Mudanças na Audio Video Magazine?

O Hi-Fi Planet recebe inúmeras manifestações de leitores que valorizam a honestidade e a imparcialidade de seus artigos. Este foi o objetivo de sua criação, e desse caminho nunca desviamos.
Neste artigo, mais uma vez manifestamos uma opinião sincera, imparcial e objetivamente construtiva sobre uma das mais importantes publicações nacionais sobre áudio e vídeo.

Sua História

Quem está inserido no universo do áudio de qualidade, certamente já ouviu falar no nome Fernando Andrette, que iniciou uma publicação exclusiva de áudio hi-end no Brasil.
Num mercado onde blogs, fóruns e outros formatos virtuais disputam o segmento de informação, uma publicação impressa parece algo ultrapassado. Mas, sempre digo que nada substitui o que está impresso, pois mensagens de fóruns, páginas de site e outros escritos virtuais podem ser facilmente manipulados. O que se escreve hoje na internet pode não estar lá amanhã, pode ser modificado, pode ser escrito por alguém que nem exista. Mas, o que se imprime é eternizado, e nada pode mudar uma manifestação impressa numa página de revista ou de um livro.
Enquanto não houver uma ampla “certificação” de conteúdos de páginas virtuais, ainda considero o meio impresso algo de respeito.

Por essa razão, é preciso tomar muito cuidado com o que se escreve num impresso. Uma vez lá, o conteúdo torna-se imutável.
Baseado nesta importância, resolvi escrever sobre a Audio Video Magazine, até mesmo em forma de homenagem à publicação.

A revista nasceu com o nome de Clube do Áudio, com intenções claras e óbvias já em seu nome de inauguração. Ainda possuo o número 1, aliás, toda a coleção até um dos últimos números adquiridos há uns 5 ou 6 anos.
Depois disso, comecei a me decepcionar com o rumo que a publicação tomou, e raramente adquiro alguma edição.
Os motivos para esta decepção não faltaram. A publicação começou a se tornar muito comercial e pouco fiel às suas origens. Anunciantes tomaram conta da revista, começaram a ocorrer manipulações de imagens, uma metodologia de avaliação confusa e pouco útil foi criada, interesses de anunciantes começaram a ser preservados, testes perderam nitidamente a confiabilidade, textos tornaram-se tendenciosos, erros se tornaram frequentes, e a revista acabou confusa, perdendo-se num formato pouco claro para o leitor.

A revista sofreu diversas modificações, algumas positivas, mas, a maioria bastante infeliz.
Nitidamente, tornou-se, também, o trampolim para a criação de atividades paralelas mais lucrativas, e que, novamente, forçaram a publicação a tomar um aspecto bastante comercial, quase como um catálogo de produtos e serviços.
Essa confusão de interesses trouxe para a revista textos muito suspeitos, com avaliações bastante incorretas e um conteúdo nitidamente voltado ao interesse de seus anunciantes e aos serviços prestados pelo seu quadro administrativo e de colaboradores.

A edição deste mês, de número 183, foi apresentada como mais uma reformulação da publicação, e é óbvio que nossa expectativa era muito grande e com a esperança de uma mudança positiva, trazendo de volta as características essenciais que esperamos de uma publicação como esta. Afinal, todo veículo de informação, principalmente impresso, tem uma responsabilidade jornalística muito grande, e deve sempre nortear com muita seriedade o seu conteúdo.
Mas, foi isto o que aconteceu?

As Mudanças

As principais críticas do mercado em relação à revista sempre foram bastante justas ao meu ver, baseadas em reformulação anteriores que muitas vezes se mostraram inadequadas.
Vamos traçar aqui um comparativo sobre os principais problemas que identificamos nesta publicação, e o que mudou neste último número.

Se sua qualidade de produção impressa não se compara ainda às melhores publicações européias, também nunca foi das piores.
Dentro de sua faixa de preço, até que a sua qualidade sempre foi bem aceitável, com um tamanho adequado e um trabalho de encadernação bem feito.
Mas, neste mês, talvez para meu azar, a minha edição, adquirida em banca, veio com as páginas mal encadernadas e soltando-se facilmente.
A revista ficou mais cara, e era esperado nesta faixa de preço um produto melhor, afinal, o número de anunciantes vem crescendo demais, até de forma inconsistente com a publicação, como veremos adiante.

Se a sua concepção física não melhorou, a introdução de uma “segunda” revista teve um apelo bastante discutível. O “encarte” (ou como preferirem chamar), de uma nova publicação chamada de “Musician Magazine” nada mais é do que a impressão inversa a partir da última capa que virou capa, e as páginas impressas de forma invertida. Pessoalmente não gosto dessa solução, acho que as duas publicações perdem suas identidades visuais, e causa uma impressão de “remendo”. Pelo preço da revista, e pelo atual número de anunciantes, as edições poderiam já nascer independentes, ou poderia se criar uma “sub-revista” dentro da primeira. Mas, como frequentemente as intenções da revista estão voltadas aos interesses de outros negócios paralelos, não é possível identificar qual será o futuro desta proposta.

A revista veio com um CD de brinde, produzido pela Naxos, aliás, bastante destacada nas páginas da revista, inclusive na parceria formada com a própria editora. São estas “parcerias” que sempre preocupam em relação à imparcialidade do seu conteúdo.
De qualquer forma, a iniciativa deste encarte é muito bem-vinda. Apesar de não ter ouvido o CD e de ter me decepcionado bastante com a última produção da editora, o CD “Timbres”, que ficou muito distante das excelentes produções anteriores, espero ter uma boa surpresa ao escutar os mais de 70 minutos do CD. Em breve publico as minhas impressões sobre esta gravação aqui mesmo.

Depois de sua apresentação, vamos ao seu conteúdo propriamente dito, dividindo-o em suas próprias seções.

Editorial

Sem novidades, mas deixa bem claro a dimensão comercial e a interação de todos os seus produtos criados.

Seção de Cartas

Uma das maiores críticas desta seção sempre foi a valorização de produtos próprios ou de terceiros “queridos”. Chegou a se tornar cansativo ver certas marcas sempre presentes nesta seção.
Outro problema se referia a real utilidade desta, e o consumo desnecessário de páginas e mais páginas sempre compartilhadas com muitos anúncios.
Aqui nada mudou. Novamente encontramos referências aos seus produtos, e, novamente, pouca utilidade desta seção.
Um erro aqui se repete: longa consulta para ao final ser respondida com outras perguntas. Algo sempre irritante e que cria uma expectativa no leitor sobre qual a solução que será apresentada ao problema, mas, ao final, o “consultor” formula outras questões e nada responde. Não seria mais fácil responder ao email com as perguntas necessárias e depois publicá-lo com a resposta completa? Este é o maior objetivo das seções de cartas de qualquer revista, utilizar as dúvidas de seus próprios leitores para levar mais informação útil e direcionada às dúvidas mais comuns. Esta é a única publicação que conheço onde a resposta é feita de perguntas. Isso ocorre há anos. Não seria mais fácil dizer: “antes de formular a sua dúvida, informe seu gosto musical, o tamanho de sua sala, o quanto quer gastar, etc…” um simples roteiro que certamente ocuparia bem menos espaço e tornaria esta seção realmente útil e produtiva.

É preciso acabar também com a valorização dos produtos próprios. Não precisa publicar uma correspondência que pergunta quando será o próximo curso disso ou daquilo. Publique-se logo um calendário. A impressão que fica é que os leitores são usados para valorizar o interesse e a importância dos produtos oferecidos diretamente ou indiretamente pela revista. Isso já está por demais óbvio, e se tornou cansativo.
Minha opinião é de que esta seção poderia ser melhor aproveitada.

Novidades

É mais um painel de anúncios.
Não se trata de uma apresentação de novidades para o segmento ao que se propõe a revista, mas mero painel de anúncios desconexos.
Aqui já se anunciou máquinas fotográficas, celulares, projetores institucionais, monitores de computador e uma infinidade de produtos de menor interesse ao leitor.
Novamente, as páginas são abarrotadas de anúncios, e uma das “novidades”, um cabo HDMI, com um texto de apresentação de menos de 9 linhas, consome toda uma página com uma imensa foto, um velho recurso da revista para consumir espaço.

Hi-End Pelo Mundo

Depois de mais páginas de anúncios, encontramos a primeira seção mais interessante da revista, mostrando algumas novidades do mercado internacional, mas, não com o mesmo destaque dos anúncios feitos na seção anterior.

Entrevista

Depois de mais páginas de valorização de outro produto próprio, temos a seção “Entrevista”.
Pois bem, alguém pode me responder qual o interesse de publicar uma entrevista com um profissional hoteleiro?
O mercado brasileiro possui muita gente interessante ligada ao áudio e ao vídeo, então, porque não trazer opiniões, histórias e informações realmente úteis para quem adquire uma publicação voltada a este segmento?
Mais uma vez, há um desperdício de páginas sobre um assunto pouco útil (ou totalmente inútil) ao interesse principal. Seria mais um gesto imbuído de interesse comercial? Afinal, o profissional em questão dirige um hotel onde justamente será realizada uma exposição organizada pela própria direção da revista.

Primeiras Impressões

Depois do anúncio de um “bar” luxuoso (até anúncio da Coca-Cola encontramos nesta edição), chegamos a seção “Primeiras Impressões”. Novamente encontramos fotos exageradas, e um texto bastante subjetivo e superficial.
Esta questão de subjetividade sempre foi uma das mais contraditórias da revista.
Já encontramos em suas páginas comentários do tipo: “boa parte deste excelente resultado deve-se certamente aos baixos níveis de “jitter” do equipamento”, e depois de outras edições lemos algo assim: “medições não dizem nada, o mercado precisa amadurecer e aprender a confiar mais em seus ouvidos”.
Em minha opinião, é a revista que precisa amadurecer tecnicamente. Algumas publicações lá fora realizam medições e comparam com os resultados obtidos em audições subjetivas e até testes cegos, e há uma evidente ligação entre cada uma destas coisas, sem conflitos ou preconceitos. Simples assim.
Medições são importantes sim. Claro que não estou dizendo aqui que deve-se informar qual a distorção harmônica e a faixa de resposta de frequências do equipamento somente, pois na verdade o problema não está com as medições, mas com o que se deve medir e como.
Para isso é preciso ter conhecimento técnico, e aliar esse conhecimento à prática. É necessário que se tenha equipamentos apropriados para isso, que também não custam pouco.
É melhor assumir que não está preparado para isso ao invés de desmerecer a importância das medições. Ignorar as medições é o mesmo que desmerecer os exames de laboratório no diagnóstico médico. Um complementa o outro. Não se deve encobrir as próprias limitações com argumentos de que os ouvidos são os melhores instrumentos para avaliar um equipamento. Eles nunca foram e nunca serão. São imprecisos e com limitações naturais, e o conhecimento técnico não pode ser desprezado como é feito.
Vi um fabricante de caixas acústicas recentemente numa entrevista explicando o sucesso de seu novo lançamento: “Não existe mágica. Sou engenheiro, e simplesmente apliquei conceitos acústicos e eletrônicos em meu projeto, tentando selecionar o que de melhor existe hoje em termos de componentes no mercado”.
Não é mais admissível que se confunda a cabeça do leitor com conceitos subjetivos. O melhor avaliador de equipamentos de som do mundo, com os ouvidos mais privilegiados e com a mais vasta experiência auditiva, é incapaz de construir um simples amplificador. Para isso é necessário alguém com conhecimento técnico específico, e não podemos mais fingir o contrário.

Testes

Aqui entramos no ponto mais polêmico da revista, onde a avaliação de um componente esbarra na questão da própria representação feita pela equipe da revista deste mesmo equipamento.
O que quero dizer com isso? Respondo isso de uma forma muito simples. Entre numa concessionária Volkswagen e diga ao vendedor que está em dúvida se compra um Gol ou um Palio da Fiat. Não espere outra atitude do vendedor que não seja valorizar seu produto. Agora, faça o mesmo numa concessionária Fiat, e descobrirá uma retórica totalmente oposta àquela que ouviu na outra loja.
Sejamos honestos e acabemos com a hipocrisia, há um óbvio conflito de interesses quando você tem que julgar algo que você vende e que paga as suas contas. Qualquer criança sabe que a imparcialidade e a credibilidade de sua opinião ficam comprometidas.
Já comentei o caso aqui de quando eu realizei uma avaliação negativa de um equipamento para uma revista e fui “intimado” pelo fabricante a me retratar da reportagem, ou o fabricante poderia deixar de anunciar as suas costumeiras duas páginas na revista. O editor da publicação entrou em pânico, e me pediu para atender ao pedido. Atendi sim às minhas próprias convicções morais e éticas, e me retirei da revista onde sequer cobrava pelos artigos.
O equipamento foi avaliado negativamente no mundo todo por conter inúmeros defeitos e problemas de compatibilidade, e acabou saindo de linha rapidamente. Mas, foi aqui avaliado muito positivamente (incluindo um recurso que estava desativado na unidade testada).
Eu tenho certeza que cumpri meu papel de informar corretamente o leitor, e tirá-lo de uma grande armadilha.

O editor da Audio e Video comentou que já testou centenas de equipamentos que não passaram de puro “placebo”, mas nunca vimos um deles retratado em suas páginas. Porquê?
É comum a  What Hi-Fi inglesa, após um teste de equipamento, afirmar que o equipamento não vale a pena, que existem opções melhores no mercado (e muitas vezes até sugere estas opções) ou que definitivamente o equipamento não vale a pena. E a What Hi-Fi já fez isso com marcas bem tradicionais como Sony, Panasonic, Samsung, Nordost, Ecosse, Yamaha, Electrocompaniet, Monster e muitas outras marcas bem conhecidas. Se é um bom produto, a revista informa, se é um produto ruim, alerta também. Mas, não é esse o objetivo de uma publicação? Informar?
Isso também não mudou nesta nova edição reformulada. A revista ainda não mostrou um teste de equipamento que tenha sido reprovado.
É neste momento que acabamos preocupados com a isenção e a imparcialidade de seus testes.
Cansamos de ver recursos avaliados que não existe no modelo testado, teste de um produto e foto de outro, especificações erradas e dados contraditórios, etc. Isso pega muito mal.

Outra crítica comum é em relação à própria metodologia aplicada aos testes. Muitos consideram este conceito já obsoleto, e acreditam que para julgar um equipamento com precisão é preciso ter os melhores componentes do mundo associados, ou nunca se terá a certeza dos reais resultados. Bem, isto é bastante óbvio, mas não podemos esperar que todos tenham os recursos financeiros das melhores publicações alemãs, por exemplo.
Sendo assim, uma avaliação refletida em notas de valor, como estrelas, pontos e mesmo o sistema adotado pela revista se torna bastante perigoso. O melhor é adotar o sistema da Absolute Sound, por exemplo, limitando-se a apresentar os resultados do teste segundo o ponto de vista do avaliador e do sistema utilizado, como fizemos aqui no Hi-Fi Planet em nossos últimos testes.
Mais do que isso se justifica se, no mínimo, algumas medições básicas forem realizadas, e os equipamentos associados estiverem num patamar acima de qualquer suspeita.
Por isso é comum encontrarmos avaliações totalmente opostas feitas por duas publicações que se dizem sérias.
É preciso considerar que ninguém ouve igual ao outro, e julgar que os ouvidos de um avaliador são superiores ao de outra pessoa é um grande erro, assim como é outro grande erro querer pontuar com precisão um equipamento, colocando-o num patamar mais elevado que o outro por mera subjetividade. Estranhamente, neste caso, alguns equipamentos são avaliados com notas como 12 – 13 – 8 – 10 – 9…, enquanto nesta mesma edição encontramos notas precisas em suas casas decimais como 10,8 – 9,9 – 9,8 – 10,3… Afinal, que metodologia é essa? Qual a sua real precisão?

Outro problema comum da revista aqui avaliada são os erros no próprio sistema de avaliação por pontos, e que se repete nesta edição. O resultado do teste à página 62 está com a soma de pontos errada. É perturbador ver que o sistema de avaliação que posiciona o equipamento não é pontuado corretamente, apresentando erros de soma. Seria um cálculo subjetivo, pois a matemática não é uma ciência também confiável?

Outra questão se refere às imensas relações de mídias e equipamentos utilizados em testes. Alguns itens são até cômicos, pois algumas vezes o equipamento sequer dispõe de recursos para utilizá-lo. Isso ocupa muito espaço, e nitidamente parece ser este o objetivo, já que numa observação mais cuidadosa notamos que até o espaçamento do parágrafo é maior, desnecessariamente.

Textos precisos e bem completos são importantes, pois ajudam o leitor a tirar suas próprias conclusões. Fotos grandes e repetidas (até com erros) em páginas completas são puramente alegóricas, e pela especialização da publicação certamente não é isso que o leitor espera. Gostaríamos de ver fotos reais do teste. Isso também não mudou.

Quem esperava uma reformulação destes testes, com uma renovação de abordagem sem comentários longos e desnecessários, com mais teor técnico, mais conteúdo objetivo, maior profundidade e precisão da avaliação, ainda não encontrará isso nesta edição. Há que se tomar, também, muito cuidado com a imparcialidade dos colaboradores. É inaceitável que o revendedor de uma marca ou produto avalie um de seus equipamentos.

É sabido que muitos leitores buscam nas publicações especializadas informação para suas futuras aquisições, e é preciso ter muita responsabilidade com o que se escreve.

Geral

Finalizando, e com muitas páginas da revistas já soltas por conta da má encadernação, não se justifica uma publicação especializada ter um preço tão alto quando suas páginas estão cada vez mais abarrotadas de anúncios, agora também de refrigerante e bar. Parece que tudo relacionado ao hi-end, independente da qualidade, tem que custar caro. Acho que o leitor deveria ser mais privilegiado, e o anunciante mais exigido.
Afinal, por US$ 36,97 (preço atual) é possível assinar 12 edições da conhecida revista Stereophile americana, o que hoje daria perto de 6,29 REAIS por edição, entregue aqui no Brasil, em sua porta!!!
Sabemos que o custo Brasil é alto, mas, nem tanto.

A publicação Musician Magazine, apesar de ainda um pouco perdida em sua identidade da forma como foi encartada na revista, é muito bem-vinda.
Há muito tempo comento que o audiófilo se preocupa mais com o equipamento do que com a música, que é o verdadeiro objetivo final. Conheço um amigo que possui um carro importado caro na garagem, mas não o usa porque nem gosta de dirigir. Gosto é gosto, mas no caso da audiofilia a gravação é tão importante ou mais do que o próprio equipamento. A música é a emoção, o equipamento o meio.
É bom ver que as gravações agora ganham espaço, e que finalmente podemos ver algo mais próximo do formato da saudosa revista Som Três, que enalteceu por muito tempo o mercado de áudio no Brasil através do genial Maurício Kubrusly.
Este foi um avanço da revista, e se for preservado, será de grande utilidade aos seus leitores.

O CD encartado também foi uma novidade bem interessante. Evidentemente que tem um caráter bastante promocional da “parceria” ora firmada, mas isso não desmerece a iniciativa, pelo contrário, mais uma vez leva o leitor no caminho da música, e não do equipamento somente. Independente da qualidade e do gênero das gravações, o importante é a valorização da música como objetivo principal deste nosso hobby.

Todos os comentários aqui são com objetivos construtivos, de tentar levar uma contribuição aos responsáveis pela publicação, jamais desmerecendo suas capacidades. Mas, é preciso evoluir, desvincular interesses, aprimorar técnicas e desenvolver aptidões pessoais. Manter uma revista não eleva ninguém à qualidade de conhecedor do assunto. Precisamos evoluir habilidades e conhecimentos para realmente ter a competência necessária para tanto, e isso significa trazer formação técnica também aos seus colaboradores.

O Clube do Áudio, hoje Audio e Video Magazine, se perdeu em sua proposta inicial, e ainda não foi nesta reformulação que reencontrou o seu caminho, aquele que seus leitores tanto desejam, e que apoiamos e que desejamos até contribuir para que se torne realidade um dia.

Desejo, honestamente, muito sucesso para a publicação, e para o seu editor/diretor e colaboradores.

23 Comentários

  1. Eduardo

    Há tempos acompanho este blog, e considero a melhor referência hoje para quem quer conhecer o hiend de forma honesta e precisa. Já deixei um fórum e abandonei a compra regular desta revista pela invasão comercial que poluiu os verdadeiros interesses de seus leitores.
    Você resumiu perfeitamente o sentimento daquela que deve ser a grande maioria dos leitores da Áudio e Vídeo. Parabéns.
    Espero sinceramente que seus editores recebam isso como uma crítica construtiva e aperfeiçoem a experiência de seus leitores, e não como de costume simplesmente defendam suas posições com a arrogância de sempre.
    Eu acrescentaria mais duas observações nesta edição. A primeira é que a qualidade de seus avaliadores de equipamentos é realmente sofrível, com muita historinha inútil e até ofensas aos que não compartilham de suas discutíveis e muito suspeitas opiniões.
    Estes deveriam se preocupar com seus próprios erros, que não saõ poucos. Como pode um avaliador testar um receiver nesta mesma edição usando como fontes um DVD da Oppo, um ultrapassadíssimo blu-ray Panasonic BD65 (só aqui vendem esse modelo ainda, lá fora já estão duas gerações a frente), um emidia e um notebook? Estão de brincadeira. E não sou nenhum gênio (apesar do nome … risos…) para saber que isso limitou seriamente o teste.
    É como você comentou, não é só a metodologia, mas toda uma estrutura inadequada.
    O segundo ponto que me desagradou é o avaliador dizer que um equipamento custa um “caminhão de dinheiro” e no quadro resumo coloca no preço “sob consulta”. Para que esconder o preço?

    Outra coisa que precisam mudar, e que achei uma vergonha nesta edição. não tiveram nem a capacidade de traduzir as especificações nas páginas 52 e 54? Preguiça ou acham que todos os leitores sabem inglês? É uma revista nacional, e ao copiar alguma coisa de fora tem a obrigação de no mínimo traduzir.
    Adquiri esta edição acreditando realmente que a revista tinha sofrido uma boa revisão, mas vejo que somente ampliou seus negócios com a entrada de um braço no segmento de gravações.

    Parabens pelo artigo, pelo blog e pela sua disposição em manter gratuitamente este espaço para nós abandonados audiófilos.

    Um grande abraço deste admirador.
    Eugênio
    Rio de Janeiro – RJ

  2. Isso mesmo Eugenio!

    esse site é uma “luz no fim do túnel” e Eduardo é o “cara” !!!
    estou sempre acompanhando as novidades do hifiplanet, e esse texto monstra a situação não só desta publicação, mas tambem da publicação que assino, (HOME THEATER e CASA DIGITAL) que está na mesma situação… “sem nada tecnico”, “puxamento de saco para as marcas anunciantes” ou seja, “enchimento de linguiça” apenas!
    Vejo que esse é um problema generalizado nas publicações nacionais!

    Se o Eduardo tivesse mais tempo para colocar mais testes de produtos seria otimo!

    Mais uma vez obrigado ao Eduardo pelo excelente texto!
    ABRAÇO.

  3. Eduardo,

    Excelente texto, mais uma vez. Você coloca de forma clara o seu ponto de vista sobre a revista e propõe melhorias que, de fato, trariam informações importantes àqueles que gostam de audio. Gostaria de aproveitar esse espaço para pedir a sua opinião sobre o hi-end show. Não sei se você participou das edições anteriores, mas, se possível, gostaria de algumas palavras suas sobre este evento.

    Abraços,

    Renato

  4. Excelente crítica, honesta e precisa, feita por quem sabe o que diz.
    Eduardo, admiro sua participação na tentativa de mudar esse nosso tosco mercado.

    Realmente a metodologia da revista está morta, apesar de usarem os cursos para tentar nos convencer do contrário. Há muitas evidências disso pelas páginas da revista. Uma delas que esteve ontem em minahs mãos e que coincide muito com as suas críticas era a edição de número 182, de setembro deste ano. Estava eu folheando a revista, e agora mais crítico graças ao abrir de olhos com os seus textos, e notei na página 60 o seguinte comentário: “a organicidade perde ligeiramente por não ter tanta naturalidade sonora quanto eu consideraria preferível para o meu gosto pessoal”.
    Isso é uma piada. Metodologia para que então se o gosto pessoal reduziu a pontuação de um dos itens do teste? Qualquer metodologia é feita de critérios, por isso chama-se metodologia.
    Se é para avaliar pelo gosto de cada avaliador, não precisa de metodologia, ou cria-se uma característica chama “Meu gosto pessoal”. Um absurdo.

    E, ainda com o que aprendi aqui com você, resolvi conferir a soma dos testes, e não é que a soma das notas da página 65 está errada em 5 pontos??? E aí, como fica a confiabilidade de um critério que consegue errar em 5 pontos uma pontuação?

    É uma pena tudo isso. Um pouco mais de cuidado seria bom, mas parece que a intenção é mesmo a divulgação, e não a análise precisa.

    Que este site continue nos ensinando tantas coisas, e nos ajudando a ficar mais espertos nesse mundo cada vez mais complicado que vem se tornando o som high end no Brasil.

    Um forte abraço.

  5. Renato,

    O Hi-End Show é um evento importante, e único no Brasil hoje.
    Mas, também não concordo com a forma como é feito, onde novamente se privilegia o interesse comercial.
    Acho que o evento merecia uma abordagem diferente, por exemplo, na próxima edição da revista vamos ver comentários do tipo… “na sala X era possível apreciar a maravilhosa qualidade do som onde os racks da empresa Y eram expostos”. Mas, até onde estes racks fazem diferença? Deveria ter uma forma comparativa do “antes” e “depois”, senão fica muito difícil o visitante fazer qualquer comparação.
    E outra, afirmar na propaganda do evento que se o consumidor não encontrar o que quer na exposição, não encontrará em lugar nenhum, é muita pretensão. Existem excelentes marcas no Brasil e no exterior, com qualidade superior a muitos produtos expostos, e preços bem inferiores que não estarão lá…

    Parece algo do tipo: “Gastem muito lá.”

    Abraços

  6. Eduardo, meu caro, adoro o seu blog e sou fã de seus artigos sempre inteligentes e ousados, mas você não acha que pega muito no pé desta publicação?
    Não digo que você não tenha razão, mas errar é humano, meu caro.
    Abraço

  7. Triple X,

    Sim, errar é humano, mas persistir no erro, NEM SEMPRE É SÓ burrice…

  8. Caro Eduardo,

    Em primeiro lugar, o comentário a seguir nao tem a intencao de defender a publicacao citata.

    Acredito que a maioria das revistas hoje em dia, entre elas as alemas e as britânicas, vao bastante na direcao de um catálogo de produtos. Poderíamos até discutir qual seria um percentual de páginas de anúncios aceitável mas, acredito ser fato que até renomadas publicacoes internacionais também tem várias páginas dedicadas à propagandas. Mais do que deveriam, talvez.

    Já que estamos tocando no ponto, qual seria um percentual ideal de anúncios (medido em qtte de páginas) em uma publicacao como essa? Eu sinceramente nao sei.

    Mais uma vez, parabéns pelo texto. Mesmo no caso de alguma eventual opiniao diferente, acredito que seus leitores (com eu) entendem claramente a lógica de sua argumentacao.

    Grande abraco
    André Dias

  9. Caro André,

    Mais uma vez, obrigado por participar deste espaço.

    Acho que a diferença entre a publicação nacional e estas citadas por você está no conteúdo das reportagens.
    As publicações inglesas e alemães têm muitas propagandas também, mas procuram ser imparciais no texto, chegando mesmo a não recomendar certos produtos de marcas bem poderosas do mercado.
    Já no caso desta nossa publicação as reportagens são bem tendenciosas, não citando os resultados de avaliações ruins como o próprio Editor já confessou, e direcionando os textos claramente sempre a favor dos anunciantes, além dos interesses próprios de quem revende estes produtos testados.
    No final, temos uma revista toda voltada aos seus interesses comerciais, onde as próprias reportagens acabam se tornando mais propagandas. Ou seja, a revista toda acaba tendo um único objetivo.

    Se a quantidade de reportagens fosse pequena, mas confiável e totalmente desvinculada do interesse comercial, ainda seria algo mais aceitável. Acho que esta é uma das maiores diferenças que vejo em relação a outras publicações.

    Grande abraço,

    Eduardo

  10. A Áudio e Vídeo precisa urgente se reformular, e se possível acabar com os testes mal feitos de vídeo. São erros atrás erros. Difícil confiar nestes testes.
    Na edição 174 discorreram na página 68 do recurso 3D, só que o equipamento testado, o projetor Vivitek H1081, não possui o recurso 3D.
    Isso é um absurdo. Afinal o que eles testaram então? Ou será que não testaram?
    Não é a primeira vez que vimos avaliação de algum recurso que o equipamento testado não possui.
    Gente, isso é vergonhoso.
    Ellen

  11. em defesa da revista tenho a dizer que vocês criticam muito mas não mostram uma sujestão melhor. nunca vi ninguem critica produtos em revistas. tem que mostrar o que é bom e não o que é ruim não precisa. por isso os produtos que mostram são bons. afinal não é uma revista de hiend, entã porque iaum mostrar lixo?
    Voces são do peru.

  12. Caro Telius,

    Acho que suas referências são bastante limitadas. Inúmeras publicações no mundo mostram produtos ruins.
    É uma obrigação de uma publicação que testa um produto que não passa de “placebo”, ou seja, uma enganação, de mostrar ao consumidor o que ele pode estar adquirindo se optar por aquele componente.
    Aqui mesmo no Hi-Fi Planet temos exemplos de produtos que testamos e desaconselhamos a compra, ou você acredita mesmo que todo o produto rotulado de “hi-end” tem realmente qualidade?
    É preciso ser honesto e não ter receio em publicar testes negativos, deficiências em marcas ou produtos, manifestações mal escritas, etc. Nosso mundo não é perfeito, e cabe a quem se propõe a manter um publicação impressa ou virtual mostrar a verdade. É o mínimo que se espera.

    Obrigado.

  13. Olá Eduardo, como vai?
    Primeiramente parabéns pela abordagem sobre a CAVI. Não é de hoje que infelizmente essa revista que teria tudo pra ser a referência nacional e até internacional possui os problemas apontados por voce. Eu até hoje tenho alguns números dela, dos anos de 2001 até 2007, e já vinha observando problemas ja naquela época. A grande questão é: até que ponto uma publicação precisa se comprometer com os fabricantes e promotores de vendas de forma que se deixe de lado a razão descompromissada e sincera e parta-se para uma saraivada de artigos e opiniões que denotam sempre um universo perfeito, superior, indefectível, sofisticado, mais parecendo um “clube fechado de senhores do oliimpo” cujas opiniões resvalam para o exagero, fogem para o lado mais pessoal, do gosto específico por determinada marca etc. Sabemos que nesse mundo tudo é muito subjetivo, mas qualquer publicação deverá sempre buscar ser a mais imparcial e objetiva possível em suas análises, como tenta-se fazer na Inglaterra, Alemanha, EUA, etc. Enfim, parece que no Brasil, talvez por sermos colônia, tendemos sempre a seguir pelo lado mais pessoal e menos profissional, mais comprometido com resultados financeiros rápidos e menos com mostrar a verdade dos fatos, mais pela beleza das páginas do que pelo teor instrutivo, orientador e capaz de fazer o leitor chegar as suas próprias conclusões com menos tendenciosismo e ufanismo até por alguns produtos. Ainda temos muito que aprender.

  14. O duro é que, como acontece sempre, ao invés de entender isso como uma oportunidade de crescimento e mudanças positivas, ainda vão dizer que os “críticos de plantão” mais uma vez atacaram a revista…
    Falta humildade, e só se colocam como vítimas de “ataques”.

  15. Eu concordo com tudo que foi colocado na matéria, a saída do Ricardo e a volta do FA são combinadas, o Marino não passa de um títere, ele serve aos propósitos de quem realmente dá as ordens, que todos nós conhecemos.
    O que me chamou a atenção foi o teste de um rack nacional (?) que custa R$15.000,00???!!!!!!! Cavalheiros, é isso mesmo, um rack de MDF (ou HDF), com design absolutamente convencional, apoiado em spikes comuns e ultraconhecidos, que não tem nada de novo, custar a bagatela de 15.000 reais?????? O rack mais “modesto” sai por R$7.500,00. Uma plataforma de caixas por R$6.500,00, foi só eu que achei um absurdo?
    Para mim é mais um daqueles cambalachos que os manipuladores da revista soltam no mercado, fazem elogios rasgados, as vendas disparam, e eles enchem os bolsos de dinheiros, pois devem ser sócios do produto em questão.
    Tem que ser muito inocente para engolir uma coisa dessas…

  16. Olá Eduardo,
    Eu comprei 10 cupons da revista digital, mesmo já conhecendo as limitações da revista.
    O espaçamento entre as linhas é muito grande, gerar conteúdo não é tarefa fácil, sinto isso na pele com o meu blog. Escrever páginas e páginas por mês não é para qualquer um. Eu torço muito para o audio nacional, por isso dei mais uma chance para a revista fazer parte de minhas leituras, mas fiquei muito ofendido ao ver propaganda de sanduíche de mortadela. Isso sim foi mancada.

    Abs

  17. Grande Eduardo,

    É a primeira vez que lhe escrevo e com muita satisfação. Sou um grande admirador seu desde da época em que moderava num conhecido forum.
    Acompanhei a sua história naquele fórum e sei o quanto lutou para evitar que aquele espaço virasse o que se tornou hoje, uma zona total, cheio de interesses pouco elogiáveis, manipulação e ao final mal frequentado por pessoas que por conta de sua profissão se acham melhores que os outros, uns tolos exibicionistas que acham que só é hiend o que eles “julgam” ser.
    O fórum perdeu aquela graça que tinha, e por causa desta decadência e sem pessoas como você que lutavam arduamente para colocar ordem naquilo acabei buscando outras opções onde pudesse me informar de forma honesta e sem a presença dos falsos audiotas.

    Acabei descobrindo o Hi-fi planet há alguns meses, e noto que você continua exatamente o que era, uma pessoa ponderada, imparcial, honesta e brigão (risos) que não engole fácil as palhaçadas que fazem de nosso hobby. Você está de parabéns pelo site, e só falta agora construir um fórum de verdade com estas características especiais.

    Li a sua crítica da revista e achei muito correta, no encontro do que eu e muitos amigos audiófilos pensam, parece que você leu nossos pensamentos.
    Você será criticado, não tenha dúvida disso, pois a revista sempre age de forma agressiva com quem tenta colaborar construtivamente mostrando suas falhas. Mesmo no fórum que participo (já a muito contra-gosto) já houveram umas críticas de que você não entende nada de anúncios, de que ataca gratuitamente a revista, de que não entende nada de equipamentos hiend e que só sabe de equipamentos de entradas (os arrogantes nojentos de plantão), que bate no mercado porque brigou com todos, que isso ou aquilo. Mas meu camarada vou te dizer uma coisa, jamais desanime e nunca mude. Deixe que estes falem e falem e falem, pois só sabem fazer isso, mas ninguém criou uma história como a sua.

    Concordo integralmente com seus textos, principalmente este muito bem escrito. Realmente a revista se tornou um catálogo de anúncios, de toda espécie agora, até de refrigerante, e textos úteis mesmo são tratados com muito menor importância. sua observação sobre a sessão de cartas foi muito precisa, aquilo é um saco. Os testes contam mais historinhas do que outra coisa, e os interesses comerciais são nítidos em toda parte. Não sabem nem somar pontos, e agora esta qualidade ruim que a minha revista também desmontou toda.
    Concordo que ela custa caro pelo que oferece e pela quantidade de anúncios que tem. Mas tem gente dizendo que a tiragem é menor que outras mais baratas como a excelente Stereophile que você citou, mas nem tem como comparar mesmo, na Stereophile existe conteúdo muito maior que a propaganda, que ninguém é contra, mas tem que ter um equilíbrio, o que não acontece na nacional.

    Deixe que fale, que critiquem, que no final eles gostam mesmo é disso, de serem feitos de tolos, ou de se exibirem que são melhores que os outros, mas não sabem nada de nada.

    Fica aqui meu elogio ao seu trabalho e votos de que consiga mais tempo para escrever estas preciosidades que só você é capaz.

    Um forte abraço do admirador e se me permite, amigo.

    J. R.

  18. Caro Jair,

    Se me permite, vou aproveitar o seu comentário para me estender um pouco em alguns pontos que você levantou.

    Minha formação acadêmica foi mais ampla, no curso técnico e de engenharia, e numa área um pouco mais “social”, que foi o direito. Mantenho hoje uma pequena empresa na área de resfriamento industrial e atuo como advogado numa área bem específica, relaciona à implantação e assessoria a empresas estrangeiras que atuam ou desejam atuar no Brasil.

    Essa formação diversificada me ajudou bastante na abordagem técnica e “humana” de alguns comportamentos típicos deste nosso hobby. E é isso o que o áudio e o vídeo significam para mim: apenas um hobby que levo bastante a sério.
    Tive uma visão de que o mercado é constantemente bombardeado de informações que, normalmente, têm como objetivos os interesses pessoais e comerciais (que muitas vezes se cruzam) acima da ética e do respeito que merece este segmento.
    Procuro sempre agir baseado nisso, mas encontro pelo caminho pessoas realmente arrogantes, cheias de filosofias inúteis, exibicionais e outros adjetivos que acabam alimentando esse mercado predador.
    Não é fácil mudar mentalidades quando existe toda uma estrutura criada em favor da desinformação.

    A primeira questão aqui é que se deixei de participar de algum fórum, de escrever para alguma publicação ou de adquirir alguma revista, foi porque identifiquei problemas que, infelizmente, conduziam na direção citada acima.
    Nunca briguei com ninguém, pelo contrário, mantenho boas relações com todo mundo, tendo ainda contato com administradores de fóruns, editores de revistas, etc.
    Aos 50 anos já passei da fase de ‘birra” ou briguinha de frescuras.
    Também não preciso exercer qualquer manifestação exibicionista ou de poder, pois o poder não está naquilo que você impõe, mas no que você conquista, e isso, lamentavelmente, algumas pessoas não amadureceram o suficiente para entender.

    Me retirei de alguns fóruns por não concordar com o “inchaço” de membros para atrair mais anunciantes, com a existência de membros fantasmas para falar bem de marcas de seu interesse e mal das “concorrentes”, manipulando informações que deveriam ser úteis para seus leitores. Sempre pautei a minha vida num caminho bem diferente, respeitando e ajudando as pessoas, mesmo aquelas que nem mereciam.
    Minhas indisposições nunca foram pessoais, mas ideológicas.
    Basta ver as barbaridades que acontecem no mundo hoje para entendermos que o que menos precisamos é de mais coisas erradas.

    Deixei de escrever para revista depois que um anunciante me pressionou a mudar de opinião sobre um produto de péssima qualidade que avaliei, e que o mundo inteiro confirmou isso. Mas, no Brasil, o produto foi recebido com grandes elogios por aqueles que tinham a obrigação de manter seus leitores informados. Preferi me retirar da revista do que trair minhas convicções.
    Até hoje mantenho contato com o editor da revista, inclusive lhe prestando alguma ajuda quando me pede, desde que seja um pedido honesto.

    Não vou criticar negativamente qualquer produto de quem quer que seja apenas porque me afastei do espaço por questões ideológicas. Não vou ganhar nem perder um centavo com isso.

    Avalio produtos honestos, como faz algumas poucas publicações no mundo todo.
    Tem gente que gosta de grifes, que berra aos quatro cantos que “são produtos de entrada” ou “não são hi-end”, desrespeitando o mercado e negligenciando a inteligência que sobra no mercado e que talvez lhes falte.
    A inteligência, a que me refiro aqui, não é aquela entendida de forma popular, mas aquela da falta de visão e análise mais profunda do que acontece neste segmento.
    Sabemos hoje, depois que algumas máscaras do mercado caíram, que produtos caros e de grife muitas vezes são concebidos assim apenas para tirar dinheiro de um mercado que muitas vezes (coloque ‘muitas’ nisso) compra equipamentos por mera exibição, para “forçar” aparências e status, e que sequer entendem o significado da audiofilia. Se para aqueles testar produtos honestos e por preços justos é testar “porcaria”, então estão realmente desinformados.
    Mal sabem que mesmo uma caixa acústica caríssima pode estar longe de lhes fornecer uma verdadeira experiência audiófila. Vou dimensionar isso, e sei que alguns ficarão chocados e até me criticarão por isso (mas, como eles não pagam as minhas contas…). Afirmo aqui, com todas as letras, e com a certeza de quem foi muito mais a fundo neste mercado do que muita gente já foi um dia, de que 90% dos mais caros produtos, aqueles ditos “hi-end top”, não atende às necessidades do verdadeiro audiófilo.
    Podem aceitar isso ou não, e não quero parecer arrogante ou “dono da verdade”, mas isso é um fato. Certo é que, num cálculo bem próximo do real, 90% das pessoas que compram as mais caras caixas acústicas do mundo adquiriram um produto que não lhe serve. Só fui entender isso quando descobri que não existem duas caixas iguais, que cada um “provoca” um comportamento diferente em suas caixas para atender o que ele acha mais conveniente aos seus parâmetros pessoais. Não existe um padrão auditivo, e poucos querem admitir isso, mesmo sendo uma questão científica, real e presente de fato em nosso universo.
    Foi por essa razão que resolvi construir minhas próprias caixas. Elas foram ajustadas às minhas características de audição, ao meu equipamento, à minha sala e inúmeros outros fatores que o fabricante não tem como adivinhar, e por isso minhas caixas representam sonicamente o que de mais real eu pude conseguir com qualquer outra caixa que testei, até as mais caras do mercado.
    Hoje, finalmente e para a infelicidade daqueles que viviam de ilusões, alguns fabricantes já aderiram às caixas “ajustáveis”, mas, ainda muito limitadas em relação às possibilidades de acerto para a maioria dos ouvintes.
    Não sou eu quem inventa moda, mas o próprio mercado que amadurece.

    Não acho que uma publicação deve tirar os anunciantes de suas páginas. Isso é dar um tiro no próprio pé, mas existem exemplos no mundo de publicações que não aceitam anúncios, em outros segmentos, infelizmente.
    E existem exemplos em nosso hobby de publicações que testam equipamentos de marcas renomadas e de anunciantes de páginas inteiras na revista e que afirmam que o produto avaliado é ruim, e sua compra é uma péssima idéia. Quem não acredita nisso certamente não tem acesso a muitas publicações de áudio e vídeo, principalmente européias.
    Anúncios são naturais, mas deve haver um equilíbrio entre a receita que a revista obtém de seus leitores, a qualidade de seus artigos e o lucro obtido pelos anunciantes.
    Um bom artigo pode conter vários insertos comerciais, mas um péssimo artigo não deveria conter nenhum.
    E quando falo em abuso de anúncios, não me refiro apenas à propaganda inserida em espaços exclusivos dos anunciantes, mas também àquelas propagandas feitas nos próprios artigos, nas seções de cartas, e disfarçadas em inúmeros outros espaços da revista.
    Anúncios são importantes, mas cabe ao produtor/editor da revista saber escolher seus anunciantes e dosá-los de forma a convergir no verdadeiro sentido de sua publicação.
    Se alguém achar normal folhear páginas e páginas de anúncios em uma revista, e depois encontrar um artigo superficial, novamente de intuito comercial, escrito em duplo espaçamento, e sem conteúdo real, então acredito que essa pessoa tenha uma noção equivocada do papel que deve ter um veículo de informação, que cria opiniões e forma convicções para suas compras.
    Por mim, uma revista de áudio pode ter até o anúncio de uma barraca que vende bananas, se depois disso ela conseguir, em suas próximas páginas, voltar ao seu foco com a qualidade que ele merece.
    Não se pode começar mal, seguir ainda pior e ainda inserir conteúdo ainda mais desconexo com o interesse do leitor.
    Fico muito mais interessado em ler um anúncio sobre a tecnologia de um novo lançamento de uma marca de carros numa revista de automóvel do que ver uma propaganda de um fogão de 6 bocas… Serei o único?

    Tomar o ponto de vista de tiragem como justificativa de quantidade de anúncios não é algo aceitável. É algo como o que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.
    Você deve definir seus objetivos, e esperar que os resultados se justifiquem.
    Quando fui funcionário, nunca na minha vida pedi um aumento de salário. Procurei mostrar valores, e o reconhecimento veio naturalmente, na empresa onde trabalhava ou em outra, mas era um consequência.
    Quer ter muitos anunciantes? Que aconteça por merecimento, pela qualidade de seu conteúdo, e que essa consequência seja tão natural que o próprio leitor se convença de que isso não é um mal, mas algo aceitável diante do conteúdo oferecido.

    Caro Jair, não se preocupe com o que dizem, isso realmente não me importa nem um pouco.
    Tenho total consciência de que faço algo honesto, justo, voltado a quem merece e que busca informação correta, tudo isso sem qualquer benefício pessoal, sem ganhar qualquer vantagem ou um único centavo por isso.
    Como já comentei, é uma mera diversão para mim, que levo à sério no sentido de conhecê-la bem e poder compartilhar conhecimento, não é um negócio.

    Se a crítica for no sentido de poder melhorar a forma como apresento esse conteúdo, ótimo, será bem-vinda. Mas, se a crítica for por mera vaidade, pela sobrevivência de interesses pessoais ou por qualquer outra razão que venha a ferir os princípios mais nobres de um ser humano, estes críticos deveriam procurar outra coisa mais útil para fazer, de preferência em relação à sua evolução pessoal como ser humano.

    Abraços

    Eduardo

  19. Caro Jair,

    Complementando… este fórum que você comentou já existe, é o clubehiend.com.br , e o espaço é seletivo, não sendo admitidas pessoas ou comportamentos indesejáveis, que prejudiquem a harmonia do espaço.

    abraços

  20. Eduardo.

    Grato pela corajosa publicacao. Na verdade essa revista ja me foi util ate quando comecei a desconfiar de alguns reviews, especialmente de cabos. Sou fa de integrados e estou ate querendo fazer um up na minha configuracao que ja tem uns 5 anos. Por isso tento utilizar de ferramentas como a HIFi Planet e meus ouvidos, para fazer uma escolha segura.
    Certa vez em uma loja nos Estados Unidos, o vendedor me mostrou uma configuracao de mais ou menos U$ 300.000 e logos apos uma de U$ 50.000 e me perguntou se eu senti alguma diferenca. Eu respondi que muito pouca. Ele entao me explicou que aquela era uma sala de audio com uma das melhores acusticas da Pais e que,naquelas condicoes, a diferenca entre os equipamentos, a partir de uma certa configuracao, ficavam cada vez menores. Seria como sair de uma boa Mercedes,entrar em um Jaguar ou um Benteley.
    Eu perguntei sobre a minha sala, que nao tem tratamento acustico, e ele disse o mesmo, mas sem a mesma qualidade. A verdade e que a partir de ponto, voce vai pagar muito para melhoras minimas. Entretando, continuou ele, tem pessoas que querem ter simplesmente o melhor equipamento e eu vendo.
    E exatamente esse tipo de comportamento que eu procuro e que nao encontro mais na Audio e Video mas na HIFI Planet, ou HiFI Choice.
    Um abraco,
    Andre

  21. Prezado Eduardo,

    Estive fora no último mês em virtude do meu trabalho e só agora me deparei com mais um dos seus (sempre bem-vindos) artigos: Concordo plenamente com sua análise, principalmente com o que me fez abandonar a compra da referida revista: a seção de cartas (que por inúmeras vezes me utilizei) sempre obtendo como resposta, mais e mais perguntas por parte do analista, o que acabou se tornando uma experiência irritante e sem conclusão.

    Deixo aqui mais uma vez, meu agradecimento pessoal a você, que por diversas vezes me atendeu por e-mail e com muita paciência, me ajudou a decidir quando comentei que gostaria de comprar o sistema que tenho hoje (TRIO 840 Cambridge Audio), assim como me ajudou a encontrar uma solução para enfrentar o normal superaquecimento do amplificador 840W.

    Hoje estou muito feliz com o equipamento que tenho e me sinto muito melhor informado, tendo substituído a publicação nacional pela a assinatura da revista Stereophile e leitura da The Absolute Sound que também foram sugestões suas.

    Parabéns por sua sinceridade e interesse genuíno em ajudar, mesmo aqueles que você nem conhece, mas que como você, amam o universo da música, dos equipamentos, do som…

    Um grande abraço,

    Anderson Villas Boas

  22. Eduardo, eu nunca fiz parte de nenhum blog, é a primeira vez que faço esse tipo de intercambio, na realidade eu sempre segui sozinho no caminho do desenvolvimento da minha sensibilidade auditiva através de experiências com protótipos de caixas acústicas, feitas em casa artesanalmente, testando auto-falantes, bem como divisores, cabos, etc. e sempre utilizei como parâmetro de audição, apresentações de bandas e orquestras que tive oportunidade de ouvir ao longo da vida. Eu Sempre pensei que caminhava na contramão do hobby que tanto gostamos, no entanto para minha alegria quando li suas declarações sobre áudio e todo esse fascinante e enganador mundo do som que nos cerca, me senti muito bem. Porque no fundo eu nunca acreditei em toda essa magia criada pela revista em torno desse assunto. Por outro lado, é claro que eu não descarto a existência de bons equipamentos no mercado. Eu fiquei muito impressionado com a sua coragem e ética de se retirar da revista para não querer trair as suas convicções, parabéns porque uma pessoa ética com seus amigos e leitores, na minha opinião, é uma pessoa muito evoluída!
    Abraços.

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