Projeto “A Caixa” – Parte II – A seleção dos componentes

Como foram as escolhas para decidir o que seria utilizado na caixa.

A escolha do tipo de caixa

Não entrarei aqui em detalhes sobre os conceitos que envolvem os diversos tipos de caixas acústicas (seladas, com dutos, abertas, etc.), nem sobre suas vantagens e desvantagens.
Existem inúmeros artigos em excelentes sites da internet que abordam esse assunto de forma bastante detalhada e competente, melhor do que eu poderia fazer aqui, principalmente tendo em conta o real objetivo deste artigo, que é o de apresentar a caixa de uma forma mais geral.
Ao final, apresentarei alguns desenhos construtivos, para quem possa se interessar em se aventurar neste projeto.

Em linhas gerais, esta caixa foi idealizada dentro de uma linha divisória entre os conceitos construtivos do tipo “Selada” e também do tipo “Dutada”.
Cada conceito tem suas vantagens e desvantagens. Não existe uma solução perfeita.
O que cada fabricante tenta fazer é selecionar um tipo e buscar corrigir suas limitações.
Ambos os conceitos me agradam, mas devem, principalmente, “casar” com a sala e o equipamento. Como este era o objetivo principal deste projeto, ter um equipamento versátil capaz de se ajustar facilmente a qualquer necessidade, nasceu aqui a primeira característica que o projeto deveria observar, a possibilidade da caixa trabalhar nestes dois conceitos.

Durante todo o desenvolvimento deste projeto, que como já mencionei levou 5 anos para ser concluído, além das pesquisas científicas em livros, sites e projetistas, ainda busquei pegar emprestado, ouvir e comparar diversos modelos de caixas acústicas, inclusive algumas que cheguei até a adquirir.
Até pelo contato que consegui junto a alguns fabricantes, alguns modelos tiveram maior destaque neste período.
Mais uma vez, ressalto aqui a importância dos projetistas que colaboraram com este projeto, com muita boa vontade, mas que infelizmente não posso identificá-los aqui, já que compartilharam comigo alguns “segredinhos” sobre o projeto de uma caixa acústica, sobre componentes e também em relação ao próprio mercado.

Entre as caixas utilizadas como referência para este projeto, as mais comparadas foram:

B&W 802D

Considerada pela crítica internacional como uma das melhores caixas do mundo.
Tem uma construção muito robusta, com o módulo de médios e agudos separados da caixa principal. Descobri que isso tinha uma razão de ser, e não por menos, foi uma das soluções que adotei em minhas caixas.
A 802 tem um som bastante detalhado, agradável, preciso, rápido e muito próximo dos resultados que eu buscava numa boa caixa acústica. Seu único problema, no meu modo de ver, é que seus graves não se adaptaram à minha sala. Senti que, apesar de todas as suas qualidades, faltava alguma coisa. Mas ela foi uma referência importante.
O tweeter de diamante é sensacional, mas tive dificuldades na época para adquirí-lo (o fabricante é chato demais), e acabei optando por outra solução.
Convém mencionar que o mercado já oferece algumas opções de tweeter de diamante, mas não são ainda nada próximo do modelo da B&W.
Mesmo um destes, que ganhou destaque recentemente, trata-se de um domo metálico, sendo o diamante depositado em sua superfície.
Apesar da grande propaganda do fabricante, quem já testou esse modelo diz que ele deixa muito a desejar.
A B&W é talvez o fabricante que mais investe na pesquisa e tecnologia de seus produtos.

Wilson Audio Sophia 2

É uma caixa maravilhosa que acabei adquirindo para que fosse a minha caixa “definitiva”, até que a evolução tecnológica vencesse suas qualidades.
Posso afirmar que, de todas as caixas que avaliei, esta foi a que apresentou o melhor resultado. E não se trata somente de uma apreciação subjetiva, mas de medições que realizei com equipamentos específicos, medindo impedâncias, resposta das frequências, sensibilidade e outras características. Tomei o cuidado até de adquirir alguns instrumentos específicos para isso, que ao final foram necessários para os ajustes finais do projeto, e que serão abordados no final deste artigo.

Dynaudio Contour e Temptation

Estas foram as mais fáceis de serem obtidas para os testes, e diversos modelos puderam ser comparados.
Apesar de saber que o modelo Contour 3.0 já é bem antigo, e está bem defasado tecnologicamente, acabei ficando algum tempo com estas caixas até pela insistência de seu dono, que tinha substituído estas por um modelo da Monitor Audio.
A atual Contour S 3.4 é uma evolução da linha antiga, mas não acompanha, na minha opinião, as modernas caixas que estão sendo lançadas por inúmeros fabricantes do mercado internacional. A caixa tende para uma neutralidade um pouco sem vida, e essa característica de alguns modelos da Dynaudio tem colocado essa marca atrás de outras que estão se despontando muito rápido no cenário mundial. Mesmo a Monitor Audio, que infelizmente só tive contato mais recentemente, é uma opção melhor e mais acessível em relação aos diversos modelos da Dynaudio.
A mesma impressão tive com a Confidence C4, que apesar de não ter testado em minha própria sala, pude fazer longas avaliações na casa de um amigo, que também acabou por substituí-las pelas minhas antigas Sophia 2, com muita satisfação.
O terceiro modelo que utilizei em minhas comparações foi uma novíssima (e pesada!) Temptation. Não foi fácil manipulá-la em minha sala, pois é bastante desajeitada em função de sua altura e peso. Não é uma crítica em relação ao peso, já que as caixas que desenvolvi pesam mais que os 113Kg da Temptation.
Apesar de já ter sido um modelo muito bem posicionado na lista das melhores do mundo, a impressão é que a Temptation envelheceu. Algumas caixas mais atuais, de linhas até inferiores de alguns fabricantes, apresentam extremos (graves e agudos) mais naturais e precisos.
Acredito que a Temptation sofre do mesmo mal da Nautilus da B&W. Eram ícones dos fabricantes, mas não tiveram a evolução até dos modelos inferiores de suas linhas.
Durante os testes, um fato surpreendeu a todos. Tanto a Confidence como a Temptation apresentaram ligeiras variações de sensibilidade e curva de resposta de frequências, entre a coluna direita e a esquerda. Apesarem de serem “seriadas”, havia uma nítida diferença entre elas. Lamentável essa falta de cuidado do fabricante.

Focal JMLab Grande Utopia

As caixas da Focal sempre me impressionaram muito. São bastante neutras mas muito realistas, e isso mesmo nas linhas inferiores.
Apesar de ter tentado várias vezes comprar um modelo deste fabricante, coincidentemente algo sempre deu errado e o negócio acabou não sendo concretizado (a distribuição desta marca no Brasil sempre foi muito confusa).
Estas caixas também não puderam ir para casa, mas ficaram à disposição para testes na casa de um amigo, que me permitiu até abrí-la para conferir seu acabamento interno primoroso.
Depois da Wilson Sophia, esta caixa foi a que mais me agradou.

Thiel CS 2.4SE

Apesar de pouco conhecida no Brasil, a marca Thiel é muito prestigiada no exterior.
Este não é o modelo “top” do fabricante, mas já mostra as qualidades incríveis desta marca.
Neutralidade absoluta, graves precisos e agudos suaves e realistas. Ficou em terceiro nas minhas avaliações.

Outros modelos foram testados, da B&W, Spendor, Dali, etc. Mas, tratavam-se de opções já mais antigas ou que realmente não chegavam perto da qualidade desejada.

A definição de utilização de um sistema duplo selada/dutada, a decisão de utilizar MDF, o material de revestimento interno, os componentes, a disposição dos falantes e outros aspectos construtivos foram definidos a partir destes modelos, além de outras fontes já citadas.

A escolha dos alto falantes

Este foi um momento bastante difícil, definir os falantes que seriam utilizados, pois a partir deles evoluiu o projeto da caixa.
A complexidade desta etapa foi tão grande que, apenas para ilustrar o tamanho da encrenca, durante os 5 anos de desenvolvimento das caixas, 8 dos componentes adquiridos foram descartados (2 médios, 4 tweeters e 2 supertweeters).
Uma das razões, que passo a comentar agora, pode surpreender muita gente.

É muito comentado no exterior que pequenos fabricantes conseguem produzir caixas utilizando componentes da Dynaudio, por exemplo, com resultados melhores que a própria Dynaudio.
Também, outros fabricantes fazem uso de componentes da Focal ou da Vifa com desempenhos superiores a outros fabricantes que utilizam os mesmos componentes. Diferenças de divisor de frequências, gabinete, revestimento interno ou outros de projeto? Não. E aqui vem a grande surpresa… a diferença está justamente nos próprios falantes.

Por razões de custos, pela ganância de altos lucros que o milionário mercado hi-end oferece, e até por saberem que a maior parte dos “audiófilos” e sistemas não são capazes de identificar pequenas diferenças de qualidade sonora, os fabricantes de caixas e componentes, normalmente, não produzem o melhor que poderiam.
Alguns pequenos fabricantes, com fábricas minúsculas e custos bem menores, acabam adquirindo do mercado componentes produzidos sob especificações indicadas por eles, com o objetivo de melhorar o desempenho destes componentes.

A dica de um engenheiro de uma fábrica dinamarquesa de caixas foi a de utilizar componentes da Scan-Speak, empresa de mesma nacionalidade. Ele comentou sobre uma linha especial da série Revelator, fabricada sob encomenda por um fabricante europeu de caixas. Me pediu segredo, mas disse que estes tweeters apresentaram resultados superiores ao de sua própria fábrica, cujos tweeters possuem fama no meio audiófilo pelo nome pomposo.
Eu já tinha recebido a recomendação de utilizar os tweeters desta séria, tanto que já havia comprado duas peças, mas desconhecia que existia uma série especial, feita sob encomenda, e com uma qualidade muito superior à original.
Não consegui comprar este modelo no mercado de peças, e tive que encontrar uma outra solução bem “criativa” para isso. Os falantes de médias frequências, os conhecidos “médios”, também seguiram na mesma direção. Apesar de já tê-los adquiridos, tive que refazer a compra. Foi quase um ano para achar o “caminho das pedras” e chegar na fonte.
A informação era verdadeira. Testados nas caixas mencionadas acima, o resultado foi sempre superior. Porém, como tratava-se de um softdome, um tweeter com domo de seda, a comparação mais justa foram naquelas caixas que usavam componente similar. As que usavam tweeters de domo rígido (diamante, alumínio, berílio, etc), tiveram algumas vantagens sobre ele. Mas, no final, o fato era que as caixas que usavam softdome realmente mostraram que “grife” não é tudo.
São componentes especiais, e não são encontrados no mercado. Infelizmente, não posso revelar a fonte e o fabricante que os utiliza. Mas, mesmo os modelos originais já atendem muito bem um bom projeto.
Os tweeters de seda superaram os famosos “esotar”, com mais naturalidade e uma linearidade realmente impressionante. Mas, o que dizer dos tweeters de domo rígido?
É sabido que o componente ideal para fabricação de um tweeter é aquele mais rígido e leve possível. O diamante é realmente a matéria-prima mais nobre para esta finalidade. Mas, esqueça a idéia de tentar comprar os tweeters de diamante da B&W . É uma “missão quase impossível”.
Como fazer então para compensar a vantagem dos tweeters de domo rígido sobre este modelo testado já com sucesso? Aqui entram os super tweeters. Estes são componentes com uma resposta muito extensa de agudos, mas do que o ouvido pode captar, porém com uma função importante na composição dos harmônicos inferiores dos sinais de alta frequência.
As soluções são diversas. Muitos fabricantes preferem utilizar os super tweeters tipo ribbon para esta finalidade. Outros utilizam soluções diferentes, desde domos metálicos até cornetas.
A Tannoy, a Dali, JBL, Pionner e tantas outras utilizam as mais variadas soluções, apenas para citar algumas marcas mais conhecidas, pois as marcas realmente de nível mais hi-end são bem desconhecidas aqui.
Minha opção foi por um modelo da Murata, que acabou também sendo substituído por outro de série especial.

Os “médios”, de 5″,  seguiram um caminho parecido. Os “midranges“, como são também conhecidos lá fora, fazem parte também da série “Revelator” da Scan-Speak, também produzidos sob encomenda por um dos mais respeitados (e desconhecidos por aqui) fabricantes de caixas acústicas do mundo, com modelos custando acima de 100 mil dólares no exterior.
Foram comparados a todos os médios das caixas mencionadas, e superou até os modelos de kevlar da B&W, um material hoje muito utilizado por vários fabricantes pela alta qualidade na reprodução das médias frequências.

Para os graves, a opção foi de utilizar dois woofers Vifa M26WR09-08 de 10″, por conta de algumas características importantes que serão comentadas oportunamente. Trata-se de um fabricante também dinamarquês, que produz ótimos falantes.
Estes woofers receberam algumas modificações sugeridas por alguns projetistas, e posso afirmar que finalmente extraí de um subwoofer graves de verdade, não aqueles que os fabricantes de caixas acústicas informam em suas especificações.
Aliás, depois de toda essa aventura pelos mundo dos fabricantes de caixas acústicas, lhes digo: como existem mentiras nesse universo.
Acabo impressionado como algumas publicações utilizam caixas acústicas com inúmeras limitações como “referência”. Por isso acredito cada vez menos em “reviews”. Como acreditar neles? Nenhuma das caixas acústicas que mencionei neste artigo poderia ser verdadeiramente referência para qualquer avaliador sério. Um componente de referência está há anos luz do universo que conhecemos. E, talvez, no caso de caixas acústicas, o DIY ainda parece ser a melhor solução.
Com o respeito que todas as caixas aqui mencionadas merecem, e bastante respeito, diga-se, nada se compara à um projeto sem limites de qualquer tipo que seja.

Voltando a seleção de nossas caixas, uma dúvida que me surgiu foi: 4 ou 8 ohms? Ora, se a caixa teria que ter como elemento principal a versatilidade para se ajustar a qualquer situação, ela também deveria se prestar a estas duas opções, e foi o que aconteceu, como veremos mais tarde.

O divisor de frequências, também chamado de “crossover”, seguiu a mesma filosofia dos demais componentes: utilizar o que havia de melhor no mundo para esta aplicação.
O design do crossover foi encomendado nos EUA, para a Madisound, mas sofreu diversas alterações pelos colaboradores deste projeto. Trata-se, também, de um item totalmente “ajustável”, como veremos adiante.

Tudo nesta caixa é ajustável. Tudo se compatibiliza com qualquer sistema ou sala.
Acho que, além da escolha dos componentes, esta possibilidade de “ajuste fino” foi o que fez destas caixas algo especial, diferenciada de qualquer outro modelo que testei custando milhares de dólares.

Nas próximas partes deste artigo vamos acompanhar cada etapa da construção destas caixas, com explicações detalhadas e muita informação adicional.
Iniciaremos pelo gabinete, que foi construído com MDF de 30mm, reforçado e com soluções internas bem interessantes para evitar qualquer ressonância ou interação intrusiva com os falantes, o que alguns costumam chamar de “coloração”. Trata-se de um gabinete inerte que, ao contrário de todas as caixas apresentadas aqui, apresentou “zero” de vibração em sua estrutura, o que realmente foi surpreendente.
Alguns colegas não acreditaram como estas caixas podiam proporcionar graves tão fortes e extensos sem sentir qualquer vibração com suas mãos encostadas nelas. Mas, as leituras de vibração, num quadro que será apresentado mais adiante, mostrarão claramente o resultado obtido.

Vista traseira da caixa.

Continua…

17 Comentários

  1. Eduardo, estou acompanhando de perto. Nem preciso falar que não penso em outra coisa que não seja este projeto. Tornei-me um ébrio.

    Abrçs

    fibra

  2. Como está Eduardo?
    Tenho acompanhado este artigo com bastante interesse, e estou bastante curioso.
    Parabéns por ter encarado este desafio. Acho que são atitudes assim que enriquecem o áudio hi-end, tão confuso perdido no meio de tantas informações na maioria das vezes contraditórias.
    Concordo com alguns pontos bem interessantes que você está levantando nessa série de artigos, entre eles a falta de credibilidade de reviews realizados sem alguns cuidados essenciais. Considero a Temptation uma caixa de excelente nível, e é uma caixa que faria parte de meu sonho de consumo junto com algumas outras que você mencionou e também não citou.
    Mas, já tive muitas caixas Dynaudio e acho que elas são desatualizadas rapidamente, principalmente quando comparamos com as novidades tecnológicas que o mercado vem apresentando. No cenário internacional hoje, a maioria das caixas que estão no topo das listas das melhores são desconhecidas por aqui.
    Acho como você que um teste para ter credibilidade deve ser realizado com o que há de melhor no mercado internacional, assim você tem a certeza de que não está limitando suas conclusões por algum elo fraco do sistema.
    Acompanho muitos os testes da Clube do Audio e a contradição de resultados é realmente impressionante. Como acreditar num teste hoje com uma caixa como a Temptation quando sabemos que ela certamente está limitada com relação a outras concorrentes? O resultado esconderá pontos importantes.
    Por outro lado, imagino ser difícil se manter atualizado, gastando a fortuna que esses equipamentos custam, e até entendo o lado de quem testa. Mas, fica sempre a sensação de que como você mencionou, pontuar equipamentos por ouro e diamante é bastante perigoso.
    Recentemente vi um teste de um amplificador na revista que levou pontuação diamante. O mesmo teste realizado por uma publicação estrangeira colocou algumas limitações no aparelho, que o fez levar apenas 4 estrelas. Observando com cuidado o teste, percebi que as caixas acústicas utilizadas no segundo teste eram muito atuais, bem mais caras, e com um desempenho em termos de transparência que não encontramos normalmente na linha da Dynaudio, e então ficou claro porque estas limitações não apareceram no primeiro teste.
    Como você disse, pontuar um equipamento exige muita responsabilidade e é bastante perigoso ao afirmar que isso é melhor que aquilo sem ter um sistema capaz de identificar qualquer característica do equipamento.
    Estou com você. Ou os avaliadores de equipamentos acordam para isso, ou ninguém mais vai acreditar em testes.
    Continue com seus ótimos textos. Enfim temos um meio de informação sério sobre hi-end nesse país. Longa vida ao HFP. Parabéns.
    Abraços
    Alexandre

  3. Caro Fibra,
    Agradeço muito seu interesse, e mais uma vez, fico bastante feliz com a sua participação neste espaço.
    Abraço,
    Eduardo

  4. Caro Alexandre,

    Todas as caixas que mencionei são de excelente nível. Nenhuma delas vai prejudicar a qualidade final a ponto de ser considerada ruim.
    O que acontece, como você bem compreendeu, é que quando chegamos num determinado patamar de qualidade, algumas diferenças começam a se fazer notar.
    Os fabricantes têm investido muito em componentes. Eu acho, particularmente, que o tweeter de domo de seda já teve sua época. Por outro lado, em minhas pesquisas também descobri que ele tem algumas qualidades, e pode ser tão somente complementadas.
    Como comentei em recente artigo, testei uma caixa acústica que utiliza uma versão de domo de seda em conjunto com outro ribbon. A solução foi bem interessante, e o resultado agradou muito.
    O famoso “som macio” do tweeter de seda ganhou maior extensão, transparência e precisão com o acompanhamento do ribbon.
    Claro que quando temos uma caixa mais atual e “transparente” isso faz com que certos detalhes do sistema comecem a ficar mais evidenciados. Mas, perceba, estamos num patamar já mais elevado de qualidade. Na prática, a coisa funciona mais ou menos como o “gosto” por esta ou aquela opção.
    Há uma escuridão muito grande na divisa que separa o gosto pessoal da realidade. Como alguns dizem: “confie em seus ouvidos”. É uma sugestão interessante se a questão é puramente o gosto pessoal, mas inútil se o que se procura é a perfeita reprodução e interpretação auditiva do sons, como eles devem realmente ser.
    Confuso isso? Mas é mesmo.
    Existe o produto perfeito? Absolutamente não!
    Por isso nasceu esta proposta de construir uma caixa personalizável. Ela pode ser tão precisa quanto você desejar, e se ajustar às inúmeras outras características de seu sistema. Uma coisa que nenhuma outra caixa conseguirá, pois cada uma tem sua própria particularidade sonora. E você não conseguirá mudar isso numa caixa comercial. Você só terá o mesmo resultado prático que o fabricante desejou se utilizar os mesmo equipamentos que ele utilizou em seu desenvolvimento, numa sala idêntica à que ele usou para avaliar o resultado final e fazer os últimos ajustes, e, ainda, tiver as mesmas caracteríaticas de seu sistema auditivo.
    Eu ainda sou fã de medições objetivas, bem feitas e atualizadas. Medições modernas feitas com critérios adequados. Para mim, não existe esse negócio de um equipamento ter uma distorção alta de sinal e isso se mostrar “agradável” aos nossos ouvidos.
    Mas, isso é uma longa história.
    Abraço e obrigado pela participação.
    Eduardo

  5. Caro Eduado! Parabéns pela tua coragem e, sobretudo, pela tua iniciativa.
    Tô louco pra ver a frente da super caixa, hehe.
    Forte abraço.
    Dakir Larara

  6. Eduardo… Viajei totalmente, pois só fui ao final do texto da primeira parte do projeto. Não me dei conta que as imagens da parte frontal da caixa estavam um pouco mais abaixo.
    Abração
    Dakir Larara

  7. Caro Dakir,
    Obrigado pelas palavras de motivação.
    Na verdade, até agora fiz um texto introdutório, mas cada etapa do projeto foi detalhadamente fotografada, e muitas destas fotos serão incluídas aqui.
    Depois vou colocar todas as demais num álbum aqui mesmo neste site, caso alguém queria se aventurar na construção de uma caixa similar.
    Sei que muita coisa que vou escrever aqui vai incomodar “algumas pessoas”, mas, sinceramente, não me importo. A verdade só incomoda aqueles que devem algo.
    Forte abraço,
    Eduardo

  8. Olá Eduardo, meu caro!
    Seu site está muito bacana. Até que finalmente temos um lugar onde o hosso hobby é tratado com seriedade. Parabéns pela criação deste site. Agora sim temos uma opção séria para aprender um pouco mais com quem é “graduado” no assunto.
    Li todo o seu artigo sobre “A Caixa” (acabou aqui?), e tenho duas perguntas para lhe fazer. Pelo que entendi dos textos, você utilizou falantes especiais, diferentes daqueles de série. Não entendi porquê eles são diferentes. O que muda?
    Outro ponto é em relação aos spikes. Eu utilizo em minhas caixas acústicas, e percebo uma sutil melhora nos graves. Sem eles os graves ficam meio que soltos. Por isso fiquei sem entender. Será que estou ouvindo demais. Eles funcionam ou não.
    Ok… eram 2 perguntas mas lembrei de mais uma (rsrsrs)……… você tem fotos da construção interna destas caixas?
    Obrigado por sua paciência em nos ajudar e compartilhar suas experiências.
    Fortíssimo abraço companheiro, e muito sucesso com seu site.
    Robson

  9. Grande Renato,

    Obrigado.
    Sei que você também é um sério adepto do “faça-você-mesmo”, e é sempre uma honra ter a sua participação.
    Parabéns pelo seu site também. É uma referência neste segmento, e admiro muito seus trabalhos.

    Abração,

    Eduardo

  10. Olá Robson,

    O Hi-Fi Planet não é um site recente. Ele foi criado em 2005, justamente para que eu tivesse maior liberdade de expressão, visto que em outros espaços você tem que atender outros interesses difusos.
    Agradeço suas palavras e sua participação neste humilde espaço.

    Respondendo às suas questões, começaremos pelos alto falantes utilizados no projeto “A Caixa”.
    Eles não são modelos seriados, mas modelos existentes com modificações solicitadas por alguns fabricantes de caixas acústicas. Ou seja, são produzidos sob encomenda.
    O fabricante disponibiliza componentes de excelente qualidade (tanto que ao final do artigo vou ajudar na adequação dos componentes “padrão” do fabricante), mas produzir estes componentes com as modificações solicitadas por estes fabricantes de caixas acaba encarecendo os produtos, colocando-os num patamar de qualidade e preço que comercialmente não interessa muito ao fabricante destes componentes, pois raramente serão utilizados em projetos tão exigentes.
    Eu já sabia que a Focal, por exemplo, produzia componentes especiais para outros fabricantes de caixas acústicas (Wilson Audio, por exemplo), e que outros produtores de componentes faziam o mesmo. O problema é ter acesso a estes componentes. Não é impossível, mas é um trabalho de formiguinha. Levei alguns anos para conquistar a confiança de algumas pessoas que me abriram alguns caminhos para isso. Estes componentes não podem ser vendidos normalmente no mercado. Tanto que, aproveitando esta oportunidade que poderia ser única, acabei comprando os componentes todos em duplicidade, prevendo uma eventual necessidade de reposição um dia.
    Na época, os tweeters que selecionei, por exemplo, custavam mais de US$ 400 nas lojas, e os modelos “especiais”, que ainda tive a sorte de comprar numa condição muito favorável, custaram $ 650 cada um, mas certamente ultrapassaria os $ 1.000 nas lojas.
    Mas, não se preocupe, pois cheguei a realizar testes com os originais e os resultados foram muito bons, superiores a maioria das caixas de “alto nível” fornecidas pelo mercado. Ao final deste artigo (que não acabou ainda), orientarei sobre a utilização destes componentes mais acessíveis.

    Quanto aos spikes, acho que você misturou os artigos. Os comentários feitos estão relacionados ao teste de um produto.
    Muito cuidado aqui. Veja que eu falo em “absorver” ou “isolar”.
    Existem diversar formas de se absorver vibrações, e as mais efetivas são feitas por componentes “amortecedores”. Estes sim têm a função de absorver o movimento (energia). Nestes casos, utilizam-se normalmente peças elásticas (não rígidas), como a borracha, molas (como o amigo Jorge Knirsch desenvolveu para as suas caixas acústicas em seu laboratório de áudio), e outros.
    Observe que os CD players usam em sua maioria componentes de borracha macia (algumas vezes preenchidos com outros produtos) para absorver as vibrações do conjunto mecânico de transporte e leitura.
    Quando utilizamos um spike, não isolamos nem absorvemos as vibrações. Veja que são componentes rígidos. Não há como não transferir uma vibração de sua ponta inferior para a sua base superior, por exemplo. Fisicamente é impossível. Experimente, num exemplo bem grosseiro, substituir os amortecedores de seu carro por spikes. Acho que isso nem é necessário, já podemos imaginar o que aconteceria com muita facilidade. Nenhuma vibração seria absorvida.
    O spike tem uma outra finalidade que é o de diminuir o contato da superfície, concentrando toda a força peso num único ponto, o que provoca maior “firmeza” de uma caixa acústica (por exemplo) ao piso. Mas, se o seu piso vibrar, não tenha qualquer dúvida de que esta vibração será transmitida às caixas.
    Desta forma, a utilização de spikes depende de outros fatores. Se um CD player estiver instalado numa prateleira de uma estante através de spikes, e esta prateleira vibrar, a vibração atingirá o player, inevitavelmente. Mas, se a base for muito rígida, como aquelas utilizadas em balanças de precisão de laboratórios, feitas em alvenaria e com tampo em granito (uma das opções), o uso de spikes vai provocar uma firmeza muito maior do player sobre este tampo (por isso muitos utilizam pesos sobre os aparelhos – o objetivo é o mesmo).
    A utilização de spikes em caixas acústicas é viável sim, tanto que utilizo em todas as caixas de meu sistema de home cinema, e já recomendei seu uso diversas vezes neste site. Mesmo as minhas novas caixas receberam estes componentes (bem mais aprimorados), como veremos nos capítulos referentes à sua montagem. Mas, com um objetivo diferente de absorver vibrações.
    Esta melhora que você percebeu nos graves de suas caixas são esperadas. Até caixas bookshelves se beneficiam com isso, pois existe muito mais firmeza da caixa. Tente balançar uma caixa apoiada diretamente no piso e outra com spikes e entenderá a diferença.
    A caixa mais firme favorece muito os graves, principalmente. Mas, alguns outros fatores devem ser observados para que isso funcione assim, e é o que veremos no artigo “As Caixas”, que utiliza uma combinação um pouco diferente.
    Continue utilizando seus spikes sem preocupação.

    Sobre as fotos do interior das caixas, não se preocupe, o artigo não terminou ainda. Vai ser um longo tratado, pois vou detalhar cada etapa para que fiquem bem claras, e sempre com muitas fotos.
    Toda a sua construção foi fotografada, em detalhes, e talvez eu até tenha que criar um espaço exclusivo para estas fotos, pois por mais que eu tenha cuidado ao selecioná-las (para não sobrecarregar o artigo com imagens), muitos vão desejar conhecer outros detalhes específicos.
    Fique tranquilo, o artigo só está começando.

    Qualquer outra dúvida, estamos à disposição.

    Forte abraço,

    Eduardo

  11. Eduardo, meu caro, muito obrigado pela resposta. Que atenção!
    Entendi perfeitamente agora.
    Estava conversando com o meu irmão que é engenheiro hoje pela manhã. Sua resposta está na mesma linha que ele me explicou também.
    Vou aguardar o resto do artigo então. Estou bastante curioso. Se você puder adiantar as fotos então seria ótimo.
    Sucesso companheiro.
    Robson

  12. Grande Eduardo!!
    Parabéns pelo seu site.
    Achei muito coerentes e bastante corretas suas observações sobre spikes.
    Também sou engenheiro e apixonado pela audiofilia, e também gosto de fazer as minhas próprias experiências.
    Depois de muitos testes, os resultados que obtive foram na direção do que você comentou.
    Vejo muitos reviews de equipamentos e acessórios onde o reviewer comenta de forma incorreta que os spikes isolaram o equipamento das vibrações da estante, do piso ou coisa que o valha.
    Meu caro, num conjunto rígido e sem amortecimento, se o móvel ou o piso vibrar, o equipamento vai vibrar também se não tiver outra solução de amortecimento entre ele e os spikes.
    Os spikes, como você bem mencionou, proporcionam apenas boa firmeza ao equipamento, e são úteis sim, mas “isolar (ou desacoplar) vibrações” é realmente uma questão fora da realidade.
    Porque você não escreve um artigo bem detalhado sobre isso, com os testes e medições que você realizou? Seria bem interessante.
    Continue com este maravilhoso site, você está de parabéns.
    Até a próxima.
    Francisco

  13. Olá Francisco,

    Gostaria de ter tempo para escrever tantas coisas… mas não está fácil.
    Você também realizou testes sobre este tema, porque não colabora com uma reportagem sobre o assunto? Será um enorme satisfação publicá-la aqui.

    De qualquer forma, tenho um texto aqui bem interessante que vou publicar aqui no Hi-Fi Planet, intitulado “Spikes and Cones – What’s the point?”. Está em inglês, mas, infelizmente, não terei tempo de traduzí-lo.

    Abraço

    Eduardo

  14. Eduardo

    Conheci o seu site através de indicação do Fibra em outro forum.

    Gostei muito do que li, e acompanho especialmente a sua saga de desenvolvimento e construção Das Caixas.

    Parabéns

    Alex

  15. Quais parâmetros e características você levou em consideração na escolha dos transdutores e por quê você não citou esses detalhes no artigo?

  16. Olá Thiago,
    Os transdutores e demais componentes foram escolhidos depois de uma longa pesquisa com gente que conhecia mais do que eu sobre esse assunto, técnicos, projetistas de caixas, etc. Busquei sempre conseguir informação isenta de interesses pessoais e de subjetividade pura.
    A partir da escolha dos transdutores foram definidas as dimensões das caixas, o divisor de frequência, etc…
    Tem muita coisa no mercado que sobrevive mais da sua fama do que de suas qualidades de fato. Tem que ter muita paciência para encontrar as opções certas.

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