Avaliação pessoal do player de Blu-Ray fabricado pela Oppo Digital
Desde o lançamento dos primeiros players de blu-ray tenho aconselhado os consumidores a aguardarem o amadurecimento da tecnologia.
Muitos modelos dos mais diversos fabricantes foram continuamente lançados ao longo do tempo, e o aprimoramento desses aparelhos foi inevitável.
Os mais “apressados” acabaram comprando aparelhos instáveis, obsoletos ou com uma qualidade bem distante dos modelos atuais, e por preços bem superiores aos praticados hoje.
Bem, chegou o momento de adquirir o novo player de laser azul. A tecnologia foi bastante aprimorada, muitos recursos foram incorporados, os preços caíram significativamente, e já temos alguma disponibilidade de títulos gravados no mercado.
Dessa nova era de players modernos, acaba de sair do forno o BDP-83, da Oppo Digital, objeto desta avaliação.
Sobre a Oppo Digital
A Oppo chamou bastante a atenção do mercado nos últimos anos, ao lançar DVD players com boa qualidade de imagem, por preços razoáveis.
Trata-se de uma empresa que se considera focada na qualidade e no desempenho de seus produtos, desenvolvendo equipamentos para um mercado mais exigente.
Mas, não se iluda, apesar de sediada nos EUA, na Califórnia, seus players são fabricados na China.
Apesar de algumas restrições quanto à qualidade construtiva dos aparelhos, o sucesso de seus modelos em alguns mercados foi muito grande, agradando em cheio uma parcela de consumidores que buscavam boa qualidade de imagem sem pagar caro pelos modelos mais sofisticados.
Apesar disso, os aparelhos da Oppo nunca se firmaram na lista dos mais vendidos, e as razões disso são fáceis de entender. Adotando uma política bem restrita de distribuição de seus aparelhos, é muito difícil encontrá-los à venda nos grandes centros comerciais, já que a Oppo prioriza a venda direta através de seu site, deixando outras poucas alternativas além desta.
Outra razão é que o ganho proporcionado pela qualidade superior de imagem não é aproveitado na maioria dos casos, já que instalações convencionais de vídeo não conseguem destacar as vantagens oferecidas pelos seus aparelhos, e nestas condições outros modelos bem mais baratos, encontrados por até 1/4 do preço de um Oppo, podem atender satisfatoriamente estas necessidades.
Além disso, os consumidores não parecem tão exigentes com a absoluta qualidade de imagem, mesmo nas instalações mais sofisticadas, deixando esse preciosismo para os mais detalhistas. A verdade é que a maioria dos bons players já é capaz de proporcionar uma boa imagem para a maioria das necessidades, e as diferenças acabam sendo pequenas.
E, como última razão, estava a qualidade construtiva dos aparelhos. No mercado europeu os modelos da Oppo não tiveram o mesmo destaque que em outras regiões, e a preferência por equipamentos de construção mais robusta ou esmerada, de nível verdadeiramente hi-end, afastou o interesse pelos modelos da Oppo.
Por estas razões de mercado, de forma bem coerente, a What Hi-Fi, uma publicação inglesa bastante séria, não se rendeu aos modismos, e classificou o DVD player Oppo DV-983H com apenas 3 estrelas, mostrando que o fabricante já começava a se distanciar do que exigia o mercado.
Isso é raro, já que a maioria das publicações, com receio de perder patrocinadores, anunciantes e não ter mais acesso a equipamentos para testes, normalmente age com bastante “gentileza”. Mas, não é o caso desta publicação, que por vezes não recomenda a compra de equipamentos de marcas muito poderosas.
Podemos posicionar os aparelhos da Oppo numa faixa intermediária entre os players mais simples e os modelos hi-end, considerando alguns fatores que serão conhecidos nesta avaliação.
Mantenho hoje para reprodução de DVD um Marantz DV7001, e a diferença da qualidade construtiva para o DV-981HD da Oppo (outro modelo que preservo) é patente, com a qualidade de imagem pouco se distanciando em uso normal, e com uma vantagem de áudio para o Marantz bastante perceptível.
Mas, isso será discutido também adiante.
Algumas considerações iniciais
Como acontece hoje na fotografia, um outro hobby que divido igualmente com o áudio e o vídeo, algumas vezes um teste (ou review) acaba se aprofundando demais em detalhes técnicos ou questões muitas vezes pouco práticas.
É comum vermos avaliações de máquinas fotográficas DSLR (profissionais de maior qualidade) onde os avaliadores ampliam as imagens muito além do necessário para comparar um detalhe com pouco significado prático, e acaba apontando como superior a câmera que se sobressaiu naquele detalhe. Isso ocorre muito na avaliação do ruído ou da nitidez. Na verdade, na prática, as máquinas acabam se equivalendo, e fatores mais importantes como velocidade de foco, ergonomia, fidelidade de cores e outros acabam prejudicados por esta análise. São poucos os consumidores que irão ampliar a foto em tamanho tão grande para observar aquelas desvantagens, e na aplicação mais comum os resultados acabam prejudicados pelo obtido numa aplicação muito mais específica.
No universo do áudio e vídeo isso acontece muito freqüentemente. Revistas e sites que se consideram profundamente “especializados” acabam realizando avaliações tão minuciosas, e dando ênfase a características tão específicas, que acabam, como disse recentemente um experiente avaliador, observando os detalhes de uma formiga e não repara no elefante que está logo do lado.
A regra de que se o detalhe for bom o restante também será, não é totalmente verdadeira. Como na fotografia, podemos ter um grande detalhamento de imagem, proporcionado por uma câmera de 10 Megapixels, mas com um resultado inferior ao de outra com apenas 6Mp. E acredite, isso é muito comum.
Recentemente a What Hi-Fi, realizou um teste comparativo cego (os equipamentos utilizados não eram conhecidos pelos participantes) com um modelo bastante popular de blu-ray player e um DVD comum com escalonamento para 1080p, de boa qualidade. Apesar de inúmeros “entendidos” afirmarem, sem ressalvas, que um escalonamento nunca terá o mesmo resultado de 1080 linhas nativas (concordo apenas parcialmente com isso), o resultado do teste mostrou que a diferença não foi percebida pelos avaliadores, e muitos igualaram as suas impressões sobre os dois aparelhos testados.
Assim, é preciso ter bastante cuidado com essas avaliações, sob o risco de usá-las como referência para a aquisição de um player que na prática não vai apresentar resultado melhor do que outro muitas vezes mais acessível.
Outro detalhe a ser lembrado é que existe muito fanatismo por marcas, e alguns consumidores defendem as suas preferidas como um torcedor de futebol defende seu time do coração. Como a tecnologia hoje está num patamar bastante elevado de evolução, e disponível para todos os fabricantes, é preciso desconfiar daquele que elogia sempre uma única marca.
Isso também acontece com sites e revistas, que também somam o interesse comercial dos seus anunciantes (muitas vezes até sócios), e acabam sutilmente (outras vezes nem isso) criando opiniões tendenciosas sobre produtos de algumas marcas.
Nesse ponto, basicamente, o Hi-Fi Planet se destaca, por não ter qualquer interesse comercial, preferências subjetivas por marcas, ou por não permitir a participação de pessoas com estas características, muito menos criando participantes “fantasmas” para esta finalidade, como recentemente ocorreu com um site nos EUA, que apesar de anunciar ter mais de 100 mil “leitores”, num evento exclusivo numa das maiores cidades americanas contou com a presença de apenas pouco mais de 400 visitantes, o que despertou suspeitas (óbvias), e deixou os anunciantes e os usuários bastante irritados.
Todo veículo de comunicação, sejam sites, revistas, jornais, programas de TV ou rádio, ou qualquer outro, deve ser sempre recebido com bastante cautela.
Outro ponto importante é que nossos testes realmente acontecem, e podem ser comprovados a qualquer momento. Nenhuma informação é publicada no Hi-Fi Planet sem deixar comprovações de sua fidelidade à disposição dos interessados.
Em muitos casos, testes que nunca ocorreram são publicados, usando até mesmo (e de forma absurda) fotos fornecidas pelos fabricantes ou manipuladas em computador.
Como última observação, lembramos que nosso teste é feito em condição real, voltado ao resultado prático, e por isso feito em condições um pouco mais variadas. Comparativamente, não adianta testar uma Ferrari no autódromo de Interlagos e dizer que é o carro que todos devem ter, e o incauto fazendeiro de uma cidade afastada descobrir que o carro não consegue vencer o barro de suas terras, quando um 4×4 o faria com bastante sucesso.
Cada equipamento tem o seu público certo, e não se pode esperar que um único modelo possa atender a qualquer necessidade. Nessa linha, mais inconveniente ainda seria pontuar um equipamento, lembrando que a pontuação recebida resiste ao tempo, desatualizando-se na prática, mas não aos olhos.
É comum ver pessoas apontando avaliações de equipamentos com classificação 5 estrelas, ouro, classe A, etc., mas que ocorreram há muitos anos, tornando-o totalmente defasado em relação ao progresso tecnológico que avança muito rápido.
Há tempos abandonamos a pontuação qualitativa, e adotamos uma linha mais ampla de avaliação, conforme explicado aqui
Estamos procurando testar os equipamentos em salas variadas, pois de nada serve um teste feito numa sala perfeita se na prática mais de 99% das salas são comuns, sem os cuidados de uma sala de teste. E acredite, os resultados podem variar bastante.
Outra questão é que qualquer um que publique um teste está sujeito a críticas. Normalmente as mais duras são frutos de fanatismos de marcas, como anteriormente citado. Outras vêm de experiências individuais que não se identificam com as de outros. Mesmo isso sendo até um certo ponto natural, o mercado precisa entender que estas impressões individuais são naturais.
Sistemas variam, e assim uma diferença notável que alguém percebe (ou não percebe) pode ser em função destas caracerísticas, e nem sempre perceber um grande ganho com um equipamento significa que ele e melhor, mas que tão somente ele pode ter se identificado melhor com aquele sistema. Veremos, também, para surpresa de muitos, que existem variações de resultados para um mesmo equipamento, o que é bastante natural para quem conhece um pouco de eletrônica.
Trataremos disso ao final, mas o fato de vermos críticas duras em relações às opiniões e experiências diferentes nos desaponta, pois demonstra claramente a falta de conhecimento de quem critica ou de algum outro interesse que varia de “defesa” de sua marca preferida a motivos puramente comerciais (em muitos casos).
Depois dessa oportuna introdução, vamos ao teste.
Aquisição do equipamento, embalagem e manual
O BDP-83 foi adquirido direto da Oppo, importado regularmente pela minha empresa que atua na área industrial, sem qualquer ligação com os segmentos de áudio e vídeo (para a minha sorte).
Foram adquiridas duas unidades (o que foi ótimo para constatarmos algo bem curioso durante os testes) com a finalidade de compor meu sistema principal e outro secundário, hoje tendo como fontes de vídeo um DVD player Marantz DV7001 (US$ 931.99 na Amazon), um Oppo DV-981HD , um Sony DVP-NS708HP e um Pioneer BDP-51FD (blu-ray – US$ 299.95 na Amazon).
O envio dos aparelhos foi bastante rápido, e a liberação ocorreu regularmente.
A embalagem utilizada se mostrou bastante adequada, como pode ser visto na foto abaixo. Os aparelhos vieram com suas caixas individuais dentro de outra caixa maior, perfeitamente acomodados.
Dentro das embalagens individuais, os equipamentos estavam bem acondicionados. Os acessórios ficam reservados em uma outra embalagem e o player acondicionado numa sacola de tecido sintético.
O manual é adequado ao aparelho, não se aprofundando em alguns detalhes de ordem técnica e abrangendo todas as características do equipamento de forma relativamente correta. Algumas funções não são bem explicadas, e poderiam ser mais detalhadas. No geral, supera muitos manuais oferecidos por alguns fabricantes que parecem achar isso supérfluo.
Primeiras impressões dos componentes
O controle remoto é bonito, tem boa pegada e, finalmente, possui iluminação. A distribuição de teclas é adequada, apenas me parecendo um pouco frágil de forma geral.
O cabo triplo RCA fornecido, que pode ser aproveitado tanto para vídeo composto mais áudio estéreo, ou como ligação de videocomponente, pode ser perfeitamente descartado, pois possui qualidade bastante inferior.
O cabo HDMI, que também acompanha o aparelho, possui aproximadamente 1,90m, e é fabricado pela Copartner. Não recomendo a utilização deste cabo. O ideal é trocá-lo por um cabo de melhor qualidade. Eu recomendaria os cabos da QED, Clearer Audio ou Van Den Hul, infelizmente importados (por conta da incompetência e da ganância do mercado, esses cabos acabam chegando muito caros aqui nas lojas “oficiais”).
Porém, quem preferir, pode utilizá-lo, apenas sabendo que existem opções mais interessantes.
O cabo de força é bem construído, mas também recomendo cabos melhores, entre eles Chord, Clearer Audio, Russ Andrews, o nacional By Knirsch AC-15 ou os cabos Maxxum (todos utilizados nos testes).
Bem, vamos ao aparelho…
A construção do BDP-83 é bonita. Não apresenta o mesmo visual atrativo do Pionner, nem a qualidade do Marantz, mas melhorou em relação aos modelos anteriores. O painel é revestido parcialmente de alumínio anodizado preto (não é uma chapa maciça como no Marantz), contrastando com a gaveta de plástico e os botões claros (que escurecem e mancham com o uso).
Detalhe da entrada USB frontal
Sua base e tampa são apenas adequadas, bem inferiores ao Pioneer e ao Marantz.
O painel traseiro apresenta conexões de boa qualidade, porém possui a mesma falha de posicionamento dos conectores de saída de áudio multicanal do Pioneer. Esses conectores são muito próximos, e isso limita demais a utilização de cabos de melhor qualidade, chegando mesmo a inviabilizar alguns conectores RCA com ajuste de pressão, presentes em cabos mais refinados (e mais adequados ao uso). No Marantz o espaçamento entre estas saídas é simplesmente o dobro, como realmente deveria ser um equipamento desse nível. As saídas estéreo possuem um espaçamento melhor.
No painel traseiro localiza-se também o sistema de ventilação forçada (com ventoinha), que se mostrou bastante silenciosa no teste. É uma pena que não possua um sistema de filtro para reter o pó, tão prejudicial neste tipo de equipamento.
O conector de força traseiro é melhor do que aquele muito ruim utilizado no DV-981HD, o que permite a utilização de cabos de melhor qualidade.
Detalhes sobre as conexões estão ao final desse teste.
Os pés do aparelho praticamente só funcionam como enfeites, e devem necessariamente ser complementados com algum dispositivo absorvedor de vibração, no mínimo como os Vibrapods (importados) ou os VC-12 , por exemplos, usados no teste e que mostraram vantagens evidentes.
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