Conheça um pouco mais sobre os problemas de audição que afetam os humanos, e a sua implicância direta no modo de ouvirmos música.
Conforme foi prometido, publico aqui um trecho de um interessante livro que trata da percepção auditiva e de sua ligação com a música.
Trata-se do livro Música, Cérebro e Êxtase, do autor Robert Jourdain. Uma publicação de reconhecimento internacional, e que também está disponível no Brasil, em português.
Recomendo a todos a leitura deste livro, pois é um profundo tratado científico das características do sistema auditivo humano, abordando em detalhes a sua construção e o seu funcionamento, tendo a música como o objetivo principal deste estudo.
Eu outras oportunidades já fiz esta mesma recomendação, e estou certo de que a leitura deste livro pode acabar com muitos mitos e muitas outras bobagens que rondam o nosso hobby.
Este é um trecho do livro que justamente trata sobre os problemas que ocorrem com a nossa audição por conta de doenças e pelo envelhecimento natural.
Além deste estudo, em breve traremos outro sobre a variação das sensibilidades auditivas individuais, como uma característica natural do nosso sistema auditivo, sem culpa do envelhecimento ou de danos causados por doenças.
Com este material científico, buscamos contribuir com o enriquecimento dos temas que tratamos sobre a customização de um sistema de som, com fatos, sem conceitos subjetivos ou invenções de pensamentos que só servem para atender aos interesses comerciais do mercado.
Como me disse recentemente um amigo que edita uma das mais importantes revistas de áudio da Europa: “Esse é o tipo de informação que ninguém gosta de popularizar, pois é como mexer num vespeiro. Muita gente não quer tocar nestes assuntos e colocar em cheque seus interesses pessoais ou os seus prestígios criados ao longo de anos de ignorância”.
Segue o texto para apreciação:
Perda de Audição
Diante de sua complexidade, não é de surpreender que o ouvido tenha muitos inimigos: uma pancada na cabeça, exposição a intenso barulho, infecções bacterianas, danos bioquímicos causados por drogas, ou um período de grave falta de oxigênio. O pior é que há poucas opções para consertar a cóclea, quando a lesão é séria, porque o corpo não pode gerar novas células nervosas, da mesma forma como faz células de osso, músculo ou pele.
Talvez o mais espantoso seja que nossa cóclea, como o resto de nós, desgasta-se inevitavelmente, com a passagem dos anos. Num processo chamado presbiacusia, o limite superior da nossa audição declina, à medida que envelhecemos. Não é que as células capilares voltadas para as frequências elevadas necessariamente morram. Em vez disso, tornam-se cada vez menos sensíveis, até que, um dia, não encontram mais sons bastante fortes para estimulá-las.
O declínio já está em plena marcha com a idade de quarenta anos, período em que o ouvido tem apenas um décimo de sua sensibilidade original, nas frequências mais elevadas. Isto significa que um som de alta freqüência precisa ser dez vezes mais intenso, para parecer tão alto quanto vinte anos antes. Com a idade de oitenta anos, o declínio equivale à diferença de volume entre um sussurro e a pancada de um martelo mecânico. Assim, para ouvir os sons mais altos produzidos por um instrumento musical, seria preciso que esses sons fossem tocados, de alguma maneira, tão alto quanto um martelo mecânico. Como isto não é possível, a pessoa não os ouve mais.
O efeito prático da surdez causada pelo envelhecimento é que, no curso de uma vida, a pessoa perde cerca de meio ciclo por segundo, a cada dia, do registro de 20 mil ciclos por segundo com que nascemos.
Na casa dos quarenta, a perda anual eleva-se a apenas cerca de 160 ciclos por segundo. Mais tarde, a surdez é galopante, cortando as frequências mais elevadas numa proporção, digamos, de 16 mil ciclos por segundo para 13 mil, numa década, depois para 10 mil, na década seguinte, depois para 7 mil e, mais tarde…
Mas as salas de concertos estão cheias de músicos e maestros de cabelos grisalhos. Apesar da surdez, eles são capazes de trabalhar porque, entre os muitos sons que formam um tom musical, o som fundamental situa-se relativamente baixo, no registro de freqüência da nossa audição. A nota mais alta de um piano, cuja elevação máxima se aproxima da maior altura em que qualquer instrumento (com exceção dos órgãos) é capaz de tocar, fica exatamente acima dos 4 mil ciclos por segundo, e poucos de nós vivem tempo suficiente para a surdez se tornar tão acentuada. O que se perde, para os ouvidos, não são “as notas”, mas a riqueza tonal, particularmente a efervescência das notas elevadas. Imperceptivelmente, a cada dia, o gemido crepitante do oboé se achata, amortece-se, apaga-se. Para um maestro com surdez avançada, o equilíbrio de uma orquestra muda, e ele pode ter de trabalhar a partir de lembranças de como os instrumentos soam, na juventude. Para um solista, a perda dos agudos penetrantes pode levar a novas interpretações, centradas em tons de registro médio, ou graves.
Quem não é músico não teria grande problema com a queda da audição de alta frequência, mas acontece que os sons mais importantes da fala — as consoantes — estão incluídos, em boa parte, nesse registro. O silvo de um “s” soa, em grande medida, bem acima da nota mais elevada de um piano. As vogais, por outro lado, estão centradas nas oitavas superiores do piano. A maioria da energia de som de uma palavra está em suas vogais, mas as consoantes são divisores importantíssimos, que permitem ao cérebro distinguir uma vogal da próxima.
Os chimpanzés uivam todo tipo de vogais, mas não são capazes de articular os lábios e a língua com habilidade suficiente para formar consoantes. Falharam as tentativas de inventar para os chimpanzés
uma linguagem falada, toda composta de vogais, porque estas, todas juntas, confundem-se. E isto, lamentavelmente, é o que ocorre com nossa percepção do discurso, quando a surdez entra em cena e as consoantes desaparecem.
Uma vantagem duvidosa da surdez na velhice é que a audição reduzida impede a pessoa de perceber que está perdendo também a capacidade de discriminar frequências contíguas. Cada meio grau, ao longo de uma escala musical, como na passagem do fá para o fá sustenido, acarreta um salto de freqüência de cerca de 6 por cento (de 100 ciclos por segundo para 106, por exemplo). Um ouvido jovem e saudável pode sentir diferenças de freqüência de cerca de um por cento, no caso de tons centralizados mais ou menos uma oitava abaixo do dó médio, e de meio por cento, no caso dos tons uma oitava ou duas mais elevados. Então, não há problema para ouvir a diferença entre os graus de um teclado, ou até mesmo entre os quartos de tom de algumas músicas não ocidentais.
Porém, outra vez com a idade de quarenta anos, aproximadamente, as coisas começam a descambar. Na casa dos sessenta anos, a discriminação em todas as frequências é de apenas cerca de um terço, ou de um quarto, do que era outrora. Onde a pessoa, antes, era capaz de discriminar mais ou menos meio por cento, agora discrimina apenas dois por cento. Para os octogenários, a discriminação em torno do dó médio só é exata até apenas um quarto de grau, e no dó baixo perde-se um meio grau inteiro — o si não soa mais muito diferente do dó, nem o dó do dó sustenido. Não obstante, uma combinação de longa experiência e fanfarronada permitiu que muitos grandes músicos continuassem tocando na velhice.
E há também a surdez patológica, a surdez que não é conseqüência da idade, mas um ouvido afetado. Uma minoria feliz dos pacientes sofre de surdez condutiva — surdez do ouvido médio, freqüentemente causada por um aumento do osso, no ponto onde os ossículos encontram o ouvido interno. Tudo continua a funcionar adequadamente mas só uma quantidade menor de som atravessa. Um aparelho de surdez pode resolver a situação, ajudando o som que chega a esmagar a conexão pegajosa. Paradoxalmente, a passagem direta do som da voz da própria pessoa para a cóclea é fortalecida, não enfraquecida. Quem sofre disso fala mais baixo, para manter o som em seu nível costumeiro, assim encorajando os outros a baixarem suas vozes, de modo que se torna ainda mais difícil ouvi-los. São muitos os agravamentos.
Mas o que causa horror a qualquer amante da música é a lesão no ouvido interno. Em geral, é chamada de perda nervosa, mas seria mais adequado, em muitos casos, chamá-la de defeito de funcionamento. No caso mais simples, uma parte do órgão de Corti pára de trabalhar, particularmente nas regiões de alta freqüência mais próximas da abertura do ouvido médio. A prolongada exposição ao som alto é o principal culpado deste tipo de destruição mecânica. O resultado, freqüentemente é uma espécie de presbiacusia acelerada – ou seja, envelhecimento acelerado. Aqueles que pensam que seus ouvidos estão “ótimos”, depois de ouvirem concertos de rock, talvez não tenham de esperar até fazerem oitenta anos para descobrirem que não é bem assim. Os aparelhos de surdez ajudam pouco, porque reforçam uniformemente todas as frequências, alterando o equilíbrio de qualquer tipo de som.
Mas há muito mais coisas em jogo, na lesão da cóclea, do que apenas a perda do registro de freqüência. Numa síndrome chamada restabelecimento do ruído, as células capilares da cóclea perdem sua sensibilidade ao som de intensidades baixas ou médias, mas continuam a reagir normalmente às altas intensidades. Os sons que se elevam mantêm-se fracos até certa altura e depois explodem, como se ocorresse uma virada repentina do controle de volume. Beethoven sofreu de restabelecimento do ruído, até ficar totalmente surdo. Mal podia ouvir uma orquestra das primeiras filas, mas alguns sons vindos do estrado o atacavam, transformando em fiascos suas últimas tentativas de reger. Escreveu sobre a maneira como as pessoas elevavam suas vozes, quando ele não podia ouvi-las, mas queixou-se de que “se alguém gritar, não consigo suportar”. Provocando todo tipo de sons bruscos e ásperos, o restabelecimento do ruído tem como sintoma mais comum a irritabilidade — traço que caracterizava Beethoven.
Finalmente, há o ouvido que enlouquece. Toda a afinação da cóclea pode ser jogada fora, particularmente quando a cóclea inteira sofre lesões orgânicas. As altas frequências podem ser percebidas como tons baixos, enquanto as frequências mais baixas deslizam para cima.
Esta foi a sorte do compositor francês Gabriel Fauré, no fim de sua vida. Ainda piores são os resultados da doença de Ménière, que faz a cóclea ficar inchada com o fluido. As vozes podem soar como a do Pato Donald e a música se mistura toda, até o ponto de não haver interrupções entre as notas. Quem sofre disso não consegue distinguir entre os sons dos vários instrumentos e, nos casos piores, há descrições de que a música soa como latas caindo ou martelos batendo numa bigorna. Há destinos piores do que ficar surdo.
Muito interessante e oportuno esse artigo. Eu o li durante o dia, mas como estava no trabalho, eu o fiz sem reflexão. Vou lê-lo mais tarde, com calma. Em relação aos seus textos anteriores que nos esclareceram muito a respeito da audição particular de cada um de nós, esse artigo só reforça a tese de que ouvimos diferentemente uns dos outros; o que é bom para nós pode não ser para os outros e vice-versa. Isso vai de encontro aos interesses comerciais de muitos aqui e no exterior, que escrevem artigos e forçam testes em cursos que nada acrescentam ao amante da música, ao contrário, mais atrapalham que ajudam.
Mais uma vez, obrigado, Eduardo, pelos seus excelentes textos e disponibilidade para nos ajudar.
Luiz,
Muito obrigado pela sua participação neste espaço, e também pelas palavras generosas.
Notei algo curioso também recentemente. Há alguns anos era muito comum notarmos opiniões completamente diferentes entre alguns avaliadores de equipamentos, ao ponto até de um elogiar uma característica que o outro achou ruim, o que me parece bastante normal pelas diferenças particulares de cada um deles.
O que percebo agora é o contrário, além das opiniões serem muito parecidas, um ainda cita que leu a do outro.
É a união fazendo a força…
Abraços
Eduardo
Eduardo,
Creio que o que vou perguntar será abordado em futuros artigos. Mesmo assim, gostaria de saber se você já dispõe do conhecimento para customizar a regulagem de pré-amplificadores/integrados de acordo com os resultados obtidos em um exame de audiometria, por exemplo. Peço desculpas se estou sendo um pouco precipitado, mas eu realmente tenho muito interesse de usar esse conhecimento no meu sistema.
Parabéns pelo excelente trabalho…
Atenciosamente,
Renato
Olá Renato,
As possíveis soluções para customizar o sistema estão abordadas na série “Rumo à Customização”, que tratamos aqui no Hi-Fi Planet.
Existem várias formas de fazê-lo, mas a mais acessível está me parecendo mesmo a utilização de um dispositivo DSP com equalização de toda faixa do espectro auditivo, como o Anti-Mode que testamos aqui.
Mas, é importante observar que a correção deve levar em conta a nossa curva de audição e a resposta de todo o sistema, já que este também nunca é plano, e só fazer a correção com base em nossa audiometria não seria o suficiente para um resultado preciso, apesar de já ser um começo para o início de um trabalho neste sentido.
Abraços
Boa Tarde !
Por favor, me permitam dar os meus pitacos neste assunto também, que tenho acompanhado com muito interesse nas páginas deste excelente blog.
Como outros colegas de profissão que já se manifestaram aqui, também concordo com a brilhante abordagem feita pelo Dr. Eduardo.
Sou médico e amante da boa música (rara hoje em dia) desde garoto, e sempre busquei obter a reprodução mais fiel possível em meus equipamentos, e, é mesmo verdade que esta fidelidade só é possível quando condicionamos o nosso sistema de som às nossas necessidades auditivas, pois, como já foi corretamente mostrado aqui, cada indivíduo possui as suas próprias, que pode se aproximar a de outros indivíduos, mas nunca serão idênticas.
Sempre me questionei o que passava pela cabeça dos avaliadores de equipamentos quando definiam qualidades de um equipamento, como por exemplo, o equilíbrio tonal. Garanto que a maioria deles nem têm idéia do que é isso de fato, se é que algum deles sabe.
Julgar equilíbrio tonal, baseado no que? No que cada um deles ouve? Isto é completamente absurdo.
Um microfone calibrado e um equipamento de medição apropriado será capaz de medir isso com grande precisão, substituindo a percepção individual de qualquer um de nós, ou o que muitos costumam chamar de avaliação subjetiva.
Nenhum de nós possui um sistema auditivo precisamente calibrado e capaz de julgar algo tão complexo, apenas para citar um único exemplo.
Destaco aqui dois pontos que gostaria de incluir às colaborações aqui já oferecidas, apenas de forma participativa, sem qualquer correção ou crítica ao que já foi tão bem exposto por todos aqui.
A primeira se refere justamente à nossa “curva de audição”. Cada um tem a sua, mas ela também pode variar no tempo.
Nossa percepção muda conforme nossos ouvidos estão descansados ou sob estresse. Ouvimos algo diferente, logo que chegamos em casa depois de enfrentar o trânsito, daquilo que ouviremos mais à noite ou de madrugada, depois de um “descanso de ouvidos” num ambiente mais “normal” em termos de intensidades sonoras.
Esta diferença é pouco percebida normalmente, mas quando a audição é criteriosa, detalhada e precisa, esta diferença é capaz de prejudicar qualquer avaliação mais cuidadosa, o que já é suficiente para comprometer qualquer julgamento sobre as reais qualidades de um sistema de som.
Claro que customizar o nosso sistema de som para cada momento é uma solução bastante complicada, e a minha recomendação é sempre repousar os ouvidos antes daquele momento de “degustação” musical, e sempre utilizar os protetores auriculares em locais mais ruidosos, mesmo que não pareçam tão ruidosos assim.
Outra questão é sobre ouvirmos a real intenção dos músicos. Um músico competente pode conseguir a sua intenção mesmo sem percebê-la, como bem nos ensinou Beethoven. Mas, ao corrigirmos nossa curva de audição, podemos ir além da intenção do músico, mesmo reconhecida a sua competência.
Minha recomendação aqui é que pratiquem isso. Conheçam seus ouvidos e busquem ajustar os seus sistemas de uma forma que possam conseguir o “antes/depois” para comparar a nova “versão ampliada” com aquela que poderia ou não ser a intenção do músico, mas que de qualquer forma seria ainda percebida de forma variada.
Quero aproveitar para parabenizar o Hi-Fi Planet e seu mentor, o Dr. Eduardo, que não conheço pessoalmente mas que demonstra para todos nós a sua capacidade de mostrar que há vida inteligente neste Planet, Ops! no nosso querido mundo da reprodução musical de alta fidelidade.
Cordiais saudações,
Walter
Sr. Walter, boa noite. Concordo plenamente com as suas observações. Uma observação que considero muito importante é a de que, muitas vezes, depois do decorrer de um dia cansativo, com barulhos por todos os lados, não sentimos o menor desejo de ouvir o que quer que seja, música ou conversa ou telejornal, por exemplo. Há dias em que não quero ouvir nada, pois sei que não conseguirei me concentrar na música que está sendo executada. Quando estou ouvindo música,eu me concentro nela. Se não posso fazer isso, simplesmente prefiro não ouvir nada, pois não gosto de música de fundo, a não ser em uma reunião informal com amigos, em que o objetivo é outro que não a música. De qualquer forma, em momentos diferentes do nosso dia-a-dia, nosso humor varia e às vezes, de forma muito acentuada. O curioso é que nunca li de um articulista se quando ele analisou determinado equipamento, qual era o seu estado de espírito; se estava cansado ou não, se estava tranquilo ou não e assim por diante. Afinal, um articulista é um ser humano como qualquer outro e não um ser dotado de poderes sobrenaturais e passível de erros. Só que a maioria nunca confessa ter errado.
Abraços.
Esses textos sobre audições particulares estão dando o que falar. Estes dias estive em uma loja do Rio e os comentários lá eram sobre isso.
O que achei mais engraçado foi que o dono da loja, logo que este tema começou a ser abordado há alguns meses comentou que isso era loucura, um total absurdo de quem queria aparecer.
Desta última vez ele comentava com um grupo de clientes a importância desta particularização do sistema, dizendo que esse era um ponto muito importante e que deveria ser visto com bastante respeito.
Pode isso???? Só rindo mesmo.
Enfim parece que a audiofilia começa a ganhar uma cara.
O que se viu até agora foi um tal de compre isso, compre aquilo.
Eduardo, parabéns pela esta série de textos sobre as percepções individuais e suas abordagens reais, pois de subjetivismos já estamos cansados.
Parece que agora alguém acendeu a luz de uma sala escura.
Os vendedores de ilusão que se cuidem agora. Aos poucos vamos deixando de ser manipulados pela ganância desse mercado.
Estou bastante animado com a idéia de poder ter finalmente um conjunto de som que me satisfaça, sob medida para mim.
Obrigado pelas dicas.
Mas vai aparecer alguém ainda dizendo que isso faz parte da tal da teoria da conspiração daqueles audiófilos burros que perdem tempo em fóruns e sites, e que eles possuem disturbios psicológicos…
Num mercado onde se fatura milhões vendendo idéias estúpidas para os audiófilos, e empurrando cabos e mais cabos como sendo o grande milagre do hi-end, esperar o que? P… nenhuma !!
Ciro,
Você é mais um “cético”… 🙂
abraço
Parabéns ao Hi-Fi Planet.
Muito interessante e bem feito este site.
As informações são precisas, corretas e bastante coerentes na concepção geral da idéia. Isto faz com que os textos sejam bem interpretados e realmente úteis.
Finalmente um espaço que contribui positivamente para o hi-end, pois se continuássemos dependendo das publicações-catálogo e dos fóruns comerciais que temos hoje por aí, o audiófilo brasileiro ia acabar comendo capim… “hi-end”, é claro.
Amigo Eduardo,
Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, também fico com a impressão de sermos velhos conhecidos, tamanha a afinidade que percebo em suas palavras, como se realmente você escrevesse de forma como se conversasse pessoalmente junto com um grupo de amigos.
Desde que li seu primriro artigo sobre a personalização de sistema de som fiquei com a pulga atrás da orelha. Sou audiófilo há muitos anos, leio e assino inúmeras publicações européias e americanas, e a única nacional sobre o assunto (da qual fui um dos primeiros assinantes no Brasil e recentemente cancelei a minha assinatura por não concordar com a linha editorial que a revista tomou), e nunca, jamais, encontrei reflexões como estas que li naquele seu primeiro artigo, e nos demais que vieram sobre este tema.
Deixo aqui meus elogios pela forma como você abordou o tema, com uma habilidade de estruturação de idéia que até invejo. Tudo foi se conectando de uma forma clara, lógica e com uma precisão de um relógio suíço.
Há pouco mais de dois meses resolvi colocar em prática um pouco de seus ensinamentos. Comecei com um exame de audiometria feito com o mais cuidadoso critério, depois de uma difícil conversa com a responsável técnico do laboratório para fazê-lo entender exatamente o que que queria.
Paguei do meu bolso pois o convênio não cobre isso, e achei até pouco pelo tanto que já gastei em meu sistema.
Fiquei surpreso com os resultados que me foram “traduzidos” pelo próprio técnico, que depois de entender o que eu estava fazendo (acho que ele me achou louco no começo…) confirmou que realmente não é possível encontrar um padrão preciso de audição entre as pessoas, sejam elas jovens ou idosas. Ele mesmo elogiou muito a idéia de personalizar o som, dizendo que realmente é interessante fazê-lo com o objetivo de corrigir nossos desvios naturais de audição.
Ele pediu o link aqui do HI-FI PLANET e disse que iria ler todos os artigos, pois ficou também muito interessado e animado com a possibilidade de haver meios de adequar um sistema de som às condições particulares de audição de cada pessoa. Ele também se ofereceu para contribuir com o assunto, já que possui bastante material para isso e que acredita que pode ajudar muito.
Indo ao ponto que interessa agora.
Com os resultados de minha audiometria em mãos, e com uma análise da resposta da minha sala feita com um computador e um microfone de outro amigo audiófilo, parti para as correções no sistema.
Seguindo as suas sugestões, instalei um par de tweeters externos provisório nas caixas atuais que possuo (Dynaudio Confidence C4), de maior sensibilidade para reforçar uma perda que tenho nas altas frequências.
Sem muitos recursos, utilizei um velho equalizador Pioneer do meu filho para corrigir alguns outros pontos da curva, exceto os agudos que foram corrigidos pelos tweeters, pois o equalizador “suja” muito as altas frequências com um chiadinho bem chato.
Não caprichei demais nos ajustes, tanto pela falta de precisão do equalizador como pela falta de tempo para uma análise e ajustes mais cuidadosos.
Depois de tudo feito, peguei alguns discos que conheço muito bem e os coloquei para reproduzir.
Meu caro amigo, eu levei um susto. Só não caí para trás porque estava sentado. A mudança, além de bastante evidente, foi para muito melhor.
E é como você costuma citar em seus artigos, é como se o som do sistema ficasse mais real que o próprio som ao vivo. Ouvi detalhes que nunca tinha ouvido antes, um som incrível e uma sensação de real, de som verdadeiro. Fiquei deveras maravilhado com aquilo tudo.
Mesmo de forma ainda precária, passei a ouvir mais o meu sistema de som do que estava ouvindo antes, com uma paixão ainda maior pela música que ganhou “vida”. Não sei como explicar, foi algo surpreendente.
Acho que como muitos aqui eu também já cansei de trocar cabos para mudar algo aqui e estragar ali, sem nunca achar um que fizesse uma correção tão ampla e eficaz.
Se soubesse disso antes, não teria gastado tanto em cabos como eu gastei. Foram mais de 30 mil reais em gastos inúteis com cabos nestes anos todos e que nunca me proporcionaram uma mudança tão positiva como esta, além de tantos outros cabos emprestados que passaram pelo meu sistema. Agora entendo a sua bronca com cabos caros.
Vou prosseguir com as minhas experiências, agora adquirindo um equalizador paramétrico de melhor nível para novos testes, ou mesmo o Dual Core Anti Mode, que me pareceu mais complicadinho de usar. Qual você recomendaria?
Quero lhe agradecer pelo que você fez pelo meu sistema, e pela sua dedicação sobre este assunto que para mim foi uma das coisas mais interessantes que já tive a oportunidade de ver publicado em qualquer lugar que já tenha visto.
Exageros a parte, acho que você descobriu o segredo para se ter um sistema de som realmente de alto nível quando estabeleceu essa linha de personalização de sistemas, coisa que jamais eu havia imaginado antes, e que agora me parece tão óbvio que fico me preguntando porque não pensamos nisso antes?
Em breve publicarei aqui, com a sua permissão, os resultados de minhas novas experiências.
Um grande e forte abraço ao amigo, lhe desejando muito sucesso em suas pesquisas.
Teo
Olá Teo,
Fico contente de saber dos resultados que você obteve. Minha intenção tem sido justamente essa, ajudar os consumidores a gastar menos e com resultados verdadeiros.
Seria interessante você reavaliar a curva de seu sistema para ver como ele realmente está se comportando com o novo tweeter. A mera instalação de uma unidade adicional em cada caixa trás algumas implicações importantes, e seu ajuste deve ser feito com bastante cuidado, e por quem tenha um bom conhecimento e domínio sobre divisores de frequências, impedâncias, fases e outros aspectos importantes.
Um equalizador paramétrico de elevada qualidade pode ajudar muito nestas experiências, mas o Anti-Mode poderia lhe proporcionar muito mais precisão e resultados ainda mais interessantes, e sua utilização não é tão complicada como parece.
Essa sensação de realismo que você percebeu ocorre porque mesmo numa audição ao vivo as suas variações da curva de audição ainda existem, e torna a experiência ao vivo algo também “não real”. Com as correções feitas no seu sistema, você obteve um som mais real quanto às suas características originais do que quando o escuta ao vivo.
Sinta-se à vontade para continuar relatando as suas experiências.
Obrigado pela sua participação.
Abraços
Eduardo
Quantas idéias deslumbrantes e eu só agora tomando conhecimento, mas felizmente a tempo de melhorar a qualidade da música que ouço. Obrigado pessoal!