Avaliação de Cabos de Áudio

 

Introdução

Realizamos aqui uma avaliação rápida de cabos, com os quais tive contato recentemente e pude realizar alguns testes.

Cabo é algo que me deixa sempre bastante cauteloso, pois existem exageros e fantasias sobre o comportamento dos cabos num sistema.
São diversos os fatores que interferem numa avaliação de cabos, e vou dizer algo agora que pode surpreender muita gente. Dois cabos iguais e do mesmo lote podem apresentar resultados diferentes. Porque isto acontece? Bem, o problema não está no cabo em si, mas na forma como ele é instalado. Se instalarmos um cabo num conector que não costuma sofrer qualquer tipo de manutenção, como limpeza, por exemplo, haverá o risco do primeiro cabo realizar uma limpeza no conector, raspando parte de sua contaminação e trazendo para o conector deste primeiro cabo, fazendo seu comportamento ser diferente do segundo.
Há uma influência também da forma como o cabo é colocado atrás do equipamento, ângulos, curvas, proximidade de outros cabos, etc.

Testes de cabos se iniciam pela limpeza prévia das conexões, tanto do equipamento como do cabo, mesmo que novo. Em um teste recente na casa de um amigo, ele instalou um cabo recém adquirido que apresentou uma diferença que eu considerei no mínimo estranha. Ao retirar  cabo, constatei que seu conector não estava brilhante, mas levemente opaco. Fizemos uma limpeza com um simples pedaço de pano seco, e o cabo se comportou dentro do “normal” que poderia se esperar de… um condutor elétrico.

É muito fácil induzir alguém a acreditar que cabos provocam diferenças acentuadas, e muitos usam este artifício. Até grandes fabricantes que organizam palestras, apresentações em exposições ou os famosos “days” usam artifícios que provocam resultados arrebatadores sobre a platéia presente.
Já soube de cabos com pequenos capacitores dentro de seus conectores para modificar sensivelmente os resultados, e até de cabos invertidos para forçar uma confusão na interpretação dos resultados.
Já soubemos de palestrante que em um evento no Brasil apresentou uma aula de percepção auditiva, mas que se confundiu em relação aos cabos instalados e elogiou o cabo que antes havia sido apontado como ruim por ele mesmo.

Cabos sempre provocam grandes discussões, e são motivos para as mais inusitadas situações. Mas, é importante saber que cabos e conexões de qualidade (Atenção: não me refiro a cabos caros) podem apresentar resultados melhores que produtos de baixa qualidade. Eu escrevi “pode”, e a grafia está correta, pois já vi cabo sem marca apresentar um desempenho melhor que um caríssimo cabo muito badalado por aqui.

O importante é lembrar que um teste de cabos deve ser realizado com alguns cuidados prévios, mas, pela falta de conhecimento e formação técnica da maior parte dos avaliadores, diversas publicações cometem erros que acabam provocando conclusões bastante distorcidas. Portanto, se alguém espera que eu escreva aqui coisas como “este cabo mudou o meu sistema da água para o vinho”, “o palco sonoro abriu de uma forma como nunca havia percebido antes”, “este cabo não tem uma boa extensão nos extremos da faixa audível”, “a diferença foi arrebatadora”, “este cabo precisa de 500 horas de amaciamento para mostrar as suas verdadeiras qualidades” ou outras coisas do tipo, esqueça! Estas são observações absurdas que num teste realizado com os mínimos cuidados técnicos necessários, ou com a imparcialidade de quem não precisa agradar anunciantes ou ganhar comissões como representante, jamais ocorrerão num teste de cabos.

É importante ressaltar, também, que não existe esse negócio de que se deve gastar x% do valor do equipamento em cabos. Não procede uma relação como esta.
Cabos caros muitas vezes carregam mais valor pela grife do que pelas suas qualidades em si.

Mas, este é um assunto que em breve vou tratar com o cuidado que merece.

O Teste

Recebi alguns cabos para teste, e coloquei cada um deles em meu sistema para identificar as diferenças que provocam no som, que é o nosso objetivo final.

Os equipamentos foram pré-aquecidos e os cabos foram testados de uma única vez, depois que todas as conexões foram limpas, tanto os conectores dos cabos como do equipamento, além de outras providências prévias.
Os testes foram acompanhados por mais dois amigos, que perceberam alterações parecidas.

Importante lembrar, novamente, que as variações de um cabo para outro são sempre sutis, precisando de nossa atenção para serem percebidas.
Não são variações “enormes” como alguns avaliadores sugerem, e que depois estranhamente fogem apavorados de testes cegos.

A seguir, apresentamos os resultados de cada cabo testado.

Cabo para ligação de caixas acústicas – Van Den Hul “The Inspiration Hybrid”

Características: Cabo correto, que manteve a boa resolução do sistema, sem alterações em relação ao cabo de referência (neutro).
Não interferiu nas características do som a ponto de prejudicá-lo ou de mostrar nuances significativas.
Um cabo bem construído com conectores de excelente qualidade. Recomendado para todas as instalações.

Preço: R$ 1.650,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 2 x 2,5 metros com terminais (bicablado)

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Cabo para ligação de caixas acústicas – Van Den Hul “3T The Air”

Características: Vem com um fio para aterramento da blindagem do divisor de frequências ao amplificador, como um recurso muito interessante para reduzir interferências. Poucas caixas adotam este recurso (segundo o fabricante, a Tannoy emprega este recurso em algumas de suas caixas de melhor nível). Adotei essa blindagem quando construí as minhas caixas, e posso afirmar que há uma redução de interferências indesejáveis geradas até pelos próprios equipamentos, além daquelas propagadas pelo ar (eletromagnéticas – RFI). Todas as caixas deveriam possuir uma blindagem nos divisores de frequências, mas, infelizmente, os elevados preços não acompanham detalhes importantes como este.
O som apresentou-se bem natural, com detalhamento e características originais inalteradas.
Mostrou um sutil reforço nos graves, e médios levemente mais evidentes (novamente: as diferenças são sempre muito… muito sutis).
Conectores de excelente qualidade.
Adequado para todos os sistemas.

Preço: R$ 2.900,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 2 x 2,5 metros com terminais

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Cabo para ligação de caixas acústicas – Straight Wire “Virtuoso H”

Características: Cabo muito bem construído e com terminais de boa qualidade e com ajuste de pressão para maior firmeza.
Apresenta  uma leve tendência para destaque dos agudos, o que provoca uma percepção de aumento de detalhes, novamente, de forma BASTANTE SUTIL.
Graves e médios apresentam-se de forma neutra, sem alterações.
Acabamento externo bem resistente, mas um pouco exagerado, apesar do cabo apresentar boa maleabilidade.
Um cabo muito elogiado pelos seus usuários.

Preço: R$ 2.450,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 2 x 2,4 metros com terminais

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Cabo para interligação de equipamentos RCA – Straight Wire “Virtuoso R”

Características: Cabo bem construído, com conectores de excelente qualidade e com ajuste de pressão (podem incomodar um pouco quando o distanciamento entre conectores é pequeno e muitos cabos estão ligados, mas é uma das melhores soluções que vi até agora).
Teve um comportamento muito semelhante ao do meu cabo de referência, de prata. Os agudos apresentam um leve aumento de detalhamento.
Graves e médios permaneceram neutros e naturais.
Muito adequado para sistemas bem equilibrados, e que podem mostrar mais detalhes sem trazer “sujeira” junto com os agudos (estridentes, por exemplo).

Preço: R$ 1.150,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 1,5 m

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Cabo para ligação de caixas acústicas – Straight Wire “Crescendo II”

Características: Cabo bem grosso. Recomendo apoio junto ao amplificador e caixas para não forçar os terminais.
É um cabo bem construído, com terminais de ótima qualidade.
A série Crescendo é uma das mais elogiadas pela comunidade audiófila, sempre agradando por não custar a fortuna de outros cabos e apresentar resultado superior.
Foi o cabo que apresentou mais diferenças em relação aos demais, com graves parecendo sutilmente mais evidentes, mas ainda bem controlados, médios levemente mais naturais e agudos agradáveis e precisos.
Foram diferenças bastante sutis, mas que agradaram. Bem recomendado para todas as aplicações.

Preço: R$ 3.400,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 2 x 2,4 metros com terminais

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Cabo para interligação de equipamentos RCA – Straight Wire “Crescendo II”

Características: Bem construído, com terminais de excelente qualidade e com ajuste de pressão (exige espaço para melhor aperto e para soltá-lo).
Manteve o bom detalhamento do sistema, mas consegue proporcionar agudos um pouco mais evidentes e precisos, levando à uma sensação de maior detalhamento. Um resultado que agradou a todos.
Graves e médios naturais e bem controlados.
Recomendado para todos os sistemas.
Apenas por curiosidade, testei este cabo como coaxial digital entre meu player e o DAC (por isso está aparecendo somente um cabo na foto – o outro ainda estava em teste nesta condição) e gostei bastante do resultado. Na condução digital mostrou uma maior precisão dos agudos, e graves um pouco mais naturais, com uma leve sensação de aumento de palco (profundidade), mas lembrando que, novamente, estas mudanças foram bastante sutis.

Preço: R$ 1.850,00 no Toda Oferta (mercado virtual) -1,5 metros

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Cabo de força – Kimber Cable “Palladian PK 14”

Características: Um dos cabos de maior prestígio da Kimber.
Vem com um módulo grande e pesado no meio do cabo, que pode até dificultar a sua utilização em algumas aplicações se não tiver um apoio adequado.
Seus conectores são de excelente qualidade da Wattgate.
Como todo bom cabo de força, conduz a corrente sem introduzir interferências indesejadas (eletromagnéticas – RFI).
Sua construção muito bem feita e seus ótimos conectores mostram que se trata de um cabo sério, para funcionar bem e sem apresentar falhas de contato.
Alguns cabos mais caros apresentam uma construção mais rudimentar e com menor qualidade.

Preço: R$ 2.200,00 no Toda Oferta (mercado virtual) – 2 x 2,4 metros com terminais

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Pode parecer uma avaliação fria e simples, mas não há o que ficar inventando numa avaliação de cabos.
Nossa proposta não é ficar enaltecendo qualidades em dezenas ou centenas de linhas. Aliás, todas as fotos foram feitas por nós e, portanto, são exclusivas, pois aqui nós realizamos mesmo os testes.

Todas as fotos podem ser ampliadas apenas clicando sobre elas.

4 Comentários

  1. Eu também acho que com cabos de áudio a gente gosta ou não gosta, as diferenças são tão complexas que nem sabemos definir suas grandezas, então vale o gosto pessoal, o ouvido de cada um. Meu cabo referência é o Inspiration há muitos anos, já experimentei cabos mais caros e muito cabos de valorese menores, mas mantenho o VDH Inspiration, para mim imbatível. Se fosse trocar, tentaria ouvir o Supra Sword.

  2. Prezado Eduardo,

    Com relação ao cabo de força o teste foi realizado apenas de ouvido? Se sim, já experimentou utilizar um multímetro RMS e osciloscópio para ter um segunda opinião, precisa e confiável, sobre o grau de distorção a onda elétrica proporcionado pelo cabo. Ou seja, se a onda se aproximou ou se distanciou da senoidal pura de 60Hz, por exemplo.

  3. Diogo,

    Infelizmente não pudemos realizar medições técnicas nos cabos, mas já estou preparando algo neste sentido.
    Também tenho bastante curiosidade em saber o que de fato acontece eletricamente com o cabo. Tem muita conversa por aí que nem tudo pode ser medido. Pode sim, e você também parece ter conhecimento técnico para entender isso.
    Os poucos testes que já fiz estão mostrando o quanto absurdas são algumas avaliações subjetivas.
    Em breve vou publicar um experimento que vai deixar muita gente envergonhada por divulgar tantas bobagens.

    Abração

  4. Tenho uma dúvida. A estrutura metalográfica das ligas metálicas utilizadas no cabos de áudio alteram os resultados auditivos? Alguém sabe dizer o quanto? Alguém saberia, por exemplo, se uma determinada estrutura molecular altera para melhor ou para melhor o resultado?

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