O que já era ruim está ficando pior

Incrível como podemos ler coisas tão absurdas na Internet sobre nosso querido hobby.
Não bastasse que uma revista criasse uma realidade voltada claramente aos seus interesses comerciais, ainda produz um site com colaboradores com uma capacidade limitada de interpretação sobre os temas que lê (ou “ouvem dizer”).

Em viagem há algum tempo, com oportunidade de conhecer coisas que articulistas e colaboradores de algumas publicações deveriam levantar o traseiro de suas cadeiras e conhecer também, retorno agora com um pouco mais de tempo para me dedicar à este espaço que, ao contrário de alguns outros, NÃO DEPENDE DE QUALQUER ANUNCIANTE OU OUTRA FORMA DE COLABORAÇÃO FINANCEIRA PARA SOBREVIVER.
Mantenho este espaço integralmente às minhas próprias custas, e por isso a imparcialidade de meus textos podem até parecer ofensiva para alguns. Mas, aquele de boas intenções nunca refletirá em si alguns adjetivos que uso aqui.

Sendo bem honesto e bastante objetivo, ando muito irritado e cansado das inúmeras bobagens que leio em muitos espaços que deveriam levar informações úteis aos seus leitores, e não abordagens manipuladas das formas mais absurdas possíveis.
Quem se sentiu ofendido, me processe. As provas estão impressas ou publicadas na internet, à disposição e sob a visão de todos.
Já abandonei publicações e espaços pois não aceitei compartilhar da “sujeira” da casa.

Deparei-me, agora há pouco, por comentário de um amigo, já que não frequento “certos espaços” contaminados pelos mais repugnantes interesses, com um artigo (se é que pode-se chamar os textos do cidadão de artigos), dizendo achar engraçado saber (ouviu dizer…) que  existem audiófilos que não consideram música ao vivo como referência.
Antes de “ouvir dizer”, seria bom o autor de um artigo confirmar suas informações, pois escrever um texto baseado em algo que ouviu dizer é simplesmente irresponsável, demonstrando total incapacidade de exercer o papel a que está se propondo, o de informar seus leitores.

Quem primeiro explorou esta idéia fui eu, em artigo que publiquei aqui mesmo neste site (http://hifiplanet.com.br/blog/?p=303#more-303). O tema circulou por várias comunidades, chegando mesmo a ganhar destaque por uma publicação séria estrangeira (lá fora existem publicações sérias).

O tema foi bastante explorado e detalhado, mostrando evidências claras de que o som “ao vivo” não pode ser considerado uma referência ABSOLUTA no ajuste de nossos sistemas. Sim, absoluta, porque é uma referência cheia de falhas. Talvez, se quem escreveu o artigo que perdi meu precioso tempo lendo tivesse ido à fonte, e não esperado “alguém lhe dizer”, teria entendido o significado desta expressão.
É comprovado cientificamente que a possibilidade de você ouvir errado  uma reprodução ao vivo (por uma série de fatores abordados em meu artigo) e reproduzí-los com as mesmas falhas em casa é muito grande.

Não vou entrar nos detalhes do artigo, já que ele está publicado aqui e qualquer transcrição seria um ato repetitivo.
Mas, existe uma diferença muito grande em REPRODUZIR EM CASA O QUE OUVIMOS AO VIVO OU REPRODUZIR EM CASA OS SONS COMO ELES DEVERIAM TER SIDO OUVIDOS. Isso é óbvio, e não é necessário muito esforço cerebral para compreender isso.
A melhor orquestra do mundo, tocando com os mais afinados instrumentos existentes, na mais perfeita sala do mundo, pode (e normalmente é) ser interpretado de forma errada pelo nosso sistema de percepção auditiva. E aí vamos nós tentando ajustar nossos sistemas com essa referência errada.

Certa vez participei de um curso de “percepção auditiva” (que já teve até o seu nome mudado de tão equivocado que era), e fiquei decepcionado ao perceber que o “curso” nada mais era uma forma de empurrar uma metodologia de avaliação de equipamentos já envelhecida e carregada de falhas.
Foi um tédio suportar a tentativa forçada de impor aos participantes idéias que tentavam dar credibilidade aos métodos de avaliação, e ainda provocar o desejo de realizar os tão estratégicos upgrades, que na maioria das vezes faz com que o pretenso consumidor de equipamentos de alta fidelidade fique andando em círculos e gastando fortunas em equipamentos supervalorizados de lojas que compram subfaturadas (preciso citar exemplos ou todos aqui lêem jornais?), para ao final chegar à lugar nenhum. Bom para as lojas, para as revistas que precisam mostrar resultados aos seus anunciantes, e a sites e fóruns que quase sempre estão ligados à lojas e patrocinadores.

Entre a música ao vivo e o que se ouve, o caminho é longo. Como disse o editor que comentou este artigo em sua revista de respeito, “… o que mostra que nem sempre o que ouvimos é o que deveríamos ter ouvido”.
E é assim com todos os sentidos humanos. Você fuma? Então saiba que aquele perfume caro que você cheirou outro dia não tinha exatamente aquele cheiro que você sentiu.
Outro exemplo? Sabiam que existem variados sabores de morango, e que cada pessoa pode perceber estes sabores de forma diferente? Se você experimentar um morango um pouco azedo, cuidado para não comprar um biscoito com o mesmo sabor azedo. Diversas razões podem fazer o apreciador de música, perfume ou frutas a perceber uma sensação diferente da realidade. Aliás, isso me parecia bastante óbvio também, ou não?

Quer saber o que você realmente ouviu naquela apresentação ao vivo daquela maravilhosa orquestra naquela sala perfeita? então comece fazendo uma avaliação audiométrica, e conheça primeiro o comportamento de seus ouvidos diante dos sons que você ouve. Um amigo meu, médico especialista em audição, me disse certa vez que a percepção auditiva de cada pessoa se assemelha à impressão digital, e dificilmente se encontram duas semelhantes. Ele nunca viu. E mais, que a percepção auditiva também muda significativamente de uma hora para a outra, ou seja, podemos ouvir uma orquestra tocando hoje de um jeito, e amanhã de outro, mesmo ela se repetindo de forma mais exata possível.

Pois é, ler e se informar um pouco antes de escrever ajuda bastante. Em breve vou publicar um artigo aqui que certamente será tão polêmico quanto aquele, mas tenho certeza que, novamente, muitos dirão:  “Tem Lógica”.
Vou tentar desmistificar um pouco as questões que envolvem o desempenho de uma caixa-acústica, que sustenta um mercado milionário e que deixa fabricantes cada vez mais ricos, e audiófilos cada vez mais confusos.

Não bastasse o infeliz texto que aquele site publicou, seu autor ainda comenta duramente sobre as bobagens que se publicam na internet. Em parte concordo com ele, afinal, ele também é prova viva de como se transforma um assunto sério em uma abordagem totalmente equivocada, baseada em “ouvir dizer”.
É preciso entender, para depois emitir uma opinião.

Lamentável universo hi-end !!! Onde vamos parar?

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