Um Amplificador de Alta-Fidelidade Pode Salvar Gravações Ruins?

Será que um amplificador de alta-fidelidade consegue mesmo fazer com que gravações de má qualidade melhorem?
Seria isso realmente possível?

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Se você alguma vez já se perguntou se existe algum amplificador de alto desempenho capaz de salvar aquela gravação ruim de um disco de sua coleção, saiba que a resposta é Não !

Resolvi abordar este tema depois de tanto ler o contrário, e depois de uma infeliz comparação que um leitor ouviu num curso de percepção musical do qual participou, e de outro leitor que passou por uma experiência infeliz ao acreditar que isso fosse possível.

Para compreendermos melhor esta questão, vamos entender qual a função do amplificador num sistema de áudio, usando uma linguagem bem acessível e sem muitas terminações técnicas.

O papel de um amplificador é fornecer em suas saídas para caixas acústicas um sinal amplificado (mais potente) com a máxima exatidão possível do sinal de entrada, e tão somente isso.
E que sinal é esse? O sinal de áudio?
Não! Não existe um “sinal de áudio”, mas um “sinal elétrico”, que é uma variação de uma tensão elétrica no tempo. Por isso, quando alguém diz que “o sinal de áudio foi amplificado” está, na verdade, cometendo um grande engano, pois o amplificador não tem a menor “idéia” do que ele está amplificando. Um amplificador não reconhece vozes, notas de piano, sons de violino ou qualquer outro elemento da composição musical. O amplificador enxerga um sinal elétrico de baixa intensidade cuja amplitude varia em função do tempo, e o entrega na saída “fortalecido”, para poder ser reproduzido pelas caixas acústicas.

Outro erro conceitual é acreditar que um amplificador possui na verdade circuitos de amplificação que fazem esse reforço diretamente no sinal elétrico que está entrando. Na verdade, os componentes de “amplificação” existentes dentro de um amplificador, como transistores ou válvulas, funcionam como controladores, “comportas”, ou seja, extraem da fonte interna de alimentação do amplificador uma corrente elétrica maior (em função do seu ganho) e proporcional ao sinal de entrada. Ou seja, transistores e válvulas não são elementos de amplificação por sua própria existência, mas controlam correntes elevadas para que elas possam entregar tensões e correntes maiores num circuito, de acordo com o que deseja o projetista.

Não entrarei em muitos detalhes técnicos para não fugir do objetivo deste artigo e não torná-lo enfadonho, mas o importante aqui é entender que transistores e válvulas funcionam como controladores que, inseridos num circuito, podem exercer um papel de amplificação (comutação e outros).

Numa comparação bem simplificada, seria como controlar um grande fluxo de água através de um pequeno fluxo que aciona uma comporta.

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Analogia ao transistor:

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Ainda com um objetivo apenas ilustrativo, vemos acima como uma pequena tensão aplicada à base do transistor pode liberar uma carga muito maior para a lâmpada, proveniente de uma fonte de 12 volts. Aliás, podemos concluir também o quanto a fonte é importante neste caso.
Num amplificador de áudio ocorre uma situação semelhante, onde, resumidamente, um sinal de menor intensidade vai controlar a energia de uma fonte para fornecer potência suficiente para as caixas acústicas.

Perceba que toda a “mágica” que ocorre dentro de um amplificador está relacionado à variação elétrica de entrada, e ele deve refletí-la em sua saída com a maior exatidão possível para evitar as famosas distorções que tanto desfiguram o som amplificado do original.
Não pode um amplificador, jamais, modificar esse sinal por conta própria. Caso o projetista queira proporcionar condições para interferir nesse processo, deve oferecer recursos que coloquem nas mãos do usuário estas opções (controle de ganho, tonalidade, audibilidade, redução de ruídos, etc…).

Vamos entender agora o lado da gravação.
O que faz uma gravação soar ruim?
Se o evento musical não apresentou “falhas” que foram copiadas no disco, então podemos concluir que o processo de gravação sofreu distorções em relação ao evento original.
Dentre os problemas mais comuns que facilmente podemos reconhecer num disco mal gravado estão os ruídos, desequilíbrios tonais, “aspereza”, graves exagerados ou pouco reais, etc.
Estes “defeitos” quando presentes numa gravação, farão parte do sinal elétrico visto pelo amplificador, seja ele oriundo de uma fonte puramente analógica ou de um reprodutor digital com saídas analógicas (quando o amplificador não possui ainda conversores digital-analógico internos).
Tentemos imaginar agora como o amplificador poderia reconhecer no sinal elétrico de entrada um violino “suavizado”, um grave distorcido, um tom destoante, ou um ruído que não faça parte da música. Isso não é desejado, pois resulta em muitos danos colaterais.
Se o amplificador modificar o sinal que recebe, deixará de ser um componente de alta-fidelidade, podendo até atenuar algum defeito da gravação pela sua falta de precisão em conseguir reproduzir todas as nuances do sinal de entrada.

Um dos leitores que nos escreveu sobre essa questão afirmou que leu uma avaliação de um amplificador, onde o “revisor” dizia que o equipamento deu uma nova vida às suas gravações ruins que se tornaram muito mais agradáveis de serem ouvidas.
Como esse nosso leitor coleciona muitas gravações antigas, várias com uma qualidade bem duvidosa, ele imaginou que havia encontrado a solução para as suas necessidades e adquiriu o produto.
Ao tentar escutar as suas gravações ruins veio a grande decepção, elas ficaram ainda piores. Ele chegou a escrever para o revisor do teste, mas nunca teve resposta.

O segundo leitor que nos escreveu comentou que, há alguns anos ao participar de um curso de percepção musical, um participante perguntou ao “instrutor” se seria possível um amplificador “melhorar” a qualidade de uma gravação mal feita, e aquele lhe respondeu que um amplificador de alto nível (caro no conceito dele) seria capaz de realizar esta melhora, corrigindo os defeitos da gravação. Não bastasse uma afirmação tão absurda como essa, a explicação que a sucedeu não foi menos bizarra. O instrutor fez uma comparação com um veículo bicombustível álcool/gasolina. Lhe sugeriu que um amplificador poderia ser capaz de fazer o mesmo que o veículo, analisando a mistura entre os dois combustível e ajustando o motor para funcionar adequadamente…
O leitor disse que outro colega que estava próximo dele comentou que trabalhava no departamento de projeto de uma montadora de veículos, e que depois daquela comparação maluca ele ia pedir o dinheiro pago no curso de volta, para risadas dos que o ouviram.

A comparação entre a forma como um amplificador trata o sinal elétrico e um carro ajusta a queima de combustível conforme a sua composição é totalmente incabível.
O veículo possui um sofisticado sistema de medição do combustível que chega ao motor, e ajusta a queima deste combustível dentro de uma faixa possível, para aproveitá-lo da melhor forma. Misture este combustível com metade de água, inclua particulados sólidos poluentes ou algum elemento estranho e veremos se o motor é capaz de dar o pleno rendimento com essa nova mistura.
São situações completamente distintas.

Alguns equipamentos digitais são capazes de reduzir os ruídos de um disco de vinil, por exemplo, mas através de uma análise do sinal e com a aplicação de algoritimos complexos, que ainda assim não deixam de gerar efeitos colaterais. Ou seja, ele é capaz de tentar eliminar um problema específico mas às custas de provocar outros, já que não é possível fazê-lo discernir com precisão o que faz parte da gravação e o que é ruído.

Num amplificador de áudio de alta-fidelidade, qualquer tentativa de modificar o sinal de entrada é indesejada, já que o que está em jogo é justamente fornecer um sinal amplificado em sua saída com um invólucro mais fiel possível àquele recebido em sua entrada.
Quando um amplificador “mascara” algum defeito da gravação, ele certamente apresenta algum problema, pois essa característica fatalmente afetará outras partes do sinal a ser reproduzido.
Se uma gravação possui um “chiado” de fundo, esse chiado estará contido no sinal elétrico de entrada, e como parte dele, será reproduzido também na saída. Se o amplificador for capaz de atenuá-lo, esteja certo que ele estará agindo como um filtro, atenuando tudo que estiver naquela faixa de frequências e de intensidade.
Se a gravação de um disco de vinil, por exemplo, apresenta “plocs”, o amplificador não conseguirá jamais distinguí-los de outras partes do sinal composto. Mas, se conseguir torná-los menos agressivos, é porque ele não é capaz de reproduzir a intensidade ou a velocidade de outros sinais que também compõem a música.
Se a gravação tiver desequilíbrios tonais, o amplificador jamais vai conseguir saber de eles são ou não intencionais, e nunca conseguirá corrigí-los.

Um bom amplificador sempre mostrará tudo o que foi gravado, sem tirar ou colocar qualquer característica à sua própria “vontade”. E se isso representa uma decepção para quem queria tentar salvar suas gravações ruins, por outro lado só demonstra a precisão do amplificador.

Repare que a cada novo equipamento testado, os avaliadores profissionais parecem ter encontrado um “pote de ouro”, sempre apresentando uma “vantagem” do novo equipamento, como se fosse verdade que a indústria de áudio se supera a cada lançamento em apenas um mês.
Outro dia, vendo a propaganda de um automóvel na televisão, notei que o anunciante, ao destacar as qualidades do veículo, citou apenas o novo sistema “multimídia”, a frente “reestilizada” e suas linhas “modernas”, afirmando que até quem não gostava do modelo passaria a admirá-lo. Pensei então… o que aconteceu com aquela época onde se anunciava motores mais potentes e econômicos, suspensões mais seguras, direções mais precisas e outras qualidades tecnológicas realmente relevantes?
A verdade é que os veículos ficaram muito parecidos, e as novidades são cada vez mais raras, limitando-se a recursos que são incluídos ou não num determinado modelo. Ar-condicionado digital multi-zona, direção elétrica, seis ou oito airbags, tração integral, freios a disco nas quatro rodas e outras virtudes podem ser ou não adotadas em algum modelo, mas as versões “hi-end” certamente já englobam estes recursos que não são tão atuais assim.

Um amplificador de áudio hi-end  também já inclui recursos de alta tecnologia, que apenas variam entre um ou outro modelo conforme a intenção do projetista.
Qual o melhor amplificador, o valvulado ou o transistorizado? Classe A ou D de amplificação? Controle de volume digital ou analógico?
Cada fabricante varia as suas escolhas e consegue fornecer unidades de altíssimo desempenho com as opções feitas. Temos muitas provas disso no mercado hoje.
Mas, é comum o avaliador destacar estas escolhas sempre de forma inovadora, afinal, o fornecedor do equipamento também é anunciante de suas publicações ou lhe proporciona alguma vantagem direta ou indireta.

Recentemente li uma avaliação comentando que a qualidade sonora de um produto estava ligada principalmente à utilização de transistores Sanken na etapa de saída.
Eu me recordo de amplificador de áudio de alta-fidelidade que tive, comprado há mais de 15 anos, que já usava transistores Sanken em suas saídas.
E alguém precisa informar este pessoal que “Sanken” não é um “modelo de transistor de alto desempenho”, mas um fabricante de componentes eletro-eletrônicos estabelecido em 1946 !!!
Também é preciso dizer a estes “especialistas” que antes de mencionarem que outro produto “utiliza os sofisticados DACs PCM1798 da Burr-Brown, só encontrados em equipamentos de elevado nível e preço…” que esse chip pode ser comprado a 4 dólares cada com um !!!

É preciso muito cuidado com os “milagres” que o mercado promete. Nenhum amplificador “honesto” é capaz de “corrigir” uma gravação ruim, ou de torná-las mais “palatáveis”, como costumam dizer.
Um amplificador de alta-fidelidade sempre será fiel ao que lhe for fornecido em suas entradas (não é esse o objetivo da “alta-fidelidade”?), e se não o for, escolha outro amplificador, pois a gravação original jamais poderá ser “modificada” à revelia do projetista.
Se ao trocar de amplificador você perceber que o novo modelo pareceu “melhorar” as suas gravações ruins, desconfie, pois ou o seu amplificador antigo possuía características que destacavam o problema, ou o modelo atual possui limitações que atenuam estes defeitos, mas, com certeza, existe algo de muito errado em alguma das unidades.

Esse conceito também se aplica a outros componentes que compõem um sistema de áudio de alta-fidelidade. Dizer, por exemplo, que um cabo corrigiu as variações da rede elétrica ou que reduziu os ruídos de um disco riscado, é demonstrar total falta de afinidade com o assunto que se propõe a discutir.

Espero ter contribuído com uma idéia geral sobre a relação entre amplificação e os problemas de gravação. Poderíamos entrar aqui em longos conceitos teóricos, mas isso pode ser encontrado em muitos artigos que existem sobre amplificação de áudio, caso alguém queira conhecer o assunto mais detalhadamente.
O mais importante é que o consumidor entenda o papel deste importante equipamento que é o amplificador, e não se deixe levar pelos conceitos equivocados que são diariamente alimentados de forma inconsequente por aqueles que, por incompetência, falta de seriedade ou movido por interesses pessoais, prestam um desserviço à comunidade audiófila.

 

 

9 Comentários

  1. Bom dia
    Conheci este site há alguns poucos dias, e tenho dedicado bastante tempo lendo as reportagens publicadas.
    Estou impressionado com a qualidade do material que foi disponibilizado aqui, e parabenizo seus idealizadores pelo brilhante trabalho.

    Sou engenheiro elétrico com ênfase e especialização em eletrônica. Atuei com engenharia de produtos inclusive com algumas empresas que participaram da história deste país na área de entretenimento de áudio e vídeo.
    Conheço bem o segmento de áudio não só do lado técnico, pois meu irmão atua diretamente no ramo comercial e eu lhe presto muita ajuda técnica.

    A forma como este tema de amplificadores foi abordada aqui foi genial, bem explicada e acessível para que qualquer leigo possa entender, aliás como todas as reportagens publicadas aqui.
    Pudessem todos os que se lançam a escrever alguma coisa saber um pouco sobre a ciência que cerca os temas tratados.

    O que mais temos hoje são curiosos, tanto em fóruns mas também em revistas. Muita gente com pouco conhecimento e que se deixa levar pelas aparências dos produtos, pelas explicações mirabolantes dos fabricantes, pelos seu ouvidos que para eles são dispositivos de precisão e outros aspectos que acabam levando a conclusões bem distantes das reais.
    Vejo conselhos estranhos do tipo – confie nos seus ouvidos – e que levam a crer que o que nós ouvimos está certo. Se ouvimos diferente e cada um está certo em sua forma de ouvir, então qual é a referência?
    Se inúmeros especialistas no mundo todo tem conclusões distintas sobre um mesmo produto, então para que servem as suas conclusões?
    Eles defendem suas avaliações porque sabemos que há todo um esquema institucional envolvido, com interesses de fabricantes, anunciantes, logistas e muitos outros. Eu não acredito nestas avaliações feitas for veículos comerciais. Sites e revistas com anúncios já criaram um vínculo que interferem em qualquer resultado, extinguindo a sua confiabilidade.

    Quando eu vejo uma reportagem bem feita como esta sobre amplificadores fico muito satisfeito, pois essas informações começam a instruir as pessoas que passam a interpretar melhor o que estão lendo nestes veículos mais amadores.

    Até agora eu nunca tinha visto uma abordagem tão direta, simples e perfeita sobre o tema que foi tratado aqui, e que afasta mais um mito do nosso hobby que foram criados nesta selva de confusões estabelecidas por desconhecedores do assunto, e que fizeram do desconhecimento dos audiófilos sua principal arma para criar o caos e favorecer os interesses de quem lhe dá lucro realmente.
    Aliás, parece que a missão deste site é justamente acabar com mitos, difundir conhecimentos e criar uma nova fase mais saudável para a audiofilia.

    A reportagem está irretocável, a qualidade gráfica também foi muito bem feita, o texto preciso e bem acessível, e a partir de agora vou participar intensamente deste espaço, pois ele merece o nosso respeito e o prestígio que vem conquistando.

    Felicidades a todos.

    Jairo

  2. Grande Jairo,

    Agradeço ao comentário enviado aqui e ao nosso e-mail com a sua colaboração.

    Não é fácil vencer as barreiras que criaram. Recebi recentemente um e-mail com alguns desaforos por conta de um comentário que um certo editor fez e que confundiu a cabeça do leitor. Depois que lhe provei o meu ponto de vista, ele se desculpou e me disse que o que mais desanima neste nosso hobby é essa pilantragem que tomou conta dele.

    Já me acostumei com as críticas de um grupo que não aprova o que eu faço, pois de uma forma ou outra lhe causa algum prejuízo.
    Eu já disse, prejuízo por faltar com a verdade não é prejuízo, é consequência, é castigo.

    Vamos em frente.

    Abraços

    Eduardo

  3. Boa tarde senhores
    Não sou leigo em eletrônica, mas mesmo que fosse eu compreenderia o texto com facilidade da forma acessível como foi escrito.
    Parabéns ao autor pela habilidade em transformar um tema complexo numa linguagem de fácil entendimento, e é isso que torna o conhecimento acessível a todos.

    Primeiro ponto que eu gostaria de comentar aqui é sobre algo que foi muito bem abordado aqui, que é a falta de conhecimento de quem se propõe a tratar de assunto de natureza científica.
    É impressionante o fato de como lemos bobagens que passam longe da realidade dos fatos. E o pior é que estes fatos são interpretados como verdadeiros em experimentos subjetivos sem qualquer base de sustentação.
    Está mesmo na hora de mudar esta triste realidade.
    Sou audiófilo (sim acredito que sou um verdadeiro) há mais de 40 anos, e só agora estou vendo esta comunidade compreender o que é ouvir música com a melhor qualidade possível dentro daquilo que a evolução tecnológica pode nos oferecer, sem acreditar mais nas fantasias que alguns grupos insistem em manter a qualquer custo.

    O segundo ponto é sobre algo que li aqui neste excelente blog.
    Parece que vários assinantes de uma publicação nacional sofreram prejuízos por assinar um periódico impresso que não foi entregue aos seus assinantes.
    Parece que há uma mobilização neste sentido e eu gostaria de participar pois também fui vítima deste engodo. Promessas de ressarcimento form feitas mas nunca concretizadas.
    Este é o país da pilantragem mesmo. Vergonhoso !!!
    Como faço para participar deste manifesto?

    Agradeço se tiver a minha mensagem publicada e se esta não ferir os interesses deste blog.

    Muito Obrigado

  4. Caro Jairo,

    Obrigado pelas palavras de incentivo.

    Caro Solus.

    Este espaço é democrático, e todo tema sério e honesto pode e deve ser tratado aqui.
    Apenas omiti o nome da publicação ao qual o senhor se referiu até que nos comprove a sua condição de assinante da mesma para que possamos fazer as devidas referências.

    Obrigado

    Eduardo

  5. Muito bom. Eu jamais conseguiria transmitir tão bem essa ideia como fizeram aqui.
    Comecei a acompanhar o Hi-Fi Planet há algum tempo depois que ficamos órfãos da audio e video, mas voces são mais modernos e informativos. Tenho aprendido muito aqui e as dicas que voces dão estão realmente mudando muito o meu sistema.
    Voces tem uma sede? Marcam encontros?
    É possível conhecer a sala de voces?
    Obrigado

  6. Olá Marco,

    Não temos espaço dedicado a encontro com os leitores, mas devemos ter uma novidade em breve nesta direção.

    Abraço

    Eduardo

  7. Eduardo, bom dia.
    Apesar de a CAVI estar desacreditada há um bom tempo, não resisti. Em sua última edição, no editorial o tema é exatamente esse de que gravações ruins podem ser “recuperadas” em sistemas de alto nível.
    No exemplo dado, por coincidência, o filho do amigo visitou o editor, com discos ruins e aí: eureka!
    AFINAL, DÁ PARA OUVIR
    GRAVAÇÕES TECNICAMENTE
    RUINS EM UM SISTEMA HI-END?- por Fernando Andrette.
    Essa foi a pergunta que o filho de um grande amigo me fez, ao
    nos visitar recentemente e sentar com o seu pai para escutar música
    em nossa sala de referência. Achei muito interessante sua dúvida
    e perguntei como ele a tinha formulado. Aí ele me explicou que,
    acessando um site de música, um participante postou que havia
    escutado em uma loja em Los Angeles (se não me engano) algumas
    de suas bandas favoritas, e o som tinha ficado inaudível em um sistema
    hiper caro! E o lojista se defendeu, alegando que, como um
    sistema hi-end mostra ‘tudo’ de forma fiel, sem a possibilidade de
    equalização, o que não tiver qualidade soará ruim mesmo. Perguntei
    se ele havia trazido com ele alguma gravação que ele gostaria de
    escutar no sistema e ele tirou da mochila dois CDs que conheço
    e tenho: Dave Matthews Band – Under The Table And Dreaming, e
    da cantora Ani DiFranco – So Much Shouting So Much Laughter. O
    da Ani Di Franco é uma gravação ao vivo com o acompanhamento
    de um naipe de metais, backing vocal e baixo, bateria, guitarra e
    teclado. Uma gravação tecnicamente bastante limitada, com muito
    uso de compressor e uma captação muito próxima dos instrumentos.
    O violão elétrico da Ani DiFranco é plugado direto na mesa de
    gravação, tem uma frontalidade e um volume que podem realmente
    incomodar. O disco do Dave Matthews é uma gravação de estúdio,
    mas também com uso de compressão, multicanal e mixagem em
    que todos os instrumentos soam frontalizados, notando-se pouco
    respiro, e quase nenhuma profundidade. Lembro que quando comprei
    meu primeiro sistema considerado hi-end, nos anos oitenta, fiquei
    bastante decepcionado ao descobrir que inúmeras gravações
    realmente soavam muito ruins, levando-me primeiro à frustração e,
    depois, a ir lentamente encostando aqueles discos no fundo da prateleira.
    E essa ‘cultura’ de que o hi-end seleciona as gravações boas
    e audiófilas, e exclui as ruins, foi se disseminando. Ao ponto de, em
    qualquer Hi-End Show, só prevalecerem por duas longas décadas
    apenas apresentações com gravações audiófilas escolhidas a dedo.
    Felizmente, na virada do século, esse ‘culto’ de só apresentar e ouvir
    gravações audiófilas em sistemas hi-end foi caindo e voltou-se a curtir
    gravações de excelente qualidade artística independente do nível
    da qualidade técnica. Eu defendo e descrevo todo mês em meus
    testes os produtos que possuem essa maior ‘condescendência’
    com gravações mais limitadas e coloco essa característica como um
    diferencial importante a todos que desejam um sistema hi-end, mas
    não abrem mão de ouvir todos os seus discos. O que mudou é que
    diversos fabricantes perceberam que era preciso ‘flexibilizar’ e oferecer
    produtos que tivessem um excepcional equilíbrio tonal e tivessem
    a ‘folga’ que tanto comento em meus artigos. Esses dois itens,
    alinhados, possibilitam esse resgate de tantas gravações esquecidas
    nas prateleiras por serem inaudíveis em inúmeros sistemas. E,
    meu amigo, resgatar essas gravações e ouvi-las em um sistema que
    enalteça a qualidade artística é de um prazer imensurável! Recentemente
    li um artigo em um site hi-end em que o articulista dizia
    que seu setup atingiu um nível que só era possível ouvir gravações
    SACD, dispensando todas as gravações PCM! E me lembrei de centenas
    de audiófilos que conheci em meus sessenta anos de vida,
    que foram diminuindo paulatinamente suas audições a uma dúzia
    de discos, e alguns a apenas alguns minutos de uma faixa, pois
    seus sistemas só aceitavam aquelas gravações, para apresentar e
    justificar os milhares de dólares investidos! Esse é o caminho para
    matar a audiofilia e não criar uma nova geração de amantes da música
    que desejem ouvir seus discos com a melhor fidelidade possível.
    Felizmente, sou testemunha ocular que o número de equipamentos
    com essas duas qualidades – equilíbrio tonal e folga – começam a se
    destacar cada vez mais no mercado. São amplificadores, cápsulas,
    caixas acústicas, DACs e cabos, que estão quebrando com a cultura
    excludente de gravações tecnicamente limitadas em produtos
    hi-end. E o filho do meu amigo, após a audição dos dois CDs, traduziu
    seu espanto e admiração com a seguinte conclusão: “o sistema
    da loja certamente não tinha as qualidades necessárias para ouvir
    gravações não audiófilas!” O que me levou a concordar plenamente!
    Ainda que utilize uma centena de discos em nossa metodologia para
    fechar as notas e a categoria de cada produto, quando percebo que
    o produto em teste possui esses diferenciais, eu nunca deixo de
    ouvir antes de fechar as notas aquelas gravações ‘mais encardidas’,
    e quando o produto passa com mérito, jamais deixo de citar essa
    característica enfaticamente. Pois em um mercado tão competitivo,
    esse é um dos principais diferencias da atualidade. Afinal, não conheço
    nenhum audiófilo que não se sinta realizado ao apresentar
    aos amigos uma gravação tecnicamente limitada que esteja soando
    belamente em seu sistema!

  8. Olá, Luiz

    Bom te ver por aqui.

    Eu nem sabia que eles ainda tinham coragem de manter isso. Todo mundo com quem converso me diz que a CAVI já acabou faz tempo. Eu nunca mais vi.
    Pra mim tinha morrido com o seu próprio veneno.

    Esse articulista citado é o rei das contradições. Não dá para acreditar em nada do que diz.
    Mesmo essa “reflexão” que ele apresentou é completamente distorcida, e se perde dentro daquilo que ele justamente tenta esclarecer.
    Fazer o que?

    Abração

    Eduardo

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