Parece que tem gente preocupada demais com isso. Porque será? Explicamos aqui.
Por: Eduardo Martins
Como em qualquer outro segmento comercial, fabricantes, publicações que dependem de anunciantes, e lojas tentam fazer de tudo para que a sua decisão seja influenciada por eles, pois, precisam vender as suas marcas ou mostrar resultados para que os anunciantes continuem investindo em propaganda. A maioria das publicações depende de seus anunciantes, principalmente aquelas muito baratas ou gratuitas.
No caso das publicações “especializadas”, o grande problema que surge é que os colaboradores destas publicações se colocam como “orientadores profissionais” ou “donos da verdade”, e usam essa condição para influenciar o mercado no interesse de seus anunciantes.
Óbvio que existem exceções.
Mas, chega a dar nojo a forma insistente que muitas publicações usam para direcionar as decisões do consumidor, usando tudo o que podem, de forma ética ou não, para lograrem vantagens pessoais e comerciais. Muitos dos leitores que já me acompanham há muito tempo estão vacinados contra esse tipo de coisa, mas outros consumidores mais novos neste hobby do áudio ainda caem nessas armadilhas.
Já conhecemos fotos de salas manipuladas digitalmente, contradições de opiniões (e não são poucas) e até falta de conhecimento de muitas pessoas que se colocam como influenciadores “seguros” e “confiáveis”.
Os argumentos de convencimento são sempre os mesmos: cursos de profissionalização são inúteis e a experiência prática é mais importante, “ouvidos treinados” que só eles têm, além de outras bobagens.
Peça para um desses “experts práticos” projetar um amplificador, um DAC ou uma caixa acústica. Esqueça! O trabalho deles é ficar sentados ouvindo o “resultado”, e se consideram especialistas nisso, mas a maioria não é, ou sequer estão mesmo capacitados para tanto.
Muitos que defendem essas ideias são ainda representantes de marcas ou revendedores.
Todos eles precisam de um retorno financeiro, e para isso vale tudo, até usar adjetivos exagerados a cada equipamento testado, sempre levando a ideia de que algo revolucionário chegou para o consumidor. Mas, também vale se omitir, dizer que já testou mais de centenas de equipamentos que eram ruins, mas, quais são esses equipamentos? Quais as marcas e modelos que o consumidor deveria evitar?
Claro que eles não citam isso.
As contradições são inúmeras. Citam os seus “ouvidos treinados” (isso também não existe – outra bobagem), mas ignoram que os ouvidos sofrem variações com a idade, e isso é inevitável e provado cientificamente. Nós não ouvimos da mesma forma e ainda sofremos perdas auditivas severas já a partir dos 30 ou 40 anos de idade, e até mesmo muito antes disso.
Mas, óbvio, que o médico que estudou isso, se formou em universidade, assistiu palestras, simpósios, fez inúmeros cursos de aperfeiçoamento, já realizou inúmeros exames de audiometria em seus pacientes, análises de funcionamento do sistema auditivo de outros milhares de pacientes, não sabe nada na opinião deles.
O profissional especializado é apenas mais um infeliz que estudou, aprendeu, praticou, mas não sabe nada diante daqueles que ages com negacionismo, aliás, uma palavra muito em destaque hoje.
Eles se recusam a aceitar o que é fato, é ciência provada e pacífica.
Desesperadamente buscam desacreditar o fato de que ouvimos sim de formas diferentes, que cada um de nós tem variações de sensibilidade ao longo da faixa de frequências audíveis, que a idade piora ainda mais a situação e que não há ainda treino ou cura acessíveis para isso.
O absurdo é tão grande, tão escandaloso, que continuam insistindo que a referência ao vivo é a única válida, o que hoje já se sabe que não é verdade. E, para tentar negar o óbvio (pois isso afeta os seus interesse pessoais), buscam argumentos fantasiosos e ridículos como exemplos de comparações absurdas como a de, por exemplo, como saber o que é o verde se a pessoa nunca viu essa cor. Este é apenas um exemplo de uma das comparações exageradas, equivocadas, superficiais e tendenciosas usadas por estes “especialistas”.
Assim como o nosso sistema auditivo, a nossa visão também se degrada com o tempo. Então uma imagem “borrada” ao vivo seria a referência para ajustarmos a imagem de nosso televisor? Conseguiríamos identificar variações de textura, cor e brilho e outras características das coisas com uma visão deficiente?
Claro que não, mas eles insistem nisso, de tal forma tentando fazer crer que no áudio de alta-fidelidade, ou “high-end” (como muitas vezes preferem) tudo é mistério, que a ciência não funciona, que os nossos ouvidos são “perfeitos” e infalíveis, que profissionais especializados formados em universidades são estúpidos e só aprenderam bobagens, que metodologias ultrapassadas das mais equivocadas são mais eficientes e seguras, e, com isso, tudo o que eles dizem é o que vale, o restante é formado por leigos que brincam de conhecimento, pobres infelizes que pagaram caro, frequentaram aulas e desenvolveram pesquisas para aprender ciências que não funcionam quando são aplicadas ao áudio.
Com essas distorções e manipulações, esses “influenciadores” buscam fazer o consumidor acreditar que o som ao vivo é a única referência admissível, ignorando as perdas e variações de nossas curvas de sensibilidade auditiva que, estas sim, são reais e não fantasiosas, e tentam dar legitimidade aos seus métodos poucos científicos e as suas opiniões muitas vezes bastante duvidosas.
Sempre defendi aqui que o som ao vivo complementa, mas não é e nunca será uma referência absoluta e única, e talvez nem seja a mais importante.
Temos aqui uma série de artigos publicados demonstrando isso de maneira clara, mas muitos tentam ignorar a existência dessa realidade porque sabem que isso vai fazer desmoronar muitos castelos de bobagens que construíram ao longo do tempo, sempre com o objetivo de confundir o consumidor.
As contradições estão sempre presentes nos argumentos daqueles vendedores de ilusão, e são bastante óbvias. Por exemplo, primeiro eles afirmam que há sempre necessidade de “casamento” ou “sinergia” entre os equipamentos, e que isso provoca resultados diferentes de acordo com o sistema, assim como a sala e muitos outros fatores. Na verdade, essa tal de “sinergia” (ou “casamento”) nada mais é do que um conjunto de interações elétricas entre os componentes interligados, e as diferentes características de cada equipamento, mas, claro que Engenharia Elétrica e conceitos como capacitância, indutância, curva de resposta e outros parâmetros são bobagens que não existem no “áudio high-end”.
Quando um avaliador testa um equipamento (quando testa de fato e não apenas afirma que testou), ele está limitado ao seu sistema, às suas características auditivas, às condições acústicas da sua sala e muitos outros fatores que interferem nos resultados. Mas, mesmo assim, para eles suas opiniões são mais importantes do que conhecer as opiniões de outros audiófilos que possuem sistemas similares ao do interessado que precisa de uma informação mais realista.
Existe algo muito grave no universo do áudio que é o “achismo” (*1), a avaliação “de escutada”, e querer ainda transformar isso numa verdade, na verdade deles e de mais ninguém.
Eles sempre criticaram os foristas (aqueles que participam de um fórum de discussões), os graduados em ciência, profissionais especializados, sempre colocando os seus “achismos” como mais importantes do que tudo isso.
Eu tenho uma longa lista de contradições e exemplos de falsidades que colhi em muitos anos acompanhando este mercado, e que seu eu fosse colocar aqui certamente desmoralizaria seriamente estes experts de “ouvidos treinados”, mas não sou dono do destino de ninguém, e continuo sonhando que estes “senhores” um dia se darão conta da responsabilidade e das consequências do que dizem e sugerem (mais uma vez, existem raras exceções… raríssimas…).
Muitos exemplos já foram publicados aqui mesmo por mim, e também por vários leitores que nos acompanham, mas, para eles, nós também não sabemos nada, não entendemos nada, somos tão estúpidos como todos aqueles que eles menosprezam.
Apesar da minha formação técnica, do longo curso de engenharia, das especializações, dos inúmeros experimentos feitos desde garoto (construindo pessoalmente caixas e equipamentos de áudio e de telecomunicações), das descobertas de tantas mentiras neste hobby (muitas publicadas aqui e outras que serão publicadas em breve), e de quase 60 anos de audição de música, para eles eu também não sei nada.
Mas, a verdade é que aqui no Hi-Fi Planet eu não tenho anunciantes, não tenho revendedores e nenhum tipo de patrocínio, sequer anúncios de plataforma como a do Google são admitidos aqui. Boa parte dos produtos que analiso e recomendo sequer possuem representação no Brasil.
E é o fato de ser imparcial, de não ter que reverenciar anunciantes e patrocinadores, de poder dizer a verdade o que torna o Hi-Fi Planet um incômodo para muita gente. É a vantagem de poder escrever a verdade sem a preocupação de “ter o rabo preso” (como diz a expressão popular) com quem quer que seja.
Como eles podem concordar com uma recomendação minha que nenhum lucro vai lhes proporcionar? Ou, pior do que isso, algumas verdades podem até incomodá-los muito…
São anos da mesma ladainha. Tudo que funciona são suas “metodologias” já desatualizadas, baseadas em “achismos” e conceitos ultrapassados, que ignoram muitos fatores hoje conhecidos que mudam o nosso entendimento de reprodução eletrônica. Aí tentam argumentar com as suas “experiências” cheias de “buracos” e contradições, mas não convencem porque o mercado vem evoluindo e não é mais tão inocente como antes.
Eu tenho um e-mail que guardei de um desses “avaliadores de equipamentos”, onde eu o desafiei para um teste comparativo sem identificação da marca ou modelo do componente avaliado, no caso um cabo de interconexão, mas esses “especialistas” fogem apavorados e de forma covarde desses testes.
A resposta que recebi foi de que “é impossível determinar com precisão uma diferença audível sem ouvir muitas gravações, sem usar cuidadosamente os discos de referência da “metodologia” e sem ter vários dias disponíveis para os testes. Este cabo tem sutilezas que devem ser apreciadas cuidadosamente como um bom vinho, não sendo percebidas nos primeiros goles”. (sempre essas comparações ridículas de impacto).
Mas, vejam a avaliação do tal cabo que o mesmo avaliador publicou um dia, e que se recusou ao desafio de compará-lo ou mesmo identificá-lo com outro cabo que ele mesmo já disse ser muito inferior e cheio de limitações: “Foi um susto. Logo nos primeiros segundos do disco o “…..” (cabo em teste) mostrou as suas virtudes, com uma substancial redução do ruído de fundo, uma clareza impactante, com um equilíbrio tonal que até então eu nunca havia percebido em nenhum outro cabo testado nesta faixa de preço…”
Perceba a contradição novamente (e sempre) presente. Em poucos segundos a diferença em relação ao cabo que estava instalado foi “impactante”, mas num comparativo desafiador para identificar o cabo em uso, tudo muda, e esses poucos segundos viram dias.
Às vezes me surpreende como algumas pessoas podem acreditar que o consumidor é tão estúpido, e buscar justificativas tão ridículas como essa.
E então? Será que as opiniões de consumidores reais e honestos, sem quaisquer interesses obscuros, devem ser desmerecidas?
Claro que para eles, e para o bom resultado dos negócios, toda a “credibilidade” de opiniões deve ser focada nestes “especialistas com ouvidos treinados”, e que o resto dos “meros mortais ignorantes” não merece qualquer respeito ou consideração.
Essa influência é tão grande, e a absorção por parte do consumidor é tão fácil às vezes, que já vi muita gente comprar um produto e dizer que percebeu as mesmas características propaladas pelos “senhores da verdade”, mas, depois num teste comparativo, saíram sem graça porque não puderam mais identificar aquelas diferenças.
O problema é que raramente alguém aceita esse desafio, e ainda inventa as mais absurdas justificativas para fugir dele.
Este é um assunto que vou tratar aqui em breve, e que vai fazer uma diferenciação do que algumas pessoas entendem sobre teste cego de valor e teste comparativo para identificação de diferenças.
A única coisa que eu recomendo é cuidado com a “lavagem cerebral” que algumas pessoas, lojas e publicações tentam fazer no mercado.
Esqueçam a referência absoluta do som “ao vivo”. Como eu sei que os críticos da Customização de Sistemas (uma ideia desenvolvida aqui no HFP) não sabem (ou não querem saber… ou não podem assumir que sabem…) interpretar o que eu escrevo, então eu vou repetir para esses cérebros mais limitados: O som “ao vivo” não é uma referência absoluta, é apenas mais uma referência a ser cruzada, mas ela não funciona sozinha.
Não adianta apenas você ver uma cor azul para saber o que é o azul. É preciso saber que você está vendo realmente o azul correto.
Para estes vendedores de ilusão que estão mais preocupados com o seu faturamento, o que importa é que você acredite que bastou ter ouvido a música ao vivo, e acreditado que o ilustre avaliador “ouvidos de ouro” lhe disse o que você precisava ouvir (não saber).
E isso já é suficiente para mantê-lo na ignorância necessária para que continue caindo nas armadilhas do mercado, fazendo dezenas ou centenas de upgrades, gastando muito mais do que realmente precisa (normalmente inutilmente), e, ao final, nunca sabendo se você está ouvindo mesmo o som real e não somente o “som ao vivo”.
Para os negócios, isso é suficiente, e o melhor é continuar envolvendo o áudio high-end de mistérios, com toques de negacionismos e temperos de exageros misturados com fantasias.
Basta isso para você abrir a carteira.
Não estou dizendo que você não deva ler os “reviews” e nem ouvir os vendedores, mas tenha muita cautela para perguntar ao vendedor do Mc Donald´s qual é o melhor hambúrguer da cidade. Ouça 100 ou 200 opiniões de outros consumidores antes de formar a base de sua decisão, e lembre-se que todos estes consumidores compram o lanche para comer, e não para revendê-los.
*1. Achismo: (substantivo masculino) teorização fundada no subjetivismo do ‘eu acho que’ (aplicável a qualquer campo teórico); O achismo é praticado por pessoas que desconhecem a natureza de determinado assunto, mas que fazem questão de tentar explicar algo tendo em consideração apenas aquilo o que acham sobre o tema.
Meu amigo Edu. Beleza companheiro?
Fico contente quando vejo uma publicação sua, tenho comentado pouco por causa da vida corrida.
Mas esse comentário está com uma cara daqueles de “tome essa” de quando alguém publica alguma besteira que você não gosta kkkkk
Foi aquele cara de sempre? Não sei porque não entro mais lá e não leio mais as bobagens que ele escreve. Alias vou te dizer, conheço pouca gente que ainda segui o cara. Os velhos do áudio já entenderam e se cansaram das coisas que ele fala, os mais novos que eu conheço acompanham muito mais o seu blog e acompanhavam o fórum Clube e nem conhecem as publicações que o cara diz que ainda mantem.
Alias como se mantem se são gratuitas? obvio que tem muita gente bancando. mas quem?
Você deveria abrir espaço para anuncio aqui, não ia ficar ninguém lá.
Concordo com tudo que voce disse, aliás eu percebo que seus posicionamentos sobre esse ssunto de customização estão cada vez mais maduros.
Meu amigo, escreva mais. Sentimos falta de seus bons artigos.
Estarei aí em Sáo Paulo em breve. Espero poder visitar o amigo e conhecer as novidades da sua sala.
Um abraço companheiro.
Paz e saúde.
Olá Emílio !
Bom te encontrar por aqui.
Obrigado por sempre prestigiar esse espaço.
Eu respondendo alguém? Imagine… sou da paz. 🙂
Será um prazer recebê-lo.
Abração
Eduardo
Já até imagino o que que aconteceu. O mesmo de sempre.
Aquele editor gosta de passar vergonha, não me é possível isso.
Abraços e boa sorte.
Olá Fernando !!!
Obrigado pela sua participação.
Veio do mesmo lugar, só mudou o personagem.:-)
Abração
Eduardo
Eu sei do que se trata. Aquele pessoal é maluco.
Todo mundo com quem converso conhece e fala do hi fi planet, mas poucos conhecem a publicação daqueles caras, digital né porque a impressa já sucumbiu.
Conversei com um logista e ele me disse que é uma pena vocês não abrirem espaço para anuncios, assim ele parava de anunciar lá. Voces tem mais respeito e prestigio aqui.
Parabéns pelo site. O novo visual ficou muito mais moderno e bonito.
Eu sei como é isso. Trabalhei numa publicação automobilística e era a mesma coisa.
A receita dos anunciantes não é desprezível, mesmo vendendo a revista aos leitores, aí voce tem que agrada-los, elogiar o produto e mostrar que a revista é um bom veículo de propaganda para divulgar o produto.
Parabéns pelo site. Bastante coisas interessantes e com uma linha de pensamento bem parecida com a minha, apesar de eu ainda estar engatinhando nesse mundo.
Espero aprender muito aqui e montar o sistema dos meus sonhos.
Muito sucesso pra voces e obrigado pelo conteúdo compartilhado.
Abraço
Márcio, obrigado pelas palavras.
Fico feliz que tenha gostado do novo visual.
Abração
Eduardo
Leandro, eu que te agradeço por prestigiar o nosso site.
Verdade, o segmento automobilístico também sempre teve algumas histórias de arrepiar, principalmente as pilantragens de dispositivos e fluídos “mágicos” para fazer o carro economizar ou ficar mais potente, e as publicações da época ainda davam espaço em suas páginas para estes absurdos.
Abração
Eduardo