Dicas para aumentar o desempenho do M1-DAC da Musical Fidelity através de modificações em seu circuito eletrônico.
Por Eduardo Martins
Eu já comentei aqui que realizei algumas alterações em alguns componentes do meu sistema.
Eu gosto de manter tudo original, e já defendi muito essa linha. Mas, tenho encontrado muito espaço para o aprimoramento de alguns equipamentos, e fiz muitas pesquisas sobre isso.
Existem muitas bobagens na Internet, então sempre busquei orientação segura com a própria Engenharia dos fabricantes dos aparelhos.
O fato é que descobri que a tecnologia digital é pouco aproveitada, pois há alguma limitação dos equipamentos e, principalmente, de adequação da nossa audição ao sistema para perceber melhor algumas características desta tecnologia.
Aliás, essa foi a minha maior motivação para a construção das minhas caixas acústicas, pois, independente do preço, não encontrei nada no mercado que estivesse à altura de um sistema digital, não me pergunte o porquê disso, pois eu não saberei responder. Acredito que todo projeto possui limitações de custo, e o interesse de investir mais em aparência do que em resultados sonoros ainda seja a prática de muitos fabricantes.
As fontes digitais também sofrem com algumas limitações, e isso prejudica enormemente a qualidade da reprodução.
Existem bons equipamentos? Sim, existem, mas é impressionante como eles são colocados numa faixa de “luxo” e num patamar de preços realmente absurdos.
O fabricante de um DAC ou um player digital utiliza em um produto, por exemplo, um chip de DAC que custa, no atacado (que é a forma como eles compram), por exemplo, 3 dólares, e deixam para empregar um chip mais moderno e eficiente, de 8 dólares, em outro modelo, que chamam de “SE – Special Edition” ou de qualquer outro nome mais pomposo, que vai custar 3.000 dólares a mais. Esse novo modelo vai ter ainda alguns dourados na frente do painel, uma caixa mais pesada, um nome mais “requintado” e algumas frescuras estéticas, nada mais.
Alguém pode dizer que 8 dólares é algo que pesa no custo, mas a conta não é essa, e sim 8 dólares menos os 3 dólares do chip que não foi utilizado.
Não estou exagerando… é isso mesmo. Inúmeros produtos são assim. Existe muita enganação nesse mercado. Aliás, sempre existiu.
No fórum Clube Hi-End chegamos a relacionar muitos produtos que são vendidos no mercado a preços bem justos e aceitáveis, mas alguém coloca uma caixa diferente, uma grife no painel, e vende por 3 vezes ou mais o preço do modelo concorrente que oferece exatamente o mesmo desempenho. Infelizmente. o mercado não consegue identificar esse tipo de artifício com facilidade.
Um player de disco digital de 500 dólares, com algumas modificações acessíveis que não custam mais de 200 dólares, pode atingir o mesmo nível de um player de 8.000 dólares. Novamente, não estou inventando isso. Foi, inclusive, um fabricante que me mostrou isso. Mas, como tenho formação em eletrônica e tenho o costume de abrir os aparelhos para avaliar o projeto e as características construtivas de cada um deles, isso para mim nunca foi uma novidade.
Diante disso, comecei a fazer algumas modificações em alguns componentes do meu sistema, principalmente em meu player DV7001 da Marantz (um player incrível quando dedicado exclusivamente ao áudio), no Cambridge Azur 751BD também dedicado exclusivamente ao áudio, no DSPeaker Anti-Mode 2.0 e num conversor digital-analógico Musical Fidelity M1DAC, este último que será objeto deste artigo.
O M1-DAC é um excelente DAC da Musical Fidelity, mesmo quando original, como já abordamos aqui em outras oportunidades.
A primeira versão que eu tive desse aparelho foi modificado sob encomenda (também já comentado aqui). Mais tarde, comprei uma versão mais nova com leves mudanças e maior versatilidade da entrada USB (que na verdade eu não utilizo).
Para este modelo eu fiz uma grande pesquisa para identificar possíveis melhorias técnicas em seu circuito, e descobri que muitas coisas poderiam ser aprimoradas com um custo bem aceitável, mas colocando o aparelho no mesmo nível dos melhores DACs “chiques” do mercado.
Já fizemos uma comparação aqui com um DAC adquirido por um amigo, que lhe custou mais de 12 vezes o preço do meu modificado, e não notamos, sem qualquer exagero, nenhuma diferença em qualidade de som. Nenhuma mesmo. E eu acredito que este M1DAC poderia encarar uma boa briga com modelos muito mais “conceituados” e bem mais caros do mercado.
Não é uma mudança sutil, mas uma diferença realmente importante, que quando associada a um sistema bem afinado e customizado para os nossos ouvidos, nos mostra detalhes e características dos nossos discos que nem imaginávamos existir.
Eu, com frequência (menor hoje por conta da pandemia da Covid-19), já visitei muitos sistemas digitais, alguns de elevado nível, outros de showrooms bem sofisticados de algumas lojas, e posso afirmar que o resultado na maioria das vezes (para ser gentil) é decepcionante.
Se você afirma isso num grupo presencial ou virtual de “audiófilos”, você é sumariamente criticado por uma grande parcela desses grupos. Mas, eu raramente vejo pessoas experimentando estas técnicas, mas, quando conhecem o meu sistema ou aplicam essas técnicas, então se convencem do que eu digo.
Por isso hoje não mais acredito em testes comparativos entre equipamentos e formatos sem os cuidados necessários para aproveitar realmente o básico que cada tecnologia tem a oferecer. E, novamente, não basta melhorar a parte técnica do produto, mas é preciso ainda adequar todo o sistema às características da sua audição. Não adianta, por exemplo, melhorarmos a qualidade ou a extensão dos agudos se temos uma limitação de sensibilidade nesta faixa.
Mas, feita esta introdução, vamos objetivamente às mudanças realizadas no meu M1DAC.
O chip de DAC utilizado pelo M1DAC é o Burr-Brown DSD1796. O chip DSD1792 é tido por alguns projetistas e usuários como uma versão superior, com algumas qualidades mais positivas, mas, também existem opiniões contrárias com preferências pelo DSD1796.
A principal diferença, segundo dizem, é que o 1792 é mais “musical” e menos analítico que o 1796.
Eu acho que o chip de DAC utilizado pelo M1 está longe de ser analítico, pelo contrário, eu gosto da precisão dele.
Os apreciadores de vinil e valvulados costumam dizer que gostam de sonoridade mais “musical” ou mais “suavizada”, mas essa característica decorre muito mais de efeitos de distorção que afastam a sonoridade das suas características reais.
Para a minha finalidade que era buscar os últimos detalhes das gravações, o chip DAC original do M1 me pareceu bastante adequado, e não considerei a sua substituição.
A fonte de alimentação do M1 utiliza dois capacitores da Jamicon Caps. São capacitores de boa qualidade, mas os Panasonic MF oferecem um desempenho superior, e foram os escolhidos para substituir os Jamicon.
Os valores destes capacitores foram mantidos 22mF/400V (vinte e dois micro Farads por 400 volts).
Esta fonte utiliza ainda quatro capacitores, também da Jamicon Caps, de 470m/25V, e que também foram substituídos pelos Panasonic MF do mesmo valor.
Ainda, trabalhando na melhoria da fonte, os diodos de retificação originais 1N4007 foram substituídos pelo modelo BYV26C, muito mais rápido e eficiente nesta posição. Esta é uma modificação bastante comum em diversos equipamentos e que oferece resultados sensíveis.
Eu optei, também, por substituir todos os capacitores no caminho crítico do sinal elétrico que contém as informações da onda sonora, tanto digital como analógico. São capacitores de cerâmica, eletrolíticos e de filme, que foram substituídos por modelos Nichicon Fine, Elna SILMIC e de filme da WIMA.
Os capacitores ao redor dos reguladores de tensão foram também substituídos pelo Elna SILMIC, e todos os cerâmicos deram lugar aos da WIMA.
Para estes trabalhos é importante utilizar sempre um bom sugador de solda automático à vácuo para não danificar as trilhas do circuito impresso, além de uma micro retífica para aumentar o diâmetro dos furos da placa, quando necessário.
Os capacitores de saída também foram substituídos pelo Nichicon MUSE, e essa é uma alteração obrigatória, pois a mudança de desempenho também é bastante significativa.
Capacitores WIMA de bypass foram utilizados em paralelo com os capacitores Nichicon de saída.
Os capacitores ao redor dos amplificadores operacionais JRC5532DD foram substituídos também pelos Nichicon MUSE.
Com relação ao fusível, um bom polimento dos contatos elétricos (fusível e soquete) será suficiente para uma boa conexão. Não há necessidade de trocá-los pelos modelos ditos “audiophile grade”.
Parece pouco, mas são 57 componentes substituídos e 4 acrescentados.
Resultados
Primeira coisa que providencio antes de qualquer comparação é fazer uma avaliação do espectro de resposta de frequências. Se os gráficos mostrarem diferenças, isso demonstra que houve mudanças no som, perceptíveis ou não pelos nossos ouvidos dependendo alguns fatores. Mas, se notarmos alguma diferença, muito provavelmente terá afetado o espectro de frequências.
Como eu não tinha feito uma primeira medição do aparelho modificado, mas eu tinha duas unidades disponíveis na época, uma original e a modificada, acabei por comparar estas duas.
Em seguida, fiz uma audição cuidadosa dos resultados sonoros, e… touché !!!
Não precisei de muita concentração para perceber as mudanças.
Os graves se tornaram bem mais precisos, com melhor contorno e maior naturalidade. A velocidade de ataque das percussões também se mostrou mais rápida.
Foi possível perceber um grave mais seco e um pouco mais extenso (o que foi confirmado pelo gráfico do espectro de frequências).
Os médios mantiveram a naturalidade, sem variações significativa de tonalidade, mas ganharam um pouco mais de precisão também, o que já era esperado, pois essa foi uma característica obtida em toda faixa de frequências.
Os agudos também tiveram uma mudança significativa, com intensidade similar aos graves. Ficaram mais naturais e ganharam um pouco mais de amplitude no final da faixa (confirmado pelo analisador de espectro), provocando, com essa mudança, uma sensação de maior extensão por consequência dessa mudança.
Os agudos perderam um pouco da dureza anterior, e ganharam um pouco mais de leveza, maciez e ficaram mais naturais. Não que os agudos do equipamento original fossem ruins, longe disso.
Não estou querendo com essas impressões sugerir que a mudança foi da água para o vinho, mas de um vinho de alta qualidade para um ainda superior.
As características de boa dinâmica, de extensão e velocidade das gravações digitais ficaram mais evidentes, lembrando que a customização do sistema é importante para que os nossos ouvidos entrem em equilíbrio com o som real, ou nenhum resultado será tão preciso e confiável.
Todo o sistema tem que estar bem afinado e bem construído para evitar interferências indesejadas. Por exemplo, uma boa gravação audiófila digital não introduz ruídos de fundo ou qualquer artefato indesejado. O som, mesmo em alto volume, deve ser limpo, sem qualquer “chiado” de fundo ou ruídos perceptíveis.
Para isso, os equipamentos têm que ser de boa qualidade e estarem aterrados junto ao próprio rack (nada de aterramento na tomada), as caixas acústicas devem ser preferencialmente blindadas e aterradas também, e seus cabos de ligação devem estar blindados, não por uma malha própria, mas preferencialmente conduzidos em tubos metálicos aterrados. Preferencialmente, os equipamentos devem ficar fora da sala de audição e numa sala também blindada.
Aquele “chiadinho” inofensivo que ouvimos com o volume alto, ao aproximarmos os ouvidos perto (principalmente) dos tweeters das caixas, não devem existir, sob o risco de ele interagir com os agudos e modificá-los, afinal, todos os sinais interagem entre si.
Se tudo estiver bem ajustado, os ganhos de qualidade do M1DAC modificado serão bem perceptíveis.
Quando John Atkinson avaliou o M1DAC para a revista Stereophile, ele comentou:
“Ele pode ter um preço acessível, mas em quase todos os aspectos, o M1DAC do Musical Fidelity oferece um desempenho próximo do estado da arte.”
Seria interessante ouvir a sua opinião agora do quanto um DAC pode mudar com um upgrade de capacitores dentro de um custo menor que 100 dólares. Se ele considerou o desempenho do M1 próximo ao estado da arte, ficaria surpreso com esse resultado obtido, e talvez esse “próximo” fosse suprimido.
O custo dessas modificações é pequeno, e as peças podem ser importadas por valores baixos, ao contrário do que muitos podem imaginar.
Como na época da modificação do M1 eu estava com o tempo bastante ocupado por conta de algumas mudanças profissionais, e até sem condições de atualizar este site, não fotografei as etapas ou o M1 modificado. As fotos incluídas aqui são genéricas e de antes das mudanças. Mas, logo que possível, vou incluir novas fotos.
Ainda, em razão da falta de tempo, as modificações do M1DAC foram realizadas por um técnico amigo meu, de acordo com as minhas orientações, mas qualquer um com experiência em eletrônica, contando equipamentos apropriados (um bom sugador de solda automático e um soldador de qualidade), e com um pouco de capricho poderá realizar um trabalho bastante aceitável. O uso de uma micro retífica pode ajudar na acomodação de componentes com terminais com diâmetros muito justos ou superiores aos furos da placa.
Mas, quem não tiver habilidades com eletrônica, recomendo que não faça esse trabalho por conta própria e busque um profissional habilitado.
É impressionante que, com tão pouco investimento, se consiga um resultado que aproxime um DAC como o M1 ao nível de concorrentes caríssimos. É injustificável como os fabricantes de produtos Hi-End posicionem seus produtos de uma forma tão atrelada a grandes saltos de preços.
Custando o M1DAC, na época, na média de dólares lá fora, porque não incluíram mais 100 dólares de componentes (talvez muito menos do que isso considerando os descontos no atacado) para vendê-lo por, talvez, 1.000 dólares? Honestamente, nesse patamar de qualidade que ele atingiu com as mudanças feitas, ele competiria fácil com DACs de 10.000 dólares ou mais. Mas, é justamente aí que os fabricantes enchem os olhos…
Como vai Eduardo?
Quero antes de qualquer coisa te dar os parabéns pela qualidade do seu site. Depois de revistas, fóruns, blogs e tantos outros meios dedicados ao áudio de qualidade no Brasil, parece que o HI-FI Planet segue como um exemplo de qualidade e honestidade em suas informações.
Eu achei muito interessante esse mod realizado no M1DAC e concordo com você que o áudio digital tem muito para oferecer, mas parece que o seu aproveitamento máximo depende de muitos fatores que os usuários não se preocupam muito. A facilidade do digital parece provocar também uma preguiça em querer desenvolver um sistema de bom nível para apreciá-lo. Hoje muito se resume a um computador e um DAC básico, mas eu sei que isso não é o suficiente. Quando vejo uma matriz gravada em digital reproduzida num sistema profissional (não estou dizendo high-end audiófilo que isso tem muita frescura, digo profissional mesmo) a qualidade é muito superior ao que vejo em sistemas residenciais mesmo de bom nível.
E o mais interessante é que essa qualidade é tão boa que a matriz digital é usada para fazer gravações analógicas também que depois são super elogiadas, e muitas gravadoras (inclusive aqui no Brasil) dizem que em algumas gravações tudo é gravado analogicamente desde o microfone. Uma mentira para atrair consumidores que se deixam atrair pela coisa do “analógico saudosista”.
Acho que este artigo abordou bem isso. O digital pode muito mais, mas poucos sabem ou podem aproveitar isso.
Eu tenho um sistema formado por um reprodutor de discos digitais da NAD C 538 que ganhei do meu marido, com amplificação Krell e caixas KEF. Sei que o meu sistema está longe de ser um bom sistema para aproveitamento total das mídias digitais, mas estou trabalhando nisso.
Eu comprei um M1DAC há dois anos, e senti uma melhora interessante, mas sinto que ele pode melhorar mais. Não quero investir num DAC muito mais caro se posso melhorar o que já tenho.
Gostaria, se fosse possível, que você me informasse o contato do técnico que fez o trabalho no seu para que eu pudesse dar um up no meu também.
Eu lhe ficaria muito grata por isso.
Meu marido é o Daniel Rocha, que já conversou muito com você. Acho que você deve se lembrar dele.
Muito abrigada e mais uma vez parabéns pelo HI-FI Planet. É bom vê-lo de volta na ativa. Você faz muita falta para nós que hoje estamos abandonados de informação de qualidade.
Janete Rocha
Olá Janete !!!
Tudo bem?
Claro que me lembro do Daniel. Por favor, mande um abraço meu para ele.
Por favor, me envie um e-mail que te encaminho os dados do rapaz que fez os serviços em meu DAC.
Ele não é da área de som, e atua em manutenção de equipamentos eletrônicos industriais e de informática, mas ele tem todas as orientações que passei pra ele realizar o trabalho.
Por e-mail, vou lhe passar algumas sugestões adicionais. Me encaminhe os modelos dos seus equipamentos, por favor.
Um abraço a todos.
Eduardo
Bom dia
Li com grande interesse os últimos artigos postados pelo site, e confesso que estou animado com a qualidade das informações.
Excelente trabalho que vocês fazem aqui.
Eu tenho um M1 DAC original, e não sinto falta de qualidade nele. Aliás, concordo com o John sobre o altíssimo nível de desempenho desse DAC, se ligado num equipamento bem adequado como foi comentado aqui.
Vejo como um perda de tempo essa questão de disputa de formatos. Na verdade, mesmo o CD pode ter toda a qualidade que um audiófilo exigente pode desejar, sem ainda considerar os formatos de altíssima resolução.
O problema maior está nas gravações. Há uma variação muito grande de qualidade de produção de discos, seja de qualquer formato.
Veja que curioso, já vi gente gravando uma reprodução em vinil, publicá-la no YouTube, e o pessoal elogiar os resultados, sem se lembrar que o arquivo do YouTube é no formato digital, ou seja, o digital pode gravar qualquer coisa com perfeição, é só ter uma fonte boa. Concordo que as comparações beiram o ridículo, pois não há um nivelamento adequado para um veredito justo.
Mesmo acreditando que o M1 DAC pode ficar muito melhor com essas alterações, e não haveria porque ser diferente tendo em vista o trabalho realizado, eu acredito que o M1 DAC já possui uma qualidade mais do que suficiente para oferecer um resultado de alto nível, mas, infelizmente, estamos sempre dependentes da qualidade das gravações.
Olá Damasceno
Obrigado por participar conosco dessa discussão.
Realmente o M1DAC já possui uma qualidade original muito boa, e pode atender muito bem dentro da sua condição original. As mudanças provocarão ganhos na qualidade, mas não são necessárias.
Cabe a cada um decidir o que é melhor para o seu caso.
Realmente a qualidade das gravações hoje é mais significativa em relação ao resultado sonoro do que o formato em si.
Eu me dividia entre o vinil com o CD, isso há muito tempo.
Com a chegada dos CDs de qualidade “audiófila”, que para mim não é nada mais do que um CD bem gravado, eu comecei a investir um pouco mais em CDs. O SACD para mim foi uma evolução bastante significativa, e a minha coleção de discos passou a crescer mais nesse formato. Eu ainda adquiria alguns discos de vinil, como adquiro até hoje para algumas experiências, mas o SACD já me agradava mais.
Tivemos (e ainda temos) alguns formatos interessantes, como o XRCD e o PureFlection da Sony. Para efeito de comparação, tenho um dos meus álbuns favoritos, o Time Out de Dave Brubeck em todos os formatos existentes, vinil comum, em 180g, 200g, SACD, CD, HDCD, este PureFlection da Sony e… acho que só… mas ainda gostaria de ouvir em BD Pure Audio.
O SACD era o meu formato preferido, mas o PureFlection da Sony me forneceu um resultado impressionante, e o mais curioso, é um formato CD.
A impressão que eu tive é de que a Sony usou uma gravação original de muito boa qualidade e aproveitou muito bem as características do formato digital do CD, oferecendo um ruído de fundo muito mais baixo que os outros formatos, nenhuma compressão, dinâmica realmente impressionante, excelente extensão, um palco sonoro muito preciso e amplo, com melhor detalhamento e menor distorção.
Esse formato foi bem melhor se comparado ao vinil e ao CD comum, e superior também ao SACD, o que mais me chamou a atenção.
Mas, foi o M1DAC modificado que distanciou ainda mais a gravação em PureFlection das demais, pois com o M1 original a gravação em PureFlection fica mais perto do SACD.
Por essa razão eu recomendo essa modificação, mas não que isso seja essencial para se ter um resultado que também possa nos satisfazer.
Eu participo de alguns grupos de entusiastas de áudio, formado também por músicos e até profissionais de gravação, e hoje a minha opinião é de que ninguém sabe verdadeiramente de nada. Há muita coisa ainda a ser explorada nesse segmento, mas as paixões pessoais e o conservadorismo ainda são obstáculos para essa evolução.
Abraço
Eduardo
Olá Eduardo
Utilizo já a algum tempo o V-DAC II da Musical Fidelity e tenho interesse em comprar esse modelo seu, mas atualmente com o dólar nas alturas, vou ter que esperar um pouco mais.
Ficou bonito esse novo visual. Bem mais moderno na minha opinião.
O colega poderia informar onde compro as peças para modificação?
Obrigado
Olá Peter
Eu compro no ebay, mas, procure por vendedores bem confiáveis e peças novas. Nada de estoques velhos.
Boa noite Eduardo, como sempre belos artigos e ótimas ideias com grandes técnicas.
Bom eu conheço um técnico que faz estes upgrades em aparelhos vintages e neste quesito vocês têm ideias semelhantes, pois ele nunca fica contente com o que o mercado nos oferece, sempre há possibilidades de melhoria.
Já fui testemunha de muitos trabalhos excelentes que ele tem feito e me despertou a o interesse de ter algum aparelho feito por ele, hoje tenho três aparelhos bem superior ao original.
Ter pessoas como vocês dois que buscam sempre melhorar, dedicam tempo e dinheiro para nos oferecer algo melhor com preço acessível é realmente gratificante .
Gostaria apenas tirar uma duvida quanto ao aterramento dos aparelhos direto no rack e não na tomada.
Você consegue me passar estas informações?
Preciso entender como é feito.
Grande abraço!
Cleber.
Olá Cleber
Estou à disposição para ajudá-lo no que eu puder.
Como você pretende fazer esse aterramento?
Abraço
Eduardo
Bom dia Eduardo, obrigado pela atenção.
Estou pensando em duas possibilidades.
Primeiro o aterramento individual da tomada onde estão ligados os aparelhos, uso um condicionador de energia panamax para ajudar filtrar, mas sei que so isso não resolve se não ter um bom aterramento.
Agora em relação ao aterramento dos aparelhos direto no rack não tenho ideia de como fazer, talvez teria de puxar o aterramento que vem das tomadas e conectar ao rack ou fazer o aterramento do rack individual.
Qual seria o mais ideal na sua opnião?
ABRAÇO
Cleber.
Cleber, eu não estou entendendo exatamente o que você quer fazer.
Qual equipamento você tem instalado em seu rack?
Normalmente aterramos somente o amplificador, que costuma vir com um plug de tomada de 3 pinos, sendo um de aterramento. É preciso cuidado para não criar retornos de terra, conhecido também como loop de terra, que pode causar outros problemas.
Me diga, por favor, quais equipamentos você tem instalado no rack. Vou tentar te sugerir algo.
Abraço
Bom dia Eduardo, no momento uso aterramento da rede elétrica, a dúvida é, isso é eficiente ou se o aterramento no rack seria mais eficiente ou adequado digamos assim?
Obrigado.
Eduardo, tudo bem?
Li alguns artigos seus e percebo que você não é muito fã do vinil. Estou certo?
Você prefere o digital? Porque?
Márcio, meu caro…
Esse assunto daria umas 50 páginas de justificativas contendo experimentos que já fiz, artigos, técnicos, gráficos, medições, especificações, etc.
Quando você coloca um defensor radical de vinil/analógico em sua sala, e ele diz que se apaixonou pelo som do meu sistema de vinil, quando na verdade era um disco digital de SACD, parece ter algo muito estranho nessa defesa do vinil, não acha? E quando isso se repete com outros defensores do formato? Aí eu acho que não se trata de existir algo estranho, mas de razões concretas e bem explicáveis.
Mesmo que deixássemos de lado os problemas e as limitações bem conhecidas do vinil, e que a maioria dos seus apreciadores parece não perceber, como ruídos de toda espécie, graves com alta distorção, desgaste das trilhas do disco, elevado ruído de fundo, elevada distorção, limitação de resposta de frequência, etc… ainda teríamos alguns pontos que, pelo menos para mim, se mostram muito incômodos. E, num sistema bem ajustado, customizado aos seus ouvidos para que nada se perca, estas limitações são muito bem percebidas.
É nesse ponto que você nota que um bom sistema digital bem ajustado com um player de 1.000 dólares oferece, na prática, um resultado melhor que um sistema de vinil de 100.000 dólares.
Não se pode mudar a realidade, nem tentando usar a tal da “subjetividade” como justificativa (mera desculpa).
Vou te dar apenas um exemplo bem real, afastando qualquer subjetividade, mas eu poderia elencar mais de 20 motivos para a minha pouca afinidade com o vinil, mesmo possuindo um sistema de bolachão e regularmente adquirindo discos para testes e comparações.
Meu sistema é muito bem ajustado, resultado de uma adequação aos meus ouvidos. Porque TODOS os ouvidos possuem variações e algum tipo de deficiência, principalmente depois dos 40 anos, onde a coisa piora muito.
Desta forma, consigo identificar características das gravações que a maioria dos sistemas, mesmo de alto nível hi-end não conseguem.
Uma dessas características é a separação de canais. Esse quesito é essencial para a perfeita localização dos sons e da minimização de interferências entre eles. Na maioria dos sistemas (na grande maioria) o som é um pouco confuso e isso não é percebido. Mas, num sistema bem ajustado, essa característica muda muito o resultado final.
E é aí que o vinil mostra uma de suas deficiências.
Tomemos duas cápsulas consideradas referência entre os audiófilos, e uma de excelente qualidade mais acessível.
Vejamos a característica de separação de canais dessas cápsulas:
Clearaudio Goldfinger Statement MC (US$ 15,999.99): Channel Separation: > 30 dB
Koetsu Blue Lace MC Cartridge (US$ 15,995.00): Channel Separation: 25 dB /1kHz
Ortofon Quintet Black S MC Cartridge (US$ 999.00) Channel separation at 1 kHz: > 23 dB
Channel separation at 15 kHz: > 15 dB
Veja que a Ortofon ainda é mais honesta em mostrar a pior e a melhor condição, enquanto as demais escondem isso. Garanto que na prática esses números são ainda piores.
É fácil perceber que, não importa o pré de fono utilizado, não importa o modelo de toca-discos que pode ser o melhor do mundo, não importa a amplificação ou as caixas acústicas, o ela fraco e limitador serão as cápsulas, e o resultado final será uma baixa separação de canais que vai interferir no resultado final, e de forma, para mim, bastante significativa e muito incômoda.
Vejamos agora a separação de canais de um player digital:
Marantz CD5005 CD player (US$ 399.00): 98 dB
Perceba que no caso do vinil estou considerando apenas o preço da cápsula, sem os necessários toca-discos e pré de fono, enquanto que no digital temos o pacote completo.
O que esses números dizem? Na maior parte dos sistemas, mesmo de elevado nível hi-end, isso diz pouco aos apreciadores de vinil, que parecem ignorar o fato.
Num sistema bem calibrado, a comparação é assustadora quando se ouve uma separação de canais tão baixa no caso do vinil.
O sistema digital pode ir muito além disso, e oferecer um resultado muito melhor com as novas tecnologias e formatos de alta resolução.
Há quem diga que não é necessário mais do que 30 dB de separação para um resultado satisfatório. Mentira !!! É apenas outra justificativa pouco realista.
Este é apenas um dos motivos que o vinil não consegue ma agradar muito, mas que os defensores do formato parecem ignorar ou os seus ouvidos e sistemas não conseguem mostrar essa grave limitação, o que acho ser esta a maioria dos casos.
Mas, vou me aprofundar nisso em um futuro artigo, logo que possível.
Abraços
olá Eduardo,
No artigo acima você que fez rápida referência a um upgrade no DSPEAKER 2.0 ( que eu tenho há uns 3 anos gosto muito). Poderia detalhar qual o up que fez?
Desde já, muito obrigado pela atenção e parabéns pela site, que sempre acesso.
Olá TATO !
Obrigado pela referência ao site.
A primeira melhoria que fiz no DSPeaker foi a inclusão de uma fonte de alta qualidade, depois vieram algumas modificações no circuito interno, com a troca de alguns componentes para melhor desempenho.
Vou tentar escrever um artigo com estas modificações e com fotos para melhor entendimento.
Abração
Eduardo
Olá Eduardo, primeiramente queria agradecer pelo excelente modo em que você aborta o áudio, simples sem mistério e objetivo! Me ajudou muito em vários pontos.
E queria deixar minha experiência com troca de capacitores, recentemente junto ao Luis Flugge fiz a troca de 8 capacitores e 2 resistores do caminho analógico do meu CD player Cambridge 350c e o player mudou nitidamente em vários aspectos, curti bastante o Up.
Abraços.
Olá Luan
Obrigado pelas suas palavras. Fico feliz de ter ajudado.
O Luiz é bastante competente no que faz.
Agradeço por compartilhar a sua experiência.
Abração
Caro Eduardo,
Excelente tópico, pretendo repetir a experiência aqui em casa.
Poderia postar a relação de componentes substituídos aqui no próprio tópico?
Obrigado