Faixa de Razoabilidade dos Preços de Produtos Hi-End

Afinal, quanto é razoável pagar num equipamento Hi-End?
Será que é possível responder à essa pergunta?

 

audiojoia

Vamos tratar aqui sobre o investimento financeiro num sistema de áudio Hi-End. Não vamos chamar de custo, afinal, o retorno é o prazer de ouvir uma boa música bem reproduzida, e isso só pode ser traduzido com um investimento em nosso bem-estar emocional.

Este é um assunto espinhoso, e capaz de incomodar tanta gente que duvido que a aceitação das idéias aqui propostas seja algo pacífico por todos.

Trata-se de algo que talvez mereça mais amadurecimento de detalhes, mas que neste estágio em que se encontra já pode servir de referência para muitos audiófilos que desejam ingressar no universo do áudio Hi-End, e não tem idéia do que é razoável investir neste hobby, já que o mercado de produtos e de divulgação têm causado uma confusão muito grande sobre este assunto.

Quanto deveríamos investir para salvar a vida de uma pessoa doente?

A resposta para essa pergunta é fácil: tudo que for possível para que ela sobreviva.
Mas, o áudio Hi-End é um hobby, e, como em todo hobby, existem limites que podem variar baseado na capacidade financeira de cada um.
O quanto algo é barato ou caro vai depender da referência econômica de cada consumidor.
Para alguém um carro popular pode ser caro, mas para outra pessoa uma luxuosa Mercedes sport sofisticada pode custar até barato.

Este texto é voltado àquele que quer investir o suficiente para ter um sistema de som de ótimo desempenho, de nível Hi-End, independente de poder gastar muito mais mesmo pagando por algo que não lhe trará nenhum desempenho a mais, ou ainda vai lhe proporcionar um resultado inverso (gastar mais não significa necessariamente ter algo melhor).

Quanto preciso gastar para ter um sistema de som Hi-End?

Esta é uma pergunta que me fazem com bastante frequência.
A resposta não é fácil, mas também passa longe da complexidade que alguns impõem ao problema.

Pode-se investir de 10 a 100 mil reais num sistema Hi-End, até muito mais, ou até menos.
Para de obter um desempenho adequado para corresponder ao desejo de ouvir música com excelente nível de qualidade, o valor é muito menor do que aquele investido num sistema famoso por sua grife, ou exageradamente valorizado, muitas vezes com forte apelo de exibicionismo por parte de seu proprietário. É o símbolo de status social.

Esse não é um privilégio somente do mercado de áudio.
Muitos produtos custam acima de seu preço real, valorizado pela aparência, pela marca e por outros fatores que visam destacá-lo dos demais, mesmo apresentando qualidade igual ou até inferior ao modelo mais barato.

Para tentar ilustrar como funciona este mecanismo de formulação de preços, acabei criando um gráfico que tenta facilitar a compreensão do assunto, e que chamo aqui de “Faixa da Razoabilidade”.
A idéia nasceu da experiência obtida com muita reflexão, da observação imparcial do mercado, da avaliação técnica dos produtos, e de outros fatores que serão adiante explicados.

O que determina o preço de um produto?

Para muitos, o preço de um produto é aquele que o mercado pode pagar, comparando os produtos de áudio até com comidas exóticas, como o caviar.
Para mim, o preço de um produto deve corresponder às qualidades oferecidas pelo mesmo, tendo como base o seu custo real e o retorno desejado do investimento, dentro da razoabilidade de um negócio comercial como qualquer outro.

Não é muito lógico pensar que um produto vale o que foi gasto de material nele acrescido de impostos e margem de lucro. Existem inúmeros outros custos para o seu desenvolvimento, para pesquisas, para manutenção de uma empresa e para tantos outros fins igualmente justos.
Porém, nem sempre o preço praticado é tão justo assim, e é muito comum encontrarmos produtos com preços abusivos, mesmo com qualidade inferior ao de outros custando muito menos.

Porque isso ocorre?

O Efeito “Grife”

Alguns fabricantes investem pesado na promoção de uma marca.
Estamos acostumados a ver isso diariamente, mesmo que não prestemos muita atenção. Estes fabricantes associam estas marcas ao status social, ao sucesso, a uma qualidade excepcional nem sempre presente, e a outras imagens que ficam associadas às suas marcas.

Um exemplo de um destes recursos usados para destacar este luxo seria colocar um adorno de ouro no produto. Quem vai duvidar que uma bolsa com o símbolo da marca em ouro não colocaria o produto numa condição diferenciada de preço? Mas, será que a qualidade acompanha essa imagem?

No áudio Hi-End podemos ver fabricantes colocando cabinhos de cobre encapados de plástico em caixinhas de madeira nobre, forrada de veludo e com um acabamento digno dos melhores artesãos. O cabo pode nem apresentar um desempenho excepcional, mas seu preço vai subir de tal forma que fará o comprador imaginar que está comprando algo realmente diferenciado, sofisticado e de altíssimo desempenho.
Muitos fabricantes investem muito em suas marcas, e levam ao produto uma imagem que não condiz com as suas verdadeiras qualidades, mas nestes casos o preço costuma ser bem mais elevado por conta deste artifício.

Os avaliadores de equipamentos como agentes de elevação de preços

É comum vermos avaliadores de equipamentos constantemente valorizando produtos de forma indiscriminada. Parece que tudo que recebem para teste é algo excepcional “É um produto para o apaixonado pelo áudio em seu melhor esplendor”, “Este equipamento pode ser o seu definitivo”, “Este produto é voltado para aquele audiófilo que quer ouvir música e esquecer que vem de um produto eletrônico” ou “Este equipamento é capaz de materializar o acontecimento musical em sua sala”.
É realmente incrível a habilidade que os avaliadores têm de fazer cada novo produto avaliado parecer excepcional, uma novidade, senão o melhor de todos que já testaram.
Poucas são as publicações no mundo que ao avaliar um produto lhe dão uma nota baixa, ou diz algo como “Um bom produto, mas existem outros melhores e mais baratos”, ou ainda “Não recomendamos a compra deste equipamento, pois o mercado oferece mais por menos”.

A razão de alguns avaliadores serem tão cuidadosos com suas opiniões negativas, chegando ao ponto até de declararem que já testaram centenas de produtos que não tinham qualquer qualidade, mas nunca revelaram quais foram, está no fato de que dependem destes fabricantes e revendas para manter as suas publicações, e assim evitam desagradar o anunciante.

Desta forma, o que acabamos vendo é uma enxurrada de produtos testados e todos coincidentemente incríveis, dignos de serem comprados imediatamente depois de tantos adjetivos generosos. Em alguns casos, este artifício é facilmente notado, em outros ele acaba bem camuflado em textos caprichados, metodologias supostamente precisas, procedimentos aparentemente rigorosos de avaliação, etc.
O avaliador tenta então justificar as variações de preços, até mesmo quando ultrapassam o limite do bom-senso, com frases do tipo “Melhor do que isso somente pagando 5 vezes mais”, “Um produto de excelente desempenho para a sua faixa de preço”, e tantas outras com iguais intenções de colocar o leitor numa condição de aceitar estas variações assustadoras de preços. Situação pior acontece quando se trata de produtos de difícil identificação de valor, como cabos por exemplo. Aí as variações de preços são ainda mais absurdas.

O mercado consumidor

Já teve quem disse que o preço de um produto deve ser aquele que o mercado paga.
Tem uma lógica nisso, afinal, não adianta cobrar caro demais num produto se o seu público consumidor não pode pagar. Mas, e o inverso, é também aceitável? Será que é razoável pagar valores absurdos por produtos que não custam nem 5% daquele preço apenas porque “tem quem paga”? Se isso não for razoável, seria ético, moral ou honesto?

O mercado consumidor de produtos de áudio Hi-End é bastante generoso, e gasta tudo que pode para realizar o seu sonho. O problema é que gasta mal, gasta enganado, iludido e muitas vezes sem qualquer vantagem no que paga a mais. Se um produto fosse mesmo melhor que outro apenas pelo seu preço, não haveria o que discutir aqui, mas na maioria das vezes não é o que acontece.
O mercado de áudio Hi-End já foi tomado de indignação por conta de fabricantes que pegaram produtos prontos e baratos do mercado, colocaram suas famosas grifes em gabinetes de aparência sofisticada e venderam o produto por muitas vezes mais, chegando ao absurdo de avaliadores ainda acharem o produto excepcional e com preço justo, sem saber da pilantragem que foi feita.

O próprio consumidor tem uma parcela de culpa pela elevação irracional de alguns produtos Hi-End, já que não questiona os seus valores e ainda enaltece o produto mais caro.

Falta de conhecimento técnico

Muitos avaliadores, consumidores e revendedores não têm conhecimento técnico adequado e nem instrumentos específicos para avaliarem as qualidades de um produto. Sequer, para eles, uma inspeção visual lhes diz alguma coisa. Se eles pudessem ver que, por exemplo, a diferença de um produto que custa mais de 10 vezes o preço do outro está num simples chip (circuito integrado) de 10 ou 15 dólares, entenderiam o que estou sugerindo.
Como não dispõem de conhecimento e recursos técnicos, muitos valorizam a subjetividade de suas opiniões e de seus “super-ouvidos”.

Como está distribuído o preço de um produto no mercado?

Estes fatores apontados acima, além de outros agravantes, criam uma verdadeira confusão no mercado, e fazem o consumidor perder completamente a referência de preços. Estes consumidores acabam perdidos nesta confusão, e quando tentam muitas vezes buscar ajuda para identificar o que devem comprar para atender às suas expectativas, a resposta vem como um “Quanto você quer gastar?”
Claro que se você quiser comprar um carro sedan, confortável e moderno, terá que informar o vendedor quanto pretende gastar para que ele possa lhe oferecer algo que atenda aos seus recursos econômicos. Mas, num mercado como o do áudio hi-end em que preços não correspondem fielmente à qualidade do produto, esta pergunta coloca o consumidor numa posição ainda mais desconfortável.

Para tentar ajudar um pouco nestas respostas que o mercado busca em relação aos preços de produtos Hi-End, oferecemos a seguir nossa “Faixa de Razoabilidade”

razoabilidade2

Este gráfico tem como objetivo facilitar o entendimento que queremos passar aos nossos leitores.
Veja que ele é dividido em 4 partes, variando em cores do vermelho para o verde, do verde para o amarelo, e do amarelo novamente para o vermelho. Do lado esquerdo temos os produtos de menos preço, e do lado direito aqueles mais caros.

Como devemos interpretar este gráfico?

As faixas dividem-se conforme os seguintes critérios:

A – Produtos muito baratos

Sabemos que qualidade tem preço, mas que nem sempre preço alto significa qualidade. Ou seja, como exemplo, jamais conseguiremos comprar um carro confortável, de excelente desempenho, de alta tecnologia e com inúmeros recursos gastando muito pouco. Conseguiremos, no máximo, comprar um modelo usado, ou outro bem mais modesto de categoria popular. Apesar de não serem opções ruins, certamente estarão longe de nossas expectativas. Por outro lado, um carro caro demais pode ter uma qualidade sofrível, e mesmo fabricantes tradicionais já deram exemplos disso.
Se desejarmos comprar um cabo de áudio preciso, com conectores bem firmes e com um revestimento de boa qualidade, capaz de proporcionar a transmissão do sinal em toda a sua plenitude, dificilmente conseguiremos isso pagando alguns poucos reais, pois temos uma idéia aproximada do custo de cada parte que compõe um bom cabo. Estes produtos muito baratos normalmente são falsificações ruins, com componentes de baixa qualidade, e fabricados para atender sistemas de baixa fidelidade.
Produtos nesta faixa devem, portanto, ser evitados quando se busca desempenho superior.

B – Produtos de ótimo nível de desempenho

Esta é a faixa desejável, com produtos de preços mais variados, porém dentro de uma razoabilidade onde são oferecidos por preços compatíveis com o seu desempenho. Aqui não se paga a grife, o luxo da caixinha ou o emblema de ouro no painel do aparelho. Se paga desempenho e qualidade de fabricação.
É uma faixa ampla, mas bem definida. É por onde todo o consumidor deve começar a sua busca.

C – Produtos com ganhos pouco justificados

Nesta faixa encontramos produtos mais caros, que apesar de oferecerem melhor desempenho, não são tão evidentes assim. É a velha idéia de pagar o dobro ou o triplo para conseguir 3% a mais de qualidade perceptível (que realmente podemos aproveitar).
Mas, aqui temos um limite também, pois muitos produtos, dependendo do consumidor e do restante de sua instalação, não obterá esse ganho real.
É uma faixa para aquele audiófilo que quer investir um pouco mais para atingir o mais alto grau de qualidade. Gastar mais do que isso vai levá-lo para a próxima faixa, e isso não é nada bom.

D – Produtos indesejáveis com preços elevados e sem justificativas condizentes

Esta é a faixa de produtos que custam absurdamente caros, e não proporcionam qualquer vantagem real. É onde a grife fala mais alto, onde as ofertas visam lucros elevados, não se importando mais com a qualidade oferecida que pode ser ainda pior que muitos produtos encontrados nas faixas B e C.
Esta é outra faixa a ser evitada a qualquer custo por quem acredita estar pagando mais para ter um melhor desempenho, a não ser, claro, que seu desejo é gastar mais do que o necessário, seja como símbolo de status social, exibicionismo ou outras razões de ordem puramente pessoal.

Nas divisas destas faixas encontramos faixas vizinhas de transição, onde é mais difícil identificar onde se encaixam alguns produtos. Mas, seu posicionamento, de um modo geral, ainda está definido pelas faixas adjacentes.

Pelo que podemos concluir, as opções mais interessantes em termos de custo e benefício estão na faixa verde, podendo avançar na amarela se tivermos segurança do que estamos fazendo e quisermos atingir o mais alto grau de desempenho, porém, muitas vezes, pouco percebido.
As duas faixas vermelhas devem ser evitadas a todo custo.

Temos outro detalhe importante: apesar destas interpretações serem bastante seguras e representarem com boa precisão a maioria dos produtos de áudio do mercado, podemos encontrar alguns pontos perdidos nestas faixas.
Produtos de preços médios, mas de qualidade muito inferior, ou produtos de preços baixos mas com qualidade acima da média, e até produtos com preços bem elevados mas que apresentam inovações tecnológicas que justificam essas divergências.
Mas, é importante ressaltar que isso não é regra. Trata-se de raras exceções (muito raras), e devem ter as suas virtudes bem nítidas quando da avaliação do comprador.
Dizer que um cabo de força que está na faixa D possui uma tecnologia ou emprega materiais muito especiais, e por isso é um ponto perdido na faixa, não é por si só aceitável.
Mesmo um cabo feito de fio de prata pura não precisa ter um preço nas nuvens, e nem se justifica um cabo defender seu alto preço porque utiliza um conector de ouro puro.
O ganho deve ser real, ou o produto não será uma exceção.

Novamente, é preciso ressaltar que estes casos são muito raros, e não maioria, como insiste em tentar nos convencer o mercado.

Como quantificar estes preços?

A pergunta que pode vir agora é “E qual são estas faixas de preço?”

Para cada produto existe uma faixa de preços diferente, e para definí-la precisamos aplicar o bom senso.
Quanto deveria custar um amplificador integrado? E se ele tiver um DAC interno? E se possuir um DSP interno?
Precisamos ter o bom senso de identificar estes recursos e de ajustar o produto à faixa de preços mais adequada.
Mas, se ele tiver uma aparência chique, uma grife famosa, um design feito pela equipe da Ferrari, e um emblema de ouro maciço no painel, não devemos mais atribuir a faixa de preço pelo desempenho, e sim pelas razões já apontadas anteriormente, o que vai manter o produto na faixa D.

É preciso sempre ter em mente que o audiófilo busca uma reprodução de som de alta qualidade, e isso deve ser levado em conta. Aparelhos “chiques” são para outra categoria de consumidor.

Conheço alguns audiófilos que possuem uma aparelhagem de som mais cara que o próprio carro que sequer possui airbag.  Porque investir em produtos da faixa D, sem qualquer vantagem real, enquanto ele e sua família circulam de carro que não incorpora um dispositivo essencial de segurança? Aliás, já vi comprador de carro escolher um modelo caro porque possui bancos de couro, mas não se preocupar com itens de segurança.
O audiófilo deve saber o que está procurando, se desempenho ou luxo. O verdadeiro audiófilo se preocupa com a qualidade do som, e não com a grife de seus equipamentos.
Mas, e se ele tiver muito dinheiro para pagar pelos dois, grife e qualidade? Deve então fazer o que quiser, afinal, o dinheiro é dele, mas pelo menos consciente de sua escolha, jamais enganado pelas imagens que lhe vendem.

Talvez, em artigos futuros, abordaremos os limites de cada faixa para cada tipo de produto.

Conclusão

Cada um pode interpretar os argumentos aqui colocados da melhor forma que lhe convir. Pode criticar ou apresentar sugestões, mas não há como fugir da realidade.
E a realidade é que o mercado audiófilo saiu de controle.

Cabos de qualidade bastante discutível são vendidos por milhares de dólares, enquanto cabos de altíssima qualidade utilizados pela indústria espacial, médica e de transmissão de dados e telecomunicações apresentam preços muito inferiores. Não são vendidos em caixinhas de mogno com um macio veludo vermelho escuro, com acabamento em 12 camadas de verniz polidas uma a uma, e com um emblema metálico banhado a ouro em sua tampa. São cabos vendidos em rolos com muitos metros, com acabamento simples mas desempenho excepcional. Afinal, áudio não é algo de outro planeta, coberto de misticismo como querem nos fazer acreditar.
São apenas sinais elétricos que devem sem manipulados, conduzidos e amplificados para fazer vibrar cones ou membranas, por exemplo, como fez a mesma tecnologia que criou os satélites, os modernos televisores, os super-computadores, que levou o homem à lua, que inventou os smartphones e navegadores de GPS, e desenvolveu inúmeros outros produtos de precisão que funcionam muito bem, sem qualquer mistério.

8 Comentários

  1. Cada vez me surpreendo mais com este blog.
    Nunca vi uma abordagem tão precisa e honesta sobre este tema tão delicado. O mais curioso é que depois que você escreve ele parece tão lógico que até agora não sei se estava diante de nossos olhos e não conseguíamos enxergar, ou se realmente estamos tão alienados que não queremos mesmo enxergar.

    Eduardo, receba meus sinceros parabéns. Você está revolucionando o hi-end sob vários aspectos, e nós humildes audiófilos só podemos lhe agradecer por isso.
    Mais um excelente texto !
    Fique com um forte abraço deste seu grande admirador.

  2. Simplesmente fantástico !!!
    Já li 3 vezes e tenho a certeza que ainda foi pouco. Merece uma cuidadosa reflexão neste feriadão.

  3. Ótimo texto Eduardo. Essa comparação com as escolhas do sujeito ao comprar um carro são extremamente pertinentes. O supérfluo tira a atenção do consumidor para o que é lógico e essencial.
    Parabéns. Estamos aguardando pelo próximo.

  4. Caro Sr. Eduardo
    Parabéns pelo excelente nível de seu blog. Até os seus frequentadores parecem ter um bom nível de amadurecimento comparados aos frequentadores de outros sites, onde a confusão é generalizada (vide o caos que os fóruns vem se tornando).
    Achei este seu novo post fantástico, como aliás costumam ser as suas contribuições. Nunca vi um tema tão difícil ser abordado com a facilidade e a clareza com que você conseguiu.
    Já atuei no mercado de hi-end e hoje sou um usuário dedicado que acompanha tudo o que acontece aqui e lá fora.
    Apaixonado pela música bem reproduzida, venho buscando a receita para ter sempre um sistema de bom nível e atualizado.
    Sua exposição de que o som ao vivo não serve como referência total é perfeita, e eu já tinha notado isso há muitos anos, mas só agora com os seus posts consegui entender as razões deste efeito.
    Quando atuava neste mercado, de forma ainda inconsciente eu tentava ajustar os sistemas para fazer com que cada cliente tivesse uma percepção real da intenção dos músicos, pois eu já percebia que cada um acabava ouvindo de forma ligeiramente ou substancialmente diferente a mesma apresentação musical. Alguns clientes sequer conseguiam ouvir alguns sons.
    Tive um cliente certa vez que era (e ainda é) um músico em grande atividade, e um dia tive o privilégio de atendê-lo, o que me deixou bastante feliz naquele momento, afinal eu estava diante de um “profissional” da música. Para a minha grande surpresa, ele tinha muitas dificuldades para ouvir várias passagens musicais, e ele me comentou que isso também ocorria nas apresentações ao vivo, onde ele chegava a reclamar com os instrumentistas que algumas passagens eles pulavam ou tocavam muito baixo, até que ele percebeu que o problema era com ele mesmo.
    Depender exclusivamente dos ouvidos não é lá uma boa idéia.
    Mas, ainda como conhecedor do mercado de áudio, que deixei depois de ingressar numa carreira pública, quero cumprimentá-lo pela exposição sobre a razoabilidade de preços de equipamentos hi-end.
    O que acontece no mercado é exatamente isso que o Sr. abordou. Há uma enganação por parte de fornecedores e de consumidores no que se refere à relação de custo/benefício dos equipamentos.
    Era comum, quando eu informava o preço de um produto muito caro, o cliente dizer “Uau!!! Tudo isso??? Deixa eu ouvir esta coisa…”, e ao ouvir o equipamento ele enaltecia as suas qualidade como se ele realmente fosse muito mais especial.
    Eu era apenas o gerente da loja, mas até o seu proprietário comentava sobre as discrepâncias claras que haviam nestes tipos de julgamentos.
    Um técnico que trabalhava conosco comentava que muitos aparelhos tinham uma construção de 15 a 20% mais cara que os modelos mais baratos (quando tinham isso), mas chegavam a custar 10 vezes mais !!!!
    Ele não acreditava como isso podia acontecer, pois muitos projetos eram cópias de outros sem qualquer novidade.
    Muitos anos neste mercado e aprendi que existe uma faixa de produtos que figuram no mundo real de qualidade e preço, e outros que vivem o fantasioso mundo do que o que é caro é melhor, é mais chique ou muito superior.
    Quando vi o seu gráfico aqui neste artigo pensei comigo mesmo: “Alguém conseguiu finalmente colocar o que já sabíamos intuitivamente de uma forma simples e bastante precisa”.
    Se o mercado conseguir entender isso um dia, não veremos mais a festa indecente que muitos aproveitadores fazem sobre os consumidores, com produtos simples custando o preço de uma lata de caviar, e ainda com o apoio destas publicações e de consultores comissionados que o Sr. costuma citar, e que conheço muito bem também.
    Vamos torcer para ver esta realidade mudar um dia e não mais vermos tocador de CD de 30 mil dólares sendo chamado de barganha, ou cabos de força de 3 mil como sendo altamente recomendado, quando na verdade o custo destes equipamentos não chega a 10% de seu preço final, quando não usam um equipamento já pronto que custa menos de 5% e o colocam numa caixinha mais bonita, com aparência hi-end, como citam alguns.
    Vi de perto isso e é uma situação triste que ainda persiste no meio, enganando inúmeros consumidores que não tem a menor ideia do que acontece de fato.
    Te deixo um forte abraço e votos que continue nos oferecendo contribuições inteligentes e honestas para que possamos encontrar os caminhos mais seguros para investirmos em nosso hobby, o que parece ser a proposta principal deste blog.
    Atenciosamente,
    Luis Fernando de Mello

  5. Grande Eduardo !
    Que figura !
    Você é o pai do hi-end deste nosso pobre território. Ainda bem que temos a sorte de ter você.

    Cara, li uma crítica que fizeram sobre um artigo seu e meti bronca no sujeito que claramente tinha terceiras intenções. Acredita que apagaram a minha mensagem? Como esses pilantras são unidos.
    E quem criticou se diz um experiente audiófilo que mora perto de minha cidade, mas ninguém conhece o sujeito. Já enviei uma MP pra ele uma vez combinando um encontro e ele disse que tinha acabado de se mudar para outra cidade. Quando perguntei qual ele não mais respondeu. Deve ser o tipo de membro fake que já tanto conhecemos criado para elogiar os produtos vendidos pelo fórum (ele só faz isso) e criticar quem tenta mostrar a verdade.
    Te desejo muita força para você superar este tipo de crítica e continuar na sua linha de conduta honesta e imparcial, pois só assim vamos poder confiar um pouco neste mercado.
    Seus artigos estão incríveis. Chego a comemorar quando vejo uma nova publicação no Hifi Planet. Leio cada linha com tanta atenção que até a cara metade se irrita rsrsrs….
    Muito sucesso e receba minhas manifestações de respeito, carinho e admiração.
    Guimarães

  6. Obrigado por todas as manifestações aqui publicadas.

    Quanto às críticas, elas não me incomodam, pois sabemos porque elas acontecem, e não são pelas mesmas razões que me levam a escrever com respeito e honestidade aos leitores deste espaço.
    A estes que tentam desmerecer este trabalho, tenho apenas um recado:
    Busquem outra coisa para fazer, ou passem a ter mais respeito e honestidade no que fazem, pois o mercado tem amadurecido, as pessoas estão lendo mais, têm mais acesso à informação (no mundo inteiro), e não são mais tão ingênuas como vocês imaginam.
    E não percam tempo me ameaçando com isso ou aquilo. Isso não me intimida.
    Não estão satisfeitos? então me acionem na Justiça. Vou adorar pedir perícias e fazer juntada de elementos para provar o que afirmo aqui.

    Vamos em frente !!!

    Abraços a todos.

  7. Caro Sr. Eduardo, excelente artigo, uma forma simples e direta para situar o audiófilo/consumidor.
    Espero que o Sr. sempre conserve os elementos notadamente presentes nos textos elaborados (honestidade e transparência).

    Abraços

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