São muitos os fatores que influenciam na durabilidade de um cabo, e saber como melhor conservá-los é importante para extrair suas melhores características por um longo tempo.
Introdução
Pensei em muitas formas de iniciar este artigo, indo direto ao assunto, justificando seu conteúdo e conclusões, apresentando referências científicas prévias e outras voltadas diretamente ao tema proposto. Mas, preferi fazer uma introdução inicialmente abordando um pouco sobre um tabu chamado “cabos de som”, pois não é fácil reverter anos e anos de fantasias criadas para confundir usuários ou valorizar excessivamente os seus benefícios.
Falar sobre cabos é sempre algo espinhoso, e a razão é muito simples, ganha-se muito dinheiro com a falta de conhecimento e das verdadeiras características de um cabo, o que favorece interpretações muito subjetivas de seus benefícios e colabora para que o seu valor ultrapasse níveis aceitáveis de bom-senso.
As velhas historinhas de que determinado cabo possui “secretos componentes especiais”, ou “formulação guardada a sete chaves pelo fabricante”, ou ainda “tecnologias da NASA em sua fabricação” e outras afirmações ainda mais absurdas, já não convencem mais, e a verdade é que cabos acabam sendo super valorizados pelo mercado, que paga verdadeiras fortunas por produtos que não agregam nada de especial, sequer as supostas “longas pesquisas em seu desenvolvimento”.
Para piorar, temos veículos de “desinformação” que valorizam ainda mais a situação, e com as suas “espertas” avaliações “de ouvido”, são capazes de fazer acreditar que um cabinho de força de milhares de reais é capaz de fazer verdadeiros milagres e, assim, deve ser de aquisição obrigatória por quem quer ajustar ou “extrair o último sumo” de seus sistema de som.
Muitos destes veículos se favorecem com anunciantes, patrocinadores em eventos ou até atuam como representantes destes produtos, o que já nos leva a entender um pouco melhor as suas intenções.
Justiça seja feita, algumas publicações estrangeiras (raríssimas) ainda têm a coragem de apontar cabos ruins, chegando mesmo a afirmar que não valem o que custam ou que existem opções melhores no mercado naquela faixa de preço.
Mas, muitos não agem assim, e fazem cada novo cabo testado parecer uma nova revolução. Chegam ao absurdo de, na falta do que elogiar, citar um “aumento de silêncio de fundo sepulcral” de um novo cabo testado, e o absurdo número de vezes que já disseram isso, e ainda a “enorme” diferença que dizem perceber, nos leva a crer que o sistema em questão deveria ter inicialmente um ruído de fundo no mínimo com a intensidade de uma turbina de avião !!!
Em meu sistema não utilizo estes cabos desenvolvidos em “caldeirões de bruxos”, mas cabos honestos, bem construídos e plenamente capazes de transportar com total competência os sinais elétricos de áudio, e que também não custam caro. E, há muitos anos não sei o que é “ruído de fundo” em meu sistema. Se existir, é imperceptível, pois além de não ouví-lo, jamais consegui medi-lo. Exatamente! Realizo medições em meu sistema para confirmar de fato o que nossos ouvidos podem interpretar de forma errada, pois já vi avaliações de cabos dizendo que um determinado modelo (evidente que de preço mais acessível…) possuía limitações nas altas frequências, e constatei em medições que o modelo apresentava uma banda passante tão extensa que ultrapassava os MHz (Milhões de Hertz – enquanto nossos ouvidos alcançam apenas alguns milhares, quando jovens).
Fico imaginando como estes avaliadores que já passaram da casa dos quarenta anos, e inevitavelmente já possuem limitações auditivas significativas, conseguem medir “de ouvido” estas características. Mas, isso também deve fazer parte da magia que o mercado criou.
Tudo isso que citei acima tem um significado, mostrando como se criam fantasias demais sobre cabos e como isso alimenta um mercado de fabricantes, revendas e de publicidade que preservam seus próprios interesses nessa desinformação, e esta introdução tem também a intenção de mostrar adiante como algumas coias mais importantes são negligenciadas pelos veículos de informação, e que seriam muito mais úteis para o usuário de um sistema de som.
A origem da dúvida
A primeira vez que ouvi algo à respeito da vida útil de um cabo foi num fórum estrangeiro, onde um dos participantes levantava essa questão. Na época a pergunta ficou sem resposta, pois ninguém possuía conhecimentos para esclarecer a questão.
Recentemente, em outro fórum, um participante levantou este ponto, e outro participante afirmou que certa vez adquiriu dois pares idênticos de um cabo, mas usou apenas um no sistema, guardando o outro. Dois anos depois notou diferenças quando colocou o novo no lugar do primeiro que havia sofrido um dano num dos terminais. Ele afirmou que teve ainda o cuidado de “amaciar” (deixar funcionando por um longo tempo) o cabo que estava guardado, para excluir esta variável da equação.
Já é sabido que as diferenças entre cabos são sempre sutis, e quando diferenças muito grandes ocorrem é porque há uma interferência de algum outro elemento na condução do sinal, como uma oxidação dos terminais do cabo, por exemplo.
Já vi críticas contra a minha opinião de que um bom cabo, bem construído, com componentes de qualidade já é suficiente para proporcionar um bom resultado, onde comentam que esta afirmação seria ridícula. Gostaria que um dia estes críticos, sem qualquer formação técnica ou científica, com ouvidos já alterados pela idade, e com seus interesses pessoais e profissionais em jogo me mostrassem o que mais é preciso para um cabo transportar os sinais elétricos de áudio, muito menos complexos que muitos outros que existem em vídeo, telecomunicações, informática, etc.
Mas, se um cabo bem construído pode mudar suas características de condução e modificar a sonoridade do sistema, a pergunta que fazemos é: porque isso ocorre?
É comum lermos que determinado cabo possui mais “equilíbrio tonal”, “graves mais equilibrados”, “agudos mais líquidos” (essa é de doer…) e outras características. Mas, um cabo é um mero condutor de corrente elétrica. Ele não conduz som. E esse é o primeiro erro que vemos em muitas avaliações de cabos.
O som é gerado pela movimentação de ar causada pelo movimento dos cones dos alto-falantes das caixas acústicas.
O que trafega por um cabo é uma corrente elétrica que varia conforme os sinais gravados, e que deve entrar por um lado cabo e sair do outro lado com as mesmas características. Se o cabo fosse assim tão crítico, pobre de nossos computadores que jamais funcionariam pelas mudanças nos sinais elétricos que trafegam por seus inúmeros cabos.
Mas, o que pode então interferir na condução destes sinais elétricos? Alguns fatores são grandezas elétricas conhecidas como capacitância, indutância ou resistência, totalmente dominadas nos processos de fabricação. A pureza de um condutor hoje é tão grande que já não é mais um limitante de sua capacidade de condução.
Então, como o participante daquele fórum percebeu diferenças entre dois cabos iguais, um novo e outro usado?
Uma resposta para essa pergunta é muito simples: a falta de manutenção. Cabos devem ser limpos ao se fazer qualquer comparação. Um cabo instalado num sistema há algum tempo já apresenta alterações físico-químicas em seus contatos, com deformação e oxidação de seus componentes.
A limpeza prévia é fundamental.
Mas, o sujeito que fez o relato garantiu que os dois cabos foram limpos durante os testes, e os conectores eram do tipo de pressão ajustável, e, portanto, não havia folgas por deformações.
Algumas vezes o cabo pode se deteriorar com o tempo, o que é bastante raro hoje. A umidade, reações químicas de seus componentes e outros fatores podem alterar as características de um cabo, e isso não é um privilégio de cabos baratos. Eu já tive um cabo caro que sofreu forte oxidação superficial, apesar de nenhum efeito prático na condução do sinal. Já li exageros sobre cabos que apodreceram com o tempo, o que é bem estranho, mas havia outros interesses em jogo e, portanto, desprezei o fato.
Mas, e aí? Tirando estes fatores, será que cabos têm mesmo validade?
Em busca da resposta
Durante os anos que trabalhei no desenvolvimento e na fabricação de minhas caixas acústicas, depois de concluir que nenhum modelo comercial testado poderia se adequar às minhas necessidades pessoais, tive o privilégio de conhecer muitos técnicos e engenheiros no exterior, envolvidos com o desenvolvimento tecnológico de produtos de áudio hi-end (pois é… não são bruxos nem leigos… são pessoas com conhecimento científico).
A amizade que se formou com este grupo de projetistas e construtores, além de avaliadores (sérios) de equipamentos e usuários avançados, e mantida ao longo destes mais de 10 anos, foi algo bastante útil para que eu adquirisse informações seguras e honestas sobre o áudio de alta fidelidade, me proporcionando um amadurecimento que jamais teria acontecido apenas pelas experiências que fiz e pela literatura que tive acesso.
Dentre esses profissionais e amigos, conheci um rapaz que trabalha no desenvolvimento de cabos de áudio para uma conhecida indústria de acessórios hi-end.
Ele e um colega de trabalho que nunca autorizou a sua identificação são sujeitos alegres, destes que gostam de se divertir e apreciam uma boa brincadeira.
Eles viveram histórias divertidas, e também não vivem de mitos, pois foram os protagonistas de várias “peças” pregadas contra usuários e avaliadores de publicações de áudio.
Contam que certa vez desenvolveram um cabo que foi para um pré-teste de um avaliador famoso de revista bem conhecida. O avaliador devolveu o cabo e disse que não havia gostado, relatando alguns pontos que não lhe agradara (nem lembro agora quais eram). Nossos amigos projetistas disseram que realmente eles tinham conhecimento destas limitações, mas para corrigí-las teriam que incluir algumas alterações no cabo que dobrariam o seu preço.
Não era verdade. Eles apenas queriam testar o avaliador, e guardaram o cabo num armário por mais de 15 dias. Passado este tempo, enviaram o mesmo cabo de volta ao avaliador, e pediram nova opinião. Para a mais engraçada das surpresas, o avaliador comentou que o cabo havia evoluído muito, e boa parte dos problemas haviam sido sanados !!!
Também me confidenciaram que o pessoal de marketing da empresa sugeriu que um mesmo cabo tivesse cores diferentes, e fossem apresentados como opções para várias faixas de preços.
Eles dizem que sentem vergonha do fato, mas que alguns cabos de uma determinada linha tratam-se na verdade do mesmo cabo com um pigmento de cor diferente na capa de PVC, com nomes exclusivos e preços diferenciados.
Comentam, ainda, que o pior é ver que avaliadores testam os cabos e sempre apontam os mais caros como modelos de melhor desempenho !!!
É óbvio que a minha pergunta sobre durabilidade de cabos foi direcionada para eles, já que trabalham no desenvolvimento deste tipo de produto, possuem conhecimento científico sobre o tema, desenvolvem testes também científicos nos produtos, acompanham as avaliações e, acima de tudo, são sinceros comigo.
Por razões óbvias, não vou citar o nome deles e nem da empresa onde trabalham.
Ao questioná-los sobre a possibilidade de cabos possuírem validade, a resposta foi positiva, e a explicação me veio de forma muito longa, e para não tornar este artigo ainda mais extenso do que já está sendo, resumirei aqui.
O que determina a validade de um cabo
Além dos fatores já comentados e amplamente conhecidos por nós, como perda de pressão mecânica de contato, falta de limpeza, oxidação e outros, os técnicos consultados me relataram o que segue.
A princípio, a durabilidade de um cabo é muito longa, mas também é imprecisa, pois depende muito de seu uso.
A princípio, um cabo é projetado para ser desconectado e conectado no equipamento por muitas vezes, mas é exatamente esse um dos maiores problemas para a redução drástica de sua vida útil.
Eles consideram que um usuário normal não irá movimentar ou desconectar os cabos mais do que algumas poucas vezes por ano, para limpeza, troca de algum equipamento, mudanças de posição entre os equipamentos ou alguns poucos testes. Eles consideram que a desconexão ou a movimentação do cabo não serão superiores a 5 ou 6 vezes num ano, o que seria algo como desconectá-lo uma vez a cada 2 (dois) meses. Mas, consideram por segurança um número de 12 vezes ao ano (uma ação por mês).
Segundo eles, não é algo natural tantas desconexões acima disso.
Mediante testes que já realizaram, um cabo pode suportar até 100 vezes uma operação de desconectar e reconectar antes que algumas de suas características comecem a sofrer alterações.
Sendo assim, eles dizem que poderiam sugerir que um cabo no limite de manuseio poderia ter um tempo de vida útil estimado de aproximadamente 8 anos. Mas, eles informam que esse tempo pode sofrer grandes variações, e dependendo das condições, uma única movimentação dos cabos já pode provocar danos irreversíveis ao mesmo.
Eles começam relatando que alguns cabos são fabricados com maior complexidade, e estes estão mais sujeitos a danos do que outros. Não que esta complexidade seja resultado de uma tecnologia tão avançada e precisa que acabe por aumentar a fragilidade dos cabos, mas porque são características que acabam por enfraquecê-los naturalmente.
Apesar de não acreditarem que estas soluções possam trazer de fato algum benefício sensível, comercialmente são valorizadas pelos consumidores justamente por conta desta maior complexidade. Relatam, ainda, que é preciso lembrar que muitos cabos não possuem sequer estas características, e que, portanto, os seus comentários são para os cabos que realmente possuem estes diferenciais em sua fabricação.
Para iniciar a explicação, citam os cabos que possuem granulação ampliada, os famosos cabos de cristais longos (por favor… não peçam para que eu explique isso).
Eles comentam que estes cabos possuem baixa compactação de material, e a flexão do condutor em uma movimentação constante é suficiente para romper essa união. Por isso alguns fabricantes recomendam não dobrar os cabos.
Em outros casos, se utilizam metais mais duros, ou, de baixa flexibilidade. Novamente, a movimentação constante destes cabos provocam rachaduras perfeitamente visíveis até com uma boa lente de aumento, mas de forma ainda mais assustadora vistas num microscópio.
Comentam ainda que uma das características de um cabo é o efeito da condução de corrente mais próxima à superfície externa do que em seu núcleo, sob determinadas condições. Assim, cabos “banhados”, como aqueles que recebem uma camada de prata no condutor, são também bastante suscetíveis a danos na fixação e na continuidade do banho.
Eles citam que num único movimento leve de torção que fizeram num conhecido (e caro) cabo de interconexão de áudio foi suficiente para “descolar” o banho de prata que havia sobre o condutor de cobre, e rompê-lo em vários locais.
Disseram ainda que isso é ainda mais grave nos pontos do cabo mais próximos aos conectores, que normalmente sofrem mais flexão. Neste local, os danos são bem mais rápidos, frequentes e profundos.
Esses problemas, segundo eles, são ampliados com a forma de instalação dos cabos, onde dobras e curvas de raios muito pequenos intensificam os problemas.
Ainda, para piorar a situação, muitos cabos, de acordo com as suas técnicas construtivas, podem sofrer problemas nas malhas de blindagem ou nas capas isolantes, alterando inclusive o distanciamento dos condutores e afetando características elétricas do cabo, como a sua capacitância.
E, segundo os problemas que consideram mais importantes, citam aqueles que surgem nos conectores.
Encaixar e soltar as conexões com frequência provoca uma perda de pressão dos contatos, além de poder afetar a soldagem ou a prensagem dos condutores nos terminais dos conectores. Muitos cabos que eles tiveram oportunidade de testar apresentavam folgas entre os condutores e os terminais dos conectores.
E, por último, citaram algo ainda mais interessante.
Toda vez que engatamos um conector e o soltamos, realizamos uma operação de atrito entre as superfícies do conector do cabo e do aparelho. Ou seja, “raspamos” as superfícies.
Para reduzir este atrito, eles, particularmente, utilizam conectores de alto grau de polimento, mas citam que inúmeros cabos “caríssimos” do mercado possuem conectores com superfícies bastante ásperas e muito irregulares quando vistas num microscópio. É assustador, afirmam, ver a baixa qualidade da superfície de contato de alguns conectores de cabos considerados de altíssimo nível.
Mas, o que esse atrito provoca de ruim num cabo? Eles mesmo que explicam.
Quando dois metais (e muitos outros elementos) sofrem atrito, ocorre um fenômeno físico bem conhecido que chamam de “migração de material”. (como não sou físico especialista em atrito, não sei se a tradução é a mais adequada).
A migração de material ocorre quando dois metais (no caso) são submetidos ao atrito entre eles, e parte do material da superfície de um é “arrastada” e fixada na superfície do outro, onde pode ficar aderida àquela. Ocorre o que chamam de “transferência” de material, contaminando e alterando as características dos dois materiais.
Citam, como exemplo, quando dois carros “raspam” seus para-choques numa manobra errada. É possível perceber que cada um deles fica com marcas da tinta do outro, num efeito bem semelhante ao aqui mencionado.
Comentam os amigos especialistas que quando os materiais são bem diferentes, o fenômeno é ainda mais evidente, e em alguns casos já identificaram conectores banhados a ouro de um receiver com forte contaminação de óxido de prata, oriundo de um cabo que possuía um conector com banho desse material, e que era constantemente desligado por razões quaisquer.
Todos estes problemas citados com a movimentação de cabos, obviamente, provocam algum tipo de deterioração dos contatos, causando problemas em equipamentos de áudio, computadores, aparelhos de vídeo ou qualquer outro.
Comentaram que quem trabalha com som profissional, onde a troca de cabos é constante, acaba vivenciando um dia um ou outro destes problemas relatados.
Por isso, eles confirmam que cabos possuem um tempo de validade, e que ele está muito ligado diretamente (mas não somente) ao seu constante manuseio. Isso é físico, real e notório, e não tem nada de subjetivismo, de bruxaria, de fenômenos sobrenaturais ou razões ainda desconhecidas ou não mensuráveis pela ciência.
Um simples microscópio, ou em muitos casos uma lente de aumento, são suficientes para confirmar estes problemas.
Como prevenir os danos prematuros em cabos?
Para aumentar a durabilidade de um cabo, algumas providências foram sugeridas.
Óbvio que formulei aos amigos uma pergunta que talvez alguns leitores também imaginaram fazê-la: e como fica a situação dos cabos que são constantemente manipulados pelos avaliadores de equipamentos?
Ao testar equipamentos, muitos avaliadores desconectam e conectam os cabos inúmeras vezes para ligar os equipamentos que recebem, ou pelo menos afirmam que fazem isso, já que muitas vezes suspeitamos que os equipamento sequer saiam de suas caixas, ou mesmo da fábrica ou da revenda.
Mas, já teve avaliador que relatou ter trocado inúmeras vezes um pré de fono para comparações durante um teste, só para citar um exemplo. É possível, então, que a incidência de danos seja então mais veloz e mais frequente neste caso?
Segundo os técnicos consultados a resposta para essa pergunta é “sim”.
Afirmam que por essa razão são eles também bastante desconfiados em relação a estes testes, pois a movimentação constante de cabos e conectores vai provocar alterações que podem levar a falsas conclusões sobre o desempenho dos equipamentos e até comprometer comparações, inclusive entre cabos.
Assim, a primeira sugestão para aumentar a vida útil e preservar o melhor desempenho de nossos cabos de áudio seria evitar ao máximo movimentá-los, ou retirá-los e instalá-los novamente com muita frequência. Quanto menos mexer com eles, melhor.
Para simplificar e destacar melhor estes cuidados, recomenda-se, portanto:
– Retire e instale o cabo o mínimo de vezes possível;
– Mantenha os conectores sempre polidos para reduzir o atrito;
– Jamais dobre ou enrole um cabo em pequenas circunferências (o melhor é transportá-los o mais solto e com o maior raio de curvatura possíveis);
– Ao instalá-los, novamente evite dobras ou curvas de pequeno raio;
– Sempre solte um cabo de sua conexão puxando-o pelo conector, e sem trancos;
– Nunca realiza movimentos de torção em cabos;
– Cabos grandes e pesados podem precisar de apoios e suportes para evitar pontos de esforços concentrados, em dobras, por exemplo;
– Evite adquirir cabos usados de quem não tenha estes cuidados aqui citados.
E, para concluir, mais uma vez, tenha cautela com os exageros sobre os cabos de áudio, desconfie de cabos muito caros e mantenha uma manutenção das conexões de seus equipamentos e acessórios, realizando uma limpeza geral de contados a cada pelo menos 6 meses (4 meses seria bem melhor), e com os cuidados citados acima para evitar danos aos cabos e conectores.
Boas audições !!!
Caro Sr. Eduardo
Parabéns pelos seus ótimos artigos.
Acompanho o seu site há bastante tempo e sempre me surpreendo com suas tratativas bem embasadas, interessantes e até mesmo inovadoras em relação ao que costumeiramente lemos nos demais canais especializados.
Te escrevo porque este seu artigo me caiu como uma luva.
Há algum tempo vivi uma experiência bastante similar ao que você relata aqui.
Adquiri há dois anos um cabo hi-end de excelente qualidade. Não sei se posso divulgar marcas aqui, mas o cabo me custou bem caro.
Tive a impressão recente de que a qualidade de meu sistema caiu, e comecei a testar os componentes. Depois de trocar esse cabo por um inferior que possuo, o som ficou melhor, aumentando o detalhamento e com os agudos perdendo alguma agressividade que eu vinha notando.
O fato me incomodou, pois o som estava muito bom.
Desconfiado, fiz uma boa limpeza no cabo e o recoloquei no sistema, e o problema continuou mostrando ser realmente ele o causador da queda de qualidade.
Fui ao importador onde comprei o cabo e comentei o fato. Ele ligou meu cabo no sistema dele e me disse que realmente estava muito estranho. Colocou um novo de modelo identico e logo percebemos que realmente o cabo usado apresentava algum problema, pois o novo funcionou maravilhosamente bem.
O cabo foi desmontado no laboratório e todas as conexões estavam perfeitas.
Foi feita uma nova limpeza nos conectores com, pasme, lixa d’água!!!
Mesmo com o alto conceito da revenda que está há muito anos no mercado e é bem respeitada, achei o procedimento um pouco estranho.
Houve uma leve melhora, mas ainda aquém do esperado.
Foi quando o importador me disse se eu havia dobrado o cabo ou retirado ele do sistema muitas vezes. Foi a primeira vez que soube que isso poderia danificar o cabo.
Confirmei que sim, que gosto de testar coisas novas e que o cabo foi bastante manuseado.
Ele me disse que já teve problemas semelhantes antes, e que não recomendava que o cabo fosse retirado muitas vezes do sistema.
Ele não soube explicar o porque da degradação, mas agora depois de ler o seu artigo entendi melhor e já até enviei o link para ele.
São artigos úteis assim de que precisamos,e que não vemos abordado em lugar nenhum. Somente lemos a mesmas coisas de sempre e cansativas demais.
Achei interessante também o fato que você citou sobre quem usa cabos em testes e os movimenta muito. Realmente isso engana muito quem testa produtos e cabos já que eles estão se deteriorando e comprometendo os resultados.
Também penso como você, o que existem de reviews inúteis e sem qualquer confiabilidade é muito grande.
São poucos os reviews em que confio, e sempre os europeus que são um pouco mais honestos e com estas características que você mencionou de falar bem ou mal conforme exige a situação.
Obrigado por mais esta excelente contribuição e venha me visitar quando vier aqui em Ribeirão Preto.
Um grande abraço
Satoro
Eduardo,
Obrigado por mais um artigo com informações de grande relevância para quem aprecia alta fidelidade em reprodução sonora. Gostaria de te fazer algumas perguntas referentes ao artigo:
– As informações acima se aplicam para cabos de caixa, de interconexão e de força?
– Quais conectores de cabos de caixa seriam menos suscetíveis às perdas por manuseio: banana ou spades?
– Por conta dos problemas citados acima, seria interessante investir em marcas de cabos que garantem a recompra do seu cabo por, no mínimo, 70% do valor pago originalmente? (exemplo: a transparent cables tem um programa de upgrades que faz com que você possa trocar seu cabo de caixa / força / interconexão por outro da mesma linha ou superior com as condições expostas na pergunta).
Peço desculpas pelo número exagerado de perguntas. No entanto, espero que elas possam ajudar a desenvolver ainda mais este tema de grande importância.
Abraços,
Renato
Caro Sr. Satoro,
Obrigado pelo seu depoimento bastante útil.
Fique sempre à vontade para citar marcas, falando bem ou mal, não importa, o importante é a imparcialidade e a honestidade na informação que servirá de referência a outros consumidores.
Excluí seu endereço por razões de segurança, e agradeço o seu convite. Espero ter uma oportunidade para esta visita.
Abraços
Eduardo
Olá Renato,
Obrigado por prestigiar o Hi-Fi Planet com a sua costumeira participação.
Não sou especialista em cabos, mas pelas informações que obtive, vou tentar ajudá-lo nas suas dúvidas.
As informações passadas pelo fabricante foram mais direcionadas a cabos de interconexão e caixas. Não comentaram diretamente sobre cabos de força, apesar de serem fabricantes também.
Acho que por serem os cabos de força mais “robustos”, talvez resistam mais ao uso. Mas, mesmo assim, carecem de alguns cuidados.
Não sei lhe responder quais as vantagens de cada conector de cabo de caixas diante das circunstâncias que motivaram este artigo. Eu acho que o maior problema é o manuseio constante, e nem tanto o tipo de conector, apesar do terminal banana provocar mais atritos de superfície quando conectados ou desconectados, o que, segundo o fabricante, pode causar transferência de material entre as partes de contato.
Acho que para quem movimenta muito os cabos ou possui cabos mais antigos, um programa de recompra pode ser interessante sim. Mas, é preciso cuidado para que o fabricante não supervalorize demais os cabos novos por conta desta reposição, afinal, não existem milagres nesse negócio.
Um grande abraço,
Eduardo
Eu já tinha lido alguma coisa a respeito desse assunto, mas nada com tanta profundidade. Muito bacana este texto.
Eu também tive uma experiência parecida com essa no ano passado.
Meu som também ganhou um chiado de uma hora para outra. Cheguei a levar o amplificador para um técnico que me disse que ele estava OK.
Quando fui ligar o amplificador de volta, percebi que um cabo de interconexão da Tara Labs estava com mau contato. Levei o cabo para o técnico que me mostrou que o cabo estava partido internamente. Segundo ele isso aconteceu porque eu tirei esse cabo muitas vezes para testar outros modelos que pegava emprestado.
O interessante é que o condutor estava mais maleável em alguns outros pontos, que segundo o técnico também estavam enfraquecidos e prontos para romperem também. O curioso é que neste pontos o cabo fica com a coloração meia alterada, mais clara.
Eu sempre achei que cabos e diamantes eram para sempre…. rsrsrs…..
Caro Eduardo, deixo aqui meus parabéns a mais um artigo bem escrito e fundamentado sobre um tema extremamente relevante. Confesso que alguns dos aspectos levantados me foram novos, apesar de seus fundamentos serem bem conhecidos cientificamente.
Nos meus cabos, a cada 4-6 meses (depende mais da lembrança do que da percepção de mudança propriamente dita) faço a manutenção das suas conexões utilizando uma pasta de limpeza de pintura automotiva e aproveito para fazer os devidos apertos nos conectores.
Estou ansioso pelo próximo artigo.
Abraços.
Comprei um cabo RCA certa vez para ligar entre o DAC e o préamplificador, da marca Siltech, em uma viagem que fiz ao exterior. O vendedor me comentou que quanto menos tirasse o cabo do equipamento melhor, porque isso provoca deterioração do cabo e dos conectores provocando mudanças no comportamento do cabo.
Estranhei o comentário do vendedor porque jamais tinha ouvido falar nisso, até porque vejo o pessoal que faz testes de equipamentos mexer nos cabos a toda hora e nunca comentar nada sobre isso.
Foi quando ele me mostrou uma folha de dados do fabricante onde havia uma informação bem clara sobre a possibilidade de mudanças de características do cabo com a sua constante manipulação, sem entrar no mérito do porque desta deterioração.
Agora sei qual o motivo.
Muito interessante a reportagem.
Fico feliz de saber que este tema está sendo útil, conforme as manifestações que venho recebendo aqui e por e-mail .
Abraços
Eduardo
Estimado amigo,
Seus artigos são muito bem elaborados e dão um banho em muitas revistas digitais ou impressas do gênero.
O seu trabalho sobre personalização de um sistema de áudio merecia um marco na história do desenvolvimento do áudio hi-end, e tenho certeza que em muito breve esta idéia começará a tomar corpo no mundo inteiro.
Simplesmente, em poucas palavras, parabéns pelo seu trabalho aqui no HI-FI PLANET.
Se por um lado temos informações honestas, precisas e de boa qualidade aqui, por outro lado acabo me decepcionando com o que leio em algumas revistas de áudio, não só no Brasil mas em boa parte do mundo. Sou leitor de dezenas de publicações e sites internacionais, mas aqui a coisa é muito pior.
Não bastasse a única revista impressa brasileira sobre o tema começar a atacar participantes de fóruns ou de blogs, agora começam a dar suas pedradas em grupos de audiófilos que se reúnem em “inauguração” de lojas e até quem detém conhecimentos científicos, que se sentou em cadeiras de universidades para aprender a ciência por detrás do feitos práticos, e que agora são desprezadamente chamados de “teóricos” por esta revista.
Talvez os que escrevem para ela deveriam estudar um pouco para evitar até tantos erros que publicam regularmente, se realmente há interesse em publicar informações corretas e imparciais.
Na última edição ainda em banca, novamente encontramos alguns absurdos que reforçam a minha indignação pelo baixo nível destas publicações.
Há até um comentário sobre a queda de vendas de CDs “depois do retorno do vinil”. Para quem é do ramo, como eu, e que convive diretamente com o mercado musical internacional, é de causar muita indignação ver a “puxada de saco” ou a falta de conhecimento neste tipo de informação.
Aliás, quem escreve isso já é conhecido por emitir informações equivocadas e confusas sobre inúmeros outros assuntos, mostrando pouca afinidade com os temas que aborda.
Para corrigir tamanha falta, gostaria de aproveitar esta oportunidade para informar corretamente aos leitores do HI-FI PLANET (único espaço que permite esse tipo de manifestação já que as correspondências que envio a esta citada revista nunca são publicadas).
A queda de venda das gravações em CD NÃO TEM NADA A VER COM A VOLTA DO LP ao mercado. Aliás, este retorno é bastante discutível do ponto de vista técnico, apesar de eu ser consumidor de vinil com uma coleção da mais de 10 mil discos neste formato, e de possuir um equipamento para reproduzi-los muito acima do que possuem a maioria dos “especialistas e apaixonados” pelo formato.
Sob o ponto de vista de qualidade, que é a desculpa que o mercado vem usando para fortalecer a volta do formato, o digital se compara ou supera facilmente.
Na verdade, a tentativa de seu retorno se apóia mais em questões mais comerciais do que técnicas.
A queda de vendas de CDs teve como verdadeira razão a proliferação dos formatos digitais, seja através da disponibilização comercial de arquivos para downloads ou ainda a velha pirataria, que com os novos recursos atuais facilitaram muito a sua proliferação (esta sim que vem crescendo de forma arrebatadora).
Essa é a verdadeira razão da queda de vendas do CD, e não a volta do vinil, como foi incorretamente mencionada pelo redator do artigo publicado na revista. Um total absurdo!
http://images.theage.com.au/2012/06/06/3353567/aw-0706livewireMUSICsalesgraph-420×0.jpg
http://www.proxxima.com.br/mediaObject/proxxima/Gr-fico_LP/original/Gr%C3%A1fico_LP.jpg
Há ainda alguns nichos de mercado que determinam novas causas para o crescimento do vinil, e aí entram inúmeros outros fatores que vão do puro exibicionismo ou saudosismo até particularidades bem específicas destes nichos, como gosto e valorização de características que, na verdade, estão sendo reproduzidas hoje pelos formatos digitais de alta resolução.
Como eu já disse, até por necessidade de trabalho, mantenho todos os formatos disponíveis para meu uso, e sempre com um sistema a altura para extrair resultados que muitos chamariam de audiófilos, e eu apenas chamo de alto nível ou hi-end. Por isso, posso emitir a minha opinião sem qualquer contaminação por paixão ou razões de outra ordem.
Mais uma vez parabéns pelo seu blog, e principalmente pelas suas colaborações técnicas que tem feito bastante sucesso em nossa área, talvez mais do que você imagine pelos amplos debates que vem criando.
Um grande abraço deste humilde admirador,
Denis Takao
Desculpe-me, mas gostaria de incluir outra correção breve aqui:
– A gravação em vinil de melhor qualidade de Time Out de Dave Brubeck (da Classic Records/Columbia), é o de 200g de 33 ou 45 rotações. A gravação de 180g é sabidamente ruim, uma bomba, e não é recomendada para qualquer sistema de vinil mesmo aqueles ditos “de entrada”, pois foi muito mal gravada. Serve apenas para provocar forte irritação. Neste caso, melhor o próprio CD.
A Audio e Video pisou feio na bola.
A gravação recomendada por eles do Time Out é a pior lançada até hoje deste álbum, e é referência de pior qualidade, isso sim.
É lamentável que uma revista da importância dela levem seus leitores a uma roubada destas, ao adquirirem um disco tão ruim.
Parabéns ao Hi-Fi Planet, uma referência obrigatória para todo audiófilo.
Sinto apenas falta de mais artigos, mas qualidade ainda é melhor que quantidade, então continuem nesta direção, pois a comunidade agradece.
Bjs a todos.
Dalva Menegatti