquele onde usei o SACD da mesma gravação. Definitivamente, o CD não acompanhou a evolução dos equipamentos e não se presta mais para realizar uma avaliação mais criteriosa de um equipamento de áudio de alto nível. Alguns avaliadores da publicação americana The Absolute Sound e da inglesa Hi-Fi Choice já abandonaram seus CDs de teste.
As vozes neste integrado se apresentam muito naturais, precisas e sem qualquer distorção. Alguns discos de percussão que utilizo nos testes chegaram a confundir alguns parentes que chegaram em casa durante o período de “amaciamento” do integrado, fazendo-os crer que havia uma bateria real tocando em minha sala.
Um bom amplificador, do nível deste, consegue fazer com que as minhas caixas forneçam uma “batida” seca e precisa, coisa que jamais ouvi em outra caixa, mesmo custando muito mais caro.
Resultado, talvez, das soluções que apliquei na construção destas caixas, que não são comuns nas caixas comerciais, que no máximo adotam uma ou outra solução.
Mas, tenho certeza que este amplificador não fará feio com as caixas certas.
Fossem vozes, solos de bateria, grandes massas orquestrais ou qualquer outro gênero, o E-600 sempre se saiu muito bem, mostrando que os japoneses não sabem fazer somente carros… TVs…. máquinas fotográficas… projetores… etc…
Este é o amplificador que você compra para compor um sistema do mais alto nível, e não se preocupa com a concorrência e com os novos lançamentos por muitos e muitos anos.
Accuphase é um investimento seguro. A marca mantém preço, é de fácil comercialização e tem uma procura muito grande também entre os usados, justamente pela sua confiabilidade e durabilidade.
Pontos Fortes
- Alta fidelidade sonora e precisão em toda faixa de frequências
- Ruído de fundo imperceptível
- Velocidade e controle de graves
- Excelente detalhamento
- Versatilidade de conexões e ajustes
- Construção
- Confiabilidade
- Valorização da marca
Pontos Fracos
- Eu bem que procurei…
Conclusão
O Accuphase E-600 é aquele tipo de equipamento que você pode indicar para qualquer amigo, pois ele nunca vai reclamar de sua recomendação ou perder a amizade com você.
Construção de elevada qualidade, desempenho de alta fidelidade, versatilidade, respeito da marca e valorização fazem deste integrado a escolha perfeita para quem busca um integrado de elevado nível hi-end para usá-lo por muitos anos, ou para quem quer sair de um conjunto pré+power e ter o melhor dos dois mundos, ainda sem perder a versatilidade das etapas separadas.
Um excelente equipamento que eu mesmo teria por muitos anos sem qualquer restrição.
Avaliação Final
Preço
R$ 28.500,00
Links
Fabricante: www.accuphase.com
Review da High-Fidelity: www.highfidelity.pl
Apresentação do produto: www.accuphase.com
Especificações Técnicas:
Potência de saída (RMS): 150 W/1 ? | 120 W/2 ? | 60 W/4 ? | 30 W/8 ?
Distorção Harmônica Total (ambos canais operando simultaneamente, 20 – 20,000 Hz): 0.05% para 2 ? / 0.03% para 4-16 ?
Distorção por intermodulação: 0.01%
Resposta de frequência (Entradas de alto nível ou de potência): 20 – 20,000 Hz (+0/-0.5 dB) ; 3 – 150,000 Hz (+0/-3.0 dB) a 1 W de saída
Fator de amortecimento: 500 (8 ?)
Controles de tonalidade: Graves: 300 Hz/10 dB (50 Hz) |Agudos: 3 kHz/10 dB (20 kHz)
Compensação de loudness: +6 dB (100 Hz)
Relação sinal/ruído (A ponderado): Entrada de alto nível: 101 dB | Entrada de potência: 117 dB
Consumo de potência: 49 W em repouso | 245 W máximo
Dimensões: 465 x 191 x 428 mm
Peso: 24.7 kg líquido – 32 kg com embalagem
Fotos do Hi-Fi Planet
Algumas fotos foram introduzidas ao longo do texto, como sugestão de alguns leitores para melhor visualização do que é mencionado.
As fotos não ficaram boas devido à precariedade do equipamento fotográfico disponível (que está sendo substituído).
De qualquer forma, apresentamos ao final fotos comerciais do produto para melhor apreciação. Porém, as fotos realizadas em nosso teste são importantes para confirmar a realização do mesmo, e não sugerir mera matéria paga a serviço do comerciante, onde muitas vezes o equipamento sequer jamais saiu das prateleiras do fornecedor.
Fotos Comerciais
Bom dia, Eduardo
Faz muito tempo que aguardo um review como esse. Sou proprietário do modelo anterior deste integrado (E-560) e definitivamente considero este integrado, que é semelhante ao E600 em termos de especificações, uma aquisição muito acertada para o meu sistema. Eu já flertei com equipamentos mais caros (ex.: integrado Dan D’agostino Momentum), mas não tenho coragem de me desfazer do meu Accuphase. Eu o adquiri em um momento em que tinha uma sala pequena para o meu sistema. Mesmo agora, que estou em uma sala maior, não vejo motivos para me desfazer dele e adquirir um pré e amplificadores monoblocos, por exemplo. Ele tem dado conta de me atender em um espaço maior com tranquilidade. A placa DAC-30, que adquiri e instalei em um dos slots disponíveis, trabalha magnificamente com meu servidos de músicas Meridian MC200 com o uso de apenas um cabo coaxial para conexão. Não sinto necessidade de investir mais nada no que se refere à som estéreo. Embora esteja atento a oportunidades no mercado, não vejo outro produto que me sirva melhor no momento. Gostaria de saber se o E600 é o melhor integrado que você já testou e se ele, de fato, pode fazer frente a conjuntos pré/power que, teoricamente, poderiam trazer um resultado melhor.
Muito obrigado por mais esse belíssimo texto.
Abraços,
Renato
Eduardo, bom dia. Como sempre, um texto correto, com as informações necessárias a quem lê um artigo sobre um determinado produto.
Fiz um comparativo com uma avaliação da edição eletrônica da CAVI, de julho, feita pelo seu editor. Ele analisa um amplificador integrado AAVIK U-300, que custa R$ 195.000,00 e que ele qualifica como um dos 5 melhores amplificadores em todos os tempos que já analisou e o melhor amplificador classe D. Logo depois, porém, ele escreve:”O Aavik veio totalmente amaciado da Som Maior, o que facilitou
enormemente o nosso trabalho. Foi instalar, fazer nossas primeiras
audições e deixar ele por vinte e quatro horas estabilizando temperatura
e o stress mecânico do cabo de força. Aliás uma dica para
todos os felizardos que vierem a possuir essa preciosidade: ouçam
com o cabo da Ansuz Acoustic, modelo Mainz 2.0. Sua melhora de
performance com esse cabo em relação ao que vem de fábrica foi
absurda!”. Como pode um amplificador que custa esse preço precisar de um cabo (que, pela propaganda da mesma revista, é do mesmo grupo) para melhorar sua performance? Claro que aí está uma propaganda embutida do cabo, para poder faturar mais na revenda dele.
E no editorial da revista, ele escreve: “Por que alguns de nós ARREPIAMOS quando escutamos música?”. Impressionante como não faz revisão de texto. Em primeiro lugar o por que está sem acento (correto= por quê) e o mais grave: o verbo arrepiar tem de ficar no singular: alguns de nós arrepiam. Certo, dr. Eduardo?
Como foi dito no comentário de outro leitor, não há porquê ler essa revista, mesmo que seja gratuita.