Devemos Ajustar um Sistema de Som Hi-End com Cabos?

Não faltam sugestões para que um sistema de áudio seja ajustado com cabos, mas, seria mesmo esta a solução a mais recomendada? Cuidado para não acabar louco tentando…

 

Recebi uma carta do leitor Odilon questionando sobre o ajuste de sistemas com a troca de cabos, e esta é uma oportunidade para, novamente, esclarecer esta questão. Segue a carta do leitor:

“Por favor, gostaria de uma opinião de vocês.
Li numa revista uma resposta a um leitor que depois de montado o sistema ele deveria proceder ao ajuste com uma escolha de cabos.
Na mesma edição, um artigo sobre testes com discos recomendados citava novamente que cabos deveriam ser usados para ajustar um sistema e corrigir o equilíbrio tonal ajustando o comportamento das frequências.
Pergunto então se cabos realmente devem ser usados para ajustar um sistema de som, como funciona isso e se é realmente necessário? Não seria possível ajustar com a correta escolha dos equipamentos para que todo o sistema fosse o mais flat possível?
A impressão é que quanto mais caros os cabos escolhidos melhores os resultados, mas até quanto devemos gastar? Li numa edição antiga desta mesma publicação que o investimento deveria ser da ordem de 15%, mas em outra edição desta mesma revista ela cita que não existe uma relação.
Possuo um sistema formado por um amplificador Rega Mira 3, um tocador de Cds Audio Aero Prima além de um Oppo BDP 105, e duas caixas B&W CM8. Atualmente todo o cabeamento é da QED (recomendação de vocês).
O que vocês acham que pode ser melhorado neste cabeamento?
Desculpe tantas perguntas, mas agradeço muito se puderem me orientar.”

Para esclarecer estas dúvidas, vamos organizar este artigo com destaque para alguns pontos importantes.

Cabos servem para ajustar um sistema de som?

Fico realmente desapontado quando vejo alguém sendo orientado a ajustar um sistema através da troca de cabos. É comum encontrarmos alguns “entendidos” sugerindo a leitores de algumas publicações para que informe o equipamento que irá comprar para que possa lhe auxiliar na escolha de cabos. Um grande absurdo!

Cabos não devem ser utilizados no ajuste de equipamentos da forma como se apregoa por aí. A finalidade de um cabo não é ajustar um sistema, mas tão somente conduzir os sinais elétricos de forma a preservar suas características de origem.

Cabos não devem ser usados para filtragem, para correção tonal ou para qualquer ajuste de um sistema.
A primeira coisa que alguém deve ter em mente, antes de iniciar sua jornada na construção de um sistema de som hi-end com pretensões audiófilas, é que deverá compreender primeiro as suas características pessoais de audição. Como já abordamos em nossa série de artigos “Rumo à Customização”, cada um de nós ouve de uma forma diferente, e por isso não existe um sistema que serve para todo mundo, mas sim necessidades individuais que devem ser atendidas com as escolhas que serão feitas, incluindo aí até as características acústicas da sala.
Aquele equipamento que ganha uma elevada pontuação num “review” pode ser uma péssima escolha para outro ouvinte, e isso é bem mais comum do que se imagina.
É importante salientar que a maioria destes testes, resguardadas algumas honrosas exceções, são puramente subjetivos e, portanto, sujeita a inúmeras variáveis que prejudicam os seus resultados. Afinal, o próprio avaliador possui uma curva de audição exclusiva, e isso se contrapõe à própria idéia de realizar um teste de valor sobre um equipamento ou sistema.
Falar em “ouvidos treinados” é outra bobagem que alguns gostam de usar para dar maior confiabilidade aos testes que realiza. Não existem ouvidos treinados, e sim condicionamento do cérebro, que é algo que pouco ajudará o avaliador a identificar as características exatas de um produto analisado.

Mas, apenas dizer não basta. Vamos à explicação.

Um cabo bem construído e com componentes de boa qualidade é plenamente capaz de transportar os sinais elétricos encontrados num sistema de áudio.
Quem afirma o contrário demonstra falta de conhecimento técnico no assunto, e por vezes tenta confundir esta verdade alegando que cabos transportam “sinais de áudio”. Isso é muito visto em algumas publicações que claramente tentam confundir os seus leitores ao tentar dar às variações elétricas uma conotação toda especial quando se fala em “áudio hi-end”, e isto acabou popularizando tanto esta expressão que falar em sinais de áudio se tornou algo comum, mas não é da forma como alguns querem nos convencer.
Os sinais elétricos envolvidos na reprodução de áudio são bem menos complexos do que aqueles usados em transmissões de RF, em computadores, equipamentos médicos, e até celulares e televisores.
Não se fala em cabos “esotéricos” para estes equipamentos, mas quando se entra no universo do áudio, a fantasia toma conta.
Em recente edição de uma publicação de áudio ficou nítida a intenção do articulista em “forçar” uma situação bastante comum de supervalorizar cabos pelo preço, ao dizer que era um erro mencionar que não haveria diferença entre cabos bem construídos e cabos de milhares de dólares, em mais uma tentativa de defender cabos caros . Podemos perceber claramente que a comparação é bastante falha, ao querer mais uma vez colocar a ciência de um lado (algo que claramente o articulista não domina) e o preço do outro.

Mas, porque cabos não devem ser utilizados para ajustar um sistema?

Já está exaustivamente provado que as qualidades positivas de um produto de áudio estão relacionadas ao seu bom desempenho, assim como qualquer outro produto tecnológico. Assim, índices de distorção, por exemplo, devem ser baixos. Afinal, algo distorcido é algo que foi deteriorado em relação à sua característica original. Cabos não vão corrigir distorções e muitas outras características elétricas danosas. Já foi jogada ao chão a tese de cabos de força que funcionam como filtros, o que já era sabido por muitos, principalmente profissionais da área.
Recentemente um grande fabricante de áudio afirmou que o cabo de força que seguia com o seu equipamento (equipamento este aclamado por toda a imprensa especializada) era suficiente para extrair todas as qualidades do produto, sem a necessidade de se recorrer aos cabos “hi-end” do mercado. Infelizmente, o que costumamos ver, principalmente em algumas publicações menos técnicas, é uma tentativa de “empurrar” um equipamento testado já com um cabo adicional, tudo no mesmo review. É o velho e conhecido argumento comercial do “Compre Cabos”.

Em relação ao equilíbrio tonal, a intenção é ainda bem mais escandalosa. Quer alguns fazer acreditar que é possível acertar o equilíbrio tonal de um sistema com a troca de cabos, corrigindo variações do espectro de frequências com a simples troca de cabos, como se isso fosse realmente possível. Isto é algo tão absurdo que deveriam estes “especialistas” estudarem um pouco para conhecerem melhor o assunto que abordam com tanto “domínio”.

A resposta de frequências de um equipamento, ou melhor ainda, de um sistema já construído, é visto como a amplitude do sinal para cada frequência, num gráfico como o que apresentamos a seguir:

responsegraph

 

O gráfico apresentado acima é ainda bastante otimista, pois na prática encontramos variações ainda mais intensas e complexas até em sistemas de “referência”.

Perceba que, de um modo bem simples para maior facilidade de compreensão, podemos perceber variações de frequências graves, médias e agudas, mostrando que não há uma linearidade na reprodução destas faixas de frequências. Estas variações podem existir, e são até úteis para compatibilizar um sistema de áudio para cada necessidade em particular. Mas, elas devem ser cuidadosamente controladas, e não levianamente tratadas da forma como muitos fazem.

O que, absurdamente, alguns sugerem, é que é possível realizar estes ajustes de ouvido, ou através de cartas ou e-mails baseando-se numa “experiência” anterior, utilizando-se para isso de cabos de interconexão, por exemplo.

Vamos então supor que numa condição ideal, onde tudo conspira a favor de permitir que somente esta correção de variações realmente fosse “corrigir” as variações tonais de um sistema, e que um cabo de interconexão seria escolhido para cumprir este papel, bastaríamos então escolher um cabo que, baseado no exemplo acima (e como já disse bem otimista), realiza, por exemplo, correções como: – redução de 2,5dB em 200Hz, com banda passante controlada para interagir com as rampas laterais desta frequência – incremento de 1,5dB em 700Hz novamente com banda controlada – nova atenuação em 1,5 KHz de 2,5dB, e por aí vai…
Em um sistema real, as variações poderiam chegar a mais de 20dB em rampas bastante complexas, e muito mais frequentes do que as mostradas neste gráfico.

A pergunta agora seria: como encontrar um cabo que realize esta “equalização” da forma como foi demonstrada aqui e em qualquer outro sistema? A resposta é simples: NÃO EXISTEM CABOS QUE FAÇAM ESTAS CORREÇÕES.
Sequer existem informações sobre as características de qualquer cabo em relação a este comportamento, pois isto simplesmente não é viável.

Cabos podem, eventualmente, destacar um ou outro ponto, fazendo o sistema parecer mais equilibrado. Mas, a idéia que o mercado tenta impor é a de que cabos caros se prestam para essa função, o que, novamente, não é verdade.
Mas, cabos não se prestam para ajustar um sistema. Para esta finalidade devemos trabalhar em outras direções, como na escolha dos equipamentos, no tratamento acústico e elétrico, na escolha das caixas e em ajustes realmente efetivos. Depois de tudo isso, para proceder a um ajuste mais “fino” ou mesmo mais “intenso” quando não conseguimos controlar alguma destas características, recomendo a utilização de um dispositivo de ajuste de frequências mais completo e preciso, como o Anti-Mode, já apresentado e avaliado com exclusividade aqui pelo Hi-Fi Planet.
Mesmo instalações mais difíceis podem ser plenamente ajustadas com o uso do Anti-Mode ou outro similar.

É por isso que muitos audiófilos gastam verdadeiras fortunas em cabos e nunca estão satisfeitos com os resultados. Nenhum cabo no mundo vai ajustar todas as características necessárias de um sistema.

Mas, afinal, existem diferenças com cabos?

Cabos podem apresentar resultados diferentes, mas muitas vezes estas diferenças são propositalmente criadas para proporcionar uma ilusão ao ouvinte, que pode até acreditar que houve uma melhora no resultado.

Imagine, por exemplo, um cabo que “atenue” as baixas e médias frequências, funcionando como um mero filtro passa-altas leve. Ele vai provocar a falsa idéia de que houve uma ampliação nos extremos altos, com maior detalhamento e foco (comum pela direcionalidade destas frequências). Importante salientar que esse tipo de “brilho”, como se costuma chamar o evidenciamento dos agudos, costuma provocar uma sensação agradável ao ouvinte, o que lhe faz acreditar que o cabo realmente ajustou o seu sistema.

Perceba que não houve um ajuste em toda banda, e o ajuste realizado ainda é totalmente aleatório, inconsistente com o que realmente seria necessário.
O ajuste correto deveria levar em conta uma avaliação auditiva do ouvinte, uma avaliação da sala e da resposta do sistema como um todo.

Quando dizemos que um cabo bem construído e com componentes de qualidade é suficiente para conduzir perfeitamente os sinais elétricos de áudio, mesmo com a intenção lamentável de terceiros que tentam distorcer esse FATO, estamos realmente afirmando que um cabo correto é capaz de transportar estes sinais com total competência. Isso é medido e avaliado por equipamentos, sem restar qualquer dúvida sobre esse fato.

Somente para exemplo, gostaria de citar o teste que realizamos do cabo DNM para interligação de caixas acústicas.
Trata-se de um cabo bastante simples, mais parecido com aqueles cabos chatos de antena, com fios rígidos e bem espaçados, e conectores que não possuem qualquer atrativo visual, feitos de plástico e com uma simplicidade muito grande. Visualmente, ninguém daria nada por estes cabos.
Porém, eles surpreenderam muitos que o avaliaram, e chegou até a receber pontuações elevadíssimas, curiosamente sem muita empolgação. Não se trata de um cabo caro, mas mesmo assim a impressão de que não há interesse de que o leitor saiba que está diante de um cabo corretamente construído e com componentes de boa qualidade, capaz de conduzir os sinais elétricos com toda a perfeição, parece patente nas avaliações feitas por algumas publicações.
Veja que a lógica do espaçamento entre os fios tem a intenção de evitar interações capacitivas ou indutivas, características estas que mudam o comportamento de um cabo e são utilizadas por muitos fabricantes com a intenção de “forçar” uma diferença de comportamento. Alguns fabricantes trabalham na direção de proporcionar cabos corretos e sem fantasias, que só confundem o usuário e causam um enorme caos em seu sistema.

Percebam que nem o material dos condutores diz muito sobre o cabo. Cabos elogiadíssimos por alguns avaliadores são feitos de cobre, prata, ouro e inúmeras ligas. Se realmente existisse o material ou a construção ideal, apenas teríamos um tipo de cabo como o melhor do mundo, ou seja, até nessa abordagem o mercado se perde e alimenta a confusão.

Cabos podem fazer diferença, mas em duas direções: ou são tão ruins a ponto de deteriorar o sinal, ou são construídos de forma a manipular o sinal com a intenção de apresentar uma “novidade”, afastando-se assim do que seria o mais simples e o mais óbvio: um cabo correto para cumprir a sua mais simples função.

Então porque existe tanta confusão quando o assunto é cabo?

Perceba como o mercado de cabos é bem atípico em relação aos demais itens que compõem um sistema de áudio. O projetista de um amplificador argumenta (e prova) que o resultado positivo de um determinado produto deveu-se a redução de ruído de fundo, da “suavidade” da transição das classes de funcionamento dos transistores de potência e a redução de sua distorção (Classe XD da Cambridge, por exemplo), pela utilização de capacitores com menor fuga, pela eliminação de contatos no caminho do sinal, pelo dimensionamento generoso de uma fonte, etc.
O mesmo ocorre com DACs, caixas acústicas e demais componentes. Os fabricantes buscam preservar os sinais com a redução de distorções, interferências, e uma série de providência conhecidas por todos que se dedicam a esta área.
Até aqui a ciência funciona, é explicada e mostra os seus resultados de forma clara e real.

Mas, quando se fala em cabos, tudo muda. Teorias das mais fantasiosas são utilizadas, o material do condutor é sempre de um tipo “especial”, a construção se utiliza de uma “geometria complexa e exclusiva”, etc. Perceba que mesmo os mais técnicos não conseguem enxergar isso num cabo. Cômodo, não?
Se a construção de um cabo “competente” é tão simples, e para qualquer novo projeto o engenheiro aplica a ciência, porque tudo parece tão misterioso quando se fala deles, parecendo que eles são concebidos num caldeirão mágico de um bruxo?

Muitas vezes isso ocorre porque é fácil convencer alguém da ilusão que 1 metro de cabo pode custar milhares ou dezenas de milhares de dólares, sem que o comprador se dê conta das razões práticas e reais disso. Por essa razão a questão de cabos é tão polêmica e misteriosa.
O mistério faz parte da ilusão, e a ilusão faz parte do preço.
É perfeitamente possível (há muitas décadas) medir e avaliar com precisão o que acontece com os sinais elétricos em cabos, até em altas frequências (muito maiores do que áudio) e em outras aplicações bem mais complexas. Mas, parece que quando se trata de áudio hi-end e de justificar os preços absurdos do alguns cabos, toda a ciência e a tecnologia do mundo real é colocada de lado.
Já se tomou conhecimento de fabricante que apenas muda a cor da capa do cabo para estabelecer faixas de desempenho e, lógico, uma disparada de preços nestas faixas.

Quem ganha com isso? Todo mundo que colabora diretamente e indiretamente com a venda destes cabos.
Vejamos, quem publicaria um anúncio numa revista de carros que não convencesse pelo menos um leitor a comprar o carro anunciado? Como iria sobreviver esta publicação?
É óbvio que a publicação tem que realizar todos os esforços que estiverem ao seu alcance para promover a venda do produto (existem raríssimas exceções).

Eu fico rindo com a quantidade de vezes que leio que um cabo testado provocou um aumento do silêncio de fundo, muitas vezes acompanhado da expressão “silêncio sepulcral”. Basta aguardarmos pela próxima edição ou por outras seguintes para ver que isso ocorre com bastante frequência. É quando me questiono o que está acontecendo com o equipamento do avaliador, pois não é possível que ele tivesse tanto ruído de fundo assim a ponto de sofrer drásticas reduções sempre que se compara um novo cabo. Em meu sistema posso então ficar tranquilo em relação a esse ponto, já que não existe qualquer ruído de fundo. Ele é simplesmente “zero”, e isso sem usar os cabos mágicos e caros apresentados como “um milagre” de tempos em tempos.
Chega-se ao ponto de dizer que se acontecer de não ouvirmos esta diferença não significa que ela não existe. São tantos argumentos hilariantes para alimentar o sempre entediante conceito criado por eles do eterno “Compre Cabos”.

Sobre esta questão, convém comentar algo.
Se formos beber uma jarra de suco de laranjas, e se nesta jarra colocarmos uma gota de água, podemos dizer que existe uma diferença? Sim, podemos. Mas, podemos afirmar que esta diferença será perceptível no sabor? Óbvio que não. Uma gota de água num litro de suco de laranja não irá afetar em nada a nossa percepção de sabor. Podemos então afirmar que não sentimos esta diferença e, portanto, no mundo real ela não existe.
Mas, aí virão os espertinhos afirmando que se há uma gota de água não podemos afirmar que não existe uma diferença, mas que alguns não a percebem.
Mas, para tentar convencer o “incrédulo”, afirmam que o sistema é pobre para apresentar estas diferenças ou o ouvinte não está “treinado”. Seria o mesmo que afirmar que para perceber a diferença da gota de água na jarra deveríamos ter copos de cristal, uma jarra de prata e açúcar de alta pureza…
É muito conveniente quando alguém tenta nos convencer de algo que sabemos estar fora de nossa realidade física, mas que há um interesse para que alguém se convença de sua existência.

Agora virou moda acusar os fóruns de alimentar o que chamam de “bobagens”, como se todos os participantes de fóruns de áudio fossem idiotas.
Eles se esquecem de que destes fóruns participam inúmeros audiófilos bem mais experientes que eles, experimentadores dedicados, engenheiros, técnicos, psicólogos e uma infinidade de especialistas nos mais diversos segmentos envolvidos diretamente ou indiretamente com o áudio, e, portanto, conhecimentos que muitos avaliadores sequer chegam perto de possuir.
Parece que a ciência serve para tudo, mas no áudio a impressão é que vivemos na idade da pedra, ainda comparando com filosofias se a Terra é redonda ou plana.

Portanto, antes de crer que cabos devem ser usados para ajustar um sistema de áudio, devemos primeiro conhecer as limitações de nosso sistema, ajustar os equipamentos e a sala conforme um padrão, que de preferência deve ser a curva característica de cada ouvinte, e entender que cabos não precisam ser “mágicos” para colocar este sistema onde deve estar.

Enquanto alguns “formadores de opinião” continuar irresponsavelmente colocando seus interesses pessoais acima dos interesses do consumidor, criando fantasias absurdas, utilizando os argumentos mais ridículos possíveis para vender suas idéias fantásticas, e não entenderem que para tudo é necessário conhecimento específico que só se adquire de forma séria e consciente, vamos ainda viver por muito tempo bombardeados com teorias de que cabos devem custar caro, corrigem um sistema desequilibrado, possuem formulações mágicas e nenhuma ciência consegue explicar o seu funcionamento.

Está na hora de velhos padrões morrerem, e algo novo começar a surgir nesse universo de desinformação que virou o nosso hobby.

 

 

12 Comentários

  1. Rapaz… fico feliz cada vez que recebo uma mensagem de novo post publicado.
    Gostei muito do seu artigo.
    Te digo uma coisa, não pense que o mercado é tão ingênuo ainda assim porque não é isso que estou vendo. Em um encontro que fizemos aqui na região o papo era bem outro. O pessoal está ficando esperto e já consegue identificar estas tendências que você menciona. Seus artigos tem ajudado muito para essa conscientização.
    Entendi bem a sua idéia, e achei muito coerente como tudo que você nos ensina e que na prática se mostra verdadeiro.
    Fiquei com uma dúvida somente, quando você comenta sobre as correções baseadas no gráfico que mostrou. Variações de 2,5 ou 3 decibéis são importantes? conseguimos perceber isso na prática?
    Gostaria de te enviar o resultado que fiz de meu audiométrico. Como você disse, realmente nossa audição é bem variável mesmo.
    Gostaria que você avaliasse e me desse seus comentários.
    Um grande abraço pra vocês e muito sucesso e novidades no site.

  2. Nilson,

    Fico contente de saber que o mercado vem desenvolvendo defesas para se proteger do mar de absurdos que vem aparecendo por aí.

    Veja que 3dB é uma variação pequena, mas já identificável pelos nossos ouvidos. Agora, quando você tem uma atenuação de 3dB num ponto da curva e 3dB de reforço em outro, perceba que existe uma diferença total de 6dB entre eles, o que já representa uma variação tonal importante na prática quando se imagina que estamos falando de um sistema hi-end com pretensões audiófilas.
    De qualquer forma, este gráfico é apenas ilustrativo e simplificado para facilitar a compreensão, pois na prática as variações são bem mais significativas.
    Além disso, partimos do princípio que a intenção era tornar a curva plana, mas, também na prática, podemos desejar uma curva bem mais complexa para atender, por exemplo, nossa curva pessoal de audição.
    Em qualquer destes casos, um cabo nunca conseguirá fazer estas correções de forma tão pontual e precisa. Nenhum cabo ainda é capaz disso, e dificilmente será.
    Atualmente o mercado tem apresentado alguns equalizadores paramétricos hi-end que também são capazes de realizar estas correções com bastante precisão.

    Pode me enviar seu exame sim, mas o ideal é repetí-lo pelo menos mais uma vez para confirmar se as variações não são apenas momentâneas. É preciso ter a certeza que o exame foi bem realizado e as condições de saúde naquele momento apresentavam-se normais.
    A partir daí inicia-se o trabalho de identificação de necessidades e ajustes do sistema, que também deverá ter a sua curva levantada.

    Um abraço,

    Eduardo

  3. Se voces soubessem o que existe por trás de tudo isso, publicações, reviews, anuncios, certos cabos caríssimos, grifes, eventos, etc……. ficariam com nojo de tudo isso. É vergonhoso e desanima até levar o áudio a sério.
    Convivi com esse meio e tem alguns que nem posso mais ver na frente.

    A abordagem que voces fizeram aqui é um retrato fiel do que acontece de verdade. O usuário não pode cair nestas armadilhas e deve ficar atento aos reviews sempre bonitinhos que lê, só elogiando tudo que testa e ainda empurrando cabos, exaltando qualidades pessoais para dar mais credibilidade ao que escreve e vender serviços de assessoria e aí poder empurrar mais produtos. Vi gente dizendo que um cabo era uma merda, que acabou com o sistema de referência dele e depois vi ele mesmo tecer enormes elogios do mesmo cabo. Corre muita coisa por fora que ninguém imagina. Vi muita gente ganhando dinheiro fácil com essas tretas e muita gente levando gato por lebre. Vi equipamento da loja sair para teste e voltar exatamente do jeito que eu mesmo coloquei na caixa, lacrada, e depois longos comentários até com erros sobre o produto mostrando que nem tiveram o cuidado de ler o manual.
    Publicaram até coisas que nem estavam escritos no equipamento e descobriram. Isso ninguém explica. Quando dá merda ninguém quer comentar, mas para defender seus interesses não falta vontade.
    Vou enviar para vocês mais absurdos que ninguém reparou. Qual é o email?

    Muito bom este site. Pelo menos não parece ter rabo preso. O dia que tiver cai na mesma vala.
    Vão em frente. Tem o meu apoio.

  4. Jair,

    Excluímos alguns nomes para evitar problemas como calúnia ou difamação. Também tivemos o cuidado de evitar acusações diretas.
    Sempre que mensagens como estas nos forem enviadas é preciso que sejam acompanhadas de provas para a defesa de questionamentos legais.
    O Hi-Fi Planet não publica qualquer texto que não seja verídico, e por isso se reserva o direito de editar acusações que não tenham a comprovação formal. Peço que me encaminhe os textos e os recortes que você citou, e apreciaremos o seu conteúdo para avaliar a viabilidade de sua publicação e a veracidade das informações.
    Pode encaminhar tudo para o e-mail tec@hifiplanet.com.br

    O Hi-Fi Planet não possui nenhum vínculo com as empresas e pessoas citadas, e é totalmente imparcial em suas contribuições.

    Obrigado,

    Eduardo

  5. Eu não vejo o consumidor de áudio e vídeo hi-end mais como aquele sujeito tão ingênuo, pelo contrário, acho que o mercado hoje está bem mais maduro.
    É difícil acreditar que alguém compre hoje um bem sem antes pesquisar sobre as suas qualidades, a opinião dos usuários, o atendimento do fabricante, a confiabilidade da marca e a rede de assistência técnica.
    Percebo que o comprador hoje é muito mais cuidadoso, mais bem informado e não compra mais pelo mero impulso, baseado apenas em reviews pelos vícios já conhecidos e por uma ou outra recomendação.

    Essa evolução é importante e o consumidor precisa ter essa percepção, pois o mercado hi-end é muito nebuloso, com produtos que valorizam a marca mas não privilegiam a qualidade, e se aproveitam de um mercado de luxo onde consumidores de uma classe mais privilegiada é facilmente induzido pela aparência e pela apresentação do produto.
    Por outro lado, temos os reviews que são bastante preocupantes em termos de confiabilidade, e também a opinião de usuários apaixonados e também convencidos de qualidades que muitas vezes não estão presentes.
    Neste ponto fóruns também são boas fontes de consulta, desde que exista um pouco de cuidado na interpretação das mensagens postadas e na credibilidade dos participantes. Há muitos audiófilos maduros e totalmente imparciais sem qualquer participação no mercado, e portanto livre de interesses de outra ordem.

    Há muitos anos convivo com este mercado, e posso sentir esta mudança que ocorre de maneira bastante positiva para o crescimento do hi-end no Brasil.

    Parabéns ao Hi-Fi Planet por contribuir tão positivamente para esta mudança.

    Um abraço,

    Ivan

  6. É um erro querer ajustar um sistema de áudio hi-end com cabos. Também vejo esta orientação com bastante preocupação. Um cabo de áudio deve ser o mais neutro possível e os ajustes devem ser realizados das formas tratadas pelo artigo, que estão bem coerentes. Isto porque cabos apresentam comportamentos bem distintos em cada equipamento, e isso não é controlável.
    Um equalizador é uma opção bem interessante para realizar estes ajustes, apesar do receio injustificado de sua utilização. Como todo componente tecnológico o equalizador sofreu uma grande evolução, e a sua inclusão num sistema traz mais benefícios do que danos de forma bem mais precisa e pontual do que cabos, que como foi dito no artigo jamais conseguirá realizar ajustes tão pontuais e corretos dada a complexidade do comportamento de um sistema numa sala e dos ouvidos de quem ouve. O gráfico apresentado ilustra isso, mas a realidade é ainda bem mais cruel dada a complexidade e a intensidade destas variações.
    Muito bom o texto.

  7. Conheci este site hoje quando buscava algo diferente de outros sites e revistas que já se tornaram intragáveis. Já estava até desanimando de viver num país com tão poucas opções até que encontrei o hi fi planet.
    Excelente nível, textos inteligentes e interessantes, e diferente daquela ladainha que estamos acostumados.
    Muito bom.

    Acabei de ler este artigo de ajustes de cabos. Achei de uma abordagem perfeita e inteligente, como muitos outros artigos que passei por aqui.
    Serei mais um leitor assíduo.

    Parabéns e obrigado.

  8. Assunto tratado direto ao ponto e sem frescuras. É disso que precisamos, e não das besteiras que andam publicando por aí.
    Cansei de gastar muito dinheiro em cabos para constatar o que todo mundo já sabe, um mercado milionário para enganar trouxas. Cansei de ser trouxa, e cabos caros não me enganam mais.
    Agora estão valorizando até cabinhos feitos aqui em fundo de quintal que já dizem ser os melhores, mais que empresas seríssimas internacionais que possuem know how de décadas de pesquisas no assunto.
    E não adianta dizer que são ouvidos, pois os meus são perfeitos e tenho certeza que meu conhecimento musical supera de longe o destes profetas do consumismo. Além disso, meu sistema também dá um banho nestes sistemas de referência como chamam estes “especialistas” oportunistas. A comissão deve ser muito gorda.
    O mercado de áudio neste país está um nojo por culpa destes dinossauros aproveitadores.

  9. Parabéns aos mantenedores deste site.
    Enfim um pouco de sabedoria num hobby repleto de bobagens e aproveitadores.

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