APRESENTAÇÃO E TESTES
Depois de muitos anos de bons serviços, resolvi trocar meu player Sony NV900 por um player mais recente. Essa troca demandou muita pesquisa e bastante cuidado na escolha, pois não é fácil substituir um vencedor como o Sony, que até hoje possui uma grande procura por aqueles que conhecem suas qualidades.
Meu player ainda contava com modificações que foram orientadas por mim, que melhoraram ainda mais as suas qualidades com a utilização de novos OpAmps (amplificadores operacionais), que cuidam da amplificação interna do sinal, da substituição de alguns outros componentes originais por outros de melhor desempenho, e da adaptação de um conector para utilização de cabos de força destacáveis (modificação feita por mim). O player, que já possuía um desempenho elogiadíssimo, ficou ainda melhor, e por isso sua substituição tinha que ser bastante cautelosa.
O novo player teria que obedecer algumas exigências pré-formuladas: tinha que ser robusto, reproduzir SACD (pois aprecio muito este formato e tenho uma grande coleção de discos SACD), tinha que ser dedicado (não gosto de modelos que compartilham o formato DVD-Video) e ter uma qualidade de som dos melhores exemplares que a tecnologia hoje é capaz de produzir.
Depois de muito pesquisar, minha escolha recaiu sobre o modelo SA8001 da Marantz.
Recentemente um teste deste player, conduzido pela revista americana Stereophile, confirmou o acerto da escolha, ao classificá-lo como “Classe A”.
( veja http://us.marantz.com/stereophile.09.24 … SA8001.pdf )
O player SA8001 segue o já conhecido padrão Marantz de qualidade: robusto (pesa 8Kg!!!), muito bem acabado, construção interna perfeita e qualidade de áudio de primeira. Nada de algumas bobagens que costumam aparecer em alguns players hi-end, que acrescentam mais valor ao preço do aparelho do que ao seu desempenho final.
Dentre suas características, podemos citar:
– Reprodução de CD e SACD (somente em estéreo), incluindo discos CD -R/RW
– Módulos de amplificação HDAM – recurso desenvolvido pela Marantz que equipa seus modelos mais sofisticados, e melhora sensivelmente o sinal de áudio
– Chassis duplo
– Transformador toroidal e circuito de fonte de qualidade audiófila
– Emprego de componentes e terminais Audiophile Grade
– Circuito de fone de ouvido de altíssima qualidade
– CD Text para SACD, que mostra o nome do disco e das faixas
– Conexão remota D-Bus
– Cabo de força destacável
– Controle remoto completo
Algumas especificações técnicas do modelo:
– Faixa dinâmica: 112dB (SACD) – 100dB (CD)
– Resposta de frequência: 2Hz a 50Hz (-3dB) (SACD) – 2Hz a 20KHz (CD)
– Consumo de potência: 20 Watts
– Peso: 8Kg
Pelas características apresentadas já se pode ter uma idéia do desempenho do SA8001.
É importante lembrar que este player somente reproduz SACD em estéreo, portanto, nada de multicanal. Esta é uma opção de alguns fabricantes para obter a máxima qualidade de áudio.
Como costumo fazer, apresento uma síntese do desempenho apresentado pelo aparelho, de forma objetiva e direta, sem exagerar nos detalhes que, além de confundir aquele com pouco conhecimento nos termos “audiofilês” (desnecessário), se tornam repetitivos e sem utilidade real.
A reprodução em SACD do SA8001 é digna de um aparelho hi-end. Aliás, de um modo geral, tanto em CD como em SACD o player mostrou um desempenho muito superior a modelos bem mais caros que ele.
O detalhamento do som é surpreendente, com muita dinâmica, bastante agradável e sem causar qualquer cansaço auditivo.
Testei o aparelho com toda a minha coleção de SACDs, para avaliar o quesito compatibilidade, já que alguns modelos de players da Marantz têm a fama de serem bastante seletivos com o disco a ser reproduzido, e nenhum deles apresentou problemas de reprodução. Dois apenas não foram reconhecidos inicialmente pelo SA8001, mas depois de um “amaciamento” inicial de 30 horas, e uma limpeza geral de todos os discos (que há muito tempo não era feita), eles foram reproduzidos normalmente.
A cada SACD colocado para tocar, a sensação era bastante positiva. Nunca havia antes escutado meus discos com uma reprodução tão perfeita.
Sempre admirei o formato SACD pela sua evidente superioridade ao CD, e o SA8001 é capaz de mostrar essa superioridade com bastante competência.
O foco é muito preciso, com um palco sonoro bastante fiel, e com um resultado harmônico muito agradável.
O realismo é surpreendente, e utilizando um integrado Creek 5350SE ligado a um par de caixas CDM 7NT da B&W, foi possível perceber a grande extensão dos extremos da faixa de frequências, confirmando mais uma vez a superioridade do formato SACD.
Nenhum ruído de fundo foi percebido, e a reprodução se mostrou sempre perfeita.
Em CD o resultado também foi bastante feliz. Já ouvi inúmeros CD players chamados de “audiófilos”, mas que nunca conseguiram se igualar ao conjunto transporte/DAC que possuo. O DAC externo da MSB que tenho hoje também foi aprimorado, sofrendo uma melhora muito grande em relação ao original. Não é qualquer player que consegue reproduzir qualidade semelhante. Muitos apresentam o mesmo detalhamento, mas não conseguem fazer isso de uma forma agradável aos ouvidos ou, como costumam dizer, não são “musicais”.
O SA8001, apesar de ainda não ter se igualado ao MSB (ainda está amaciando), apresentou um detalhamento surpreendente, superior ao Sony, mas de uma forma bastante agradável aos ouvidos. A vontade era de ficar horas e horas ouvindo cada CD.
A dinâmica é um pouquinho menor que a do MSB, mas nada que comprometa o resultado final.
Discos de alta qualidade de gravação surpreendem pela precisão com que foram reproduzidos, com um palco perfeito, e uma extensão bastante elogiável.
Como transporte para o meu DAC externo, ele se mostrou também superior ao Sony, muito mais preciso.
Sua construção interna é exemplar, e sua robustez sugere uma durabilidade muito grande.
O conjunto mecânico é muito bem feito, e os componentes são bem selecionados e cuidadosamente distribuídos. Não há qualquer vibração interna, e não percebi o aquecimento exagerado do aparelho, como costumo notar em muitos outros players.
CONCLUSÃO
É um player de altíssimo nível, e que se colocado num sistema adequado apresentará um resultado excelente, principalmente em SACD.
A Marantz, mais uma vez, acertou com esse modelo. Produziu um equipamento digno de elogios, e capaz de satisfazer o audiófilo muito exigente.
Recomendo a leitura do teste feito pela revista Stereophile, que apresenta mais detalhes sobre o desempenho do SA8001, lembrando que este resultado pode variar de sistema para sistema.
Sugiro que sejam utilizados amplificador, caixas acústicas e cabos com bastante transparência e extensão, para desfrutar de tudo que esse player pode oferecer.
Posso dizer que fiquei bastante satisfeito com a troca, e que esse player deve me satisfazer por muito tempo.
Para conhecer mais sobre o SA8001, há um manual em inglês aqui:
http://us.marantz.com/DFU_SA8001_Final_eng.pdf
Preço médio oficial: R$ 4.500,00, podendo ser encontrado por valores menores no Mercado Livre e importadores independentes.
Testado em Outubro/2007
Dimensões (LxAxP): 44 x 12,8 x 33,9cm
Peso: 8 Kg
Fabricante: Marantz
FOTOS
Vista frontal do SA8001.
Painel traseiro. Excelentes conexões.
Vista interna. Construção impecável.
Transformador toroidal super dimensionado e blindado.
Capricho no projeto e na montagem…
Detalhe das conexões de saída. Qualidade aqui também..
Com o integrado da Creek, em teste. (ambos apoiados em vibrapods)
ATUALIZAÇÃO em 20.03.2008
Depois de aproximadamente 5 meses com o aparelho, faço as seguintes considerações:
1. O SA8001 é realmente um aparelho surpreendente. Sua qualidade sonora melhorou ainda mais com o uso, principalmente no que se refere ao equilíbrio tonal, detalhamento, qualidade dos graves e palco sonoro.
Em CD, já não é possível identificar facilmente as diferenças entre o SA8001 e o DAC externo MSB modificado.
Em SACD, não há o que dizer, é um formato muito superior, e as diferenças já foram um pouco mais sutis.
2. O funcionamento do conjunto mecânico é muito preciso e silencioso, sempre demonstrando robustez.
3. Em inúmeros discos utilizados, ocorreram três falhas de leitura, mas que não atribuo ao aparelho, mas sim a condição dos discos. Dois deles são discos que já apresentavam problemas, e o outro estava aberto sobre a mesa há um dia, e algum pó havia se acumulado sobre ele.
É um player digno de nível hi-end. Tive a oportunidade de compará-lo com alguns outros inclusive bem mais caros, e DACs de dois modelos, e ele se mostrou bastante superior.
Para quem busca um player de altíssimo nível, e não quer se aventurar com esses modelos e marcas um tanto estranhas que surgem por aí, e ainda ganham notas exageradas de publicações um tanto suspeitas, esta é uma aquisição segura e certa.
ATUALIZAÇÃO em 13/05/2008
Alguns poucos relatos no exterior informam sobre falhas de leitura do SA8001.
São poucos casos, comparados com o universo de equipamentos instalados.
O problema se manifesta como uma falha em reconhecer a presença do disco na gaveta, apresentando a mensagem “NO DISC” no display.
Abrindo-se e fechando-se a gaveta novamente, a leitura ocorre normalmente.
O curioso é que o problema é identificado como excesso de eletricidade estática do corpo, que pode estar sendo transferida ao disco e à gaveta do aparelho.
Informam que o aparelho pode ser sensível a isso.
Apesar de serem relatos muito raros, vale a pena abordar esta questão aqui.
Eletricidade estática é um problema que há muito tempo prejudica o funcionamento de diversos equipamentos, não só de áudio.
Em nossas salas, onde nos sentamos e levantamos constantemente da poltrona, e caminhamos sobre tapetes e carpetes, a possibilidade de “carregar” o corpo com eletricidade é muito comum.
Em dias mais secos, com a temperatura do ar mais elevada, esse fato é bem mais frequente.
Nestas condições, o corpo humano é capaz de ficar carregado com uma tensão de 35.000 volts ou mais. Poucas pessoas sabem o verdadeiro significado disso, mas podemos adiantar que essa tensão é muito alta.
Não só CD players estão sujeitos a problemas decorrentes dessa carga elétrica, mas inúmeros equipamentos são bem sensíveis a esse diferencial de potencial elétrico.
No mercado estrangeiro são vendidos alguns acessórios para aplicação em áudio, cuja função é justamente eliminar a eletricidade estática do disco a ser reproduzido.
O que pode parecer, num primeiro momento, uma dessas bobagens para vender acessórios, pode tratar-se de algo sério, se concebido adequadamente para tratar essa questão.
Aqueles que usam toca-discos de vinil sabem do estrago que a eletricidade estática causa na reprodução do disco.
Uma solução para resolver esta questão é descarregar a eletricidade do corpo ao manusear os discos. Tocando em um objeto de metal aterrado, ou no próprio gabinete dos aparelhos (preferencialmente aterrados) pode resolver satisfatoriamente o problema.
Alguns recomendam pisar descalço no piso, ao manusear o equipamento. Mas, este procedimento pode representar um risco sério, se o equipamento não estiver corretamente aterrado.
É sempre importante aterrar os equipamentos. Alguns defendem que CD players não devem ser aterrados sob o risco de criar um efeito conhecido como “loop de terra”, mas isso não é totalmente verdade.
Esse efeito ocorre quando criamos mais de um caminho para o aterramento do aparelho.
No caso dos players, costuma acontecer quando se aterra o gabinete do aparelho ou o pino terra do conector de alimentação. Acontece que muitas vezes o próprio conector de sinal (RCA ou outro) já pode ter um ponto conectado (aterrado) ao gabinete. Assim, teríamos dois (ou mais) caminhos para o aterramento do aparelho, um possível loop de terra.
Aterrar o equipamento, não só auxilia a segurança e ajuda a evitar outros problemas, como também pode melhorar sensivelmente a reprodução sonora.
Mas, é importante que este aterramento seja bem feito, sem loops e com um terra de verdade.
Em meu sistema, optei por instalar uma barra de cobre junto ao equipamento, com 3 metros de profundidade no piso. (Alguns outros critérios técnicos devem ser observados para isso)
Este é um terra, digamos, “dedicado”. Esqueça o “neutro” da rede elétrica.
Posso afirmar que um equipamento bem aterrado, e com uma alimentação de qualidade, ajuda muito no resultado final. É um investimento compensador.
Essa questão da eletricidade estática não atinge somente este aparelho da Marantz, mas inúmeros outros equipamentos, em maior ou menor grau.
O SA8001 continua me impressionando, e pode ser considerado um daqueles componentes com limites de aproveitamento bem distantes. Tudo o que você faz com ele, seja na qualidade da alimentação elétrica, no controle de vibrações, nos cabos empregados e outros, a resposta é imediata.
Porém, cuidado com essas características, com seus parceiros e com os discos utilizados. Se combinado com amplificadores muito transparentes, normalmente os de baixa potência e alta qualidade sonora, e caixas com altas frequências muito reveladoras, como as Wilson Audio, B&W, JM Lab, Triangle, NHT, e outras que usam tweeters metálicos (muito transparentes), pode mostrar os defeitos ocultos com bastante facilidade. Tudo tem que estar muito correto (uma obrigação para sistemas hi-end) para o melhor aproveitamento do 8001.
Um aparelho fantástico e que merece a fama que vem conquistando a cada dia.
Mas, se por acaso o seu aparelho apresentar alguma falha de leitura, tente se “descarregar” um pouco, aliás, tome isso como procedimento padrão. Quem teve esse tipo de problema, garante que este cuidado funcionou.
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