Oppo Blu-Ray Player BDP-83 – 2ª Parte


Construção interna

Prefiro destacar essa característica, pois a considero muito importante e bastante esclarecedora.

A montagem interna do Oppo evoluiu muito, contrastando com os modelos anteriores que usavam verdadeiros “remendos” e componentes de qualidade bastante duvidosa, que causavam a maioria dos defeitos destas unidades.
Aqui o cuidado foi maior, como pode ser visto nas fotos.

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Algumas soluções como a soldagem do fusível na placa, alguns “bloquinhos” de borracha pressionados entre a tampa e o mecanismo de transporte (provavelmente para controlar vibrações no leitor) e a utilização de alguns componentes chineses de qualidade bastante iregular ainda poderiam receber mais atenção.

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Percebi a presença de uma bateria interna CR2032 que, como não é do tipo recarregável, provavelmente terá que ser substituída algum dia.

O mecanismo de transporte também é chinês, fabricado pela ASA Technology ( http://www.asatech.cc/en/showProduct.asp?ID=855&bigID=160&title=Blu-ray%20DVD%20Loader%20Features ), utilizado também em alguns players “populares”.

A gaveta se mostrou mais prática na facilidade da retirada do disco, o que era um transtorno em modelos anteriores. Também se mostrou mais resistente e robusta, já que eram tão finas que poderiam ser flexionadas até encostarem-se à mesa, o que causava inúmeras micro fissuras no plástico.
Se não é ainda um transporte muito sofisticado, também não parece ser tão ruim, mas só o tempo dirá.

No geral, trata-se de uma construção regular, como a maioria dos players populares do mercado, porém melhor do que aquela anteriormente executada pela Oppo, mas longe do esmero dos produtos hi-fi ou hi-end.

Outras fotos do interior do aparelho serão apresentadas ao final.

Em funcionamento

O objetivo desta etapa é tentar orientar o consumidor sobre as vantagens e desvantagens do Oppo.

Não adianta aqui tentar entrar em detalhes técnicos sobre resultados obtidos por discos de testes para avaliação do comportamento do player em diversas condições técnicas específicas. Esses testes, como comentamos no caso dos reviews de equipamentos fotográficos, muitas vezes mais afastam o consumidor das verdadeiras qualidades dos aparelhos do que o ajudam.

Apenas para exemplificar, estes testes estão sendo inclusive colocados em cheque, pois apresentam alguns resultados bastante duvidosos.
Além disso, já foi provado em experiências realizadas na Europa que o espectador de um filme que se apega aos detalhes de sua reprodução não está realmente envolvido com o filme, e sim com o equipamento, pois o cérebro tende a filtrar o que interessa para apreciação daquele momento, mas alguns acabam mais julgando os resultados da reprodução do que se envolvendo com o próprio filme ou show em si. Isso não é um mérito, e sim um problema.
Mas, cada um tem direito de valorizar o que lhe interessa mais. Não há lei contra isso.

Antes de iniciar os testes, o aparelho foi atualizado e desbloqueado. Para maiores detalhes sobre isso, deixamos referências ao final, já que essa é uma questão que ainda confunde muita gente.

A atualização é realmente necessária, pois diversas dificuldades foram detectadas com a versão original. Esse é um aspecto inconveniente. Muitos fabricantes também recomendam a atualização do programa (firmware) interno do equipamento, mas com a Oppo essa frequência é bem incômoda, e normalmente estão relacionadas a falhas bastante inaceitáveis do equipamento (principalmente de compatibilidade até com discos de áudio).

É preciso ter em mente que estas atualizações deveriam existir para melhorar o desempenho do equipamento, e não para corrigir problemas básicos de funcionamento. É um procedimento bastante arriscado. Basta um erro de leitura do CD ou pendrive (o que não é raro), uma falha na energia elétrica (mesmo que de curta duração), ou qualquer outro problema que prejudique a transferência do novo arquivo atualizado para o aparelho, e sua ida à assistência técnica será inevitável. Como no Brasil essa é uma questão bastante complicada para essa marca, isso pode se tornar um pesadelo.

O Oppo afirma que isso é necessário por tratar-se o formato blu-ray de uma novidade. Uma novidade talvez para ela, já que muitos fabricantes já lançaram inúmeros modelos no mercado e não cometem alguns erros elementares.

Há de se considerar ainda que o player teve um “pré-lançamento”, tendo sido distribuído para um grupo de mais de 350 usuários, para avaliações, testes e ajustes posteriores, e inúmeros problemas foram detectados e corrigidos, e outros, segundo alguns comentários, ainda persistiram no modelo de lançamento oficial.

Curiosamente, há relatos de que as últimas atualizações acrescentaram novos problemas ao equipamento.

Mesmo com o este último upgrade, ainda existem queixas quanto à permanência de algumas falhas de operação do aparelho e sua incompatibilidade com alguns discos, inclusive percebidas por mim durante os testes. Em e-mail que encaminhei a Oppo, eles afirmam que essas falhas são conhecidas, mas ainda estão sem solução.
Veremos adiante que, apesar de ser um player universal, existem algumas dificuldades também com a compatibilidade com discos de áudio (DVD-A e SACD).

Como procedimento padrão (e necessário), foi verificado o nível da prateleira do aparelho e do próprio equipamento. Poucos se preocupam com esse detalhe, mas o perfeito nivelamento do aparelho é importante para se extrair dele a melhor estabilidade de funcionamento possível, e isso é sensível.
Mais informações sobre ajustes será tratado adiante.

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A gaveta tem um funcionamento correto, mas mostra que não é nenhuma peça de precisão exemplar.

A leitura do disco surpreende. É muito rápida. Comparada com o Pioneer, foi bem mais veloz. Bom para os apressadinhos, mas na prática a maioria dos novos players não incomoda muito neste sentido.
Porém, em termos de navegação, o Pioneer foi muitas vezes, inexplicavelmente, bem mais rápido. Segundo alguns comentários em sites estrangeiros, para aumentar a velocidade de leitura inicial, o Oppo não carrega imediatamente todas as informações que os demais players já carregam inicialmente, fazendo com que em alguns momentos necessite buscar estas informações, por isso essa constatação, o que faz bastante sentido.

A estabilidade de navegação do Pioneer também foi superior. Nos testes realizados com um dos discos utilizados (Anjos da Noite), o Oppo sofreu alguns congelamentos e falhas (inclusive no menu), chegando até mesmo a realizar uma função não solicitada (isso também é relatado por usuários no exterior com outros discos).

Em contato com a Oppo, fui informado que realmente estes problemas existem, que alguns foram resolvidos com as últimas atualizações, mas que outros ainda estão “em análise”.

O Pioneer realizou as mesmas leituras e ações sem problemas, e seu firmware até hoje não foi atualizado por mim.

Desempenho em vídeo

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Para este teste, tomei outro player emprestado, o BD-P1500. Não sou um apreciador dos produtos da Samsung, muito menos da qualidade de seus equipamentos e muito menos de seu atendimento pós-venda, mas era uma oportunidade de comparação.
Por curiosidade, realizei os testes com os dois players Oppo adquiridos, o que se mostrou interessante e logo veremos o porquê.

As imagens foram analisadas em duas telas de projeção, uma de 105”, e outra de 133”, além de um TV LCD Full HD de 42” e outro HD também de 42”.
A saída utilizada aqui foi a HDMI.

Indiscutivelmente, a imagem do Oppo é muito boa.
Depois de ajustado, o que levou bastante tempo, os resultados foram muito agradáveis.

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Não aconselho a ajustar as cores somente pelo disco de testes que acompanha o aparelho, nem por estes dispositivos de ajuste de telas de computador (Spyder, X-rite e outros), que são bastante imprecisos. Utilizo um medidor profissional da Minolta para esta finalidade, bem mais confiável e preciso, e as diferenças foram notáveis.

No quesito cor, apesar de todos os ajustes, o colorímetro da Minolta mostrou um equilíbrio melhor de resultado para o Pioneer, seguido pelo Oppo e depois pelo Samsung quase empatado.
No geral, as cores do Pioneer foram mais equilibradas, assim como a de um player de blu-ray Panasonic que tive oportunidade de ajustar na casa de um amigo.

Isso não significa que a imagem do Oppo tenha problemas de cor, pelo contrário, elas são muito boas, e as diferenças notadas serão pouco percebidas na prática, a não ser que se utilize um disco padrão de teste de alta fidelidade ou o equipamento seja utilizado por alguém com aquelas características críticas já mencionadas. Sutilmente, teríamos, por exemplo, uma maior naturalidade no tom de pele do Pioneer, muito difícil de ser reproduzido por qualquer equipamento. Isso não é um problema sério, pois a própria edição digital dos filmes acaba por alterá-la. Curiosamente, já tive resultado melhor com DVD do que com o mesmo título gravado em blu-ray, e não foi culpa do equipamento. Por isso, essa diferença não deve preocupar.

Em termos de profundidade de imagem, muito afetada pela qualidade do contraste e brilho, o Oppo também se saiu muito bem, desta vez se distanciando muito do Samsung e agradando tanto quanto o Pionner. As diferenças entre estes dois são tão sutis que só podem ser medidas, e não percebidas em uso normal.

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Mas, foi no teste de nitidez de imagem (que aprecio mais) que a situação tomou outro rumo.
Realizei este teste utilizando vários discos diferentes, pois para isso não existe referência. Nem mesmo os discos de testes são perfeitos neste ponto. Ao final, optei pelo disco que acompanha o aparelho, porque é uma referência conhecida.

Importante mencionar aqui que, novamente, o teste foi real, sem preciosismos ou detalhamentos desnecessários como comentei no caso da fotografia.

Novamente o Samsung, ficou para trás, deixando a briga para o Pioneer e o Oppo.
Pois bem, no primeiro comparativo realizado, a surpresa: o Pioneer foi melhor. Eu esperava o contrário, não pela mágica da perfeição que os apaixonados pela marca insistem em atribuir ao Oppo, mas pela própria solução de projeto do player.

Uma observação importante: os dois apresentaram resultados bastante convincentes, precisos e de alto nível. Mas, nas telas maiores, principalmente na de 133”, o Pioneer mostrou uma imagem um pouco mais nítida.

É sempre possível ajustar a nitidez de imagem, mas isso pode causar outros problemas, como a perda da naturalidade, e foi o que aconteceu quando tentei corrigir esta diferença no Oppo.

Mas, por sorte, tive a curiosidade de refazer o teste com o outro Oppo que havia comprado, que chegou no mesmo dia, na mesma caixa e vindo do mesmo lote, com os mesmos ajustes e nas mesmas cenas. E aqui a surpresa: comecei a notar diferenças. Desta vez a nitidez da imagem superou levemente o Pioneer. Foi bastante sutil, sendo necessário prestar extrema atenção, e que quase não se percebe em uso normal.

Por outro lado, notei que a imagem ficou um pouco mais escura, e mesmo refazendo alguns ajustes de contraste e brilho, ela ainda não ficou igual ao primeiro aparelho. Lembro de ter lido algo sobre alguns usuários acharem a imagem um pouco escura (na verdade a impressão que dá é de uma certa homogeneidade em cenas mais escuras).
A partir daí comecei a comparar os dois players, e realmente existiam pequenas diferenças.
Afirmo, novamente, que a maioria delas jamais seria percebida facilmente em uso normal.

Mas, fica claro que podem ocorrer pequenas diferenças de um aparelho para o outro, talvez pela qualidade irregular de alguns componentes empregados, como citei anteriormente.
Isso não desmereceu o equipamento, e a imagem deste foi também aprovada. Porém, fica aquela impressão de uma certa variação de qualidade, e isso é importante para que as diversas opiniões pessoais sobre o aparelho sejam sempre respeitadas.

É comum vermos comentários infelizes do tipo: “faltou maior atenção”, “o seu sistema possui alguma deficiência”, “falta percepção individual”, etc… o que são grandes bobagens proferidas até pela falta de maturidade técnica. Não se pode contestar definitivamente uma opinião ser ter todas as variáveis perfeitamente esclarecidas.

Como advogado (também), aprendi a ser bastante cauteloso com as palavras. Quando vejo opiniões do tipo “isso é absurdamente melhor que aquilo”, “ele dá um banho naquele outro”, etc., fico bastante preocupado, pois o excesso nos elogios (ou nas críticas) já demonstra uma credibilidade duvidosa na informação. O exemplo acima provou mais uma vez esse entendimento.

O trabalho de processamento de vídeo é correto, e algumas falhas de players mais baratos não estão presentes no Oppo.

A partir daí, recomecei o teste utilizando agora a saída videocomponente.

Teste utilizando a saída videocomponente

Os testes utilizando estas saídas decepcionaram. Arrisco a afirmar que os resultados são inferiores aos modelos anteriores.
Este player não foi feito para ser utilizado com esta ligação. Aqui até o Samsung se equiparou, principalmente na definição.

Apenas por curiosidade, comparei em DVD (neste caso a melhor opção) com o Sony e o Marantz, e ele na prática se igualou ao Sony e ficou abaixo do Marantz.
Durante todo o teste, os resultados com videocomponente e com DVD mostraram-se sempre inferiores ao Marantz e muitas vezes ao Pioneer.
Devemos mencionar que o Marantz possui uma reprodução de DVD e com videocomponente já superior ao Pioneer.

É muito importante conhecer as qualidades do aparelho como DVD player. Não se pode desprezar a quantidade de excelentes produções que existem em DVD, e que talvez jamais sejam lançadas em BD (muitas ainda só são encontradas em VHS !!!).

Possuo hoje uma coleção com mais de 600 filmes e 200 shows, e não tenho qualquer interesse ou ilusão de substituí-la integralmente por gravações em blu-ray, mesmo porque algumas delas não oferecerão vantagens significativas com isso, como tem sido amplamente relatado pela imprensa especializada séria.

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