Apresentamos aqui uma solução interessante para você mesmo construir, de forma simples e barata, um pedestal para suas caixas acústicas que não fica devendo nada em desempenho aos modelos industrializados disponíveis no mercado.
Pedestais são muito utilizados em caixas acústicas do tipo bookshelf ou em caixas centrais de sistemas de home-cinema.
Depois de testar inúmeros modelos que o mercado oferece, alguns muito ruins mas inexplicavelmente elogiadíssimos por algumas publicações nacionais, desenvolvi uma solução bastante simples e econômica, e com resultados práticos (sonoros) melhores do que os modelos que testei.
Essa solução foi pela primeira vez implementada por mim há aproximadamente 10 anos, quando precisei sustentar duas caixas acústicas bookshelves B&W em meu sistema de som estéreo e de vídeo. Mas, seus resultados são excelentes para qualquer marca de caixas, e vale a pena experimentar mesmo que você já disponha de um desses pedestais “hi-end” que o mercado oferece.
Um razoável par de pedestais está custando hoje em média de R$ 800 ou mais. Alguns modelos mais baratos, a partir de R$ 400,00 o par, são tão ruins que não podem ser considerados numa aplicação mais séria. Outros, ainda mais baratos, são indicados somente para kits de home-cinema, que utilizam aquelas pequenas caixinhas plásticas.
Nossa proposta é de um pedestal que supera até os modelos mais caros do mercado, que qualquer um que souber abrir um tubo de cola e usar um pincel pode construir facilmente.
Seu preço depende do local onde o material será comprado e do tipo escolhido de componentes, e deverá ficar em torno de R$ 130,00 a R$ 150 o par. Mas, considere que seu resultado pode ser bastante superior aos muitos modelos mais caros do mercado.
Claro que sempre surgirá alguém dizendo que testou e não gostou, seja alguém mais preocupado em preservar interesses comerciais, de anunciantes ou a favor deles. Mas, teste primeiro, e depois tire as suas próprias conclusões.
Construção
A confecção destes pedestais é bastante simples, mas exige um pouco de esforço, já que a base de sua construção é bastante pesada.
O segredo está na utilização de um tipo de pedestal já pronto, disponível no mercado, fabricado em cimento de construção, com algumas modificações específicas para a nossa aplicação.
A idéia surgiu numa época eu que eu estava decorando a minha casa recém construída. Precisávamos de uma base ou pedestal para suportar alguns vasos pesados que seriam colocados na varanda e em outras áreas externas.
Visitando um vendedor de vasos e plantas, conheci um tipo de pedestal de cimento, de fabricação bastante robusta e aparência muito interessante. Claro que ele não combinará com ambientes hi-tech, já que seu estilo lembra as colunas arquitetônicas das grandes construções do passado (e do presente também – nos casos mais “chiques”).
Uma de suas vantagens é justamente o peso, não sendo necessário usar artifícios como o preenchimento de areia dos “tubos”, usado convencionalmente por alguns pedestais industrializados.
Isso proporciona uma rigidez sem comparação, tornando o pedestal completamente firme e neutro seja qual for o peso da caixa colocada sobre ele.
Existem diversos tamanhos de colunas, e para nossas aplicações mais habituais estes tamanhos podem variar de 60cm até 80cm, ou mesmo 1 metro. O ideal é que o pedestal, depois de montado com a caixa sobre ele, tenha o tweeter alinhado com os ouvidos na posição de audição. Pequenas variações não são importantes.
Mas, a altura escolhida pode ser adaptada às necessidades, como numa aplicação de caixa central de um home cinema, por exemplo.
A coluna utilizada é facilmente encontrada no mercado em casas de decoração de jardins. Os preços variam bastante em função do local de venda. Lojas mais sofisticadas cobram mais caro, mas na maioria das vezes o produto é o mesmo encontrado em locais mais populares.
Alguns exemplos de colunas podem ser vistos abaixo:
Na foto abaixo, podemos ver um mostruário contendo várias opções:
De todos que os modelos que vi, teve um em especial, muito fácil de ser encontrado, que me agradou bastante e se tornou a minha opção.
Ele é mais discreto e combina facilmente com vários tipos de ambiente, parecendo bastante elegante sem chamar a atenção excessivamente.
A foto abaixo mostra o modelo utilizado por mim, já pintado.
Notem que o modelo acima já possui uma base opcional em granito boleado (arredondado na lateral) e polido.
Esta base teve como objetivo melhorar a aparência final do conjunto, mas não é necessária.
Na hora de escolher a peça, procure uma com a base e o tampo o mais liso possível, para facilitar a montagem.
Ela vem na cor de cimento claro, mas pode ser envernizada ou pintada, como na peça acima.
A pintura pode ser feita com tinta látex ou esmalte sintético. Atualmente encontra-se no mercado um tipo de tinta à base de água, que usei em outro recente pedestal que construí. Além de dar um acabamento bem interessante, não solta cheiro de tinta forte na sala durante a sua pintura e cura (secagem) total, como costuma acontecer com outros tipos de tinta. Uma opção é pintar fora da casa e depois levar o pedestal para dentro, mas, pelo seu peso, é melhor pintá-lo no local para evitar danos posteriores na pintura.
A aplicação da tinta pode ser feita com pincel (ou trincha). Dilua apenas um pouco a tinta, se necessário, para evitar que fique muito grossa e marque a pintura com as cerdas do pincel.
Duas camadas de tinta normalmente já são suficientes, mas outras camadas podem ser aplicadas para diminuir um pouco as imperfeições.
Sobre estas imperfeições, é bom comentar que a peça de cimento (existe em mármore, granito e outros materiais mais caros) não possui um acabamento perfeito. É feita de cimento em uma forma, e é natural que fiquem pequenas imperfeições por conta disso.
É possível aplicar uma massa de acabamento (massa fina) e lixar a peça, tornando a superfície bem mais lisa. Em minha opinião, isso não é necessário, o próprio acabamento um pouco mais rústico da peça, para o meu gosto, é mais agradável, pois lhe confere maior naturalidade.
A pintura pode ser feita também na parte superior (recomendo) e na inferior (não recomendo). A parte inferior não aparece, e como serão colados os pés, o fato de ser rústica e sem pintura melhora a aderência.
A cor pode ser escolhida a gosto. Branca reforça a idéia de colunas antigas, mas pode-se usar outras cores, como usei numa caixa central, em marrom, evitando o branco para não chamar a atenção com a sala escura, e também para fazê-la “desaparecer” um pouco confundindo-a com o fundo da parede e os demais objetos da sala.
Recomendo o uso de tinta fosca ou acetinada. Não gosto do resultado com tintas brilhantes que podem causar reflexos indesejáveis com a sala escura, e também ressaltam mais os pequenos defeitos de pintura.
Na base são colados os pés de borracha, e apesar de parecer algo simples, existem alguns detalhes importantes.
Os pés não devem ser macios demais, nem muito altos, pois o peso da caixa pode amassá-los. Uma borracha mais dura vai ceder um pouco, corrigindo eventuais ondulações da base. A borracha também atua como absorvedora para eventuais vibrações, quase inexistentes em função do peso do conjunto.
Nada impede que sejam utilizadas peças mais rígidas, de plástico ou mesmo metal. Mas, deve-se ter um cuidado especial com o nivelamento da base da peça e do próprio piso, para evitar que a peça balance por perda de contato de algum dos pés. Uma possibilidade para evitar isso é utilizar apenas 3 pés, em vez de quatro. Pode-se colocar dois na frente e um atrás.
Mas, neste caso, se for utilizar pés muito altos, coloque outros de borracha ou outro material de menor altura, nos cantos de trás, para caso a peça incline por um esbarrão, por exemplo, esta inclinação fique limitada pelos pés falsos, evitando uma possível queda da caixa.
Mas, isso é muito raro, pois como já comentei acima, o conjunto fica muito firme.
Os pés são colados com cola tipo superbonder ou de contato. Estas proporcionam a melhor aderência. De qualquer forma, até pelo peso da peça, sua movimentação deve ser feita levantando-a, jamais empurrando, o que poderá fazer com que os pés se soltem.
Para nivelar os pés no piso, pode-se lixá-lo com uma lixa grossa num toco de madeira, corrigindo eventuais diferenças de altura.
Se o desnivelamento do piso ou da base da peça for grande, pode-se utilizar um calço sob o pé de borracha, entre ele e o piso (não é preciso colar o calço). Isso é raro de acontecer, pois o peso da peça acaba nivelando o conjunto com a compressão suave dos pés, mas se for necessário por tratar-se de uma diferença grande, pode-se usar uma moeda embaixo do pé, como calço.
Uma moeda de 5 centavos (destas feias que escurecem), servem bem para esta finalidade e são econômicas, pois custam apenas … 5 centavos. Mas, quem se interessar, possuo moedas de cinco centavos de qualidade hi-end , padrão SE (Special Edition), que recebem um polimento especial e são tratadas com um líquido raro e secreto que melhora seu desempenho em aplicações acústicas… tudo isso por apenas 200 dólares cada uma, acondicionadas numa bela caixa de madeira aveludada… Brincadeiras à parte, obter um correto nivelamento não é difícil.
Seguem fotos de alguns tipos de pés para uso nesta aplicação. Lembre-se, apenas, de que apesar de algumas possibilitarem a utilização de parafusos, a colagem é o modo mais recomendado de fixação, a não ser que se deseje complicar bastante a operação e correr alguns riscos da peça rachar ou quebrar durante sua perfuração para utilização de parafuso e bucha, o que é totalmente desnecessário.
Na parte superior da coluna, onde será colocada a caixa, existem algumas opções. A primeira é simplesmente colar outros pés de borracha para o apoio da caixa, numa distância adequada entre eles para que apóie bem a caixa.
Pode-se usar 3 peças também, mesmo de plástico ou metal, spikes, etc.
No meu caso, utilizo, pela minha preferência, 4 pequenos pés de silicones, destes vendidos em expositores de lojas de construção e acabamento, supermercados, etc.
Existe um modelo bem pequeno, e outro maior que considero melhor.
Na foto abaixo, pode-se ver o modelo recomendado, vendido em cartela com várias unidades, de onde podem ser destacadas uma a uma.
O formato é como de uma bolinha cortada ao meio, com uns 10 mm de diâmetro. A base da bolinha é fixada no pedestal, e a parte arredondada apoiará a caixa.
O ideal é posicionar as peças e mudando um pouco suas posições para que fiquem no mesmo plano, e a caixa não balance. Se desejar usar 4 peças, e não conseguir um nivelamento adequado, pode-se usar calços entre a base do pedestal e o pé de silicone. Até tampa de pote de margarina (recortado num pequeno círculo) ou outro material pode ser utilizado. Cole o espaçador, depois cole o pé sobre ele.
Os pés de silicone já vem com cola (na verdade uma fita dupla face na base), e adere bem na superfície do pedestal pintado. Se não estiver pintado, recomendo tirar a fita dupla face e colar as peças do mesmo modo que foram colados os pés inferiores da base.
A única coisa que não recomendo é usar estes pés direto na caixa. No pedestal ele pode ser descolado e ajustado depois, o local pode ser lixado, repintado, etc., mas fazer isso numa caixa, não é nada recomendável, além de que, mesmo com a fita dupla face, a caixa pode ficar marcada. Tudo bem que não aparece, é do lado inferior, etc… etc… etc…, mas se você for tão chato como eu, vai querer preservar suas queridas caixinhas.
Se desejar dar um acabamento melhor, pode mandar fazer um tampo de granito, como mostrado acima, ou mesmo de madeira ou vidro.
Resultados
O peso do conjunto depois de terminado é bastante considerável. Para levantá-lo com uma única pessoa, não é tarefa fácil, e precisa de jeito certo. Mas, nada que impeça de movimentá-lo (sempre levantando-o para não arrancar os pés de borracha) sozinho para uma limpeza do piso ou reposicionamento da peça.
Em função desse peso, o conjunto torna-se verdadeiramente inerte.
O resultado disso é uma caixa firmemente instalada. Nada de pedestais que balançam, vibram (principalmente os metálicos), colorem o som, ou ainda necessitam de preenchimento de areia ou outros artifícios para aumentar sua massa e diminuir eventuais vibrações.
Ainda, não apresentam aquela aparência industrial, não enferrujam e nem descascam a tinta.
Testado e comparado com sofisticados modelos do mercado, podemos perceber que o mercado tem pouco a oferecer de vantagens, e ainda por preços bem superiores ao desta opção.
Trata-se de uma solução simples e econômica, e ainda com uma vantagem indiscutível… ele funciona mesmo, diferente de alguns “modelinhos hi-end” que só têm preço.
O resultado auditivo comprova sua eficiência, podendo-se perceber em muitos casos um melhor desempenho das caixas acústicas.
Seguem algumas fotos ilustrativas de modelos feitos por mim. A maioria já está em desuso, pois atualmente meus sistemas compõe-se de caixas torres (mas podem ganhar outras utilidades como mostrarei adiante), porém o modelo feito para a caixa central ainda exerce seu papel, com total desempenho e beleza.
Fotos
Estes pedestais acima já não são mais utilizados para caixas, e as fotos foram feitas apenas para demonstração com uma caixa que fica instalada, na verdade, na estante do meu escritório.
Detalhes da colocação dos pés de borracha na parte superior, neste caso para a base de granito. Trata-se sempre de borracha bastante dura, jamais macia demais.
Base de granito colocada sob os pés de borracha, e detalhe de um dos pés que sustentam o pedestal.
Vistas da peça terminada, já com a caixa acústica central de um sistema de home-cinema.
Detalhes da base com os pés de borracha e da base superior, com os apoios de silicone.
Detalhe de um “pezinho” de silicone colado na base, e à direita, a caixa, que fica solta (mas bem firme) sobre o pedestal.
Os pedestais antigos, não mais utilizados, ganharam nova função decorativa.
A sala com o pedestal construído para a caixa central. Note que a cor foi escolhida para integrar a peça à decoração, sem destacá-la excessivamente, o que ocorreria se a cor branca tivesse sido escolhida.
Fique sempre à vontade para esclarecer qualquer dúvida, ou colaborar com outras sugestões.
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