Quando Identificamos o Mesmo Objeto Pelo Som, Ouvimos Igual?

Infelizmente alguns críticos não aceitam que ouvimos de forma diferente. Ignoram a ciência e os fatos, defendem o subjetivismo puro e criam conceitos absurdos para defender suas idéias. Vamos rebater mais uma destas críticas aqui neste artigo.

É preciso admitir que o mundo moderno acaba nos expondo a todo tipo de ruído, e até uma pessoa que não conviva diretamente num local reconhecidamente com elevado nível de ruído também tem a sua audição comprometida com situações comuns do dia a dia.

Até jovens têm problemas auditivos sérios, pois acabam se expondo a elevados níveis de volume do som do carro, de fones de ouvido, de danceterias, etc. Os ruídos de uma cidade grande também reduzem significativamente a sensibilidade dos ouvidos, que muitas vezes não prejudicam todo o espectro audível, mas normalmente os extremos, não se limitando somente a estes. Em muitos casos até a faixa de médias frequências acabam prejudicadas.
Teve uma vez que eu queria ir mais a fundo neste estudo, e comecei a carregar comigo um decibelímetro profissional para medir os ruídos do dia a dia. É impressionante os níveis de pressão sonora que medi até dentro de automóveis com os vidros fechados. O ruído do motor, do deslocamento de ar, dos pneus em contato com o piso, o som ligado, conversas, etc…

Alguém já mediu os níveis de volume de uma alegre família italiana reunida num bom bate-papo? Quando a família de minha esposa se reúne para conversar, honestamente, muitas vezes deixo a sala até com um zumbido nos ouvidos… é engraçado e divertido, mas uma tortura para os meus ouvidos… (que eles não leiam isso… e se lerem que não acreditem… e se acreditarem que eu não esteja por perto… )

Graves exagerados num sistema de HT também provocam perdas auditivas, e isso é perceptível quando acabamos de ver um filme “barulhento” e notamos o “ruído de fundo” de nossos ouvidos.

Sabiam que até bebês podem ser expostos a ruídos elevados e ter prejuízos no sistema auditivo? Crianças e adolescentes também sofrem perdas por diversos motivos.

E tudo isso sem considerar as variações naturais de nossos ouvidos. Quem acredita no conversinha de alguns “entendidos de áudio” de que nossos ouvidos são instrumentos precisos e confiáveis está se deixando levar por uma demonstração clara de falta de conhecimento destes “especialistas”, que se apresentam como consultores de áudio, revisores críticos de equipamentos, etc. Cada um ouve de sua forma, e sua forma é diferente dos demais.

Quando comecei a explorar esta idéia, teve uma certa publicação “especializada” que mencionou que isso era uma grande bobagem, numa clara tentativa de desmerecer o trabalho que eu estava fazendo. Para tentar convencer os seus leitores de sua posição, o autor do ataque sugeriu que se ouvíssemos diferente, então como poderíamos identificar os mesmos objetos causadores dos sons?
Foi uma argumentação pobre e infeliz de alguém que mais uma vez provou estar bem longe da realidade do mundo audiófilo. Explico…
O que você vê na figura abaixo?

flor-azul2

Respondeu uma flor azul com 5 pétalas em fundo verde? Parabéns !!! acertou.

E agora?

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Deixe eu adivinhar…. uma flor azul de 5 pétalas?

E na figura abaixo?

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Ainda a flor azul de 5 pétalas? Alguém vê uma flor vermelha ou com mais de 5 pétalas?

E agora?

florazul5

E por último esta… o que você vê aqui?

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Acho que todo mundo concordaria que nas imagens acima temos uma flor azul, com 5 pétalas, do mesmo tamanho, preenchida ao fundo com uma folhagem verde, a região central da flor em verde claro e… indo até mais longe… com um detalha alaranjado entre as duas pétalas inferiores.

Agora pergunto… as 5 imagens são iguais?

flor-azul2 florazul3 florazul4 florazul5 florazul1

Se considerarmos ainda que as pessoas enxergam a cor azul em tonalidades bem diferentes, e em alguns casos extremos como verde, as diferenças seriam ainda maiores.

O fato de identificarmos o mesmo objeto não necessariamente significa que são idênticos, mas que nossa percepção assim os apresentam.
Ou seja, se distribuirmos para cinco pessoas diferentes as imagens acima, cada uma delas vai responder com toda a precisão que se trata de uma flor, de cor azul, com 5 pétalas, com um fundo de folhagem verde, com um detalhe alaranjado entre as duas pétalas inferiores, com a região central da flor em alaranjado, com um detalhe claro na parte superior esquerda, do mesmo tamanho, etc. Todos acertarão do que se trata a imagem, apesar da “realidade” alterada de cada uma das imagens.

Percebam que uma imagem é pouco subjetiva. O que você vê está lá. Com ou sem ajuda de óculos, o fato é que você está “visualizando” a imagem dentro de suas limitações.
Na audição a situação é ainda mais crítica, pois existe um forte subjetivismo que é também influenciado fortemente pelas nossas características auditivas.
A percepção sonora é ainda mais complexa e imprecisa sob o ponto de vista do reconhecimento.

Façamos agora outra experiência e entreguemos a este mesmo grupo de 5 pessoas a mesma imagem de uma destas cinco que apresento aqui. Cada uma delas vai enxergar a imagem de seu modo, porque nossa visão também possui características individuais, e em muitos casos tão intensas que nos obriga a usar um par de óculos. Porém, novamente, todos vão relatar o mesmo objeto.

Agora, em outra direção eu pergunto… qual das imagens agradaria a cada um dos observadores? O gosto de cada um iria prevalecer aqui.

Por isso defendo a personalização de um sistema de som, ajustado a cada pessoa e aos seus próprios ouvidos. Porque estabelecer que a resposta “flat” de um sistema de som é o resultado ideal para todo mundo se cada um ouve de uma forma diferente e distorcida da realidade? E o que é realidade? Se você tem uma deficiência visual, ao ver esta flor acima ao “ao vivo e em cores” vai enxergá-la de forma também distorcida. Porém, coloque uma foto desta flor na tela de sua TV, e em seguida coloque um par de óculos de correção para ajustar o grau de sua visão. Qual das imagens agora será mais precisa e real, a imagem que você vê ao vivo ou aquela na tela de sua TV? Qual lhe mostrará mais detalhes? Percebam que a imagem da TV seria uma imagem mais real, e aquela “ao vivo” seria a distorcida.
Não vou entrar em detalhes sobre o ajuste de cores da TV, a influência da luz da sala na tela da TV, etc… senão aprofundaríamos demais o tema e não é este o objetivo deste artigo.

A infeliz publicação que tentou desmerecer este trabalho, curiosamente, publicou mais tarde um teste de uma TV, e o “revisor crítico” finaliza sua avaliação afirmando que ele e os demais presentes ao teste concluíram com total segurança que a imagem da TV era melhor que a imagem ao vivo da sala onde estavam, e que esta lhes parecia mais “embaçada”… vai entender tamanha contradição, aliás muito comum em suas páginas.

Não é fácil expor esta idéia, pois, costumo receber mensagens de ofensa, invasão de terceiros que não tem interesse neste tipo de abordagem por razões de ordem pessoal e comercial, e até ameaças.
Mas não vou desistir de evoluir este tema, pois está na hora de enxergarmos a audiofilia como ela é, com maturidade, honestidade e com desprendimento das “bobagens audiófilas” que durante muito tempo “hipnotizaram” e enganaram os apaixonados por este incrível hobby.

Esta foi somente mais uma crítica que recebi e que só serve para provar como algumas verdades parecem incomodar alguns interesses, e como o desespero traz a tona o que de mais triste existe neste hobby.

16 Comentários

  1. Excelente comparação. Mais didático que isso impossível.
    Acho que acabei te influenciando a escrever este artigo.
    Mas fiquei muito indignado com o que li e acho que uma resposta era devida.
    Por essas e muitas outras abandonei algumas leituras tendenciosas.
    Parabéns ao nosso Hi-Fi planet.
    Emilio

  2. Olá Emílio,

    Na verdade me lembrei do que você havia me dito e comentei sobre isso no Clube Hi-End, em outro contexto. Este artigo foi uma adaptação do comentário feito lá.
    Mas, críticas absurdas como estas são feitas frequentemente. Você nem imagina quantas eu recebo por email.
    Mas, muitas eu acabo ignorando porque é chover no molhado. Qualquer réplica seria uma repetição de tudo o que já foi dito aqui em outras oportunidades.

    Obrigado

    Eduardo

  3. Caro Eduardo,

    Bom dia !!!!!

    Sou de Santo Andre-SP e há poucos anos me iniciei no universo do audio hiend. Seu blog me foi recomendado por alguns amigos audiófilos do ABC, e somente agora tive oportunidade de visita-lo. Realmente a imparcialidade e confiabilidade citadas por meus amigos e que consideram seu blog uma referencia obrigatória puderam ser constatadas agora por mim.
    Parabens pelo seu excelente blog que passa a ser agora minha leitura de cabeceira.

    Não tive oportunidade de ler todas as suas postagens ainda, mas o pouco que li já me animou muito pelo conhecimento que estou adquirindo.
    Esta postagem foi a primeira que li e por isso envio aqui o meu primeiro comentario sem saber se seria o local mais adequado para isso.

    Concordo com tudo que voce escreveu, e principalmente com a postura pouco ética de algumas publicações.
    Para elas tudo é considerado excepcional, maravilhoso, revolucionário, deslumbrante além de outros adjetivos não menos exagerados. Selos estado de arte e do editor são distribuidos de balde até para equipamentos que sabemos não ter o desempenho propalado.

    Você conhece as publicações inglesas como What Hi Fi e Hi Fi Choice? Lá os produtos são avaliados e recebem notas muitas vezes decepcionantes, onde defeitos são mostrados claramente. Além disso eles ainda comparam equipamentos do mesmo nível para orientar o leitor quanto a melhor opção. Assim se dois produtos recebem pontuação máxima de desempenho eles mostram outros diferenciais como preço e recursos para sugerir a melhor compra.
    É fácil perceber que existe uma cultura diferente que coloca o consumidor europeu numa posição bem mais privilegiada que aqui.

    Fico imaginando porque essa mesma postura não é uma regra. Será receio de perder anunciantes?
    Além de não ver os anunciantes afugentados destas publicações europeias fico pensando que se este fosse o caso, uma revista que informa uma tiragem de mais de 15 mil exemplares não poderia cobrar 3 reais a mais do leitor e assumir compromisso com a imparcialidade colocando o leitor em primeiro lugar. Não acredito que os anúncios renderiam mais do que o lucro obtido desta forma, e também não acredito que isso incomodaria quem compra uma revista que teste equipamentos de dezenas ou centenas de milhares de dólares.
    Certamente esta postura atrairia inda mais leitores e aumentaria ainda mais este lucro, já que conheço muita gente que deixou de comprar revistas por perda de credibilidade (eu sou mais um depois que conheci as publicações inglesas e o Hi Fi Planet).

    Eu já escrevi para a adio e video com críticas sobre isso, mas parece que o interesse é somente publicar elogios e supostos ineteressados em consultorias e equipamentos.

    Eu acho que um empreendedor que criar algo neste sentido vai se dar muito bem. Que tal uma Hi Fi Planet Magazine? Eu apoiaria um projeto destes com muita satisfação.

    E por ultimo, não se incomode com as críticas. Eu costumo dizer que críticas não fundamentadas não passam de desespero. Também sofro com isso me minha atividade, mas vejo que meus críticos cada vez mais se enrolam com suas posições agressivas, o que me fortalece ainda mais.

    Muito sucesso para o seu blog e parabens mais uma vez pelo excelente trabalho e nível de qualidade e seriedade deste blog.

    Obrigado pela oportunidade.

    Atenciosamente,

    Sergio

  4. Olá Sergio,

    Obrigado pelas palavras.

    Sim, conheço estas duas publicações inglesas, e costumo sempre recomendá-las para quem busca uma leitura mais séria sobre áudio e vídeo. Você vai encontrar referências sobre elas aqui no meu site.

    Infelizmente, o compromisso de muitas publicações é com os bolsos de seus editores e não com os leitores. É claro que é possível ter uma publicação independente, mas aí entram outros interesses de quem ainda representa marcas testadas, realiza eventos com os anunciantes e revendedores, etc., e isso começa a encher os olhos de quem mantêm essas fontes de renda.

    Não tenho intenções e nem disponibilidade para criar uma publicação impressa, mas agradeço o seu apoio.

    Estas críticas são esperadas, e até entendo (mas lógico que não aceito), como você, a razão delas.

    Um grande abraço,

    Eduardo

  5. Muito bom Eduardo.
    Acho que mais tempo menos tempo o mercado vai amadurecendo e aprendendo a separar o joio do trigo.
    Você é uma grande figura.

  6. Você critica muito. Deve ser muito certinho.
    Fico imaginando como com a sua honestidade seus clientes são tratados. Você prejudicaria um cliente seu apenas para satisfazer seu sentimento de homem exemplar e correto?
    Cuidado quem é cliente seu, pois pode ser traído a qualquer momento.

    Você não tem idéia de como funcionam as coisas. É fácil para você que está do outro lado, mas o mundo em que vivemos não é o ideal. Ninguém sobrevive sendo certinho nos dias de hoje.
    Honestidade é bonita na teoria, mas na prática deve ser pesada na balança junto com outros fatores.

    Acha que pode fazer melhor, então faça. Porque não lança uma revista do seu jeito e tenta provar que é possível ser imparcial sem respeitar seus anunciantes?

    Seu discurso é muito bonito, mas na prática não funciona.
    Cuidado, muito cuidado para não se prejudicar. Calúnia e difamação são coisas perigosas e como advogado você deveria saber disso.

    Tenho certeza de que este comentário não será publicado, mas vai assim mesmo.

  7. Obrigado, Henrique.

    O mercado já evoluiu bastante.
    A quantidade de emails que recebo hoje prova isso.
    Aos poucos chegaremos lá.

    Abraços

  8. Olá “Qualquer”

    Normalmente não perco o meu tempo conversando com um “Qualquer”, mas no seu caso vou gastar alguns minutos redigindo esta resposta.

    Antes de “qualquer” coisa, lamento pelo seu anonimato. Ao defender tão fortemente o seu ponto de vista, você deveria ter também a coragem de se identificar. Tenho orgulho de quem sou, respeito àqueles que me acompanham aqui no HFP e dignidade própria para não ficar no anonimato e mostrar a minha cara.
    Você fala em traição… mas quem ataca no escuro não me parece fugir do significado desta palavra.

    Sim, eu sou muito honesto com os meus clientes. Para isso, escolho bem meus fornecedores para que eles recebam produtos de qualidade. Quando eu percebo que um produto pode prejudicar o meu cliente, excluo o fornecedor.
    Quem é o cliente e quem é o fornecedor de uma publicação? Acredito que para definirmos isso é preciso entender para quem é dirigida uma publicação, e neste caso acredito que o trabalho de uma publicação tem como objetivo o leitor. Afinal, para quem são escritos os artigos, para os anunciantes ou para os leitores?
    Se você entende que os anunciantes são os verdadeiros clientes e, portanto, devem ser preservados a qualquer custo, mesmo que os leitores sejam enganados, então seria melhor criar um catálogo comercial e não uma revista, e neste caso é melhor assumir de vez o papel de comerciante.
    Eu acredito que uma revista, um livro ou outra publicação do gênero é sempre escrita no interesse de seus leitores, e a escolha dos anúncios também deveria ser feita nesta direção (até quando o anúncio é feito disfarçadamente na forma de um “review”).

    Na sua concepção, entendo que a sua postura é de que uma avaliação tendenciosa é permitida, desde que no interesse do cliente, que no caso parece ser o anunciante, em seu modo de ver.

    Eu tenho idéia de como funcionam as coisas. Já estive dos dois lados.
    Optei por sair da publicação para a qual escrevia justamente por não concordar com a forma com que as coisas eram conduzidas, e por isso criei o HFP, para que pudesse orientá-las como gostaria que fosse.

    Quando você fala em ser “certinho” e logo em seguida fala em honestidade, entendo que para você ser “correto” não combina com ser honesto. Parece que para você as definição de certo e honestidade passam pela questão do ser “tolerante” com o que está errado para garantir a sobrevivência dos interesses daqueles que nem sempre agem corretamente. Muito interessante o seu discurso, mas para mim não funciona.

    A revista que você sugere que eu publique para provar que é possível ser honesto com os leitores e intolerante com a desonestidade de anunciantes já existe. Muitas publicações já provam que isso é possível. Leia o comentário do leitor Sergio logo acima.
    Eu consigo sobreviver às custas de meus trabalhos realizados com honestidade e respeito aos meus clientes. Será que em uma revista isso é tão difícil? Será que algumas atividades profissionais não combinam ética, respeito, honestidade e imparcialidade com lucratividade. Me parece que pela sua teoria todo empresário é desonesto. Curiosa esta sua posição. Mas, não compartilho de tamanho absurdo, e de tão forte demonstração de falta de caráter.

    Não sou responsável pela prática de calúnia ou difamação a quem quer que seja. Se você acredita que alguma vez agi assim, então, por favor, recorra à Justiça. Seria ótimo para que pudéssemos comprovar fatos através de perícias e outras provas para definitivamente solidificar uma impressão que muitos têm, mas inda estão um pouco em dúvida sobre os fatos. Era tudo o que precisávamos. Eu teria a maior satisfação de publicar todo o andamento de uma ação destas.

    Seu comentário foi publicado. Mais uma vez você se engana ao meu respeito.
    Aliás, “Qualquer”, você parece se enganar em relação a muitas coisas, e talvez por isso prefira o anonimato.

    Boa sorte.

  9. Eduardo,

    Muito obrigado por mais essa publicação. Seus artigos, além de muito bem redigidos, trazem informações muito relevantes no que se refere ao hobby de muita gente: reprodução sonora com alta fidelidade. Por absoluta falta de tempo, não pude te enviar um e-mail com a descrição dos meus equipamentos e com um pedido de ajuda para melhorar a maneira que ouço músicas e vejo filmes na minha casa. É notória a sua vontade de ajudar as pessoas que te procuram e eu respeito e admiro muito isso. Gostaria de aproveitar esse espaço para fazer uma pergunta sobre personalização. Existem algumas marcas de cabos e amplificadores que estão preparando produtos personalizados para caixas e outros equipamentos que você tenha no sentido de melhorar a performance do sistema. A personalização, no caso, não seria voltada para os ouvidos, mas para os equipamentos. Gostaria de saber a sua opinião sobre essa nova abordagem de alguns fabricantes. Você acha que esse tipo de personalização poderia trazer reais benefícios?

    Abraços,

    Renato

  10. Olá Renato,

    Muito obrigado pelas suas gentis palavras.
    Fico contente que você se identifique com o Hi-Fi Planet e prestigie este nosso espaço.

    Os fabricantes muitas vezes inventam soluções para tentar diferenciar seus produtos da concorrência, mas nem sempre estas vantagens realmente existem.
    Outro dia vi uma propaganda de um carro na TV, e achei curioso como quase todo o tempo do comercial do veículo era voltado à central multimídia do carro (GPS integrado, som em 4 canais, reprodução de DVD, integração com iPod, etc…) e nada se falou sobre a motorização, as soluções de segurança, a tecnologia dos freios, estabilidade, absolutamente nada.
    Durante muito tempo as pessoas se preocuparam mais com bancos de couro do que com freios ABS, ou com “som possante” do que airbags. As pessoas morriam em acidentes banais e passíveis de serem evitados, mas com luxo…

    No áudio acontece algo parecido, onde muitos fabricantes enaltecem características poucos úteis na prática, mas capazes de confundir o comprador.
    Outro dia vi uma avaliação de um cabo onde o avaliador comentava que dentre as qualidades do mesmo estava a sua construção, com cobre de alta pureza e isolante com algodão.
    Cobre de alta pureza é encontrado hoje na maioria dos cabos do mercado, resultado de uma melhoria do processo de fabricação, sendo uma obrigação de qualquer cabo com um mínimo de qualidade até cabos de instalação elétrica de residências já usam cobre de excelente qualidade). E o algodão que o avaliador citava como isolante, na verdade não era nenhuma novidade, pois trata-se de uma solução barata e muito comum que é utilizada até em motores elétricos e eletrodomésticos comuns, inclusive em cabos de ferro elétrico da década de 60 !!!

    É preciso muito cuidado ao ouvir o que cada fabricante tem a oferecer, pois cada um deles sempre tem algo “inovador” em seu produto. Algumas vezes existe mesmo uma tecnologia aplicada e que provoca um ganho real de desempenho, mas na maioria das vezes as vantagens anunciadas são inúteis, e só servem como argumentos de venda ou para tentar justificar preços elevados. Caixinhas de madeira, forração de veludo, capas grossas, conectores com banho de ouro externo, adornos de madeira ao longo do cabo, chavinhas e outras bobagens na prática não servem para nada.

    No caso do banho de ouro ele só é útil no ponto de contato entre os conectores, mas isso ninguém conta, pois a idéia é valorizar o produto por ele ter ouro onde se pode ver e chamar a atenção para algo que não tem a menor utilidade.

    Se os fabricantes afirmam que estão desenvolvendo produtos “personalizáveis” isso já é um grande salto de evolução, pois até agora todos eles desenvolviam produtos para os ouvidos de seus projetistas ou para uma “média” de consumidor. Porém, personalizar um sistema através de cabos não é uma idéia viável, pois um cabo jamais conseguirá atuar de forma diversa em cada amostra do espectro sonoro e nem na intensidade necessária em cada um deste pontos.
    Amplificadores com controles de graves e agudos, por exemplo, já é um começo, mesmo ainda distante da real necessidade.

    Como pode um fabricante personalizar um equipamento sem conhecer seu utilizador? E mesmo o conhecendo, como pode incluir nessa equação as características da sala e dos demais equipamentos?
    Acho que dispositivos de ajustes externos ainda serão mais úteis e precisos do que tentar realizar um “remendo” em equipamentos e cabos.

    Mas, não vamos ignorar por completo essas possibilidades. Nada impede que um fabricante apresente uma solução genial e efetiva para ajustar o sistema para cada necessidade, personalizando-o de fato, e não apenas caia no comum de apresentar soluções de pouco ou nenhum efeito.
    Defendo, também, que estas soluções sejam duradouras, reais e plenas, pois não é mais admissível colocar o consumidor numa ciranda interminável de upgrades que só lhe causam mais prejuízos.

    Um abraço,

    Eduardo

  11. Eduardo,

    Obrigado pela pronta resposta e pelos esclarecimentos. Trouxe este tema porque nenhuma publicação que eu conheça fez uma discussão sobre isso até agora. Aliás, o único lugar onde se discute a sério personalização de sistemas de áudio é aqui. Acredito que o enriquecimento das discussões sobre este assunto será muito proveitoso para aqueles que estão abertos a rever conceitos e aprender coisas novas. É muito triste ver que há muitos que querem desqualificar o que é dito aqui simplesmente pelo fato de ser discordante em relação ao que pensa. Na minha opinião, não existe verdade absoluta em nada desse mundo. Estou aberto a mudar aquilo que penso, caso seja convencido que mudar é melhor para mim. Mesmo que não concorde com algo que leia ou escute, eu acho respeitoso não zombar ou ridicularizar. Além de não ser educado, outras opiniões da mesma fonte podem vir a ser úteis no futuro. Faço votos que este espaço continuasse a ser um ponto de encontro de ideias inovadoras e muito interessantes do ponto de vista prático. Não vejo a hora de testar um sistema personalizado para minhas condições auditivas…

    Abraços,

    Renato

  12. Olá Renato,

    Sua participação aqui é muito bem-vinda, pois é muito equilibrada e bastante madura.
    São manifestações como as suas que me incentivam a continuar com o Hi-Fi Planet, e a tentar ajudar o consumidor a encontrar a forma mais econômica e efetiva para montar ou ajustar um sistema de som.
    Infelizmente, o mercado, com raríssimas exceções (vou tentar lembrar de uma até o final do dia), força uma situação de upgrades intermináveis, tentando empurrar cada novo produto como se fosse a grande novidade do momento. Parece que que a cada novo produto lançado ou testado pelo mercado um grande salto de qualidade é obtido, o que sabemos não ser algo tão simples assim.
    Alguns casos são até absurdos ou exagerados, como a do avaliador que quase a cada novo acessório testado informa que houve uma drástica redução do ruído de fundo do seu sistema. Se contarmos quantas vezes ele já disse isso, ficamos com a sensação que o sistema dele tinha um avião a jato de ruído de fundo, pois tal exagero não é possível.
    O ruído de fundo do meu sistema é zero, e isso já há alguns anos, sem qualquer “mágica” ou caros acessórios “pirotécnicos”.

    O segredo não está no produto, mas sim no ajuste do sistema, no aproveitamento de suas qualidades diante das necessidades individuais.
    Você pode cair na tentação de comprar o produto mais caro e mais elogiado do mercado, mas se não souber como ajustá-lo, não conseguirá extrair dele o seu melhor desempenho.

    Já reparou como cada motorista ao entrar num carro que não dirigiu anteriormente a primeira coisa que faz é ajustar inclinação do banco, sua distância do volante e altura? Em seguida ajusta os espelhos retrovisores e, indo mais longe, a temperatura do ar condicionado e as aletas de ventilação às suas necessidades?

    As pessoas não são iguais, e calçam sapatos diferentes, numeração de roupa diferente, usam óculos com diversos graus de correção, respondem de forma diferente aos estímulos externos, seja no sabor, no olfato, etc.
    Não há porque negar a possibilidade de ajustar um sistema de som à sua própria necessidade também.

    Recebi outro dia um laudo de exame audiométrico de um leitor, que em breve deve relatar as suas experiências na customização de seu sistema de som, e ele se disse muito surpreso com a variação de sua percepção auditiva. Mesmo sendo ainda muito jovem, ele possuía grandes variações de sensibilidade nas frequências audíveis, sendo a mais séria uma perda de mais de 15db já acima de 11kHz.
    Ele me disse que depois de ajustar o sistema, passou a perceber muitos sons que antes não ouvia, e que a sua sensação é de que o que ele ouvia antes era bastante limitado, faltando muita coisa.
    Ele possui um sistema de som que ultrapassa os 100 mil reais, e já havia gasto muito dinheiro com cabos e outros upgrades na tentativa de melhorar um problema que ele já sentia que tinha, mesmo sem saber do que se tratava.

    Todos que realizaram estas experiências da personalização do sistema de som, sem exceção, disseram que os resultados foram bastante positivos, e que era impossível voltar atrás.
    Espero que você tenha oportunidade de fazer estas experiências também, e para isso me coloco à disposição, até por e-mail, caso queira discutir mais detalhadamente as ações e resultados.
    A única coisa que sempre peço é que relatem os resultados aqui, para que possam ser úteis a outros leitores que também queiram experimentar.

    Quanto às críticas, sabemos porque existem, e também já conhecemos os interesses que as alimentam.

    Espero que continue prestigiando este espaço com sua sempre preciosa e simpática participação.

    Muito Obrigado,

    Eduardo

  13. Ola pessoal do hi fi planet

    Só um comentário, nenhum e-mail enviado a revista Audio e Video sobre os artigos do hi fi planet ou sobre consultas envolvendo o nome deste blog está sendo publicado. Enviei vários e-mails até com remetendtes diferentes.
    O fórum de áudio htforum também está censurando todas as mensagens sobre qualquer referencia ao hi fi planet com a justificativa de se tratar de comentário inconveniente, e os membros que insistem ou são banidos ou tem o seu login dificultado com mensagens de erro.
    Parece que a sensura está se tornando algo mais comum em nosso país do que poderiamos imaginar.
    Lamentavel. Uma vergonha isso.
    Qual a razão que arrumaram para exercer esse comportamento detestavel?

  14. Olá Henrique,

    Acho que conhecemos as razões.
    Conheça o fórum clubehiend.com.br.
    Tanto aqui no Hi-Fi Planet como lá no Clube Hi-End não existem dependências de anunciantes, lojas pessoais, revendas ou representações, e as opiniões não precisam ser restringidas para atender aos interesses de quem quer que seja.

    Abraço

    Eduardo

  15. Olá pessoal,

    A Audio e Video tá difícil, hein?
    Esta última edição parece que foi feita com a maior má vontade do mundo.
    Os testes com textos desorganizados e até contraditórios, o cd de encarte desanimador, porque não diminuem o preço da revista em vez de encartar coisas como essas? e pra fechar com chave de “diamante”… propaganda descarada de um produtor de vinho. Tudo a ver com uma revista que trata de áudio e vídeo. O pior que foi escrito pela própria família do produtor, com elogios rasgados e exageros extremos de adjetivos.
    Quando teremos uma opção realmente com a qualidade que precisamos?
    Ainda bem que temos este blog para equilibrar um pouco o desastre que é esse mercado editorial.

    Vida longa para o hifi-planet.

  16. Ola Henrique,

    Esta edição chegou em minhas mãos ontem, por coincidência. Me foi entregue por um amigo que queria também compartilhar a sua decepção.
    Graças a quantidade de anúncios e textos desnecessários, consegui ler tudo muito rápido.
    Realmente a qualidade do material publicado deixa muito a desejar, e a quantidade de contradições nos textos é realmente surpreendente.
    A gravação, tanto técnica como artística… prefiro nem comentar.
    Se você puder, assine publicações como a Stereophile, Absolute Sound, What Hi-Fi, Hi-Fi Choice e outras, algumas que custam até mais em conta que a nacional, e poderá apreciar algo bem interessante, num outro patamar.
    Infelizmente nosso país anda assim de uma forma geral.

    Abraços

    Eduardo

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