Teste (Review) do DSPeaker Anti-Mode 2.0 Dual Core

Um surpreendente dispositivo capaz de fornecer a solução que todos buscam para atingir a melhor qualidade de som de seus sistemas.

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Introdução

Em nossa série de artigos “Rumo à Customização”, estamos tratando do que chamo de “o lado escuro do áudio”.
Como o mercado quer vender produtos caros e manter alguns distribuidores, representantes, publicações e outros tantos interessados também muito felizes, o áudio hi-end foi tomado pela síndrome do “só o que é caro pode dar o melhor resultado”.
Esta bobagem tem que acabar.

O universo audiófilo mundial tem sido tomado por regras criadas ao longo de muitos anos (muitas vezes na direção errada), pela manipulação de sites no interesse pessoal de seus mantenedores, pela incompetência de publicações, pela irresponsabilidade de fabricantes e comerciantes, e, principalmente, pela falta de informação séria e honesta sobre este hobby, que acabam afastando o audiófilo do verdadeiro caminho a ser seguido, na direção de um sistema hi-end que forneça os resultados desejados: o som como ele deve ser. Não falamos do som ao vivo ou daquele pré-concebido na cabeça de “especialistas” do mercado, mas do som como ele deveria ser ouvido por nós, e que muitas vezes está distante da referência ao vivo, como pudemos constatar naquela série de artigos.

Nunca aceitei estas regras, e sempre pesquisei e busquei minhas próprias respostas.
Nesse caminho difícil acabei me deparando com as situações mais absurdas. Projetistas de renomadas caixas dizendo que os produtos fabricados pela sua empresa poderiam ser muito melhores e custar infinitamente menos. Técnico de uma fábrica de equipamentos de som hi-end afirmando que seus amplificadores não têm nada a ver com o que o mercado diz, e que muitos avaliadores são comissionados para prestigiar o produto. Fabricantes e distribuidores que podem enviar equipamentos “preparados” para testes, e como os avaliadores na maioria das vezes não mostram o interior dos equipamentos (sequer abrem seus gabinetes) e não possuem a formação técnica adequada, acabam definindo uma nota de qualidade ao equipamento por conta de um desempenho que o modelo comercial nunca terá. Já ouvi de fabricantes de cabos que os cabos custam o que o mercado de luxo pode pagar, e não pelo que realmente fornecem de resultados positivos.
Já li em uma revista que o que determina o preço de um produto é o que o mercado paga, mesmo que custe o preço de um caviar.

Diante disso tudo, aprendi uma coisa: a não acreditar em nada até que uma prova demonstre a veracidade dos fatos. Infelizmente, isso é culpa deste oportunismo que tomou conta do mercado.

Vejo, constantemente, avaliadores, entusiastas, consumidores e muitos outros comentando que um determinado equipamento ou sistema é “perfeito”, que atingiu um grau de realidade muito grande.
Mal sabem eles que esse “grau de naturalidade” está bem distante daquilo que eles imaginam ser.
Se fôssemos analisar a acústica do ambiente onde o sistema está ligado, a curva de resposta deste sistema ou dos ouvidos de quem afirma isso, descobriríamos uma falha óbvia nisso tudo, mas que ninguém gosta de comentar: cada um de nós ouve diferente, o volume em que cada um ouve seu sistema modifica substancialmente o resultado final, a sala interfere muito mais nos resultados do que querem nos deixar saber, e isso tudo, além de outros tantos fatores que já exploramos nestes quase 10 anos de Hi-Fi Planet e nos meus quase 40 anos envolvidos com o áudio, inicialmente de forma profissional e posteriormente como um entusiasta sério, mostram que o que ouvimos de nossos sistemas não é o que realmente deveríamos ouvir, e de nada serem muitas das referências usadas hoje pelo mercado.

Há muitos anos comentei sobre um disco produzido no Brasil que continha uma faixa onde um instrumento foi fabricado de forma a ser reproduzido em casa, usando copinhos de leite fermentado e arroz, e sugeria o idealizador da idéia que essa era uma forma de comparar o que era ouvido no sistema com uma referência real. Na época achei a idéia bárbara, até perceber um dia que por mais que meu sistema representasse com exatidão aquele som “ao vivo”, eu nunca poderia tê-lo como referência absoluta no resultado global do sistema, pois meus ouvidos interpretariam aquele som com a intensidade e as características definidas por ele. Mas, no contexto musical, a tal “fidelidade” poderia se apresentar de forma bem diferente da realidade.

Como corrigir isso?
Audiófilos gastam muitas vezes verdadeiras fortunas com tratamento de salas (óbvio que uma sala bem tratada tem grande importância), com contínuas trocas de caixas e outros equipamentos (alguns fabricantes, comerciantes e “consultores” adoram isso) e, pior ainda, investem grande parte de seu dinheiro em cabos e mais cabos tentando “acertar” o seu sistema (“extrair o último sumo”, entre tantas outras bobagens que dizem por aí), e até acreditando que conseguirão fazê-lo desta forma.

Deveríamos estar gastando nosso dinheiro em discos, e não aplicando nossas economias em cada novidade que dizem ser a solução para os nossos sistemas.
Ao levar pela quantidade de vezes que já li em revistas que “esse equipamento apresentou um enorme ganho nas frequências laterais da faixa, um detalhamento como nunca ouvi antes, um silêncio de fundo sepulcral, uma extensão de palco sonoro inacreditável e  um detalhamento assustador”, hoje eu deveria imaginar que os sistemas destes avaliadores devem colocar até o cheiro do perfume do músico em sua sala. Mas, quando conhecemos estes sistemas, vemos que não é bem assim.
Mais uma vez os exageros são sempre usados para apresentar cada novo produto como a resposta que o consumidor buscava para ter um sistema hi-end “perfeito”.

Mas, a verdade está muito longe disso, e passa pela correção do sinal de áudio para que ele se adeque à nossa sala, ao nosso sistema, e, principalmente, às nossas condições particulares de audição.
Mas, como podemos fazer isso?

Quando comecei a escrever a série de artigos “Rumo à Customização” fiquei bastante preocupado, pois eu tinha a certeza que apresentaria o problema, e que muitos se convenceriam de sua existência, mas eu sabia que as soluções eram difíceis de serem implementadas. A minha idéia inicial era mostrar algumas soluções, sempre bastante técnicas, mas também sempre tive consciência de que muitas destas soluções estariam longe da realidade de muitos leitores.
Mas, depois de iniciada aquela reportagem, conheci um equipamento que me chamou bastante a atenção. Imediatamente entrei em contato com o fornecedor e adquiri uma unidade que há meses venho testando cuidadosamente. Não posso errar aqui.
Desde então, não me recordo de ter passado tanto tempo em minha sala como tenho feito ultimamente, com o equipamento a realizar todos os testes possíveis e imaginários, onde a conclusão foi uma só: a solução existe e, para a felicidade de todos, não é vendida pelo preço de uma grife cara, mas sim por um preço justo e honesto.
Estou falando do Anti-Mode 2.0 Dual Core.

Este é seguramente o equipamento que mais me empolgou até hoje. Se eu tivesse que parar de escrever sobre ele aqui e resumir tudo em poucas palavras, eu diria que: “ele é fantástico, um milagre e você deve ter um”. Suas qualidades são muitas, como veremos a seguir.

E, se preparem, porque o texto vai ser longo, e merece ser assim pela infinidade de possibilidades e esclarecimentos necessários para entender as qualidades e recursos deste produto.
Ele chegou no mercado internacional surpreendendo a todos, e tem causado reações bem curiosas, a ponto de preocupar avaliadores, fabricantes de equipamentos e acessórios e tantos que já perceberam a dimensão de suas possibilidades para o correto ajuste de um sistema de som hi-end.
E, a boa novidade, é que ele chegou ao Brasil, por uma condição bem interessante que contou com o esforço conjunto de seu importador, do seu fabricante e do próprio Hi-Fi Planet. O forte empenho em trazer esta grande novidade para o audiófilo brasileiro foi muito grande, mas valeu à pena.
É o primeiro produto a receber a premiação especial do Hi-Fi Planet, que será concedida somente a produtos sérios, que realmente apresentam qualidades para o melhor desempenho do sistema e tenham, principalmente, um preço justo!!!

Apresentação do Anti-Mode 2.0 Dual Core

O Anti-Mode 2.0 Dual Core, fabricado na Finlândia pela DSPeaker, é apresentado em uma caixinha de alumínio, bem construída e com soluções técnicas de quem claramente buscava desenvolver algo com todo o capricho do mundo.
Não se trata de uma novidade em termos de produto e aplicação, mas é algo realmente novo quando se fala em recursos, possibilidades, facilidades, resultados e, principalmente, preço.

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O que faz o Anti-Mode?

Em poucas palavras, ele faz uma avaliação de seu sistema e de sua sala, diretamente no resultado sonoro, e realiza a sua correção levando todo o sistema para outro patamar de qualidade, tudo de forma automática. Mas, esta correção ainda é pouco em função de tudo que se pode fazer com ele. Porém, mesmo limitando-se a este ajuste automático, ele já é capaz de algo que o usuário jamais poderia imaginar para o seu sistema.

O Anti-Mode é basicamente um dispositivo para correção das baixas frequências que tanto prejudicam o som dos nossos sistemas, e que sempre demonstraram ser uma das maiores dores de cabeça para serem tratadas.
Ele é conhecido como um “Dispositivo de Correção de Salas”, e não se trata de algo novo em termos de conceito. Mas, a forma como ele trabalha no âmbito digital e com a precisão alcançada pela tecnologia empregada, faz com que seus resultados superem muito outros dispositivos já lançados.
Não é por menos que este componente tem recebido elogios de publicações como Absolute Sound, Stereophile e de tantos outros veículos de informação sobre áudio de qualidade. Alguns até comentaram que chegaram a ouvir que depois deste dispositivo não haveria mais sentido testar tantos equipamentos da forma como é feito hoje.

Bem, até aqui acho que a minha empolgação, além de visível, já seria justificada.

Mas, vamos entender o que é o Anti-Mode 2.0 Dual Core.

Trata-se de um dispositivo de processamento digital que, através de um microfone calibrado (fornecido com o equipamento), faz uma avaliação de inúmeros sons que são emitidos por ele mesmo, e, através de um complexo algoritmo interno e com o uso de poderosos processadores, ele consegue ajustar o sinal de áudio para corrigir os problemas encontrados. Na verdade, ele faz essa correção sozinho, calibrando as frequências envolvidas, e mais tarde veremos como fazer isso manualmente e na direção que desejamos numa aplicação muito mais ampla, que a própria versatilidade do aparelho nos possibilita.

A sua interligação no sistema é bastante flexível. Ele possui várias entradas, incluindo aí entradas balanceadas XLR, conexões coaxiais e digitais. Dispõe de saídas também generosas que facilitam a sua interligação em praticamente qualquer de configuração de sistema.

Assim, ele pode  receber um sinal digital diretamente, o que é uma ótima opção, já que seu DAC interno tem superado DACs muito mais caros do mercado internacional, e, para completar sua versatilidade, ele possui um ótimo pré-amplificador digital.
Ou seja, você pode ligar a sua fonte, um player de CD, por exemplo, direto na entrada digital do Anti-Mode, e de sua saída direto para o seu amplificador de potência, deixando para ele as funções de correções de sinal, conversão digital-analógica e pré-amplificação, tudo num único pacote e dentro do melhor nível hi-end, seja para um sistema estéreo, multicanal de áudio ou de uma instalação de home-theater.

Você pode ainda utilizar uma das entradas analógicas do Anti-Mode, quando então ele transformará o sinal analógico em um digital de alta resolução, tratará este sinal, converterá novamente em analógico com a excelente qualidade de seu DAC interno, e enviará o sinal corrigido de volta ao sistema.
Você pode ainda utilizá-lo interligado entre seu pré-amplificador e o seu amplificador de potência, ou no retorno das saídas de gravação, como fazíamos antigamente com os velhos equalizadores.

Opa !!! Alguém falou em equalizadores? Então para nos deixar ainda mais apaixonados por este aparelhinho vamos já revelar que o Anti-Mode possui um equalizador interno completamente configurável, e ainda pode ele mesmo fazer a leitura de reposta de toda faixa audível de nossa sala, ajudando-nos na sua configuração. Chega de adivinhação e subjetivismos. E é essa mágica que vai nos interessar muito lá na frente.

Para acompanhar tudo isso, um pequeno display, porém bem legível e colorido, nos mostra toda a operação que está em andamento, entradas e saídas utilizadas e outras informações úteis. Ele fornece os amplos menus de opções, além dos gráficos das medições realizadas. De quebra, ele ainda permite salvar até 4 ajustes diferentes, permitindo uma comparação fácil dos resultados ou a adequação da melhor calibração para maior versatilidade do sistema.
Além de tudo isso, ele ainda permite baixar estes gráficos para o computador, através de uma saída específica, tudo comandado por controle remoto.

O que está no pacote oferecido pelo Anti-Mode Dual Core?

– DAC no nível dos melhores DACs hi-end do mercado
– Pré-amplificador digital de excelente qualidade
– DSP de correção da sala bastante eficiente
– Equalizador gráfico digital de excelente precisão e grande flexibilidade
– Analisador de espectro com gráfico do sistema
– Filtros variados para diversas funções
e mais…

Sua construção interna é muito bem feita. Não há nada de tão surpreendente em seus componentes que chame atenção para este ou aquele item. A genialidade está em seu “cérebro” eletrônico, no seu processamento de informações e em seu sofisticado algoritmo.

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Desempenho

Depois de tomar conhecimento das primeiras avaliações do Anti-Mode no mercado internacional, adquiri uma unidade diretamente de seu fabricante, pois naquela oportunidade, há 5 meses, o fabricante ainda não tinha desenvolvido um distribuidor brasileiro, o que aconteceu com o apoio do Hi-Fi Planet para que o fabricante tivesse a segurança de sua escolha.

A curiosidade era tão grande, assim como o receio de que o aparelho não chegasse aqui (por conta de surpresas que sofri recentemente), que pedi para que ele fosse enviado por Fedex. Para se ter uma idéia, esta importação ficou mais cara que o preço que ele é vendido aqui hoje.

Logo que chegou, realizei o procedimento de sempre… abrir o aparelho e conhecer a sua “intimidade”. Depois, veio uma leitura cuidadosa no manual (disponível em português somente no distribuidor brasileiro) e uma navegação rápida pelas suas funções.
Conversei muito com o fabricante também, pois queria ter um bom domínio dos recursos oferecidos pelo aparelho.

Nestes quase 5 meses de testes, ele foi ligado em meu sistema de todas as formas possíveis, e em cada uma delas, explorado em detalhes.

Ele substituiu com muita valentia o meu M1DAC da Musical Fidelity e outros até muito mais caros que usei para comparação, ligado à saída de diversos players e transportes utilizados para os testes.
Vou falar agora do seu desempenho comparado ao M1DAC, que para mim foi o único DAC capaz de substituir o meu MSB que já havia recebido inúmeras atualizações. O M1DAC é um DAC excepcional, honesto, sem “enfeites” sonoros para impressionar ouvintes de primeira viagem. Sua precisão e equilíbrio colocam DACs muito mais caros em situação bastante vergonhosa. É mais um daqueles componentes que muitos evitam falar demais para não se comprometer.
O Anti-Mode 2.0 Dual Core conseguiu tomar o lugar do M1DAC com uma precisão impressionante, resultado do cuidado do projetista em eliminar o menor vestígio de “jitter“, e de extrair da etapa de DAC um resultado realmente de altíssimo nível.

Em um dos reviews estrangeiros que li, o avaliador também menciona que o seu DAC de referência, um modelo muito caro e bastante famoso, também restou abandonado depois que ele conheceu as qualidades do DAC do Anti-Mode.
Como DAC, ele é muito detalhado, “transparente” (mostra as qualidades e defeitos de cada gravação sem esconder nada), com graves de uma precisão exemplar, médios e agudos bastante corretos, sem causar qualquer cansaço auditivo.
Todos os instrumentos e vozes se beneficiam com ele, não importando exigências como dinâmica ou velocidade.
Sua extensão é bastante ampla, como deve ser qualquer equipamento sério, e não há nenhuma distorção perceptível que possa deteriorar os resultados, o que foi também medido.

Em seguida testei o Anti-Mode eliminando o pré-amplificador do meu sistema, muito bem conceituado pelo mercado internacional.
É curioso ver como um pré-amplificador digital como do Anti-Mode, de aparente simplicidade de projeto, consegue resultados tão interessantes. Aqui ele se saiu muito bem, considerando o projeto cheio de sofisticação de meu pré original que utiliza inúmeras técnicas como comutação de banco de resistores de alta precisão, com isolamento absoluto entre canais, amplificação discreta, etc… etc… etc…
Aqui é possível perceber o quanto a evolução tecnológica é capaz de oferecer.
A “velha máxima” do “menos é mais” não funciona aqui.
O pré-amplificador do Anti-Mode é preciso, não oferece qualquer limitação ao sinal original, e ainda parece que o coloca no “ponto” certo para ser finalmente ampliado pelo amplificador de potência.

Se como pré-amplificador e DAC o Anti-Mode já parecia ter justificado a sua aquisição, a surpresa maior veio depois que realizei o ajuste automático de correção da sala.
É um ajuste demorado, onde a única coisa que fiz foi ficar sentado ali na sala esperando ele fazer tudo.
Depois de emitir vários sons e realizar várias medições, ele finalizou o teste me apresentando dois gráficos em sua tela, o “antes e o depois” da correção.

Todos sabem que as minhas caixas foram projetadas e desenvolvidas conjuntamente com alguns respeitados projetistas de caixas hi-end do mercado internacional. Enquanto toda caixa acústica apresenta limitações de projeto, a única regra que utilizei no meu projeto foi não fazer qualquer restrição. Cada componente foi selecionado cuidadosamente, e a construção seguiu técnicas raras vezes adotadas em produtos comerciais, e nunca todos ao mesmo tempo em qualquer modelo que eu já tenha visto.
As caixas são totalmente “ajustáveis” e bastante versáteis em termos de utilização, e tudo isso com um único objetivo: torná-las capazes de se ajustarem perfeitamente a qualquer ambiente e nas mais variadas condições particulares de utilização e de audição.

Eu, pessoalmente, não acreditava que o Anti-Mode poderia fazer muito mais do que o que eu já havia feito no sentido de otimizar a acústica  da sala.
Outra surpresa aqui. O pequeno aparelho surpreendeu novamente.
Ele conseguiu identificar algumas melhorias e as realizou por conta própria. Você pode comparar os resultados na hora, através de um botão no controle remoto, comutando entre o ajuste original e o efetuado pelo Anti-Mode, aceitando ou não as alterações.

Não tive outra escolha senão aceitar a “sugestão” do Anti-Mode.
Os graves originais, que eu já considerava excelentes, ganharam maior precisão e uma naturalidade que aumentaram ainda mais o realismo da audição, eliminando qualquer vestígio de excessos que poderiam ainda existir por conta de alguma ressonância persistente.

É difícil explicar, mas nenhuma troca de cabos, de caixas ou qualquer alteração no tratamento acústico talvez fizesse o que fez o Anti-Mode, de uma forma simples e bem mais precisa. Imagine o que seria ficar escolhendo cabos e equipamentos para conter um pico ou uma depressão em 150Hz, por exemplo.

Não houve nenhum prejuízo audível diante da interação do Anti-Mode, preservando as demais qualidades do sistema. Está é uma preocupação que tenho cada vez que realizo o teste de um novo produto. Normalmente se ganha de um lado, mas se perde do outro.

Depois destes testes, parti para os experimentos com os diversos filtros que o Anti-Mode oferece. Com estes filtros é possível eliminar as prejudiciais frequências subsônicas que não são ouvidas nem “sentidas” (como dizem alguns), mas que provocam distorções sérias até nas médias frequências, reduzindo a fidelidade sonora. Esta é uma preocupação esquecida pela maioria dos audiófilos, mas é um problema que tem sido muito estudado hoje e explica a dificuldade que se tem para eliminar algumas distorções que introduzem erros nas médias frequências.
Testei também o filtro de agudos, que atua bem no extremo superior. Ele pode ser bastante útil para amenizar gravações ruins, com excesso de agudos.
Testei também um velho conhecido de muitos antigos usuários de equipamentos de som, o filtro “loudness”, ou, “controle de audibilidade”. Para quem não conheceu este recurso, é interessante saber que a sua ausência nos atuais equipamentos de som é uma grande perda.  A razão é muito simples, pois é sabido que os nossos ouvidos apresentam um comportamento diferente em volumes mais baixos, com menor sensibilidade aos extremos do que quando numa audição em volumes mais elevados. A função deste filtro é justamente corrigir esta limitação.

Todos os filtros funcionam no campo digital, com a alta resolução de amostragem citada anteriormente, e não se limitam só a estes. É possível implementar filtros passa-banda e outros ao gosto e à necessidade de cada instalação.

Depois destes testes, realizei muitas experiências com o equalizador digital paramétrico.

Quando se fala em equalizadores, muitos já fazem cara feia.
Estes equipamentos, injustamente banidos das instalações hi-end, representam hoje uma grande lacuna para o melhor ajuste dos sistemas. Iremos tratar com maior profundidade sobre este tema em nossa conclusão da série de artigos “Rumo à Customização”.
Mas, por hora, é importante saber que um equalizador pode ser uma solução genial e segura para “equilibrar” o seu sistema de som para as suas necessidades específicas.
A renúncia pelo seu uso ocorreu no passado mais pela falta de conhecimento em sua aplicação, que provocou o uso inadequado do mesmo, e pela falta de evolução em seus projetos depois que foi sendo abandonado dos sistemas de alta-fidelidade.
Mas, antes que digam que o equalizador é um produto que provoca uma correção “artificial” do som, é bom lembrar que ele é amplamente usado nas gravações (inclusive audiófilas) que adquirimos, apesar de muitos negarem isso. Também é fortemente usado na gravação dos tão “respeitados” discos de vinil, e está dentro de todos os prés de fono do mercado, mesmo no mais caro e sofisticado modelo hi-end. Isso mesmo, há uma curva de equalização muito forte dentro destes pré-amplificadores.
A equalização é utilizada também nos divisores de frequências (cross-over) das caixas acústicas, em menor ou maior grau, independente da qualidade da mesma.
Portanto, se você acredita que este é um recurso desnecessário e que não será utilizado, saiba que ele já está bem presente em seus equipamentos, e que é uma poderosa ferramenta de ajuste.

A equalização paramétrica do Anti-Mode 2.0 Dual Core também ocorre no campo digital, com um processamento preciso do sinal, respeitando a sua fase e todas as suas características originais, ou seja, é um recurso que também não altera as demais qualidades do sistema.
Os filtros do equalizador paramétrico são totalmente ajustáveis, e o recurso exige um pouco de atenção para ser usado por ser algo pouco usual para o consumidor comum, mas que compensa plenamente pelos excelentes resultados que proporciona.
O Anti-Mode faz o levantamento da curva de seu sistema, em todo espectro audível. Com essa curva e com o conhecimento de suas características auditivas, pode-se conseguir um ajuste bastante interessante do sistema. Acredite, você não ouve como imagina, e por mais que tente “treinar” os seus ouvidos, nunca conseguirá recuperar as suas perdas naturais.

Esse recurso me ocupou bastante tempo, e consegui coisas incríveis com ele.
Havia alguns momentos em que amigos que conheceram o equipamento em minha casa ou em algumas instalações que também testamos, afirmaram que pareciam ter trocado de caixas, de equipamentos e de cabos, com a vantagem que estes últimos atuam mais sutilmente e são bem mais caros em sua maioria.

Com o Anti-Mode 2.0 você pode levar o seu sistema para onde deseja, aumentando o detalhamento, a extensão de graves e agudos, atenuando médios, corrigindo picos e desvios prejudiciais e muito mais. Você tem o total controle do seu sistema, sem precisar ficar trocando componentes a todo o momento para tentar melhorar isso ou aquilo, e sem introduzir efeitos colaterais indesejados. O Anti-Mode preserva todas as qualidades do seu sistema, sempre provocando melhorias diversas, jamais deteriorando os sinais, desde que bem utilizado.

Além do Anti-Mode não sair mais de meu sistema estéreo, pretendo adquirir outras unidades para o sistema de AV. Pelos poucos testes que fiz, os ganhos justificam o investimento, pois o salto de qualidade é muito grande.

Pelas qualidades que apresentou, o Anti-Mode 2.0 Dual Core é o primeiro componente a receber o recém criado selo “5 estrelas” do Hi-Fi Planet, para diferenciar um produto que atinja o maior índice de satisfação em seu uso.
No total (explicaremos em breve), foram criados 3 selos: “5 estrelas”, “Aprovado” e “Reprovado” para resumidamente apontar a importância de um equipamento. Não é a volta da atribuição de escalas de valor, pois não acreditamos nisso. A idéia aqui é apenas destacar a principal característica de um produto, se ele é excepcional, se funciona como o esperado ou se não cumpre o que promete. Aqui no Hi-Fi Planet não escondemos produtos e serviços ruins, e a partir de agora estes “maus produtos e serviços”  receberão um selo exclusivo de demérito por conta disso.

O Anti-Mode 2.0 Dual Core é distribuído com exclusividade no Brasil pela Sound Stage, uma loja honesta mantida pelo Sr. Moyses, bastante conhecido no meio audiófilo pela sua contribuição séria ao mercado, trazendo produtos de qualidade a preços bem justos.

Pontos Fortes

– Versatilidade (Correção de sala + DAC + Filtros Diversos + Pré-Amplificador digital + Equalizador paramétrico, etc…)
– Correção automática e precisa da sala através de um complexo algoritmo bastante funcional
– Não introduz problemas, preservando detalhamento, velocidade, extensão, palco e demais características originais do sistema (melhorando-as na maioria das vezes)
– Construção de excelente qualidade e tamanho compacto
– Total controle do sistema, muito maior que outras soluções mais caras e de pouco resultado, como alguns cabos ou produtos de tratamento acústico.
– Manual detalhado em português (somente no distribuidor brasileiro)

Pontos Fracos

– É difícil criticar qualquer coisa neste produto, tamanha a sua versatilidade e qualidade geral. Mas, o controle remoto poderia ser maior e mais robusto…

Recomendado

Uso obrigatório para quem quer extrair o máximo de seu sistema de som ou vídeo sem ficar gastando o seu dinheiro com inúmeros cabos e outras soluções intermináveis e de pouco ou nenhum resultado.
Para quem quer ajustar o seu sistema para personalizá-lo de encontro à sua sala e outras necessidades pessoais, e quer ter total controle sobre o mesmo.
Para quem busca um DAC de excelente desempenho e um pré-amplificador digital de ótima qualidade.
Em resumo, para todo mundo que leva a sério o seu hobby musical.

Conclusão

Poucas vezes um equipamento para testes me chama a atenção, pois hoje o nivelamento dos produtos é muito grande. Mas, o Anti-Mode 2.0 Dual Core é muito mais do que mais um acessório.
Ele é um produto genial, capaz de elevar a qualidade de um sistema de uma forma quase mágica, com muita simplicidade para quem não quer ter muito trabalho. Mas, quem se aprofundar um pouco em seus recursos, descobrirá um mundo infindável de opções capazes de proporcionar resultados muito além do que se poderia imaginar.
Ele é uma resposta à constante busca de muitos usuários que investem em contínuos upgrades de equipamentos e acessórios muitas vezes bem mais caros, e de poucos resultados práticos.
Se eu fosse começar hoje a minha aventura neste hobby de áudio e vídeo, começaria pelo Anti-Mode, e só então escolheria os demais componentes.

Esta avaliação já estava pronta há algum tempo, mas segurei a sua publicação até que tivesse total certeza sobre a recomendação que eu faria, e que a estrutura local tivesse concluída para que oportunistas de mercado ou alguém que pudesse se sentir incomodado pelas possibilidades deste produto, pudesse prejudicar o seu acesso ao público.

Um produto obrigatório e de possibilidades quase infinitas.

Avaliação Final

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Produto de desempenho excepcional.

Preço

Aproximadamente R$ 4.000,00 no distribuidor exclusivo para o Brasil:
Sound Stage High End Audio
soundadv@terra.com.br
moyses@soundstage.com.br
Tel: (61) 3225 3229
www.soundstage.com.br

Lamentavelmente, o Sr. Moyses, representante da marca no Brasil, faleceu.
Não temos informação sobre novos distribuidores no Brasil, e recomendamos ao leitor entrar diretamente em contato com o fabricante para adquirir uma unidade.
www.dspeaker.com

Dimensões

– 236 x 55 x 146mm (largura x altura x profundidade)

Download do Manual do usuário em Português

Baixar Manual Anti-Mode Brasil (pdf)
Versão ampliada e atualizada – Contribuição do Hi-Fi Planet

Informações técnicas do produto

Tipo de produto:    Processador Digital de Sinal (DSP) / conversor digital/analógico (DAC) / Pré-Amplificador Digital / Equalizador Paramétrico / Conjunto de Filtros Digitais
Conexões:    Duas entradas RCA, duas entradas XLR (balanceadas), duas saídas RCA, duas saídas XLR (balanceadas), uma entrada digital TosLink S/PDIF, uma saída digital TosLink S/PDIF
Processamento digital interno:    40-bit, 2 canais
ADC:    6.144MHz oversampling dual por canal
DAC:    6.144MHz oversampling dual por canal, clock local, buffering
Faixa Dinâmica:    > 108dB
Passos de controle de volume:    0.5dB
Sensibilidade de entrada:    XLR, 1.35/2.60V RMS; RCA, 1.65/3.25V RMS
Tensão de saída:    RCA, 1.65V RMS; XLR, 3.25V RMS

Links para outros reviews

– Stereophile:
www.stereophile.com/content/music-round-57

– Absolute Sound:
www.theabsolutesound.com/articles/dspeaker-anti-mode-20-dualcore-digital-signal-processor/

DH Audio and Home Theater
www.dhaudioandhometheater.com/dspeaker-anti-mode-2-0-dual-core-pronounced-d-speaker/

hifitest.de
www.hifitest.de/test/raumprozessoren/dspeaker-anti-mode_20_dual_core_6696.php?p=3

Fotos exclusivas do Hi-Fi Planet

Em função do tamanho do texto aqui publicado, as fotos serão apresentadas em outra postagem específica, incluindo mais detalhes do produto.

Fotos aqui: http://hifiplanet.com.br/blog/teste-review-do-anti-mode-2-0-dual-core-fotos/

 

14 Comentários

  1. Obrigado.
    Acredito que existam outros interessados no Anti-Mode que também não estão tendo retorno em seus emails.

    Abraço

  2. Olá Cláudio,

    Desculpe não responder antes, mas eu estava de férias… finalmente !!!

    Falei com o fornecedor na semana passada, e ele disse que tem respondido aos e-mails.
    Por favor, tente novamente, e se for o caso, volte a reclamar aqui.

    Abraços

  3. Olá Eduardo,
    Uma vez que a questão é comum aos dois tópicos – que estão um pouco antigos – vou postar por aqui também:

    Será que o Cambridge 751bd ou o 752bd – ou mesmo qualquer player universal – pode ser conectado ao DSPEAKER ANTIMODE e desempenhar normalmente a sua função de player para SACD ou Blu-ray áudio?

    Abraço

  4. Olá Eduardo, parabéns pelo site! Apredi bastante e continuo aprendendo por aqui.
    Ja algumas vezes li este review e nos últimos dias estou querendo adquirir um DSpeaker 2.0.
    Atualmente meu sistema estereo é constituído de um par de caixas torre boston a360 (caixas serão meu próximo upgrade ainda a definir as substitutas), um integrado m6i e um Cambridge CXN que uso como fonte pra spotify connect e como dac para mídias gerais no notebook, etc.
    Estou querendo colocar o DSpeaker entre o cxn e o m6i, usando conexões rca ou balanceada. Usando nesta configuração terei as melhorias propostas pelo equipamento (correção de acústica, equalização, possibilidade de uso do recurso loudness, etc)?
    Muito obrigado desde já

  5. Olá Sylas,

    Sim, com certeza terá um resultado muito interessante.
    Esse aparelhinho faz milagres.
    Troque uma idéia com o pessoal do clubehiend.com.br, e ouça também as opiniões dos colegas de lá.

    Abraço

    Eduardo

  6. Olá Eduardo, comprei o DSpeaker e gostei muito do resultado que tive com meus equipamentos em minha sala. A possibilidade de correções rápidas alternando entre os perfis salvos usando o controle remoto (concordo contigo que este item, apesar de funcional, não faz juz ao equipamento pois aparenta fragilidade) também é uma grande vantagem. Com a correção dos graves o som ficou bem mais agradável. Por enquanto estou usando conexões rca. Depois vou testar com conexão digital, apesar de que estou bastante satisfeito como está.
    Abraço
    Sylas Nogueira

  7. Boa tarde Eduardo.
    Acompanho a bastante tempo o site e só tenho uma coisa a dizer: Parabéns! Conteúdo importantissimo para quem busca otimas informações no mundo hi-end.

    Sobre o Anti-Mode tenho a seguinte dúvida:
    Meu sistema está equilibrado e gosto muito do resultado. Tenho caixas book Dynaudio 25 anos e meu integrado possui saidas pre amplificadas que nao estou utilizando. Apesar de gostar muito da sonoridade das caixas, sinto falta de graves mais impactantes e resolvi comprar um subwoofer que deverá atender e fiquei interessado no Anti-Mode justamente para equalizar as baixas frequencias (reforço e atenuações devidas). Nesse caso a calibração automatica irá analisar o sistema como um todo? Ou seja, apesar do Anti-Mode estar conectado somente no subwoofer, ele irá ajustar o subwoofer já considerando as baixas frequencias reproduzidas pelas caixas frontais? Pergunto isso pq as Dynaudio 25 anos tem um bom grave e poderá reforçar certas frequencias quando utilizado junto com o subwoofer.

    Saudações!
    Mauro.

  8. Olá, Mauro

    Obrigado pelas considerações. Fico contente que tenha gostado do site.

    Sim, o DSPeaker vai gerar uma série de sinais para avaliação do sistema, depois fará os ajustes necessários para compensar eventuais e picos e vales na resposta de frequência.
    Mas, cuidado, faça isso se realmente busca ter graves equilibrados ou sente que eles não estão perfeitamente ajustados. Isso porque temos gostos pessoais, e além disso os nossos ouvidos possuem características diferentes de sensibilidade ao longo do espectro auditivo, mas o DSPeaker vai tentar nivelar dentro de uma resposta mais plana, o que faz com que alguns não gostem da “perda” de graves. Claro que depois do ajuste automático você poderá fazer uma correção para o seu gosto ou necessidades pessoais. Esta é a maior vantagem que vejo no DSPeaker, poder ajustar o som de acordo com as suas características fisiológicas pessoais ou seu gosto pessoal.

    Abraço

    Eduardo

  9. Olá Eduardo, obrigado pelas dicas! Porém tenho algumas outras perguntas…

    Como faço para atualizar o DSPeaker? Pergunto pq encontrei um usado para vender e o dono fala que a atualização é de 2013. Será que há atualizações mais recentes?
    Vc sabe qual o valor de um DSPeaker novo? Tentei entrar no site da Soundstage e não consegui.

    Abraço
    Mauro

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