As “equivocadas” especificações em áudio

A importância de se fazer medições em áudio.

Desde que comecei a mexer com som, uma paixão que nasceu com uma necessidade lá pelos anos 80, quando eu realizava manutenção em equipamentos de áudio e vídeo para poder pagar os meus estudos, eu acompanho a saga de algumas poucas publicações tentando mostrar que as especificações que muitos fabricantes fornecem não correspondem à realidade obtida em medições objetivas.
O saudoso Gilberto Affonso Pena, que mantinha as revistas Antenna e Eletrônica Popular naquela época, já avaliava equipamentos e realizava medições, ao menos básicas, para aferição das especificações dos equipamentos que testava. E, já naqueles anos, os números medidos muitas vezes passavam longe daqueles informados nas suas fichas técnicas fornecidas pelos fabricantes.

Algumas publicações (raríssimas) mais sérias ainda adotam essa prática, não deixando os resultados somente no campo da subjetividade tão pouco confiável. “Confiar nos ouvidos” é algo que não pode ser totalmente levado à sério, pois sabemos que inúmeros fatores alteram a nossa percepção auditiva, seja por razões naturais ou emocionais.
Cansei de ver afirmações absurdas, como cabos “high-end” que possuem grande extensão nos agudos e reforçam essa faixa (como se um cabinho comum não fosse capaz de reproduzir frequências acima de 15Khz), mas, quando eu avaliei esses cabos em meu sistema, utilizando instrumentos confiáveis que não só injetam estas frequências nos cabos, mas medem e mostram as ondas dos sinais de saída, essa “impressão” do avaliador não se confirmou. E, para dirimir qualquer dúvida, sempre utilizo o XTZ Room Analyser Pro para verificar qualquer mudança no comportamento do sistema com o cabo conectado, e estas diferenças não ocorriam de fato. Ainda assim, eu tentava “ouvir” esse “incremento” nos agudos, também sem qualquer sucesso. Daí a minha falta de confiança nestes testes “de escutada” e em muitas afirmações que até usuários fazem nesse hobby.
É tão simples fazer estas medições, mas toma algum tempo e conhecimento. O acesso a esses equipamentos também não é complicado, mas requer investimento e coragem para se desvincular de vez de anunciantes e patrocinadores e contar a verdade, por mais incômoda que esta seja.

Uma situação similar ocorre com amplificadores, estéreos ou de receivers. Quantas vezes já não vimos comentários de amplificadores que declaram uma potência que não condiz com o volume sonoro obtido? Muitas vezes, com certeza, mas as avaliações subjetivas normalmente ignoram isso.
Já vi avaliador dizer que, apesar do equipamento parecer ter aparentemente pouca potência, ele tem alta corrente para sustentar picos de sinal. Isso é uma grande bobagem. Potência contínua é uma coisa, pico é outra. Basta você encher de capacitores na fonte que, mesmo ela sendo fraca, vai aguentar uma “paulada” rápida, mas isso não significa que o amplificador é capaz de fornecer essa potência por um intervalo maior. No passado os fabricantes até “forçavam” a medição de potência de pico para “engrossar” os números. Haviam mini-systems na época (ainda hoje) que eram anunciados com 1.000 ou mais watts de potência. Verdadeiros absurdos.

Além disso, temos outros parâmetros como a relação sinal/ruído, ou o ruído de fundo. Já vi avaliadores dizerem que seus sistemas ganharam uma “gigantesca” redução de ruído de fundo com um acessório, em outro teste seguinte, que o mesmo sistema ganhou um “silêncio sepulcral” com um cabinho novo, e assim sucessivamente em edições seguintes sempre com relatos exagerados da “enorme” redução de ruído. Eu fico imaginando o nível de ruído que esse sistema do avaliador deveria ter, ou deve ter ainda porque as reduções “drásticas” de ruído continuam ocorrendo. No meu sistema, há anos o nível de ruído é zero !  Nenhum ruído percebido ou medido. Acho que tive sorte, talvez.

A questão da distorção já virou razão de piadas entre grupos de audiófilos. Já inventaram até a distorção “agradável” aos ouvidos !!!
O que é distorção? Segundo o dicionário é uma “alteração da forma ou de outras características estruturais; deformação; deturpação; deformação; deformidade; adulteração; desvio; desvirtuamento; disformidade; defeito”. É algo que altera uma característica original.
Então como ela pode ser algo positivo? Porque “os nossos ouvidos gostam”, dizem alguns. Essa é a explicação mais absurda que já vi. Então você investe uma fortuna em equipamentos de alta tecnologia, de nível “high-end”, e mais um bom dinheiro em cabos esotéricos, fusíveis “audio grade“, plataformas anti-vibração, ajusta a sua sala em condições acústicas perfeitas e adquire caros discos de qualidade “audiófila” para ao final ter um resultado “distorcido” daquilo que é o real? Será que as pessoas estão começando a ter razão quando dizem que os audiófilos são loucos?

Eu me incomodo com distorções e quero elas longe do meu sistema. Paguei caro para ter um sistema preciso e não admito nada diferente disso.
É o mesmo que pegar uma foto real de um pôr de sol e acrescentar aquele fundo avermelhado e alaranjado para dar mais colorido e impacto à foto. Isso não é “high-end“, é “high-fake” (isso vai pegar como pegou o “upgrade horizontal” que usei uma vez para me referir aos upgrades inúteis…).
Distorção tem que ser muito baixa, ou nula, preferencialmente. É obrigação de qualquer amplificador reproduzir na saída exatamente o sinal elétrico que recebeu na entrada, simples assim.
Deixei um grupo de whatsapp depois de ter comentado que um caro amplificador do mercado apresentou uma distorção elevada numa medição que fizemos na minha sala durante um comparativo. O representante da marca, que lamentavelmente estava no grupo (por isso insisto que não pode haver esse tipo de vínculo), imediatamente se manifestou incomodado (óbvio) afirmando que a medição só poderia estar errada (quanta pretensão !), mas, que se estivesse correta, “distorção não dizia nada”. Se isso fosse verdade, e não uma informação ridícula e equivocada, então porque o fabricante declara 0,02% de distorção máxima num equipamento que apresenta mais de 1% com apenas 1/3 de sua potência de saída? Se distorção não é algo ruim (na opinião deles), porque não declaram então a real?
Porque temos que conviver com esse tipo de argumento ridículo de que o equipamento é perfeito porque o fabricante diz que é, mas se não for, isso é bom porque nossos ouvidos gostam do pior?

Basta irmos juntando todas estas “pecinhas” para entendermos a forma nojenta como funciona esse mercado, porque ninguém quer medir nada e aposta em “escutadas”, porque afirmam que instrumentos não funcionam para o áudio (funciona para tudo, menos para o “misterioso” universo “high-end“), porque fogem de testes cegos como temem o demônio, porque se negam a aceitar que ouvimos diferente e que os nossos ouvidos apresentam perdas naturais mesmo quando jovens (alguns confirmam nem saber o que é um teste audiométrico de amplo espectro), e que o subjetivismo é mais preciso do que a ciência (e viva o negacionismo!).
Está na hora do mercado se decidir, afinal, o que vale e o que não vale neste jogo, porque ficar mudando as regras a todo momento no meio da partida não dá mais. O mercado não é mais tão ingênuo assim, pelo menos não a maioria. Muitas lendas desse hobby foram e vêm sendo derrubadas ano a ano.

O excelente site “Audiorama”, fornece uma pequena amostra (infelizmente não detalhada e desatualizada) de medições de potência (e algumas de distorção) de receivers e amplificadores do mercado em http://www.audiorama.com.br/arquivoconfidencial/100×5.htm
Lá podemos encontrar diversas marcas e modelos de equipamento com discrepâncias de potência e distorção que chegam a ser desanimadoras.

Em alguns casos, a potência em 4 ohms chega a cair exageradamente, mostrando a pouca “força” do equipamento. Equipamentos especificados com 100 watts por canal chegaram a apresentar nas medições apenas 35 watts. Modelo de marca renomada anunciado como tendo 100 watts por canal com 0,08% de distorção, mostrou na prática uma potência real de 40 watts com 1% de distorção. Outro modelo anunciado com 130 watts por canal mediu apenas 38 watts, também com um exagerado 1% de distorção. Outro modelo anunciado com 100 watts por canal em 6 ohms forneceu somente 5 watts por canal em 8 ohms !!!
Outras marcas merecem mais respeito, o meu amplificador da Cambridge 840W, vendido como capaz de fornecer 200 watts em 8 ohms e 350 watts em 4 ohms, apresentou 218 e 364 watts respectivamente em suas medições pela respeitada revista Audio da Alemanha. Sua relação sinal/ruído, informada como sendo de 90dB, chegou a 112dB neste mesmo teste daquela publicação. Com relação à distorção informada como abaixo de 0,001% em 1 kHz e 0,005% de 20 a 20 kHz, medimos no meu amplificador uma distorção abaixo de 0,001% em toda a faixa de frequências (o menor valor que conseguíamos medir no instrumento utilizado).

É óbvio que a medição deve ser feita num equipamento adquirido no mercado, seja pela publicação que faz o teste ou através de um consumidor que o comprou, e jamais fornecida por quem o fabrica ou o revende. É preciso ter a certeza absoluta que se trata de uma unidade comercial, e não devidamente “preparada” para o teste. Apesar de já termos visto publicação avaliar recurso de um equipamento que não o possuía… aí complica tudo.
Algumas unidades também podem sair de fabricação com problemas, porque não? E assim acabam fornecendo um resultado abaixo do esperado, cabendo ao consumidor perceber algo errado (nem sempre consegue), e ao fabricante ou distribuidor mostrar, pelo menos, algum interesse em identificar o problema e providenciar a devida assistência. Infelizmente, a prática é negar o problema e, até pela falta de instrumentos de medição adequados, avaliadores e vendedores pouco conseguem fazer nestes casos.

Mas, infelizmente, num mercado onde se conseguiu fazer com que o consumidor acreditasse que um caro equipamento high-end pode apresentar altas distorções, desde que sejam aquelas “agradáveis” aos ouvidos, fica fácil convencer o mais leigo que as avaliações subjetivas são aquelas que importam e que instrumentos são inúteis.

Você poderia dizer quantas variações de vermelho existem nos quadrados abaixo?

E com alguma perda visual sem óculos?
Pois saiba que um instrumento chamado colorímetro é capaz de fazer isso. Ou, com um pouco de criatividade, é possível copiar essa imagem para dentro de um programa de edição gráfica e selecionar as cores para descobrir as diferenças, ou seja, sem sequer usar um instrumento específico para isso.
Tente fazer o teste isolando as cores e comparando-as uma a uma num pequeno intervalo de tempo e não seguidamente, como se procede num teste comparativo de cabos, por exemplo. Vai ver como nossa “memória visual” é inútil.

Eu li uma vez numa revista especializada em automóveis um experiente piloto dizer que se assustou com um carro que testou, pois ele era tão silencioso, estável e macio, que ele surpreendeu-se ao descobrir que estava numa velocidade maior do que aquela que ele havia “sentido”, inclusive acima daquela permitida na estrada onde trafegava.
Quantos anos você vive neste mundo? Certamente já passou por inúmeros climas diferentes. Sabe dizer, então, com precisão, qual a temperatura do ambiente apenas pela sensação da sua experiente pele? Um termômetro de precisão é capaz de dizer se a temperatura é de 25,78°C ou 25,73ºC com exatidão, sem qualquer subjetividade na medição.

Mas, no áudio, lamentavelmente, o que interessa é o que o ouvinte ouve, certo ou errado, distorcido ou não, com ruído sepulcral ou sem… tanto faz, mesmo que tenha pago uma fortuna por um equipamento de suposta “alta tecnologia”, que deveria objetivar a perfeição e que custa muitas vezes mais do que realmente vale, por conta deste ser um “hobby” chique. Não estou falando de gosto, isso é outra coisa.
Então, afinal, quem quer ser um audiófilo? Quem precisa de um equipamento “high-end”? Quem tem a real necessidade de perfeição? Se ao final das contas é o “achismo” que prevalece, o que é o certo e o errado então?

 

6 Comentários

  1. Eduardo companheiro. Muito bom!!
    O nosso mercado foi bombardeado muitos anos com bobagens de quem tinha a caneta sozinho, que criou sua igrejinha, juntou seus fiéis parceiros e nos impôs muitas ideias erradas que acabaram virando conceitos acreditados por todos.
    Percebo que isso vem mudando, em passos de tartaruga porque ainda tem muita gente que alimenta as velhas lendas que conhecemos, mas está mudando.
    Eu que sempre acompanhei o seu trabalho, sei do seu empenho, coragem e capacidade para mudar o rumo da história, e sei que está conseguindo.
    Muito sucesso para você.

  2. Boa tarde, amigos.
    Acompanho esse blog já há algum tempo, e como audiófilo e apaixonado por sistemas de som, até por necessidade durante muito tempo, quero parabenizar o Hi-Fi planet e o Eduardo pelo seu excelente trabalho.
    Eu percebo a dedicação e as dificuldades que o Hi-Fi planet têm para modernizar o conceito de áudio hi-end e afastar as tantas bobagens que criaram em torno desse tema.
    Eu conversei com um fabricante de produtos de áudio uma vez que me disse que o produto principal dele não era equipamento, mas ilusão. O desafio dele era tentar convencer o consumidor que o áudio hi-end era algo muito mais complexo do que um projeto técnico, e que fatores “inexplicáveis” justificariam a contínua troca de equipamentos e os valores estratosféricos e exorbitantes cobrados por muitos equipamentos “requintados”. Nada justifica um cabinho de cobre (mesmo com uma liga qualquer irrisória em sua composição), com uma capa plástica e “torcido” numa geometria qualquer e até mesmo sem efeito, custar até 100 vezes ou muito mais que um cabo de boa qualidade profissional.
    Até a embalagem e a caixa destes cabos denotam a maior importância que querem dar a eles.
    Tem muita gente no mercado que ainda enaltece isso, claro que buscando ter os seus benefícios ampliados com estes vendedores de ilusão.
    Acho que a proposta do Hi-Fi planet, e de alguns outros sites que estão surgindo na mesma linha, merece o nosso reconhecimento, porque sabemos que não é fácil lutar contra gigantes do segmento, imprensa apoiadora e usuários hipnotizados por anos seguidos de desinformação, ou melhor, de informação manipulada.
    Mas, a cada dia que passa, vejo muitas pessoas entendendo esse papel do Hi-Fi planet e aprendendo com ele, e é isso que deve ser enaltecido aqui, pois não é com certeza um trabalho fácil, ainda mais quando alguns visam apenas desconstruir e desmoralizar esse trabalho em interesse próprio.
    Nunca vou entender alguém que diz que os ouvidos são os juízes de tudo, mas que critica um trabalho sem mesmo ouví-lo, e que traz respostas óbvias e concretas para tudo aquilo que ele nunca soube explicar, como é o caso da adequação de sistemas não por conceitos ultrapassados, não para a sala, não para equipamentos, mas para os ouvidos dos ouvintes.
    Eu acho um absurdo como hoje compramos um carro que pode nos atender bem por muitos anos até que novas tecnologias o torne mais confortável seguro e econômico. Ou um televisor que pode ficar 5 anos na parede, ou mais, até que uma nova tecnologia justifique a sua troca, ou computadores, etc. Mas, em áudio, parece que o que você compra hoje de manhã já está superado pelo que o mercado lança à tarde. É um culto doentio aos upgrades sem fim. Ninguém mais ouve música, e sim dinâmica, palco, altura, etc e que muitas vezes nem estão sequer nas gravações.
    Esse trecho do post que diz:
    “Então você investe uma fortuna em equipamentos de alta tecnologia, de nível “high-end”, e mais um bom dinheiro em cabos esotéricos, fusíveis “audio grade“, plataformas anti-vibração, ajusta a sua sala em condições acústicas perfeitas e adquire caros discos de qualidade “audiófila” para ao final ter um resultado “distorcido” daquilo que é o real? Será que as pessoas estão começando a ter razão quando dizem que os audiófilos são loucos?”
    Isso resumiu tudo muito bem.
    Há um bombardeio pesado do mercado para se gastar muito para chegar ao topo do pinheiro, mas a distorção de um equipamento sobre o que ele reproduz é aceitável. Isso é uma incoerência muito grande.
    Então o fabricante dos instrumentos musicais tem tanto cuidado criativo, o músico tenta ser o máximo preciso, o engenheiro de gravação tenta buscar a excelência nas gravações, para depois colocarmos o nosso CD no toca discos e distorcermos tudo isso dizendo que os nossos ouvidos gostam de ser enganados?
    Então vamos esquecer a música ao vivo, ela está errada. É isso?
    Ignorar a alta distorção de um equipamento é o mesmo que dizer que o verde azulado da imagem de uma paisagem agrada mais que o verde natural da folhagem. Isso é alta fidelidade? Isso é resultado de alto nível? Ou isso é loucura?
    Se a distorção não é produzida pelo instrumento musical, ela não pode estar lá e fim. Essa é a única verdade admissível.
    Então o produtor produz um café em condições geográficas e climáticas exigentes, torra com todo o cuidado com a melhor das técnicas, embala com uma embalagem especial (aqui sim precisa de uma embalagem cuidadosa, não cabos) para não evaporar os óleos aromáticos para, ao final, o consumidor enchê-lo de açúcar e acrescentar canela em pó? Isso não é mais café puro, é uma distorção do aroma original. É mero gosto pessoal. Coloque chantily, umas gotas de limão e até uma folha de hortelã, mas não chame mais isso de café “puro” e nem pague muito por ele, porque as suas principais qualidades já foram comprometidas.
    Agora, se para destacar esse aroma do bom café, um pouco de água com gás antes consegue fazer nosso paladar destacar as suas qualidades, porque não ajustar um sistema de áudio para que as suas qualidades sejam mais percebidas pelos nossos ouvidos?

    Parabéns ao Hi-Fi planet. Você está no caminho certo. O resto é balela.

    Abraço a todos e jamais desanimem.

  3. Eu já gastei muito com equipamentos e acessórios inúteis, e hoje posso afirmar que existe muita historinha nesse meio.

    Todo mundo quer te convencer que você deve fazer upgrades o tempo todo, e que nunca chegará a lugar algum pois sempre é preciso fazer outro. É como um cachorro correndo em círculo tentando morder o próprio rabo. Te fazem de idiota.

    Uma vez escrevi para um avaliador de uma revista bem conhecida sobre uma impressão que eu tinha no meu equipamento do som ligeiramente abafado nos agudos. Eu achava que faltava algo. O infeliz me disse que o cabo que eu usava era muito “fechado” (tenho o email até hoje). Quase tudo pra eles é cabo. Me recomendou um cabo que custava muito mais do que aquele que eu tinha instalado.

    O pior é que o cabo que eu tinha era um que ele já havia avaliado na revista como tendo “agudos bem pronunciados”. Liguei para o fornecedor do cabo mas não comentei sobre o problema, e ele me disse que o cabo que eu queria era bem “flat” que era bom para equipamentos bem equilibrados. Aí joguei: “e no meu sistema que tem um pouco de sobra de agudos?”. E ele me respondeu: “vai ajudar, porque ele dá uma acalmada nos agudos”.
    Ou seja, o cabo era flat, mas atenuava os agudos, o contrário do que o avaliador tinha me falado. Então comente: “mas o avaliador e editor de uma revista me disse que esse cabo pode acentuar um pouco os agudos”. Ele respondeu: “Ha tá… isso depende do sistema…”.
    Quase mandei ele para um lugar que ele certamente não gostaria.

    Foi quando na época li um artigo aqui neste site que comentava sobre perdas de audição. Enviei novo email ao editor avaliador comentando sobre essa questão, e ele me respondeu que isso era bobagem porque o nosso cérebro compensava a perda (uma grande mentira descarada).
    Então decidi fazer um exame de audiometria na época que apontou para uma perda de audição nas altas frequências. Um exame simples, rápido e barato.
    Escrevi para vocês aqui do site e me sugeriram substituir os tweeters das caixas por modelos de maior sensibilidade, ligar outro tweeter externo na caixa, ou mesmo usar um controlador como de tonalidade um equalizador ou um dspeker. Um amigo que mexe com som me levou dois tweeters que ele tinha lá e ligou eles na caixa com um capacitor. O som abriu, nunca vi meu sistema me mostrar tantos detalhes antes ganhando um realismo sem igual.
    Acabei vendendo o meu pré amplificador e comprei um que permitia reforço nos agudos e retirei os tweeters. Hoje estou am paz com o meu sistema. Simples assim, e feliz assim.

    Hoje eu entendo como funciona esse mercado, o negócio é recomendar cabo$ e ace$$ório$…
    Contei essa passagem apenas para colaborar com outros leitores para que tomem cuidado com o que te dizem e com o que vocês leem, se não há interesse em te vender algo. Se eu não tivesse seguido a sugestão de vocês eu estaria até hoje trocando cabos e partes do sistema sem nenhum resultado real pois o problema estava em mim, não no sistema.
    Já agradeci muito voces por isso, mas agora faço isso publicamente.
    Hoje não faço nada sem conhecer a opinião de vocês.

    Deixo um abraço a todos e mais uma vez sugiro aos leitores a terem cuidado com esse mercado cheio de pilantras.

  4. Se eu compro um carro com motor de 170 cavalos e 6 marchas, e ele vem com motor de 80 cavalos e 5 marchas, é um escândalo internacional com direito à devolução do dinheiro. Se eu compro uma tv 4K e descubro que ela é só HD, a fábrica é obrigada a me reembolsar e acaba em desgraça. Se eu compro um celular anunciado com 64gb de memória e vem com 16gb, o fabricante é obrigado a trocá-lo. Mas se eu compro um amplificador de 100 watts e vem com 30 watts, fica por isso mesmo? Se compro um cabo de interligação que diz fazer milagres e descubro que é só mais um cabo que não muda nada, só me resta vendê-lo para outro? Se um avaliador de revista avalia um acessório que o produto nem tem, e eu compro esse produto, fica por isso mesmo?
    Tem razão, o mundo audiófilo é outra realidade, a dos trouxas, não é possível.
    Tem vacina para não ser atacado por esse vírus da safadeza?

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