Enquanto os dinossauros dormem…

Nem os dinossauros resistiram às transformações do mundo. Evoluir é necessário, e adaptar-se é uma questão de sobrevivência.

dino

É realmente lamentável como algumas pessoas parecem fingir não entender o que acontece ao seu redor. Ignoram as mudanças e ainda buscam defender a todo o momento e das formas mais absurdas possíveis as suas posições.
É preciso acabar com esse negócio de teorias da conspiração, fóruns inúteis e os desocupados que escrevem para eles, céticos, etc… Chega de querer monopolizar o mercado com suas “visões únicas e perfeitas”. É hora de acordar.

Desde quando mencionei a primeira vez que o som ao vivo não era uma referência absoluta, alguns infelizes “contribuintes” para a situação cada vez mais confusa deste hobby, rapidamente já distorceram o que foi dito, e repetidamente passaram a afirmar que “algumas pessoas” defendem que o som ao vivo não serve para referência, e ainda fazendo as mais absurdas comparações.

Fico a pensar se estas pessoas têm mesmo um elevado problema de compreensão ou são movidas pelos interesses de ordem pessoal ou daqueles que mantêm vivos os seus “negócios”. Afinal, não é possível que com aqueles argumentos tão absurdos eles pretendam distorcer e desqualificar o que é óbvio demais.

Quando da primeira vez que apresentei esta tese, percebi imediatas resistências até de antigos colaboradores deste hobby, mas, a maioria deles, dentre os quais editores de revistas importantes na Europa e EUA, acabaram entendendo o conceito e até a abordá-los em algumas oportunidades. No contato social que mantenho com estes editores, colaboradores, fabricantes e inúmeros outros profissionais do mundo todo que participam deste segmento, percebi uma posterior compreensão e aprovação desta idéia, que acabou se confirmando na prática.
Talvez a diferença esteja no profissionalismo de cada um, pois quando alguém faz um trabalho contendo inúmeras formas de manipulações visíveis, o profissionalismo seja colocado de lado para que seus interesses pessoais sejam priorizados.

Mais uma vez vou comentar este assunto na esperança que alguns “dinossauros” consigam evoluir. E não comento isso com referência à idade, pois encontro jovens resistentes e inúmeros “senhores e senhoras” com cabeças abertas para as novidades.

Para deixar bem claro, mais uma vez para estes que possuem alguma limitação de compreensão, eu não afirmo que o som ao vivo seja inútil para a nossa referência sonora, mas que  é sim bastante limitado para o ajuste de nossos sistemas de som, o que tem provocado confusão no mercado, metodologias e avaliações equivocadas, e a insatisfação generalizada do consumidor que acaba perdido no meio de tantos “upgrades” inúteis, ou o que chamei um dia de “upgrades horizontais” (expressão agora utilizadas por estes mesmos cidadãos), onde ocorre uma verdadeira ciranda de troca de cabos e equipamentos para se tentar chegar a um resultado satisfatório.

Veículos de informação colaboram com isso, martelando na cabeça do consumidor as velhas sugestões do “troque cabos… muitos… e bem caros…”, “nunca testamos algo assim…”, “esta é a solução definitiva para o seu sistema” (esta e muitas outras que já foram…).

Antes de qualquer coisa, vou citar um exemplo sobre a diferença entre a referência “ao vivo” para conhecer o som e a referência “ao vivo” para ajustá-lo.
Para isso, vamos fazer uma analogia com outro hobby que mantenho, a fotografia.
Imagine que você nunca tenha visto uma árvore, logicamente não saberá como ela é. Mas, pode ter uma idéia do que seja numa fotografia. Afinal, muitos nunca viram um elefante e sabem como ele é através de fotos e filmagens.
Ao ver esta árvore “ao vivo”, perceberemos detalhes que provavelmente algumas fotos não mostraram (algumas – pois muitas fotos macros são capazes de registrar detalhes pouco perceptíveis a olho nu).
Qual a referência que mais se aproxima da condição real? Aquela “ao vivo”, óbvio (ainda resguardando a precisão obtida pela macrofotografia). Mas, veja, a árvore “ao vivo” se “aproxima”, mas pode ainda não ser real. Como assim?
O olho humano não é um dispositivo preciso, fabricado em uma linha de produção sob rígidas margens de variação funcional. Nossos olhos são imprecisos. A prova disso é que pesquisas apontam que mais de 70% da população mundial possui algum distúrbio visual.

Vejamos, se você vir “ao vivo” a árvore levemente embaçada, vai aceitar essa forma como a mais real para o seu sistema de vídeo ou para a sua foto. E aí eu pergunto: “para que servem os óculos?”
O óculos é um invento maravilhoso, capaz de melhorar a experiência ao vivo e a “artificial”, digamos.

Você usaria a imagem de uma árvore à noite para pintar uma árvore detalhada? Claro que não. A sensibilidade de nossos olhos é bastante limitada, e sem luz não podemos enxergar na escuridão.

Curiosamente, um de nossos críticos testou uma TV e afirmou que, junto com alguns presentes, foram capazes de afirmar, e de forma unânime, que a imagem da TV era melhor que a imagem “ao vivo”. Aqui podemos perceber como eles tropeçam em suas próprias afirmações, quando fazem defesas pobres de suas superadas idéias.
Percebam a incoerência.

Se no campo visual eles se contradizem, imagine no que se refere à audição.
Aqui a situação é muito pior. Nossos ouvidos apresentam sensibilidades diferentes de acordo com o volume do som, sua distância e velocidade, e isso ainda varia de um indivíduo para outro, e também do ouvido esquerdo para o direito no mesmo indivíduo.
E não sou eu quem afirma isso. Só para apresentar algo escrito aqui no Brasil, pois há muitos tratados muito completos no exterior e que já prometi trazer em próximos artigos, vejam o que diz um estudo da Universidade Unicamp da Campinas:

O ouvido não é um transdutor linear, e a sensibilidade também varia de indivíduo para indivíduo.

O mesmo estudo ainda afirma que:

A sensação humana do Loudness do som é menos sensível nos extremos de baixas e altas freqüências. Portanto, qualquer medida objetiva que represente a sensação humana deve ser planejada de modo a dar um peso importante em altas e baixas freqüências.

O estudo vai mais longe:

Nível de sensação é aquele que é dependente da  audição do indivíduo, portanto se apresentarmos um estímulo de mesma intensidade a dois  indivíduos com limiares de audição diferentes, estes terão níveis de sensação diferentes.

A Dinâmica musical (forte, piano, etc.) não corresponde exatamente a nenhum padrão absoluto de níveis de pressão. Eles portanto não são úteis como uma descrição objetiva do som.

Fonte: Prof. Dr. Ernesto Kemp
Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Além disso, estudos comprovam que o ser humano pode começar a sofrer perdas auditivas no momento em que nasce, dependendo das condições ambientes ao qual é exposto.
Os ruídos elevados do dia a dia ou do trabalho também provocam fortes perdas auditivas. Esta perda também é bastante acentuada em músicos ou pessoas que ouvem som em elevados níveis sonoros, principalmente em fones.
Além destas perdas, existe a perda natural, pela idade, um processo conhecido como PRESBIACÚSIA. Veja no gráfico abaixo como um indivíduo de apenas 30 anos já pode ter uma perda de mais de 20 dB em apenas 8.000 Hz. E um ouvinte de 50 anos já pode sofrer perdas de mais de 40 dB !!!

2.2.2.4_edad

E agora, se um ouvido não é igual ao outro (sequer o esquerdo e o direito do mesmo indivíduo), e se sofremos ainda perdas de várias espécies, como pode alguém acreditar que está ouvindo o som real ao vivo e querer ajustar o seu equipamento com ele? Pura ilusão.

Ainda não inventaram “óculos” para ouvidos para fazer a correção da curva auditiva, mas podemos realizar ajustes em nosso sistema para fazer com que o som que ouvimos seja o “real” e não o “ao vivo”.
Ou seja, agora usando um exemplo preciso e não aquele tão superficial da árvore, imagine que você tenha uma depressão (uma perda de sensibilidade) de -20 dB em 5 kHz, e saiba que isso é muito mais comum do que se imagina, até em pessoas jovens, pois são variações bastante comuns de nossos ouvidos, mesmo sadios (pois é… as pessoas ouvem de forma diferente e não adianta negar isso).
Se com esta deficiência você ouvir um som nesta frequência, ou em outra em que a perda é ainda maior, vai perceber estes sons mais baixos, ou mesmo não irá quase percebê-los dependendo da perda. Ou seja, esta falha vai aparecer “ao vivo” e será a referência no pensamento de alguns. O grande problema é que você vai levar esse desvio para o ajuste de seu sistema. Resultado: o “som ao vivo” lhe causou um erro de referência. Mas, se você identificar este e outros problemas, e fizer a correção através de algumas das formas que apontamos em nosso artigo “Rumo à Customização”, vai ter o som originalmente como ele é, e vai perceber a música em sua plenitude, o que chamo de “som real”.

O argumento destes “dinossauros” é de que se você não ouve um piano ao vivo, não saberá se é um piano ou um violão…
São comparações estúpidas para tentar defender argumentos jurássicos.
É evidente que ninguém aqui está afirmando que não se deve conhecer o som dos instrumentos. Mas, saiba que se você nunca tivesse ouvido um piano, e alguém com competência para tal avaliasse a sua audição e o seu sistema, e ajustasse tudo para a curva real, você iria conhecer características do som do piano mais reais do que se o ouvisse ao vivo pela primeira vez, dependendo da intensidade de suas perdas.

E é importante dizer que nenhum cabo no mundo vai corrigir o seu sistema. Pergunte a estes defensores do ilógico se conhecem algum cabo que provoque um ganho de 6 dB em 1kHz, com uma banda passante de 500 Hz, e ao mesmo tempo uma atenuação de 9 dB em 300 Hz e um reforço de 12 dB em 10 kHz.
Isso não existe !  Nenhum cabo fará isso.
É preciso dar um basta naqueles velhos chavões do tipo: “use um cabo mais contido nos agudos para este amplificador”, “um cabo mais aberto vai valorizar este player” ou “este cabo vai dar o toque final em seu sistema ou extrair o último sumo de um sistema top”.
Cabos não vão resolver nada, apenas vão piorar as coisas.
Se você não sabe o que ouve (muito menos quem diz isso) e não existe um parâmetro fixo de correção, como pode isso se sustentar? Novamente pela subjetividade?
Está na hora (ou já passou faz tempo) de acabar com isso.

O que falta para estes críticos?

É preciso ter a humildade de reconhecer que a idade danificou seriamente a nossa audição, que cada um ouve de forma diferente em condições ainda mais diferentes de sala, e que desta forma a nossa forma de ouvir não pode servir de referência absoluta para julgar equipamentos e instalações.
Tendo esta humildade, podemos “calibrar” todo o nosso sistema de som, e aí então poder emitir alguma opinião de valor sobre ele ou as suas partes. Percebam que enquanto avaliadores do mundo inteiro não aceitarem isso, e continuarem achando que sistemas “flat” são os perfeitos, acreditando na linearidade plena de seus ouvidos e de suas salas, não aceitando sequer ouvir falar em equalização, “loudness“, controles de tonalidade e outras tantas ferramentas úteis, jamais poderão ser levados à sério, e suas avaliações subjetivas fornecerão sempre conclusões subjetivas, e nada mais.
Enquanto eles tentam se convencer da “eficácia” de suas metodologias obsoletas, e acreditam que avaliações subjetivas fornecem resultados objetivos e precisos, continuaremos a ver os velhos erros perpetuados.
Você conseguiria afirmar que a temperatura de um objeto é de 26,25 ºC apenas com o toque de seus dedos? Pois algumas avaliações subjetivas conseguem a “proeza” de estabelecer notas com duas casas depois da vírgula !!!
É claro que as justificativas são sempre bem “claras”: “médios líquidos”, “agudos aveludados”, “som arejado”, “instrumentos palpáveis”, “texturas quentes e íntimas”, “musicalidade divina”, etc. É possível conviver com isso?
Desculpem, mas para mim isso já não é mais possível. Sem ao menos calibrar o nosso sistema para o som Real, a referência “ao vivo” e a subjetividade das avaliações sempre me parecerão artificiais demais para serem levadas tão à sério.

Mas, parece que coerência não é o ponto forte de quem age pelos suas próprias referências. Quando alguém anuncia o teste de um cabo de caixas e coloca a foto de um cabo de interconexão, ou coloca a foto de um aparelho e testa outro, manipula imagens ou avalia recursos que um equipamento não os possui entre tantas outras situações “estranhas”, ficamos mesmo na dúvida se a coisa é mesmo séria, ou se não passa só de mais um catálogo de produtos para os anunciantes. Lamentavelmente esta situação ocorre no mundo todo, e só vamos ver isso mudar quando estes defensores do errado pararem de defender suas posições jurássicas e abrirem os olhos para o novo.
Ou, como aconteceu com os dinossauros, eles serão engolidos pelas mudanças e pela falta de capacidade de se adaptarem a elas. Porém, os dinossauros não tiveram uma chance, estes têm.
Só é um dinossauro hoje quem quer (ou quem tem interesse de ser).

14 Comentários

  1. Vou resumir meus comentários numa única palavra: “S E N S A C I O N A L “.

    Coerência e demonstração de conhecimento no que escreve.
    Concordo integralmente com você, mas, será que alguma coisa vai mudar? Eu duvido.

  2. Eduardo,
    Excelente puxão de orelhas.
    Está na hora de começar a separar um pouco o que é fantasia do que é realidade.
    Estive recentemente na Europa, e apesar de algumas semelhanças com o que acontece aqui, o povo lá é mais esperto, não gasta tão fácil em besteiras. Estão tomando consciência do que é o mercado de áudio de alta-fidelidade. Porque hi-end pra mim é coisa de fresco. Ou é alta-fidelidade ou não é. Não tem meio termo nem andares superiores.

    Vou te dizer uma coisa com a experiência que eu tenho na área.
    Voce acha que alguma publicação vai falar mal de alguma marca ou de algum produto de seus anunciantes? Só se for doida. Esta é a principal fonte de renda delas.
    E quanto voce acha que não vale um review bem favorável? Eu pagaria até comissão de vendas por isso.
    Então, meu caro, o que se pode esperar quando o dinheiro fala mais alto do que a ética?
    Algumas publicações lá fora chegam a detonar alguns produtos que avaliam, mas o mercado de anunciantes é muito grande e o de leitores ainda maior.
    Mas aqui, esperar imparcialidade de quem sobrevive de anúncios é esperar que todos os nossos políticos virem honestos.

    Acompanho o seu site há algum tempo, e fiquei impressionado com a qualidade de seus artigos. Esta incrível abordagem do real e do ao vivo é inédita para mim, e saiba que sou um leitor assíduo de muitas publicações internacionais. Vi somente uma menção sobre isso na Stereophile americana, e ainda em referência ao seu artigo. Percebi ainda algumas opiniões ainda tímidas neste sentido, como na publicação da What Hi-Fi. Mas, é nítido que esta abordagem mexeu com algumas cabeças.
    Porém, não espere que voce seja aplaudido por todos. Há um grande conflito de interesses aqui, e isso não vai mudar na velocidade que voce desejaria.

    Sua exposição é bastante precisa e bem articulada, e repete algumas que voce já fez. Parece que releio a mesma coisa.
    Estou certo que esta insistência vai ainda conquistar o pensamentos de muitos audiófilos.
    Por outro lado, a outra publicação faz a mesma coisa, insistindo incansavelmente em direção oposta, e também vai atrair alguma platéia para ela, não tenha dúvidas disso.
    Recomendo que não desista de seus objetivos, e continue apostando no surgimento de um mercado mais consciente, mais maduro e bem mais conhecedor do que realmente busca.

    Leio teu site todos os sábados e me delicio com os seus textos, quando há novidades.
    Sou empresário de vinhos, apreciador de música de qualidade e bem reproduzida, e também apaixonado pela fotografia e carros.
    É incrível como em todos estes hobbies alguns pontos se repetem.
    Mas, acho que no áudio de alta-fidelidade a situação é ainda mais descarada, talvez pela falta de conhecimento do consumidor e pela facilidade de se vender um cabinho de força por 3 mil doletas sem ninguém se questionar sobre o seu real valor. Pois é, meu caro, também fiquei indignado com isso.

    Estou enviando para o email do Hi-fi Planet um artigo que saiu na Dimension, que acho bem pertinente ao tema que voce vem abordando.
    Saiba que hoje no mundo a customização vem ganhando força em vários segmentos, pois como voce já comentou, as necessidades também são diferentes e individuais.

    Um grande abraço deste amigo que já se coloca à sua disposição se puder colaborar de alguma forma com este ótimo blog.
    Voltarei a escrever. Me aguarde.

    Milton Carvalho

  3. Sou um admirador dos artigos deste blog.

    Eu acho apenas que voces não deveriam se preocupar muito com o que dizem por aí. O hi fi planet dá um banho de informação e seriedade nesta e em muitas outras publicações impressas, virtuais e fóruns.
    Acho que é seguramente o canal mais seguro de informações sobre o hi end hoje.

    Eles estão tão perdidos que publicaram um teste de um amplificador valvulado e além de errar no modelo ainda copiaram as fotos da internet descaradamente, e fotos com logomarca que foram apagadas de outras publicações. Uma vergonha assumida já.
    Eles são tão criteriosos, reclamam tanto das broncas merecidas que levam e nem se atentam ao modelo do aparelho. Dá para levar a sério uma avaliação desta?
    Já cansaram de publicar fotos trocadas e mexidas, especificações trocadas, até com característica de cápsula magnética usada num tocador de cd, fotos de um aparelho e reportagem de outro, teste de funções que nem existem nos aparelhos, fotos copiadas dos outros. Será que estes testes são feitos mesmo em meio a tantas barbaridades?
    E vocês vão se preocupar com a argumentação deles diante de uma abordagem tão bem feita como a de vocês.

    O leitor não é bobo e sabe diferenciar o que acontece aqui e o que acontece no mercado. Nem percam tempo com eles. Deixa pra lá.

    Atenciosamente

    TTTL

  4. Eduardo, na linha do exagero ou não eu queria lhe pedir a gentileza de me responder uma dúvida. Li recentemente numa revista que um notebook com fonte externa terá ganhos com um cabo de força com melhor qualidade. Você recomendaria este investimento para um note da Dell com DAC externo?

  5. Também sou da opinião que eles se afundam sozinhos a cada edição na própria confusão que criaram.
    Primeiro para eles o ao vivo era referência absoluta, agora assumem que a imagem de uma TV pode ser melhor que a imagem ao vivo. Depois que eu li essa tive até dores de barriga. Uma publicação que se diz séria escrever tamanha bobagem e ao mesmo tempo se contradizendo em suas próprias metodologias é de lascar.
    Depois leio recentemente algumas pérolas ainda mais curiosas.
    O editor assume que em sua sala antiga as caixas ficavam 0,4cm distantes das paredes laterais, ou seja, a apenas 4mm de distância !!!
    Só agora diz isso? Na minha opinião qualquer teste que tenha feito nestas condições apresentou resultados comprometidos. Essa distância não é recomendada por nenhum fabricante, e prejudica o desempenho de qualquer equipamento levando os testes a resultados imprecisos.
    Leio ainda que no teste de um monobloco valvulado o avaliador teve uma impressão oposta a opinião de outros que testaram o equipamento. E aí? Quem está certo? Aqui vemos a imprecisão e a falta de confiabilidade das avaliações puramente subjetivas, e também a aplicação prática da ideia de que ouvidos são diferentes, aliás, coisa que na década de 50 já era conhecida pela comunidade médica, da qual faço parte.
    Mais adiante leio noutra avaliação termos como timbre aveludado, som mais seco, texturas analógicas, confortável flanela, pó de arroz, contemplativo e corpo harmônico redondo. Que raios de expressões são estas? Se isto não é uma demonstração de total subjetividade, não sei o que é então. Não existe qualquer precisão ou sentido nestes termos. Será que o avaliador não consegue explicar o que ouviu dentro de algo mais racional? Termos como estes são inúteis para qualquer leitor, imagine para uma “metodologia” objetiva.
    Depois ainda leio que se o ouvinte de um determinado produto em teste quiser ouvir um som “mais molhado” deve recorrer a troca de cabos!!! Quanta imprecisão de informação e, novamente, a sugestão de troca-troca de cabos.
    Acho que o consumidor de equipamentos de som de alta fidelidade de hoje não é mais mesmo de décadas atrás. Com a colaboração de sites como o HiFi Planet e de inúmeros fóruns espalhados pelo muno inteiro, a informação hoje é mais abrangente e real. Os leitores estão filtrando mais o que estão lendo.
    E vamos em frente.
    Agradeço pelo espaço.

  6. Bilbo,

    Inicialmente, o que seria um cabo de força de melhor qualidade? E o que seria qualidade para quem respondeu a isso? É preciso ter cuidado com essa idéia de qualidade.
    Acho curioso como alguns defendem a idéia de “elo mais fraco” num momento e perde esta mesma referência em outro momento.
    Qual qualidade se poderia obter trocando um cabo de força de uma fonte externa, chaveada, e que é ligada ao computador por outro cabo de conexão?
    Você não terá qualquer ganho com essa troca, e apenas vai desperdiçar dinheiro.
    Eu realmente gostaria de fazer um teste cego com estes “gurus” que dizem coisas como estas. Acredite, o cabo de força original de seu note é capaz de fornecer a qualidade esperada pela fonte do aparelho, esta sim que vai limitar, junto com a cabo de conexão ao note e todo o restante do circuito qualquer suposto ganho.

    É preciso ter muito cuidado quando se fala em ganho de qualidade. Uma corrente vai ficar mais resistente se um dos elos for banhado à ouro ou se for mais reforçado? Claro que não. É uma total incoerência ver como alguns defendem a idéia de elo fraco de forma tão contraditória. Curioso isso. Aliás, o conceito de elo fraco não é tão atual como afirmam. Em 1978 uma revista brasileira já defendia esta posição que é bem lógica, mas que hoje acaba mal interpretada, ou usada de acordo com a conveniência do mercado.

    É preciso ter coerência para saber onde devemos melhorar nosso sistema,e não sair por aí trocando todos os cabos que encontrar pela frente, e baseado em sugestões de quem nem conhece o cabo que está sendo usado. Corre-se facilmente o risco de cometer erros como este mencionado.

    Se usarmos uma chapa mais grossa e resistente na carcaça de um carro vamos melhorar algo em seu desempenho? Se substituirmos as peças plásticas internas por outras fabricadas em ouro ou colocarmos cabos de prata na fiação elétrica, também teremos algum resultado positivo?
    Certamente deixaremos o carro mais pesado, com maior consumo, menos potência efetiva, e ainda poderemos prejudicar seriamente a sua segurança alterando a forma como as deformações calculadas deveriam se comportar em uma colisão.

    Não adianta sair trocando partes de um sistema sem conhecer as suas verdadeiras limitações, seus pontos (ou elos) fracos, sem saber qual o verdadeiro desempenho de seus componentes e o ganho verdadeiro (e não suposto) que teríamos com cada intervenção.
    Qualidade é algo muito abrangente, e não pode ser tratada assim de forma tão simplista sob o risco de gastarmos desnecessariamente.
    É preciso mudar conceitos como este.
    Vou tratar deste assunto num próximo artigo.

    Abraço

    Eduardo

  7. kkkkkkkkkk…………
    Eduardo estou rindo até agora de sua bronca… merecida e oportuna.
    Acompanho com muito interese e carinho os seus artigos. Da forma como você escreve a impressão que tenho é de um amigo de longa data.
    Parabéns pelo site. É maravilhoso.
    Já conversamos antes por email, mas acho que voce nem vai se lembrar.

    Eu já tinha percebido em seus comentários que alguém que defende o ao vivo como certo teria avaliado uma tv e dito que o ao vivo era pior. Não tinha entendido isso pois não savia do que se tratava. Mas folheando uma revista aqui de áudio e vídeo com um teste de uma tv samsung achei o comentário e acabei ligando os fatos. Que absurdo meu amigo.
    Por coincidenciia eu já tinha parado de comprar esta revista justo neste número que já fiquei de saco cheio dos comentários de cabos da revista. Os médios estão ruins? são os cabos. Os graves não tem controle? Verifique os cabos. Os agudos são estridentes? Experimente novos cabos. Tá doido, parece disco riscado pulando a mesma faixa rsrsrs…
    Se cabos fizessem mesma 10 por cento do que falam…

    Esta edição para mim foi a gota dágua para desistir de comprar esta revista, e por causa de uma consulta de um leitor que foi tratado com total incompetencia na sessão de cartas.
    O leitor perguntou que equipamento a revista lhe indicaria para compor um sistema 50 por cento vídeo e 50 por cento música de qualidade. O próprio leitor estava bem proximo da resposta certa qundo ele mesmo sugeriu um receiver.
    A resposta absurda que deram pra ele foi para colocar um integrado, um cd (deve ser um player de cd, acredito) e pasme, um iPod ????????
    Alguém entendeu alguma coisa?
    O cidadão vai ver filmes como? pelo iPod?
    Ele pensava num receiver porque então?
    Maior resposta sem noção. Espero que o leitor seja mais esperto e desconsidere tamanha bobagem.

    Lembro de uma consulta que lhe fiz há algum tempo parecida, e segui a sua sugestão com um receiver da Marantz, um player panasonic BDT-220 e o V-DAC. Apenas as caixas que acabei não optando pela Monitor pois achei um conjunto B&W usado ebm em conta, e como sei que voce também aprova a marca optei por ela.
    Estou feliz com o sistema até hoje, e um dia vou incluir um integrado e caixas torres frontais como você me sugeria na época.

    Achei total falta de cuidado coma resposta, e que qualquer leigo perceberia se totalmente inadequada a consulta. Fiquei indignado e como já estava cansado do empurra empurra de cabos passei a selecionar melhor as minhas leituras. E saiba que o HF Planet está no topo das escolhas.

    Parabéns e sucesso.

    Rene Nato (Ourinhos-SP)

  8. Eduardo, o seu blog é sensacional.
    Eu o acompanho desde quando você era moderador do htforum, e de lá para cá é nítido o seu amadurecimento no que tange ao áudio.
    Você aprendeu, questionou, desenvolveu e criou. De aprendiz a professor.
    É mais um exemplo do que a dedicação séria é capaz.
    Suas abordagens aqui são incríveis e inovadoras em relação ao habitual que lemos por aí.
    Sou mais um que está adequando o meu sistema as minhas necessidades, e colhendo frutos interessantes, extraindo do meu sistema um resultado sônico que jamais imaginei um dia conseguir.
    Sua contribuição ao áudio é uma revolução dentro do próprio áudio, e tem ajudado muita gente, pois a cada dia que passa conheço mais gente que vê o seu site como referência para as suas aventuras no áudio, e sempre com sucesso.
    A melhor coisa que você fez foi se desvincular das velharias, e trilhar seu próprio caminho. E que os dinos fiquem para trás.
    Um abraço do amigo e admirador,
    Juan Garcia

  9. Comentário infeliz de uma revenda na seção de cartas.
    Dizer que alguns não se preocupam com o mercado por não querer participar de um evento isolado.
    Será que não percebe que nem todos concordam mais com a ‘cartilha’ do ‘senhor sabe-tudo’.
    Minha opinião e de alguns amigos é que nem deveriam ter publicado comentário tão infeliz. Só conseguiu se afastar do mercado.
    Espero que ganhe guarida do lado de lá, provavelmente com reviews bem generosos. Porque aqui queremos distância.
    Não puxamos o saco para ganhar benécias de quem quer que seja. Só precisamos trabalhar para isso. Temos competência para tanto.
    Estou pegando nojo deste pessoal.

  10. Olá João Neves,

    Uma prazer vê-lo por aqui prestigiando este humilde espaço.

    Não li o comentário, mas ouvi outras manifestações parecidas com a sua. Realmente foi um momento muito infeliz de quem escreveu algo tão deselegante. lamentável !!!

    Abraços

  11. Esses caras se enforcam sozinhos.
    Alguém leu o infeliz teste do HK este mês? Que mal feito.
    E aquela resposta em frequência de 20 a 20kHz parece que foi chutada, e bem longe do gol. O HK 990 responde de 5 a 120kHz, ou mais precisamente, de 20 a 100kHz a + ou – 3dB.
    Precisam escolher melhor o nível técnico do pessoal que faz o review. Tem umas coisas absurdas demais, que nem com toda a forçada do mais exagerado subjetivismo consegue salvar.

    Outra pérola são as frases do editor nas últimas edições: “o peso das caixas num sistema é muito maior que toda a eletronica”, tem outra curiosa: “o pré-amplificador é o componente mais importante de um sistema”, e quem quiser buscar na mais velha deste ano: “o principal item de um sistema são de longe as caixas acústicas”, ou ainda passeando um pouco mais pela história (145): “a fonte é o equipamento mais importante de um sistema de áudio”. E aí, afinal o que é o que?
    E a história do elo fraco?
    Não existe qualquer coerência no que se escreve. Parece que cada caso tem um objetivo bem diferente, ou o mesmo de sempre: “comprem tudo que tudo é importante”. E da forma como escrevem, teríamos que fazer um upgrade a cada nova edição, pois em cada uma acham algo excepcional.
    Aliás, perceberam que o anúncio da representação comercial dos aparelhos testados pela revista sumiu? Será que perceberam a cagada que fizeram?
    É de dar risada…

  12. Querem outra pérola ainda mais curiosa da mesma publicação?

    “Este player é capaz de ler os mais sutis detalhes da gravação de um CD”

    O que é isso? Respondo: total falta de conhecimento técnico sobre o que escreve.

    Todo e qualquer leitor de CD, do mais vagabundo ao de mais elevado nível, lê as informações digitais de um disco gravadas em códigos binários (0 e 1). Não é como um vinil onde a agulha pode não conseguir ler algumas deformações do sulco por serem bastante sutis.

    Todo CD player lê tudo que está gravado no disco, se consegue reproduzir isso ou não, aí é outra história. Não existem informações sutis de difícil leitura. Esse é o mundo digital que parece que eles não possuem qualquer conhecimento.

  13. Acho que o que mais chateia a todos é ver que os comentários têm fundamento. Não sei se são bem filtrados ou se o pessoal que frequenta este blog é realmente de um nível muito bom.
    Tudo que dizem aqui é real, está lá, não há como negar.
    Sem calúnias ou difamações, as verdades são evidentes, pois estão registradas para sempre.

    Vou colaborar com outra observação real, que só aqui parece que pode ser publicada, pois tentei comentar isso num fórum bem conhecido mas foi deletada sem qualquer satisfação.

    O que mais nos preocupa são as dúvidas que ficam sobre a idoneidade dos textos de algumas publicações, principalmente sobre a realização de fato de alguns testes.

    Uma revista publicou um teste do amplificador BMC M2, e em certo momento o avaliador comenta que antes que pensem que pelo preço de 25.000 dólares (que bagatela!) trata-se de um produto Chinês, em seu painel traseiro (ali chamado de “suas costas”) está escrito “para quem quiser ver: Made in Alemanha”.
    Lógico que achei estranho. Como isso poderia estar realmente escrito num produto importado de origem alemã?
    Por sorte, duas páginas adiante estava um foto do aparelho, de “suas costas”, onde se podia ler (com a ajuda de meus óculos):”MADE BY BMC GERMANY” !!!!!!!!!!!!!!!!!!! (o que faz bem mais sentido).

    E agora, quem explica isso?
    São coisas como esta que acabam com a credibilidade de qualquer um e cansam os leitores.

    Espero ver esta carta publicada no Hi-Fi Planet, um dos poucos lugares em que ainda confio.

    Um abraço a todos

    Ivan
    (que sabe muito bem das coisas e apóia integralmente o Hi-Fi Planet)

  14. Ivan, até tu por aqui? rsrsrs….
    Eu não acreditei no que li e fui conferir. Estou passado até agora, o que foi aquilo???
    Nem se ele tivesse tentado “aportuguesar” a tradução explicaria tamanha gafe.
    Nestas horas começa a surgir as perguntas mais inocentes e as mais preocupantes: será que ele não enxerga direito? será que havia muita neblina no dia em que ele leu isso? será que ele lê algo de sobrenatural que nós meros mortais não lemos? será que ele realmente recebeu o aparelho para teste? se recebeu, será que tirou da caixa? será que testou?
    Não é nenhuma insinuação, apenas algumas perguntas inocentes para tentar explicar o fato, ok?
    Ou será que foi somente outra “teoria da conspiração”?
    rsrsrs….

    Teco (de volta às origens)

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*