Coletânea de Dicas para Otimizar seu Sistema de Som

Ao longo de muitos anos venho juntando algumas dicas e outras observações publicadas em revistas e livros sobre áudio.
Iniciaremos aqui a publicação de uma coletânea selecionada destas dicas.

Sempre fui um assinante de revistas internacionais sobre áudio de qualidade, além de ter adquirido muitos livros sobre o assunto, vários já indicados e recomendados aqui mesmo no Hi-Fi Planet.
É impressionante a quantidade e a qualidade de informações que se encontram nestas publicações.
O universo da boa reprodução do áudio ganha uma nova dimensão quando conhecemos mais a fundo temas como acústica, sistema auditivo, interpretação dos sons pelo cérebro e até o nosso envolvimento emocional da música. Equipamentos formam apenas uma parcela de toda a cadeia de audição da boa música.

Destas leituras, consegui extrair várias dicas, algumas provavelmente já conhecidas por alguns audiófilos.
Estas dicas selecionadas serão relacionadas aqui, talvez não num único post, mas divididas para melhor organização.

A publicação será feita aos poucos, pois minha disponibilidade de tempo sempre cria alguma dificuldade para me dedicar mais intensamente a este blog.

É importante dizer algo aqui que muitos que vivem da venda de equipamentos não gostam de mencionar: algumas simples providências são capazes de provocar um ganho de qualidade em nosso sistema maior até mesmo do que um upgrade de componentes, permitindo até corrigir alguns problemas que nem mesmo a substituição de equipamentos e acessórios conseguem resolver.
Uma simples limpeza de contatos, por exemplo, se bem realizada, pode evitar que o usuário invista num caríssimo cabo que na verdade lhe apresentou uma falsa sensação de melhor desempenho.

Acompanhe esta reportagem que será periodicamente atualizada.

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1. Amaciamento de Caixas Acústicas


Muitas gente ainda tem dúvidas de como realizar um correto “amaciamento” de caixas acústicas, e muitos o fazem de forma incorreta, baseados em sugestões distorcidas de amigos ou textos de revistas ou da internet.
Caixas acústicas novas (ou muito tempo sem uso) são os componentes que mais necessitam de um amaciamento, que nada mais significa do que mantê-la em uso por um período suficiente até que seus componentes “se soltem”, principalmente os alto-falantes, que depois de construídos ainda não estão com seus componentes móveis com a elasticidade adequada para o uso. Suspensões, cones, aranhas de centralização dos cones e outros componentes dos alto-falantes precisam se movimentar durante algum período para adquirirem uma mobilidade mais “livre” e natural. O contrário também acontece, depois de alguns anos de uso a mobilidade é comprometida pela fadiga mecânica dos componentes (um efeito natural), ressecamento de componentes de borracha e outras alterações físicas e químicas de suas partes.
Para o melhor amaciamento das caixas, a sugestão é bastante simples: mantenha-as funcionando normalmente com um ou mais discos comuns de música (ou uma estação de rádio FM), com faixas de frequências bem variadas (graves, médios e agudos bem distribuídos), se possível em modo mono, para que as duas caixas recebam sempre os mesmos sinais e nas mesmas intensidades, evitando desequilíbrios. Vozes, bateria, baixos, violinos, e outros sons habituais são suficientes para amaciar adequadamente suas caixas. Procure manter um volume médio (inicialmente mais baixo e aumentando aos poucos nas primeiras horas de amaciamento), para maior movimentação dos componentes móveis. O tempo deste processo depende muito das caixas, dos discos utilizados, volume empregado e outros fatores, mas varia de 100 a 300 horas no mínimo.
Jamais utilize o método de virar uma caixa de frente para a outra e inverter a polaridade dos cabos de uma delas, provocando um efeito de “cancelamento”. Isso é muito ruim, pois a inversão de polaridade faz com que o comportamento dos falantes sofram ligeira alteração, mais intensa nos graves, pois os cones se movem de forma contrária. Num pico de baixíssima frequência, por exemplo, o cone de um falante é empurrado para frente, enquanto o outro é puxado para trás. São reações físicas diferentes, e isso pode comprometer o resultado final. Além disso, é importante ressaltar que o cabeamento e os componentes dos divisores de frequências também trabalham fora de suas condições ideais de projeto, já que muitos fabricantes aperfeiçoam o projeto em função da polarização das caixas.
Com o passar do tempo, o uso normal e contínuo promoverá o melhor equilíbrio entre cada uma das caixas.

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2. Limpeza de Conectores

A boa manutenção dos contatos elétricos é muito importante num sistema.
Muitos audiófilos, depois de alguns artigos que já publicamos aqui, puderam perceber que mudanças no comportamento de cabos, por exemplo, ocorrem pela simples “raspagem” dos conectores durante a instalação do novo cabo, restaurando um contato melhor entre as superfícies.
É importante manter limpo todos os contatos, sejam de cabos RCA, XLR, de força e até mesmo de cabos digitais óticos (que podem sofrer degradação por umidade em suas extremidades óticas). Mas, a limpeza não termina por aí, e é preciso abrir os conectores dos cabos e até tomadas (de condicionadores ou de parede), limpar os contatos e extremidades dos fios e promover o reaperto das conexões. Preferivelmente, vá mais longe, limpando e reapertanto contato de disjuntores e fusíveis da fiação elétrica (tomando os devidos cuidados ou buscando a ajuda de um especialista para evitar acidentes). Veja mais em nosso artigo “Limpeza de Contatos”, em http://hifiplanet.com.br/blog/?p=322
Outra recomendação é não utilizar produtos químicos (normalmente vendidos em spray) que fazem “milagres”. Na verdade estes produtos oferecem um resultado interessante logo após o uso, mas as alterações químicas que ele provoca e a oleosidade excessiva que alguns deixam provocam problemas ainda maiores com o passar do tempo.
Muitos usuários ficam surpresos como que uma boa limpeza e um reaperto de conexões podem ser mais eficientes e até mesmo evitar um upgrade.

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3. Proteja os Seus Ouvidos


Os componentes mais importantes da cadeia sonora são justamente os nossos ouvidos. De nada adianta o melhor sistema do mundo se nossos ouvidos estão comprometidos.
Uma audiometria bem feita é capaz de identificar algum prejuízo de audição, nos ajudando a ajustar melhor nossos sistemas, afinal, cada um ouve de forma diferente, e seu sistema de som precisa estar ajustado para você, principalmente.
Se você trabalha em ambientes ruidosos ou frequenta locais com níveis sonoros constantes (mesmo a permanência por longos tempos dentro de um veículo sob determinadas condições podem ser prejudiciais), utilize os protetores auriculares, dispositivos baratos e bastante eficientes para preservar a nossa audição. Apenas tenha cuidado com o modelo para não amenizar demais os sons ao ponto de lhe causar um acidente, por exemplo, ao dirigir. A foto acima mostra um destes dispositivos.
Você já reparou que pela manhã ou no final da noite nosso sistema de som parece melhor? Uma das razões é justamente o fato de nossos ouvidos estarem “descansados”. Assim como nossos olhos se adaptam ao excesso de luz, diminuindo sua sensibilidade, os nossos ouvidos agem da mesma forma com o som, mas seu retorno à sensibilidade normal é ainda mais lento.É de boa prática poupar nossos ouvidos antes de uma audição de lazer ou de avaliação do sistema, evitando locais ruidosos e utilizando os protetores (abafadores) auditivos por um período antes da audição. Poucos “reviewers” se preocupam com isso, e por isso vemos também tantas disparidades de opiniões em suas avaliações.
Se você quer preservar seus ouvidos para conseguir sempre a melhor percepção de detalhes a de toda faixa audível, evite sons de intensidades elevadas, seja em indústrias, salões com música alta, aeroportos, participando de conjuntos musicais de repertórios “pesados” e outras situações similares, mantendo sempre um protetor auxiliar consigo e utilizando-o sempre que notar que o ambiente se mostra ruidoso. Seus ouvidos agradecerão na forma de preservar sua audição por muitos anos. Mesmo a idade não será um problema sério com estes cuidados.
Ainda sobre a idade, mantenha uma vida saudável, com exercícios e boa alimentação, além de outros cuidados que podem preservar a sua qualidade de audição por muitos anos.
Lembre-se sempre que todos os sons acabam no mesmo lugar, em seus preciosos ouvidos. Cuide bem deles.

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4. Inverta a Direção dos Cabos

Muitos cabos são fornecidos pelos fabricantes com instrução para serem utilizados num determinado sentido, normalmente com setas indicando a direção de transmissão do sinal elétrico, por exemplo, de um CD player para um amplificador.
Por algumas razões técnicas, o resultado pode ser melhor utilizando o cabo no sentido contrário da orientação.
Faça um teste, e compare a que melhor se adapta ao seu sistema. Talvez você se surpreenda.

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5. Entradas e Saídas Balanceadas

Alguns amplificadores, pré-amplificadores, DACs e outros componentes de áudio possuem conexões de entrada e saída balanceadas.
Este tipo de conexão é uma alternativa muito interessante à conexão RCA tradicional, e normalmente apresenta resultados superiores.
Dependendo do cuidado do projeto, utilizando entradas e saídas balanceadas, consegue-se uma maior rejeição de ruídos, palco sonoro mais consistente com melhor separação entre canais, melhor detalhamento e um ganho de volume em média de 3dB.
Esses resultados variam em função do projeto do equipamento, mas, normalmente, a conexão balanceada é bem mais vantajosa, mesmo com o custo um pouco maior dos cabos.
Experimente!

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6. Inverta o Plug de Alimentação

Alguns equipamentos vêm com cabos de força com plugs de dois pinos, redondos ou chatos.
Tente fazer uma experiência invertendo este plug na tomada (da parede, condicionador, extensão, etc.). Retire o plug e encaixe-o novamente invertendo os pinos.
No caso do modelo de pinos chatos às vezes isso não é possível.
Quando o aparelho é alimentado com, por exemplo, 110/127V (fase e neutro), podem ocorrer diferenças bem mais evidentes.
Veja em qual posição fica melhor.

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7. Elimine o Condicionador

Condicionadores, filtros, regeneradores e tantos outros componentes prometem “limpar a sujeira” de nossas redes elétricas e melhorar a qualidade do som. Mas, é isso o que realmente acontece? E os eventuais efeitos colaterais?
Experimente ligar o seu equipamento direto na tomada e compare os resultados. Faça o teste de forma individual, alternando os equipamentos e suas combinações.
Alguns destes acessórios fornecem alguma proteção contra surtos ou variações de tensão, e aí um protetor de rede pode ser interessante em seu lugar.

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8. Não Coloque Nada Entre as Caixas Acústicas

Jamais coloque racks, equipamentos, TVs ou qualquer outro objeto entre as caixas acústicas ou na parede de fundo, e nem arrume desculpas criativas para isso.
Esse erro, comum até em salas de testes ou de apresentações, prejudica a formação do palco sonoro, provoca coloração e prejuízos à definição do som, além de outros problemas como vibração dos equipamentos (não existe rack ou base anti-ressonante que evite isso), além de outros males.
O espaço entre as caixas acústicas deve ficar vazio. É perceptível a alteração no som quando colocamos um simples rack com equipamentos neste espaço, e essa interferência pode ser comprovada apenas mudando seu alinhamento em relação às caixas.

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9. Mantenha Seus Discos Limpos

Saiba que seus discos de CD, SACD, Blu-Ray Audio e outros são tão sensíveis a falta de cuidado quanto o bom e velho (e sempre atual) vinil.
A única diferença que não faz com que você perceba tantas falhas é o circuito de correção existente nos players, e que “disfarçam” os erros de leitura. Apesar de você não perceber estes erros, eles deterioram a qualidade do som. Riscos, poeira, marcas de dedos e outros descuidos são suficientes para essa perda de qualidade.
Conserve seus discos e, principalmente, mantenha-os limpos. A limpeza deve ser feita com uma flanela macia, em movimentos sempre do centro do disco para fora (radiais), jamais circulares. A flanela pode ser levemente umedecida, se o disco estiver muito sujo.
Não há necessidade de usar produtos especiais na limpeza. Alguns produtos “hi-end” vendidos pelo mercado sequer são adequados para essa finalidade. Nos casos mais difíceis, até uma gotinha de detergente neutro num pano umedecido pode ajudar.
Mesmo que seu disco pareça limpo, na hora de colocá-lo para tocar, sempre retire o pó de sua superfície. Uma destas bombinhas de limpeza de lentes e sensores de máquinas fotográficas, conhecidas popularmente como “fuc-fuc”, são bastante funcionais e rápidas.
Para se ter uma idéia da precisão e sensibilidade da gravação do disco, saiba que um simples CD possui perto de 5 kilometros de trilha de leitura.
Outra curiosidade: o lado brilhante do disco, da leitura, é onde a camada de gravação está bem mais protegida. O lado do “selo” é onde está depositada a camada de gravação, bem mais vulnerável. Um pequeno arranhão nesta face pode inutilizar o CD, enquanto que na face brilhante um cuidadoso polimento com polidor automotivo ainda pode salvar o disco.

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10. Display OFF

Não se pode negar que os painéis de informações (displays) de muitos equipamentos proporcionam um efeito bastante atrativo, e alguns conseguem até ser úteis.
Mas, eles costumam prejudicar a qualidade do som, e por isso muitos aparelhos permitem desligá-lo (leia os manuais de seus aparelhos para verificar essa possibilidade).
Se o seu equipamento possui esse recurso, o melhor a fazer é manter o display desligado durante a audição de suas músicas, e acredite, ele provavelmente não lhe fará muita falta.
O som ganhará com isso. Comprove!

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Mais dicas em breve…

4 Comentários

  1. Boa tarde Eduardo!

    Mais uma vez o Hi-Fi Planet vem com um tópico que promete ser muito interessante… Acho que todos vão poder aproveitar muito..
    Aproveito para perguntar se você já leu o livro Get a Better Sound.. Já li alguns comentário que ele é muito bom e mais ou menos nesse estilo do tópico que você está criando. Uma hora dessas eu compro para ver como é.

    Abcs,
    Andre

  2. Andre,

    Conheço o livro sim, e é muito interessante.
    Todos que gostam de áudio deveriam ler com muita atenção cada capítulo do livro, com pontos bem interessantes.
    Vou incluir algumas dicas dele aqui também.
    Já comentei sobre esse livro aqui: http://hifiplanet.com.br/blog/?p=892#more-892

    Um abraço

    Eduardo

  3. Sinceramente, a maioria dessas dicas com certeza vão dar diferenças mínimas na qualidade sonora, isso se der alguma diferença. Quando eu me refiro a melhorias para extrair o máximo da qualidade sonora de um sistema de som, eu falo sobre melhorias que realmente fazem diferença, como o uso de processador de áudio para sistemas de som personalizados (PA, som automotivo/residencial, caixa bob, Hi-Fi/SQ, etc.), ajustes de delay de vias, fase, calibração de curva de resposta, escolha correta de alto-falantes, amplificadores de boa qualidade, revestimento interno da caixa acústica, etc. Esse negócio de deixar o display desligado, inverter cabo, amaciamento de alto-falante, inverter o plug de alimentação, é tudo besteira. Como eu disse, se der alguma diferença, não vai ser nada significativo, nada que você consiga perceber claramente, e se você não consegue perceber, é uma “melhoria” inútil. Extrair o máximo do sistema sim, mas também não precisa exagerar, isso faz mal pra cabeça, tu fica louco querendo tirar pelo de cabelo pra no final não mudar nada. O mundo da audiofilia é maravilhoso, mas somente para aqueles que sabem o que estão fazendo e que não caem na lábia de empresas e pessoas.

  4. Thiago, obrigado por participar do nosso humilde espaço.
    Eu concordo com você, existem inúmeras bobagens em publicações que dependem de anunciantes, em fóruns com “experientes audiófilos com 40 anos de estrada” e muitos sites e canais de YouTube de curiosos, mas, respeitosamente, discordo de alguns aspectos de seu comentário.

    Algumas dicas mencionadas aqui provocam mudanças bem perceptíveis no resultado sonoro, outras são mais sutis. Mas, a ideia aqui é “afinar” um sistema que já possui as melhorias mencionadas por você e tantas outras que oferecem um sistema de qualidade e com um detalhamento suficiente para que, mesmo as mais sutis diferenças, representem um ganho real.
    Quanto melhor for o sistema, mais evidentes as diferenças que estas dicas oferecem.
    Veja que não sugiro comprar nada, não estou querendo favorecer qualquer fabricante ou revendedor, todas estas dicas são gratuitas, e têm como objetivo afinar um pouco mais o que já está num nível bem elevado.

    Ainda, não podemos esquecer que mesmo que estas dicas provocassem uma mudança muito sutil, a somatória dessas mudanças certamente proporcionaria um ganho no resultado final, e sendo de graça, porque não fazer 😉 ?

    Abração,
    Eduardo

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