Orientação de compras

Como errar menos na hora de comprar.

Eduardo Martins

A contínua evolução tecnológica foi capaz de trazer para a nossa casa a sensação de estar num cinema. Este sistema, formado por reprodutor de DVD, receiver, televisor de tela grande ou projetor, tela e caixas acústicas ficou conhecido como “Home Theater”.

A idéia é trazermos para a nossa sala uma imagem de impacto, de boa definição, e um som envolvente, surgindo de todas as direções, tal como ocorre num cinema.

Mas, para montar um home theater, é preciso alguns cuidados. Saber exatamente o que se pretende e ir as comprar sabendo o que se procura.

Muitas lojas não possuem vendedores preparados para conhecer as necessidades de seus clientes, e uma orientação inadequada pode ser motivo de muita frustração, e de muito dinheiro gasto desnecessariamente.

É preciso lembrar também que, como quase tudo que compramos, o preço está relacionado diretamente com a qualidade e o resultado final. Definir o quanto se quer gastar é muito importante para ajudar na escolha.

Para auxiliá-lo na sua escolha, e deixá-lo mais preparado para encarar as lojas, elaboramos este guia básico sobre um sistema de home theater, suas características e principais componentes.

1. Componentes de um Home Theater

O reprodutor de DVD foi um grande salto de qualidade em relação ao vídeo-cassete. Melhor imagem, melhor som, maior facilidade de utilização, maior durabilidade da gravação, baixa manutenção do equipamento, maior capacidade do disco com preservação da qualidade do material gravado, e inúmeras outras vantagens.

É possível ter um resultado bem interessante com um reprodutor de DVD, também chamado de DVD player, aparelho de DVD, ou tão somente DVD e um televisor de, no mínimo, 29 polegadas. O tamanho do televisor vai depender muito da distância que o espectador ficará dele. Distâncias maiores, telas maiores. Boa parte dos aparelhos de DVD e de alguns televisores é capaz de reproduzir o som com alguma simulação de ambiência, ou, como costumamos chamar, som envolvente.

Mas, é com um sistema pronto de home theater, também chamado de home theater in-a-box, que se começa a explorar as qualidades mais importantes de um bom sistema, que pode ter ainda um receiver multicanal, um projetor e tela, um bom sistema de caixas acústicas e outros acessórios que aumentarão ainda mais a sensação de ter um cinema em casa.

Portanto, para quem quer começar, um TV de no mínimo 29 “e um DVD player ou um sistema in-a-box (que não inclui o TV) pode ser a solução mais econômica. Mas, quando se pode gastar um pouco mais, um DVD player ligado a um receiver , com um bom conjunto de caixas acústicas e televisores de telas maiores ou mesmo um projetor e uma tela, proporcionarão os melhores resultados.

O primeiro, entre o conjunto pronto mais o televisor, pode-se gastar algo perto de R$ 2.500,00 nos sistemas mais simples. A segunda alternativa pode custar a partir de R$ 5.000,00, considerando um receiver, uma TV de 34″, um aparelho de DVD e um conjunto básico de caixas. (veja no quadro 1 um exemplo para as duas configurações tomando como base uma sala de dimensões médias)

2. O Televisor

Basicamente é para ele que ficamos olhando o tempo todo, ou melhor, para a imagem formada por ele. Quanto melhor a qualidade da imagem, mais agradável será olhar pra ela. Quanto maior a imagem, maior o impacto, o detalhe das cenas e o envolvimento que irá proporcionar. Mas, o tamanho ideal é bem definido pelo maior tamanho admissível para uma determinada distância. Em média, costuma-se determinar o tamanho da tela (medido em polegadas na diagonal) em função da distância pela seguinte tabela:

Distância do espectador à TV (em metros) x Tamanho da tela do TV (em polegadas)
2 m………….29″
2,5 m……….34″
3 m………….38″
3,5 m……… 43″
4 m …………53″
5 m………… 65″

Assim, por exemplo, se a distância dos olhos do espectador sentado em relação ao TV for de 3 metros, o televisor mais indicado será o de 38 “. Telas menores que essa diminuirá a imagem e as sensações proporcionadas por uma tela grande. Telas maiores poderão evidenciar os pontos de formação da imagem, e causar algum desconforto visual, levando ao que se conhece como fadiga visual, que é a sensação de incômodo que surge após algum tempo assistindo ao TV.

Ainda, quanto ao televisor, ele pode ter o formato de tela convencional ou ser do tipo wide screen, pode ser de tela totalmente plana ou levemente curvada (convencional), pode ser compatível com HDTV, ou ainda ser do tipo de projeção, de plasma, LCD, etc. Para maiores detalhes sobre os tipos de TV existentes, veja o artigo sobre Tipos de TV.

3. O reprodutor de DVD

Ele é o aparelho capaz de reproduzir os discos de DVD, com as gravações de filmes, shows, documentários, etc.

A princípio, qualquer DVD player é capaz de executar essa função. As diferenças maiores ficam por conta dos recursos apresentados, muitos deles pouco utilizados pelo usuário médio.

A qualidade do aparelho é importante. Alguns aparelhos são muito sensíveis a poeira depositada na superfície do disco, marcas de dedo e outras imperfeições, e até mesmo à qualidade da gravação. Alguns aparelhos podem travar durante a reprodução ou apresentar falhas na imagem. Procure se informar a respeito dos aparelhos vendidos e de sua qualidade. O mercado tem sido invadido por marcas de baixo custo, desconhecidas, e muitas não apresentam um bom funcionamento ou não são muito duráveis.

Muitas discussões sobre a qualidade dos aparelhos podem ser encontradas na Internet ( www.reclameaqui.net ).

Entre os recursos que podem ser encontrados num DVD player, as mais importantes são descritas a seguir, para melhor orientação:

– Progressive Scan: Possibilita uma melhor qualidade de imagem, mas necessita de um televisor também compatível com o sistema progressivo.

– Compatibilidade com SACD / DVD Áudio: Estes dois formatos de gravação musical multicanal ou estéreo estão tentando estabelecer um novo padrão de gravação de áudio. São direcionados para música, não tendo nenhuma vantagem para a reprodução de filmes.

– Compatibilidade com VCD e SVCD: São padrões de reprodução de gravações de imagem. Muito pouco utilizado nas gravações comerciais.

– MP3: Para quem gosta de ouvir música nesse formato. É um sistema de gravação capaz de colocar um grande número de músicas num único CD. O DVD player nesse caso é capaz de reproduzir este CD. Não interfere em filmes.

– Saída Vídeo Componente ou S-Video: Praticamente encontradas em quase todos os aparelhos permite uma qualidade melhor da imagem. O TV também deve ter uma entrada específica para Vídeo Componente ou S-Video. O Vídeo Componente proporciona uma pequena vantagem de qualidade de imagem sobre o S-Video.

– Processador DD/DTS: Apresenta saídas específicas para cada canal de áudio multi canal. Para aproveitamento dessas saídas seria necessário acrescentar um amplificador multicanal ao sistema. Normalmente utiliza-se a saída digital do DVD ligado no receiver, que por sua vez executará essa função.

– Saída Digitam Ótica ou Coaxial: Importante para ligar o DVD num receiver.

– Karaokê: Permite alguns recursos para quem gosta de cantar acompanhado de música.

Para maiores informações sobre DVD player, leia o artigo DVD Players .

4. O Receiver

O receiver é um componente muito importante de uma configuração mais completa de Home Theater.

É ele quem recebe um sinal digital do DVD player e o converte e amplifica para todas as caixas do sistema multicanal. Permite controlar todo o sistema de forma mais completa e precisa.

Acompanhado por um bom sistema de caixas acústicas é capaz de proporcionar a verdadeira sensação de um bom envolvimento do som.

O receiver pode ter inúmeros recursos, e boa parte deles pode ser conhecida no artigo Receivers .

Como ele também funciona como um amplificador, sua escolha implicará na potência a ser utilizada na sala, e depende do tamanho da sala para ser definida. Um bom receiver, com potência entre 70 e 100Watts é suficiente para uma sala comum. Salas grandes exigem potências maiores, salas pequenas não necessitam de tanta potência. A potência necessária também está relacionada à sensibilidade das caixas, e pode ser maior ou menor em função delas. Veja em Calculando a Potência Necessária mais detalhes sobre o assunto.

Dependendo da exigência, um receiver pode apresentar uma melhor qualidade de áudio, sentida no detalhamento do som e em outras características. A qualidade de som de um receiver está muito relacionada à sua marca e preço. Receiver como Harman Kardon, Marantz, Denon, Onkyo entre outros, são conhecidos pela alta qualidade de seus circuitos internos de áudio. Essa qualidade também determina muito o peso do receiver. Em geral, receivers mais pesados possuem fontes de alimentação interna mais bem elaboradas e capazes de proporcionar maior qualidade de áudio com maior corrente de saída.

É importante observar num receiver se ele dispõe de todas as entradas e saídas necessárias para a instalação desejada. Como ele pode receber um reprodutor dedicado de CD (dedicado pois o DVD também pode tocar CD’s), um toca discos de vinil, e outros aparelhos, é importante verificar se dispõe de todas as entradas necessárias. Assim como se for ligado um TV, um projetor, caixas acústicas para um segundo ambiente, ou outro componente qualquer, é conveniente verificar se ele dispõe das saídas necessárias.

O número de canais a ser reproduzido também é definido pelo receiver. Sistemas 6.1 ou 7.1 canais não são encontrados em todos os modelos.

5. As Caixas Acústicas

As caixas acústicas num sistema multicanal devem ser escolhidas com bastante critério.

A sensibilidade das caixas junto com a potência do receiver determina o volume máximo de som a ser obtido numa sala, e deve ser compatível com o receiver e o tamanho da sala. Veja mais detalhes sobre esse assunto em Calculando a Potência Necessária .

As caixas devem ser preferencialmente do mesmo fabricante, para manter o mesmo timbre sonoro entre os canais. Caso contrário a diferença poderá ser bem perceptível durante a reprodução de um filme, por exemplo.

A quantidade de caixas dependerá do sistema a ser montado. O mais comum é o de 5.1 canais, já suficiente para a obtenção de um bom envolvimento (surround), e também mais recomendado para uma sala de tamanho convencional. Mas existem configurações de 6.1 ou 7.1 canais (recomendado para salas a partir de 20m2 de área). O número antes do ponto indica a quantidade de canais (ou caixas) para diálogo, sons e ambiência, e o número depois do ponto representa a utilização de uma caixa de subwoofer, utilizada para reprodução de sinais de freqüência muito baixa, os graves. O subwoofer ativo já utiliza um amplificado interno, além de outros recursos para ajustar melhor o som. Normalmente o receiver não possui essa saída amplificada.

Caixas acústicas também apresentam variações de qualidade de som, e devem ser escolhidas conforme a exigência de fidelidade sonora. Para a reprodução perfeita de shows, música e mesmo filmes devem ser utilizadas caixas de bom padrão de qualidade. Os mais exigentes encontrarão no mercado excelentes marcas como B&W, Tannoy, Paradigm, Dynaudio, etc, capazes de reproduzir os sons com muita fidelidade.

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